Antes que eu Vá - Lauren Oliver

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cruzam e ele acena com a cabeça. (Ele não é o tipo de garoto que lida bem com sentimentos — nem com os dele, nem com os meus. Daí o “Com amor” que colocou no bilhete.) É estranho. Antes de começarmos a namorar eu já gostava tanto dele, havia tanto tempo, que sempre que ele olhava na minha direção eu sentia um formigamento e um frio na barriga tão fortes que ficava zonza. Sem mentira: às vezes ficava zonza a ponto de ter de sentar. Mas agora que somos oficialmente um casal, algumas vezes penso coisas bem esquisitas ao olhar para ele, do tipo: Como tantas batatas fritas não entopem suas artérias? Ele passa fio dental? Há quanto tempo não lava o boné dos Yankees que usa quase todos os dias? Às vezes fico com medo de que tenha algo errado comigo. Quem não iria querer sair com Rob Cokran? Não que eu não seja completamente feliz — eu sou —, mas às vezes parece que preciso ficar me concentrando em por que comecei a gostar dele, ou do contrário vou esquecer os motivos. Por sorte, tenho milhões de bons motivos: ele tem cabelos negros e um bilhão de sardas, que, de algum jeito, nele não ficam feias; ele fala alto demais, mas de um jeito engraçado; todos o conhecem e gostam dele, e provavelmente metade das garotas da escola são apaixonadas por ele; ele fica lindo com o uniforme de lacrosse, e quando está muito cansado deita a cabeça no meu ombro e dorme. Isso é o que mais gosto nele. Gosto de deitar a seu lado quando está tarde, escuro e tão silencioso que ouço as batidas do meu coração. É em momentos como esse que tenho certeza de que estou amando. Mas eu o ignoro quando entro na fila para pagar meu pão — também sei bancar a difícil —, em seguida vou para o canto dos formandos. O espaço do refeitório é um retângulo. Os alunos com necessidades especiais sentam no canto, na mesa mais próxima às salas de aula. Em seguida vêm as mesas dos calouros, depois as do segundo ano e as do terceiro. O pessoal do último ano fica na extremidade, que é um octógono com janelas em todas as paredes. Tudo bem, só tem vista para o estacionamento, mas ainda é melhor do que ficar olhando para o pessoal que vem no ônibus escolar e baba molho de maçã. Sem ofensa. Ally já está sentada a uma mesinha circular perto da janela: nossa favorita. — Oi. — Pouso minha bandeja e minhas rosas. O buquê de Ally está sobre a mesa e conto rapidamente. — Nove rosas. — Aponto para o buquê dela e balanço o meu. — Igual a mim. Ela faz uma careta. — Uma das minhas não conta. Foi Ethan Shlosky que mandou.Você consegue


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