Revista IF Sertão-PE nº 09 2018

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Revista

IF Sertão-PE Edição nº 09

ISSN 2446-7421

Publicação do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano

março de 2018

Que tal a Hacktown? Projeto que incentiva o aprendizado de crianças e adolescentes no IF Sertão-PE dá origem à primeira escola pública de programação em jogos e robótica do Brasil


Sumário

04 10 12

EXPANSÃO

22 26

IF Sertão-PE Informativo trimestral produxido pelo Instituto

Campus Santa Maria da Boa Vista

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do

Uma nova conquista do ensino no Sertão Pernambucano

Sertão Pernambucano.

FORMAÇÃO

Ser autor INTERCÂMBIO

Conexão Brasil Moçambique

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Revista

TECNOLOGIA

Que tal a Hacktown?

Coordenação de Comunicação e Eventos Maísa Boa Morte Textos Elidiane Poquiviqui Gabriela Lapa Inês Guimarães Kátia Sandes Luis Osete Lucas Augusto Ricardo Brandão Revisão Inês Guimarães Larissa Lins Ricardo Brandão Projeto Grá co Miro Borges Tiragem 1.000 exemplares ISSN 2446-7421 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano Reitoria Rua Coronel Amorim, 76, Centro CEP 56302-320 Petrolina-PE

PESQUISA

Fone: (87) 2101-2350

Tim-tim

www.ifsertao-pe.edu.br comunicacao@ifsertao-pe.edu.br Permitida a reprodução total ou parcial, desde que seja citada a fonte.

SUPERAÇÃO Vamos falar sobre

alopécia?

30

FOTOGRAFIA

O Ser Tão

de Lídio Parente

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INTERNACIONALIZAÇÃO

IF Sertão-PE

no Equador

Foto: Gleydson Publio

FOTO DE CAPA O monitor Vinícius Dantas utilizando óculos de realidade virtual no laboratório da Hacktown. Foto: Naelton Goes


crianças e adolescentes no universo cibernético, aproximando a nossa Instituição dos estudantes das redes pública e privada. Outro projeto inovador que compartilhamos na revista é a fase de testes de um método de produção de espumantes, até então não utilizado no Vale do São Francisco, que estudantes do curso de Viticultura e Enologia estão elaborando em nossa Escola do Vinho. São os estudantes também os destaques de uma reportagem sobre a publicação de livros em diversas áreas do conhecimento, como sistematização de importantes informações pro ssionais e registro literário de temas que envolvem a comunidade. Sabemos também que a formação de pro ssionais quali cados e comprometidos com a transformação social depende da participação em eventos cientí cos, Maria Leopoldina Veras Camelo

motivo que levou a docente do Departamento de

Reitora do IF Sertão-PE

Tecnologia de Alimentos do IF Sertão-PE, Clecia Pacheco, a percorrer mais de sete mil quilômetros para

Editorial O

lá, caros leitores! É com grande satisfação que

fortalecer intercâmbio com instituições do continente. Além do território americano, a conexão do IF SertãoPE percorre países além-mar, com a vinda de formadores moçambicanos em Ciências Agrárias e Mecanização Agrícola para um programa de capacitação em nosso Instituto.

apresentamos mais uma edição da nossa

Atravessar fronteiras e ampli car o olhar sobre o

Revista IF Sertão-PE. Nela, é possível

lugar onde atuamos é o que o fotógrafo do IF Sertão-

conhecer algumas ações que demonstram o potencial

PE, Lídio Parente, faz ao nos trazer imagens

da Instituição e o seu compromisso de fortalecer o

encantadoras do sertão pernambucano, capturadas ao

ensino, a pesquisa, a extensão e a inovação no sertão

longo de quatro décadas de imersões no cotidiano

pernambucano. Por meio da interiorização e da

sertanejo. Território de solidariedade, amor e

democratização do acesso à educação, o Instituto tem

superação, exemplos que nos ligam ao enfrentamento

desenvolvido projetos em diversas áreas, distribuindo

de uma doença rara, a alopécia, que acomete pessoas

os frutos do conhecimento e das iniciativas concretas

com quadro elevado de ansiedade e estresse,

realizadas por nossos estudantes e servidores.

infelizmente tão comum no ambiente acadêmico.

Atualmente, estamos presentes em sete campi:

Falar sobre todos esses temas é também

Petrolina, Petrolina Zona Rural, Floresta, Ouricuri,

reconhecer que uma educação transformadora

Salgueiro, Serra Talhada e Santa Maria da Boa Vista. E

mobiliza vidas, amplia horizontes, ultrapassa os limites

são justamente as perspectivas que se abrem com a

estruturais e repercute de maneira positiva no dia a dia

inauguração do nosso campus caçula, o Santa Maria da

das pessoas que têm acesso às nossas ações

Boa Vista, a primeira reportagem desta edição da

institucionais. Por isso, só me resta desejar uma ótima

revista. O surgimento de um novo ponto de presença

apreciação das páginas que se seguem.

do IF Sertão-PE é sempre motivo de celebrarmos a esperança, o sonho e a aspiração de novas

Boa leitura!

oportunidades em nossa região. Com a criatividade sertaneja e o acesso a novas tecnologias da informação e da comunicação, temos signi cativas contribuições a oferecer para o campo educacional. É isso o que demonstra a reportagem sobre a primeira escola pública de programação em jogos e robótica do Brasil, a academia Hacktown do IF Sertão-PE, que promove uma inserção lúdica de

Revista IF Sertão-PE

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EXPANSÃO

Campus Santa Maria da Boa Vista

Uma nova conquista do ensino no Sertão Pernambucano Chegada do Instituto Federal do Sertão Pernambucano à Santa Maria da Boa Vista já começa a mudar a realidade educacional da cidade. Com novas turmas ingressantes em 2018, incentivo à inclusão e ampliação das ações de Ensino, Pesquisa e Extensão, o campus caçula da instituição rma-se como mais um polo educacional da Rede Federal no semiárido nordestino. Por Kátia Sandes Fotos: Naelton Goes e Nicolas Correia

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Revista IF Sertão-PE


O

Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) deu mais um passo no âmbito da expansão da Rede Federal de Educação

Poesia

Pro ssional, Cientí ca e Tecnológica com a inauguração do campus

Santa Maria da Boa Vista, erguido às margens da BR 428, km 90, zona rural

Aprendi que o aprender

do município. O entusiasmo, a alegria e a satisfação marcaram a cerimônia de

não é só ler e escrever

inauguração e a entrega o cial do campus, em 6 de outubro de 2017. O ato solene ocorreu no auditório do campus com as presenças do

essa terra amada ensina outras formas de saber

ministro da Educação, Mendonça Filho, do prefeito de Santa Maria, Humberto

sabemos pelo viver

Mendes, da reitora do IF Sertão-PE, Leopoldina Veras, da então diretora-

sabemos pelo sentir

geral do campus, Mauricene Lima, além de parlamentares, prefeitos das

reconhecendo a emoção

cidades circunvizinhas, servidores e estudantes do Instituto.

de quem chora e de quem ri

Todos os presentes foram saudados com execuções musicais realizadas

eu vivo a sabedoria

pela Banda Marcial Maria da Puri cação e Banda de Pífano Raça Negra

de quem planta e faz crescer

Boavistana. No início da solenidade, alunos e professores realizaram

desde a fecundação

apresentações artísticas com poesia e música exaltando a beleza local, a luta

indo até o orescer

do sertanejo, o esforço do cidadão e a esperança que brota com a inauguração da nova sede do campus. A manifestação cultural Inauguração

Quilombola eu sou

em Poesia e Canção, com recitação de poesia acompanhada por música foi

e não me canso de dizer

de autoria da professora de artes Maria Clara Tavares, em conjunto com os

eu amo a minha terra

alunos Caio do Nascimento e Renata Santos.

minha origem, meu viver da vida que aprendi me orgulho de coração

Canção Uma cidade pequena com muitas, muitas culturas Nela habitam pessoas jovens, maduras Tantos valores reais, que nem são vistos mais Existem aqui nos dias atuais Mas pense bem, por que não fazer nossa riqueza se desenvolver? As mãos unidas podem criar momentos felizes a se partilhar

lá aprendi a ser verdadeiro cidadão falando às comunidades de saúde e educação transformando o ser humano e construindo a nação Se eu deixasse o sertão

Comerciantes, feirantes, nas ruas a trabalhar As danças e festas, a fé do povo a cantar Nossas histórias tão lindas, o velho chico a brilhar Cidade pequena, cultura popular Olhe as crianças indo pra escola, acreditando que podem crescer Na juventude terem conquistas, mesmo pequenas procuram o saber

um motivo eu teria

Quando o IF chegou, facilitou o caminho Nos planos mais altos já não estamos sozinhos O sertanejo tão forte, mesmo com pouca fartura Tem fé e sonhos, e tem a sua postura O nosso povo tem tradição, mostra valores, mostra união Com o instituto e a fé juvenil, nosso futuro constrói o Brasil....

sou do quilombo, do povo

na cidade ir morar, deixando minha família eu busco os meus estudos busco a cidadania sou do Nordeste, irmão estudante federal sertanejo com paixão eu sou jovem, sou da paz sou do IF Sertão!

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Ao fazer uso da palavra, o ministro Mendonça Filho, após saudar todos que prestigiaram a cerimônia, enfatizou a construção do futuro através da educação pautada em conceitos como harmonia, solidariedade, amor e respeito. Esse é um campus que vai mudar a cara de Santa Maria e eu quero que a comunidade aproveite essa oportunidade. Temos um potencial para agregar até 1200 estudantes e temos que acolhê-los com carinho e qualidade técnica porque isso vai mudar a realidade de vida desses jovens. Fico muito feliz em poder oferecer minha pequena contribuição ao lado da minha equipe para que a gente mude para melhor a educação do Brasil que é o único caminho para transformar de forma verdadeira a realidade desse país , destacou o ministro. A reitora Leopoldina Veras ressaltou o entusiasmo em participar desse momento com o fortalecimento da interiorização da educação, que gera oportunidades de sonhar e acreditar que as desigualdades sociais podem ser reduzidas. Santa Maria da Boa Vista jamais será a mesma. A socialização do conhecimento com foco na formação quali cada nos possibilita vislumbrar avanços signi cativos no social, no cultural e principalmente no econômico dessa região. Hoje é o dia de celebrarmos o lançamento da semente de construção de sonhos, aspirações e oportunidades de transformações sociais , discursou a reitora.

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Novo prédio A sede do campus Santa Maria da Boa Vista conta com uma estrutura completa para agregar 1.200 alunos, com conforto e bem-estar para o melhor desenvolvimento dos processos de ensino-aprendizagem. A estrutura possui um auditório com capacidade para 175 pessoas, biblioteca, refeitório, laboratório de física, química, matemática e línguas, quadra poliesportiva e espaço de vivências, todos respeitando os critérios de acessibilidade. Toda essa estrutura possibilita aos alunos colocarem em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula, além de ampliar a integração com os servidores e a socialização democrática dos espaços de convivência.

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Sobre o Campus Santa Maria da Boa Vista O campus Santa Maria da Boa Vista do IF Sertão-PE teve o lançamento da pedra fundamental em fevereiro de 2014. As aulas regulares do campus tiveram início no dia 05 de fevereiro de 2015 com os cursos subsequentes em Edi cações e Agropecuária. Cada turma contou com 35 alunos e as aulas eram ministradas no prédio cedido pela prefeitura situado à rua Dr. Souza Filho, no centro da cidade. Parceira na implantação do campus, a Prefeitura de Santa Maria da

Em 2017, a unidade contou com 194

Boa Vista continuou contribuindo após a inauguração, com a

alunos matriculados, sendo 61

disponibilização do transporte escolar que realiza o deslocamento dos

alunos cursando o Ensino Médio

alunos das zonas urbana e rural até o campus, que atualmente oferta os

Integrado, 50 no Curso Técnico de

cursos técnicos de Agropecuária e Edi cações, nas modalidades Técnico

Agropecuária e 54 no Técnico em

Integrado ao Ensino Médio e Subsequente, tendo como proposta futura a

Edi cações, além de 31 estudantes

implantação do Programa de Educação para Jovens e Adultos (Proeja) e a

dos cursos de Ensino à Distância. Já

oferta de ensino superior até o ano de 2019.

no Processo Seletivo 2018, foram ofertadas 210 vagas. Quanto ao

Ano Letivo 2018

número de servidores, o campus conta hoje com 32 docentes e 36

O ano letivo 2018, no campus Santa Maria da Boa Vista, teve início no dia 5 de fevereiro com um momento de boas-vindas e acolhimento dos alunos

té c n i co s- a d m i n i st rat i vo s e m educação (TAEs).

para apresentar a estrutura organizacional e física da unidade, momento em que os estudantes também conheceram a nova gestão do campus, sob a direção-geral de Maria Gomes Lira e direção de Ensino de Líliam Holanda. Em 2018, o campus recebe 140 novos alunos, tendo o desa o da educação inclusiva com a chegada de sete novos estudantes com de ciência. Com uma estrutura física que respeita todos os critérios de acessibilidade, a estratégia atual é preparar o material humano para conviver e respeitar os integrantes desse público recém-chegado. A estudante do curso Técnico em Edi cações, modalidade Médio Integrado, Ilka Valéria, ingressante em 2018 no IF Sertão-PE, chegou disposta a encarar os desa os de uma nova formação tendo como aliada a educação

O professor de mecanização

inclusiva. O campus conta com professor de Libras e ainda em 2018 um

agrícola e solos, Luís Carlos Pita,

tradutor de Libras será contratado para facilitar a comunicação e o processo

acredita que a escola é um ambiente

de ensino e aprendizagem com os dois estudantes surdos que atualmente

de inclusão e evolução. Vejo com

encontram-se matriculados, além de outros que poderão chegar. Segundo Denise Dias, mãe de Ylka Valéria, há preconceito das pessoas ao lidar com o surdo, em razão do despreparo e da falta de conhecimento

Considero uma ótima oportunidade

dos sinais. Como mãe, co apreensiva por ser um contexto muito diferente

para a interdisciplinaridade, para a

na nossa vida, mesmo sabendo da capacitação dos professores. Sempre

convivência, pois muitas vezes é

estive ao lado dela e me preocupa a aceitação dos colegas e as di culdades

preciso sair da zona de conforto e

que vão surgir , destacou ela, que atua voluntariamente como tradutora de

adequar-se ao novo completou o

Libras para sua lha e para outro estudante surdo da instituição, até a

professor.

chegada do tradutor de Libras que irá assumir a função. Por ser intérprete e acompanhar rotineiramente a vivência dos surdos, Denise Dias orienta que para quebrar o desa o inicial da comunicação com os surdos, primeiramente as pessoas precisam aceitar o outro e se aproximar sem medo, sem a preocupação com a língua. É importante ter cuidado com os sinais, especialmente para quem não sabe Libras, para não ser mal interpretado e criar um afastamento. É difícil, mas o primeiro contato é aproximar-se sem preocupação da Língua , comentou Denise.

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bons olhos essa experiência de alunos novos com de ciência.

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FORMAÇÃO

Ser autor Alunos do IF Sertão-PE escrevem e lançam seus primeiros livros Por Elidiane Poquiviqui

N

o mundo moderno, digitalizado, a internet se destaca como fonte de estudos, e há a tendência em se imaginar o abandono de

ferramentas analógicas, como os rádios; ou ainda temer o

declínio da qualidade da escrita atual. Para os alunos do campus Floresta do IF Sertão-PE, a internet é uma ferramenta importante, no entanto, a busca por material de pesquisa com fontes de qualidade e temas especí cos, ou regionais, tem fomentado o desejo de escrever e publicar livros. O incentivo e a supervisão do professor Severino Paiva foram o pontapé inicial, ao despertar, em sete alunos do 2º ano do curso superior em Gestão da Tecnologia da Informação, o desejo de produzir. Josenaldo Silva, Luidson Santos, Jionath Santana, Joilson Guimarães, Tiago Souza, Ione Barros e Robson Leal lançaram mão dos conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Português e de Gestão de Projetos, planejaram um Os seis capítulos do livro abordam de forma

cronograma de pesquisa, debates e redação do texto e publicaram, no

didática o tema Segurança da Informação, e

primeiro semestre de 2017, o livro Segurança e Auditoria de Sistemas .

a cada capítulo, os autores apresentam conceitos e assuntos como ameaças,

Segundo Robson Leal, a produção de um livro que servisse como base de

vulnerabilidades, malwares, normas de

estudos para a disciplina homônima foi o objetivo principal do grupo. Já para

segurança da informação, auditoria de

Jionath Santana, a escolha do projeto deveu-se ao fato do tema Segurança da

sistemas, dentre outros, em capítulos sempre seguidos de uma lista de exercícios de

xação, com questões utilizadas em

concursos da área de informática, e um

Informação ser atual e impactante tanto para pessoas quanto para empresas. A metodologia do trabalho colaborativo contou com muita

quadro de referências bibliográ cas para

organização. Desde a de nição em conjunto, pelos alunos e o professor,

aprofundamento do assunto.

sobre o título do livro e as atividades a serem desempenhadas por cada aluno, até a redação do texto, que foi avaliado e aprovado por todos.

De acordo com o aluno Tiago Souza, as características da redação dos textos são o diferencial da obra. Por ser um livro escrito de alunos para outros alunos, acredito que é mais fácil a compreensão. Utilizamos uma linguagem simples em nossos capítulos para que os alunos tenham essa sinergia com o livro, que consigam ler com vontade e gostem do que estão lendo , a rmou o autor.

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Os frutos do trabalho já estão sendo colhidos. No 2º semestre de 2017, os novos alunos da disciplina Segurança e Auditoria de Sistemas utilizaram a obra como livro-texto da disciplina. Outro ponto a ser destacado é que o projeto não parou, alunos das novas turmas dão continuidade ao trabalho elaborando materiais complementares, tais como: site do livro, roteiros de práticas, revisão do livro e criação de um canal no YouTube sobre Segurança da Informação. Exemplares da obra foram doados às bibliotecas dos campi do IF Sertão-PE que possuem cursos na grande área de Ciência da Computação, e o objetivo da equipe é expandir a distribuição para todos os Institutos Federais do país.


Egressa do curso de Gestão da Tecnologia da Informação, Rakel Carvalho é outro exemplo de aluna que se tornou autora de livro no campus Floresta. Em 2015 ela encerrou a graduação, e em 2017 viu seu trabalho de conclusão de curso, intitulado

Liderança, Motivação e

Tecnologia da Informação no Ambiente Organizacional , ser publicado em dois capítulos de um livro sobre gestão de pessoas. A oportunidade veio através da professora Elis Magalhães, que me falou do Congresso de Administração-2015 que aconteceria em Curitiba, e o tema daquele ano era equivalente ao tema do meu TCC. Trabalhei por três anos no setor administrativo da organização pesquisada. Lá notei a falta de motivação das equipes causando insatisfação quanto ao modelo de gestão aplicada, daí surgiu a ideia de analisar qual o estilo de liderança aplicado naquele setor, e ao mesmo tempo apresentar soluções de melhorias , explicou Rakel Carvalho. A publicação também foi um incentivo para Rakel se aperfeiçoar, e ela já planeja cursar uma especialização na área de liderança e motivação. Para a ex-aluna do IF Sertão-PE cou a certeza de que outros estudantes podem conquistar espaços acadêmicos ou pro ssionais, contando com o incentivo de professores e amigos.

É muito grati cante, me senti

orgulhosa por ter dois artigos fazendo parte de um livro, sabendo que os Egressa Rakel Carvalho, autora de

mesmos podem ajudar e inspirar outras pessoas a escrever seus

dois capítulos da obra Tópicos em

trabalhos. Sou extremamente grata aos meus ex-mestres e amigos pelo

Gestão de Pessoas

incentivo. Os alunos egressos nesta instituição são esforçados e com o apoio dos professores podem conquistar grandes méritos , concluiu Rakel. As turmas do Ensino Médio também já dão os primeiros passos na autoria de livros. As estudantes do 4º ano do curso técnico integrado em Informática, Lara Novaes e Nara Menezes, sob orientação da professora Vera Medeiros, estão Epitá os

nalizando a redação do livro

orestanos na morte, história de vidas , cuja pesquisa foi

desenvolvida por meio de um projeto vinculado ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientí ca PIBIC. A temática curiosa surgiu devido à importância histórica local do cemitério Público São Miguel, em Floresta-PE , que revela características do estilo barroco e possui túmulos com arquitetura

Lara Novaes e Nara Menezes, autoras do livro sobre epitá os

elaborada, que foram contemplados no poema de João Cabral de Melo Neto intitulado

Cemitério Pernambucano

Floresta do Navio

e

comparados, pelo poeta, à cidade de Constantinopla. O livro de Lara e Nara trata primeiramente do gênero textual epitá o e, como a enunciação, as vozes do epitá o, podem ser diversas. O enunciador pode ser um familiar, o próprio morto ou a sociedade como um todo. Depois trabalhamos a temática do imaginário social sobre a vida e a morte, sob o olhar do teórico Gilbert Durant, e nalizamos observando o apagamento de aspectos sociais especí cos e o modo como os epitá os foram marcados por novas representações e inter-relações na cidade , comentou Lara. Para elas, a sensação de estar ainda no Ensino Médio e já serem autoras de uma obra literária é especial, principalmente pela temática local possibilitar o registro do olhar sobre a própria comunidade. A grande contribuição da obra é fazer o povo de Floresta, mais uma vez, sentir-se pertencer à sua história. Estar escrevendo sobre nossa terra, nossa comunidade é algo especial, como diz a orientadora: Floresta nos inspira a escrever. É uma cidade de muitas histórias e de muita riqueza cultural completam as autoras.

O lançamento do livro de quatro capítulos está previsto para o primeiro semestre de 2018. Estamos no último capítulo, que é mais intimista, embora seja, também, fruto da pesquisa de campo. Analisamos as transformações comportamentais, históricas e pessoais na sociedade, através de epitá os especiais que escolhemos para esse momento do livro; não podemos dar mais detalhes (risos). Deixemos a surpresa no ar , a rmou Nara.

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INTERCÂMBIO

Certi cação realizada em Brasília marcou o encerramento do Programa Piloto de Formação de Formadores Moçambicanos. Foto: Comunicação Conif

Conexão Brasil Moçambique Programa Piloto de Formadores Moçambicanos abre oportunidade para novas relações entre os dois países Por Inês Guimarães Fotos: Inês Guimarães / arquivo pessoal

A

s histórias se cruzam em diversos momentos. Por mais que

muitos não saibam ou reconheçam, Brasil e Moçambique, países

situados em continentes diferentes, trazem muito mais em

comum do que as marcas da colonização portuguesa. As in uências mútuas e os caminhos traçados conjuntamente potencializam a aproximação entre os dois países de diversas formas, criando novas relações, nas quais Brasil e Moçambique se descobrem de maneira distinta ao que ocorreu a séculos atrás. E essa relação vem criando novos vieses. Um deles, o da educação, aproximou professores de instituições de ensino agrárias moçambicanas dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil. Trinta pro ssionais participaram, entre os meses de setembro e dezembro de 2017, do Programa Piloto de Formadores Moçambicanos nas Áreas de Ciências Agrárias e Mecanização Agrícola, realizado através de acordo entre o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Pro ssional, Cientí ca e Tecnológica (Conif) e o governo de Moçambique, por meio da Autoridade Nacional de Educação Pro ssional (Anep).

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Aula de irrigação - plantação de maracujá


Durante o período de permanência no Brasil, cada professor

No campus Petrolina Zona Rural, o

vivenciou a realidade de duas instituições. Entre as quinze escolhidas em

programa de capacitação abrangeu

todas as regiões brasileiras, o IF Sertão-PE foi um dos que tiveram a

desde atividades relacionadas a

oportunidade de se inserir nesse intercâmbio de conhecimentos.

práticas pedagógicas, até estudos

Foi assim que, no dia 6 de novembro, o campus Petrolina Zona Rural

referentes à ciência do solo,

do IF Sertão-PE recebeu Hélder Matavel, Osvaldo Matambo, Leonel

i r r i g a ç ã o, s a n i d a d e ve g et a l ,

Manhique e Celeste Jordão. Na bagagem, traziam principalmente a

agroprocessamento e extensão

vontade de aprender e a perspectiva de, por meio do conhecimento,

rural.

poder transformar a realidade social e econômica de seu país. Aula de irrigação - plantação de maracujá

A nossa experiência no IF Sertão-PE foi muito positiva, no sentido de que há muita inovação e investigação, esses dois setores estão muito avançados , reconheceu Hélder Matavel.

O Programa O Programa de Formadores Moçambicanos em Ciências Agrárias e Mecanização Agrícola é um projeto de cooperação técnica voltado à Reforma da Educação Pro ssional em Moçambique. O convênio foi rmado pelo Governo Africano, por meio da Autoridade Nacional de Educação Pro ssional (Anep), com o Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Pro ssional, Cientí ca e Tecnológica (Conif) e contou com o apoio da Secretaria de Educação Pro ssional e Tecnológica (Setec) e da Agência Brasileira de Cooperação (ABC). O objetivo é promover a capacitação de formadores do país africano a partir dos saberes locais, tornando-os multiplicadores; compartilhar experiências e tecnologias, incentivando a propagação do conhecimento.

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Visita a um projeto de pesquisa no Sítio Coelhos, distrito de Izacolândia, em Petrolina

Os dias no campus Os quatro formadores moçambicanos passaram um mês morando no campus Petrolina Zona Rural. Puderam vivenciar o dia a dia dos estudantes e pro ssionais e ir além do conhecimento técnico. Foi um intercâmbio, acima de tudo, cultural. Desde as comidas até as conversas cotidianas, as músicas e o jeito de se vestir, Hélder, Celeste, Osvaldo e Leonel viram muito de seu país em Casa de bomba - aula de irrigação

terras brasileiras, mas também estranharam alguns hábitos, como o de comer feijão todos os dias. A vivência com a cultura foi muito boa. Por onde passamos todo mundo demonstrou carinho, atenção conosco. Isso foi muito bom. Só dizer que vocês comem o feijão todos os dias, que é diferente do que a gente faz. Nós aprendemos desde criança que comer bem é variar os alimentos , observou Hélder. O coordenador de Assuntos Internacionais do IF Sertão-PE, Marcos Masutti, que acompanhou o grupo durante toda sua estada na instituição, destacou a importância do intercâmbio. Esse é o principal objetivo da internacionalização: apresentar novas culturas, proporcionar uma vivência internacional mesmo para quem não pode sair do Brasil. Conhecendo pessoas de outros países é possível ter contato com outros mundos e o fundamental é que todos, servidores e estudantes, tenham a possibilidade de ter essa interação , considerou. Nos setores de produção, os moçambicanos vivenciaram práticas com professores, participaram de aulas, conheceram tecnologias que

Atividade em laboratório

podem, futuramente, ser empregadas no sistema de produção de seu país. Analisaram amostragens de solos, elaboraram biofertilizantes e compostos orgânicos; perceberam a importância da irrigação adequada, sobretudo em uma região semiárida, e tiveram noções sobre sua sistemática; trabalharam na identi cação, diagnóstico e monitoramento de pragas em fruteiras; conheceram técnicas de produção e conservação de produtos de origem animal e vegetal da região e produziram produtos como geleias, dentre muitas outras atividades. O professor Luís Fernando Campeche foi um dos que participou da cooperação técnica, ministrando aulas, dentre outros assuntos, sobre irrigação. A integração foi muito boa. As experiências deles e a nossa experiência foram um somatório de informações. Fui no intuito de ensinar, mas acabei aprendendo muito. A vontade deles em aprender, em querer descobrir nossas tecnologias de agricultura para poder levar para seu país para mim foi uma lição de vida muito grande. Já estou sentindo saudades , a rmou. Para Hélder, a experiência no IF Sertão-PE proporcionou, ainda, a descoberta de novas possibilidades na área de agricultura. Foi um ganho para nós, porque mais uma vez reforçou que a investigação é a chave para o desenvolvimento da agricultura. Nós tínhamos um mito na nossa cabeça

Aula de irrigação - plantação de maracujá

que a produção de uva era só possível em climas frios, mas podemos quebrar esse mito a partir do momento que fomos para o IF Sertão-PE .

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Momento de interação com estudantes do campus

Experiência além do campus A passagem dos formadores moçambicanos por Petrolina não se limitou às atividades no campus Petrolina Zona Rural. Hélder, Celeste, Osvaldo e Leonel realizaram visitas técnicas, participaram de eventos, conheceram escolas, projetos de irrigação, assentamentos. Eles tiveram a oportunidade de conhecer desde a produção em larga escala até a agricultura familiar. Conheceram fazendas de uva e manga, ações da Codevasf, participaram do Semiárido Show, evento Estudo do solo durante a participação no Semiárido Show, promovido pela Embrapa Semiárido

realizado pela Embrapa e voltado às tecnologias e conhecimentos relacionados à convivência no semiárido. Tudo isso deu uma dimensão do quanto a agricultura é fundamental para o desenvolvimento da nossa região , a rmou Marcos Masutti. As experiências vistas, principalmente relativas às tecnologias de convivência com o Semiárido, despertaram a atenção do grupo. Segundo Hélder Matavel, eles vivenciam situação semelhante de escassez de água em algumas áreas afetadas pelo ciclone El Niño. Pudemos ver como as nossas comunidades podem conviver com o semiárido, quais são as tecnologias que vocês estão a ter, para que nós possamos investigar e ver qual a adaptabilidade dessas tecnologias aqui no nosso país , disse. O Programa Piloto de Formadores Moçambicanos deverá ter

Atividade de produção de geleias na Agroindústria

continuidade neste ano de 2018, no entanto, ainda não foram de nidos data nem os Institutos Federais que receberão os novos pro ssionais.

Vou levar minha contribuição ao meu país , disse Helder Matavel durante certi cação. Foto: Comunicação Conif

Para os quatro formadores que estiveram no IF Sertão-PE, já foi possível colher frutos. Recém-formados, Osvaldo e Celeste já começarão a trabalhar em suas funções como professor.

Esperamos que

futuramente possamos a identi car as áreas que possamos trabalhar juntos, Brasil e Moçambique. Não é possível implementar tudo em uma primeira fase, mas assim gostaríamos. Há muita coisa que aprendemos e pouco a pouco vamos tentar in uenciar nossos superiores para implementar certas coisas, porque só assim é que vai fazer sentido a nossa ida. Vamos fazer valer isso , garantiu Hélder Matavel.

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TECNOLOGIA

Que tal a Hacktown? Primeira escola pública de programação em jogos e robótica do Brasil, a Academia Hacktown do IF Sertão-PE amplia cada vez mais sua visibilidade, ao oferecer cursos gratuitos em áreas especí cas da Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), promovendo uma inserção lúdica de crianças e adolescentes no universo cibernético e aproximando ainda mais os jovens da Instituição. Reportagem: Lucas Augusto e Ricardo Brandão Fotos: Elidiane Poquiviqui, Gabriela Lapa, Lucas Augusto e Ricardo Brandão

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A

prender de forma divertida e descobrir uma gama de

possibilidades de criação a partir do conhecimento de recursos

tecnológicos atuais. É assim que crianças e jovens, com idades

que variam dos 7 aos 22 anos, têm aproveitado os cursos ofertados pela Academia Hacktown, escola de programação em jogos e robótica que surgiu no Instituto Federal do Sertão Pernambucano, por iniciativa do professor Fábio Cristiano, do Colegiado de Licenciatura em Computação do campus Petrolina. O projeto teve início no

nal de 2014, fruto de parcerias com a

Secretaria de Educação Pro ssional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC) e com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientí co e Tecnológico (CNPq). "Submetemos inicialmente um projeto chamado Programadores do Futuro, com o objetivo de ensinar programação. Naquela ocasião, conseguimos a aprovação e um apoio nanceiro de R$ 55 mil para funcionar em 2015. Trabalhando conosco, tínhamos dois alunos bolsistas da graduação e dois do ensino médio, e atendemos, naquele ano, 120 crianças e jovens das comunidades circunvizinhas ao campus. Em 2016, com a

nalização do projeto, os alunos pediram que déssemos

continuidade. Foi então que submetemos sete projetos Pibex, um Pibid e um Pibic, os quais foram aprovados, o que permitiu a continuidade das aulas no ano seguinte", conta o professor Fábio. Ainda de acordo com o professor, em 2016 o projeto foi reformulado, quando houve a mudança de nome para Academia Hacktown. "Ampliamos a adesão de alunos bolsistas e colaboradores e no início de

Professor Fábio Cristiano, do Colegiado de Licenciatura em

2017 recebemos o convite de integrantes do MEC, que souberam das

Computação do campus Petrolina, coordena as atividades da Academia Hacktown. Para ele, metodologias de ensino

nossas atividades aqui em Petrolina, o que gerou um aporte de R$ 1,2

devem dialogar com o imaginário de crianças e

milhões para o funcionamento durante três anos".

adolescentes

Revista IF Sertão-PE

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Aprender ensinando No âmbito da formação dos discentes do IF Sertão-PE, a Academia Hacktown contribui para as pesquisas dos alunos do curso Técnico em Informática e para ampliar a prática docente dos estudantes da Licenciatura em Computação, como explica a estudante Jakeline de Amorim, aluna do 5º período de Licenciatura em Computação do campus Petrolina e instrutora da Academia. "Quando entrei no curso, mesmo sendo uma licenciatura, eu ainda tinha dúvidas se realmente queria ser uma professora. Quando surgiu a oportunidade de entrar na Academia e dar aulas, ainda mais sendo para crianças, pra mim foi um choque muito grande. Mas quando entrei na sala e eles começaram a me chamar de Prof e de Tia Jaque e foram progredindo nos assuntos, foi muito grati cante. A Academia está somando muito ao meu curso, estou mais

Licencianda em Computação do campus Petrolina e instrutora da Academia Hacktown, Jakeline sente-se grati cada ao ver os alunos progredirem

preparada para a docência e mais sensível para entendê-los", garante. A esse respeito, o professor Fábio, que também é coordenador da Academia Hacktown no campus Petrolina, a rma que o curso Técnico de Informática e o curso de Licenciatura em Computação têm se transformado. "Antes, o corpo docente era extremamente técnico, com pouco conteúdo pedagógico. Agora, os professores do colegiado estão aderindo às novas formas de ensino, empolgados pela Academia. Os alunos se entusiasmam, pois eles veem o desenvolvimento dos colegas. Há alunos que estão conosco desde o ensino médio, passaram para a graduação e por isso tiveram um itinerário formativo (compromisso, responsabilidade). Outro ponto a destacar é a distribuição de renda para os alunos colaboradores, o que faz diferença até para a permanência de alguns deles no curso. Recentemente foram realizadas capacitações para eles, com cursos de Robótica em Natal e Recife, e de Youtuber em Caruaru. Eles aprendem e transferem esse conhecimento na área de

Atraídas pela linguagem lúdica dos jogos, crianças da Academia Hacktown despertam desde cedo o interesse pela programação

tecnologia para os demais, gerando um efeito multiplicador", avalia. Jorge Emanoel, aluno do curso Técnico em Informática do campus Petrolina e monitor da Academia Hacktown, reforça as palavras de Jakeline. "Em 2015, quando eu ingressei na Academia, ainda era o projeto Programadores do Futuro. Desde esse período, comecei a ter uma visão diferente em relação à atividade docente, pois antes só tinha a visão de aluno. Desconhecia toda a responsabilidade do professor em relação à preparação da aula e do material pedagógico, por isso, mudei meu comportamento em sala de aula, pois sei do esforço dedicado. Além disso, por gostar muito de programação, melhorei em todas as disciplinas técnicas e exatas do meu curso. Mas minha maior conquista foi eu ter desenvolvido os sistemas utilizados no projeto, o que acabou sendo determinante na escolha da pro ssão de programador e web designer futuramente". A experiência adquirida por Jorge como monitor também o fez traçar sua trajetória para o futuro e ele foi aprovado recentemente no curso superior de Licenciatura em Computação do IF Sertão-PE. "Descobri minha paixão,

Aluno do curso Técnico de Informática do campus

que também é dar aulas, por isso escolhi o curso de Licenciatura do nstituto,

Petrolina, Jorge Emanoel passou a valorizar mais o

pois já tive a experiência de ser professor , concluiu.

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Revista IF Sertão-PE

trabalho de docência após assumir a monitoria na Academia Hacktown


E por que Hacktown? O professor Fábio Cristiano explica que o nome Hacktown surgiu de um brainstorming (tempestade de ideias) realizado em 2016, durante uma reunião da equipe responsável pela execução do projeto. "Tínhamos a proposta de mudar o nome do projeto, antes chamado de Programadores do Futuro, pois a gente vinha observando que a temática e a identidade visual não dialogavam muito com o público-alvo, ou seja, não atraía muito essas crianças e adolescentes que formam o nosso público, por isso houve a proposta de mudança do nome e da marca. Então surgiu o nome Hacktown, a partir da fusão do termo hacker (que dá a ideia de pessoa com conhecimento especializado na área de tecnologia, aprendizagem signi cativa, de usar um conhecimento prévio para ancorar outro conhecimento), com town, que é algo como cidade, movimento, centro", esclarece Fábio.

Metodologia Hacktown

Fonte: hacktown.ifsertao-pe.edu.br

Crianças da turma Kids O mantêm o foco nas aulas, na Academia Hacktown do campus Floresta. Educação lúdica e inclusiva aliada ao ensino de ciência e tecnologia

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Foco no presente, de olho no futuro A mudança de nome para Academia Hacktown surtiu o efeito que seus idealizadores desejavam e o público formado por crianças e adolescentes aproximou-se ainda mais do projeto. É o que demonstra a adolescente Victória Rebeca, 13 anos, aluna do 8º ano na Escola Municipal Nossa Senhora Rainha dos Anjos - Caic, localizada no bairro Cohab IV, em Petrolina. "Passei a ver a importância da tecnologia no meu dia a dia, facilitando o manuseio dos aparelhos eletrônicos e na elaboração dos trabalhos escolares. O maior impacto foi ver peças inanimadas se tornarem vivas, ainda que saiba que tudo é controlado, achei fascinante, o que despertou em mim a vontade de aprender mais sobre o mundo tecnológico. Já irei participar do próximo curso", a rmou. De acordo Ana Cristina, mãe de Victória, após fazer o curso da Academia Hacktown, a jovem mudou o

A mãe de Rebeca, Ana Cristina, menciona o interesse da lha pelo

interesse e passou a buscar mais conhecimentos

aprendizado da ciência e da tecnologia após fazer o curso de Robótica

cientí cos

na Academia Hacktown, "depois do curso, ela

cou bastante

empolgada. Hoje assiste lmes de máquinas, robô, ela cou fascinada com o mundo da robótica. Ajudou a fazer os trabalhos escolares, começou a ter uma facilidade maior para fazer trabalhos, antes ela só pegava o tablet para assistir desenhos e vídeos musicais, o curso foi muito importante pra ela", elogia. Outro exemplo de avaliação positiva da Academia Hacktown entre os jovens da região vem da cidade de Juazeiro-BA. Hiago Lima, 13 anos, morador do bairro Maringá, na vizinha cidade do norte baiano, é uma demonstração da abrangência dos cursos da Academia Hacktown. Aluno do 8º ano do ensino fundamental no Colégio Plenus, em Petrolina, Hiago concluiu o curso de Iniciação à Robótica da Academia Hacktown, em janeiro de 2018. Quando soube, por intermédio de sua mãe, Patrícia Lima, Após fazer o curso de Robótica da Academia

que haveria um curso de férias na área de robótica, no IF Sertão-PE, Hiago

Hacktown, Hiago Lima, 13 anos, teve mais facilidade de

não teve dúvidas em se inscrever. Ele conta como surgiu seu interesse pela

aprender Física no Colégio Plenus de Petrolina, onde

robótica. "O interesse surgiu por conta de um lme chamado Big Hero

cursa o 8º ano do Ensino Fundamental

(Grande Herói), que eu assisti quando era criança. Eu vi esse lme, aí eu Para o pai de Hiago, Fabrício Lima, o processo foi bem concorrido devido ao

pessoas, nossa! Que coisa legal! Aí eu já comecei a despertar esse

número limitado de vagas, mas o que

interesse, aí eu fui na internet e saí fuçando informações, lendo coisas,

chamou mais sua atenção foi o grau de

vendo o que poderia ser feito pra isso acontecer. E também pra ter mais

organização do projeto. "O início foi

conhecimento, porque sempre é bom ter conhecimento. Conhecimento

marcado pras 8h da manhã. E às 8h da

nunca é demais".

manhã o professor já estava na sala,

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falei: poxa, olha só, o cara monta um robozinho assim, que cura as

O jovem Hiago elogiou bastante o curso de Robótica, que frequentou

com tudo pronto, e isso se repetiu todos

durante as férias de janeiro. "Achei bem interessante, abordou várias

os dias de aula, e terminava no horário

coisas, além de um pouco de Física também, porque a Robótica mexe

combinado. De 8h às 12h. Quatro horas

com energia, tensão, eletricidade. E eu comecei a estudar Física este ano

de aula contando com o intervalo. A

no colégio. Gostei muito, deu um passo a mais no meu conhecimento. E o

gente sabe da organização e da

professor ensinou muito bem, explicou tudo de uma maneira

seriedade do Instituto, mas nós

excepcional, foi ótimo ter aprendido com ele. O que eu achei mais

pudemos presenciar o envolvimento

interessante foi que eu pensava que o curso seria só pra montar o

das pessoas que fazem parte do

robozinho, mas não. Você precisa programar. Você aprende a dar os

projeto, sobre o que o IF Sertão-PE

comandos ao robô. E dar os comandos ao robô é complicado, mas é muito

oferece para a sociedade e para os

divertido também". Perguntado ainda se gostaria de fazer outros cursos,

alunos", opinou o pai do estudante.

futuramente, no IF Sertão-PE, o estudante disse que sim.

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Acesso democrático e inclusão social Os exemplos citados demonstram que o acesso aos cursos da Academia Hacktown é democrático, ou seja, está aberto para estudantes da rede pública e da rede privada. No entanto, por se tratar de um projeto social, há prioridades de acesso em relação aos alunos oriundos de escolas públicas. Essa prioridade se dá tanto no quantitativo de vagas ofertadas, quanto no peso nal da nota, quando os alunos da rede pública ganham uma boni cação no somatório geral de pontos, o que não impede o ingresso de alunos das escolas privadas, conforme visto no exemplo do jovem Hiago, que aproveitou parte das férias para aprender mais sobre ciência e tecnologia. O professor Fábio Cristiano fala sobre a inclusão propiciada pela Academia Hacktown. "O projeto é social, possibilita que crianças em vulnerabilidade social mudem suas realidades. O entorno do campus

Em dezembro de 2017, na Academia Hacktown do campus Salgueiro, onze meninos e meninas, de 7 e 8 anos, concluíram o curso de Youtuber, no qual as crianças aprendem a produzir, editar e publicar vídeos na plataforma youtube. Os vídeos produzidos foram apresentados aos pais no nal do curso.

Petrolina, por exemplo, tem uma periferia muito carente, com o mínimo de tecnologia. Em sua rotina normal, os jovens são submetidos a aulas que não favorecem o aprendizado, falta climatização, estrutura e outros recursos, então quando a gente favorece essa inclusão, criamos perspectivas de futuro e de sonhos. Ouvimos relatos de pais com poucos recursos que dizem que seus lhos desejam fazer um curso superior, como engenharia". Devido à boa receptividade de alunos, pais e responsáveis, a Academia Hacktown já funciona também nos campi Salgueiro e Floresta, ampliando a abrangência, o diálogo com a sociedade e o ingresso de novos estudantes, que passam a nutrir o interesse em ingressar nos cursos regulares do Instituto Federal, ao conhecerem mais de perto a Instituição. "A gente tem tido uma boa adesão. Em torno de 70% dos alunos são de escolas públicas. Mas enfrentamos ainda certa resistência. A grande di culdade é que eles acham que é pago, não acreditam que terão acesso a uma boa estrutura e

Professor Paulo Tiago, coordenador da Academia Hacktown em Floresta, durante palestra de

conhecimento de qualidade, tudo de graça. Nossa ideia é levar os cursos

apresentação do curso de Youtuber aos pais das

também para os outros campi", explica o professor Fábio. Ele lembra ainda

crianças da turma Kids

que o aporte de R$ 1,2 milhões permitiu a aquisição de novos equipamentos para os três campi envolvidos no projeto, como módulos de

A academia é dividida em duas

robótica, impressoras 3D e óculos de realidade virtual. Desde 2015, já foram

vertentes: os cursos regulares, como os

concedidos 354 certi cados aos concluintes dos cursos ofertados pela

de Robótica, que são ofertados todos os

Academia Hacktown nos três campi onde o projeto foi implantado. A Academia Hacktown aponta para os três eixos de atuação dos

anos, o Kids O , Kids 1 , Kids 2 (para crianças), além dos

Teen Juniors

e

Institutos Federais, quais sejam o Ensino, a Pesquisa e a Extensão. No

Teens . A criança pode ingressar com 7

âmbito do Ensino, envolve a popularização da ciência por meio da

anos e sair com 14 de todo processo, ou

inserção de crianças e jovens no espaço acadêmico-cientí co, com a

simplesmente ingressar nos cursos

oferta de cursos em diversas modalidades. Quanto à Pesquisa, contribui

rápidos (como o de Youtuber). Durante

com a formação de estudantes e pesquisadores dos cursos médio

os cursos, são desenvolvidos princípios

integrado, subsequente e superior da grande área de Informática, que

de raciocínio lógico e matemático, de

atuam como bolsistas e instrutores. Por m, ao aproximar a instituição de

física e de comunicação e expressão.

crianças e jovens das comunidades circunvizinhas e da sociedade de

Os alunos aprendem o que há de novo

modo geral, representa também uma importante ação de Extensão, que

na tecnologia, que poss a trazer

se traduz na oferta de ensino e formação de qualidade, gratuitos e com

benefícios para eles e para a sociedade ,

boa capilaridade entre a população jovem do sertão pernambucano.

naliza Fábio Cristiano.

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PESQUISA

Tim-tim Por Inês Guimarães

Fotos: Daynara Gonçalves e Inês Guimarães

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U

m método de produção de espumantes, até então não desenvolvido no Vale do São Francisco, está em fase de testes,

por meio de projetos de pesquisa, no campus Petrolina Zona

Rural do IF Sertão-PE. Através da Escola do Vinho, estudantes do curso de Viticultura e Enologia estão elaborando espumantes pelo método champenoise ou tradicional, o mesmo utilizado para produção dos grandes champagnes franceses, que pode representar uma nova alternativa de produção e mercado para essa região. O método se diferencia do charmat e do asti, já utilizados na região, por ser um processo artesanal. Como resultado, a bebida apresenta cremosidade e aroma diferenciados, além de maior complexidade sensorial. De acordo com a enóloga e professora do curso, Ana Paula André Barros, essas características são consequência da segunda fermentação alcoólica acontecer em um pequeno volume da bebida, dentro da própria garrafa, e devido ao período de contato do vinho com as borras de levedura. É um método muito peculiar, porque a elaboração acontece de forma artesanal , explicou. Já é a terceira vez que a Escola do Vinho elabora espumante através do método champenoise. No primeiro teste, foram elaborados espumantes brancos e rosés. Na segunda experiência, o resultado foi a bebida tinta e rosé novamente. A novidade deste ano é que a produção do espumante está sendo feita com uvas cultivadas no próprio campus Petrolina Zona Rural. A primeira colheita da variedade de uva vinífera Grenache, já utilizada no Vale do São Francisco para a produção de espumantes pelo método charmat, foi realizada em agosto de 2017. Estamos muito felizes com os resultados. Esse processo é importante para que os estudantes conheçam toda produção da bebida e de uma técnica enológica que não é desenvolvida comercialmente na região. É de imensa importância para os alunos que eles realizem essas práticas e observem as possibilidades da Enologia , a rmou Ana Paula Barros. De acordo com Ana Paula, vinícolas da região, que são parceiras, já demonstraram interesse em resultados das experiências e de pesquisas desenvolvidas com a produção de espumantes. Atualmente, três projetos de pesquisa estão sendo realizados no campus, tendo a produção do espumante pelo método tradicional como objeto. São eles dois Trabalhos de Conclusão de Curso: In uência do uso de chips de carvalho na composição química de vinhos base para espumante da cv. Viognier , defendido pela estudante Aíla de Souza; Efeito do tempo de maceração na composição química de vinhos base para espumante da cv. Viognier , desenvolvido pela aluna Islaine

IF Sertão-PE elabora espumante por método tradicional como alternativa de produção para o Vale do São Francisco

Santos; além de projeto em Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Cientí ca (Pibic) intitulado Estudo da composição química de espumantes produzidos pelo método tradicional a partir da cv. Grenache cultivada no Vale do São Francisco , que tem a estudante Maria Jardilene Alves como bolsista.

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Você sabia? O champagne foi descoberto há cerca de 340 anos, pelo monge Dom Pérignon (1638-1715), que era o responsável pelas adegas da Abadia de Hautvilleres, na diocese de Reims na França. Dom Pérignon cou intrigado com a a rmação de vinicultores que diziam que certos tipos de vinhos fermentavam novamente depois de engarrafados, provocando pressão que estourava os tampões ou arrebentavam as garrafas. Dom Pérignon então experimentou garrafas mais fortes e utilizou rolhas amarradas com arame, conseguindo obter a segunda fermentação dentro da própria garrafa. Ao experimentar a bebida, a surpresa e a a rmação que viria a atravessar os séculos:

Estou

bebendo estrelas , teria dito Dom Pérignon.

Equipe responsável pela produção do espumante. (Da esq. pra dir.) Profª. Ana Paula Barros, Maria Jardilene Alves, Islaine Santos, Aíla Souza, Renata Gomes e Laíse Ferreira

O método

Asti

Desenvolvido na cidade de Asti, na Itália, é um método de produção mais rápido, já que o espumante é elaborado com apenas uma fermentação. O processo é interrompido quando o açúcar das uvas ainda não foi inteiramente transformado em álcool. Por isso, o resultado são bebidas mais adocicadas e com menor teor alcoólico.

O método

Charmat

Surgiu no início do século XX, sendo patenteado em 1907 pelo francês Eugène Charmat. Nesse processo, a segunda fermentação ocorre em tanques de aço inoxidável. A elaboração acontece com a adição do licor de tiragem (mosto ou açúcar, nutrientes e leveduras). Daqui saem espumantes mais complexos e estruturados.

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Como é produzido o espumante? O vinho base, elaborado pelos próprios estudantes, passa por uma segunda fermentação. Para fermentar, a levedura consome o açúcar acrescentado no vinho base e transforma em álcool. Essa transformação é feita dentro da garrafa e, além do álcool, libera gás carbônico, que é incorporado ao líquido. Nos outros métodos, esse processo acontece em tanques de, em média, 25 a 30 mil litros. Quando conclui a segunda fermentação, a levedura perde sua atividade, decanta e forma o que se chama de borra, rica em proteína e lipídios. O contato do líquido com essas proteínas, que é bem maior na garrafa do que nos tanques, forma vários compostos que trazem características sensoriais únicas. Após a etapa anterior, chamada de autólise, tem início o processo de remuage, no qual a garrafa

ca em uma inclinação determinada no

pupitre (suporte de apoio) e é girada em um quarto de volta diariamente. Aos poucos, a garrafa é levantada, até que que em cerca de 90 graus. Com o movimento, a borra se concentra no gargalo. Quando isso acontece, ela é congelada e, na hora em que a garrafa é destampada, no processo denominado degorgemént, a pressão, previamente conhecida, expulsa somente a borra congelada. Após este procedimento, é adicionado ao espumante o licor de expedição que contém as correções nais, como teor de açúcar, álcool e/ou conservante, necessárias à qualidade e estabilidade do espumante. A partir daí, a bebida já está pronta para ser consumida. O processo completo dura, no mínimo, de seis meses a um ano.

D e s e n g a ce - P ro ce ss o i n i c i a l d e

Maceração a frio, no qual o mosto (suco

Remuage (rotação das garrafas) - As

separação da uva do cacho

da uva) ca em contato com a casca para

garrafas são giradas em um quarto de

extração de substâncias fundamentais

volta todos os dias

para o vinho

No

nal do processo de remuage, as

borras se concentram no gargalo da

Vinho base em estabilização.

A perlage, ou as bolhas do espumante, é um indicativo de qualidade da bebida.

garrafa

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SUPERAÇÃO

Vamos falar sobre

alopécia? Apoio da família e amigos ajuda estudante a conviver com doença rara Por Gabriela Lapa Fotos: freepik.com, Manoel Netto e arquivo pessoal

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Q

uando Mariana Pires, estudante do curso técnico em Segurança

do Trabalho do campus Salgueiro do IF Sertão-PE, decidiu doar

parte das longas madeixas, não imaginava que essa ação

aparentemente simples teria um signi cado tão importante. As mechas foram doadas para outra aluna do campus, Renata Rodrigues de Souza, que na época cursava Tecnologia em Alimentos. Aos 21 anos, ela lutava para conviver com o tipo mais raro de calvície: a alopécia areata universal, uma doença in amatória autoimune que provoca perda de todos os pêlos corporais. A solidariedade de amigos, familiares e até de desconhecidos é um dos pilares que vêm ajudando Renata a aprender a conviver com a doença, que não tem cura. Perder o cabelo não é só uma questão de estética, mas de saúde. Quando o seu cabelo cai por completo, é um sinal de que todo o corpo está mal, você ca exposto, vulnerável. É como ter um membro amputado; dói muito , explicou em entrevista por videoconferência. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, apenas 5% das pessoas com alopécia desenvolvem a doença em estado universal, quando todos os pêlos - como cabelo, barba, sobrancelhas e até cílios -

Cabelo de Renata quando percebeu que comecou a cair

são eliminados do corpo. Isso acontece devido a uma in amação nos folículos pilosos, que provoca a queda. A doença, que não é contagiosa, é desencadeada por dois principais fatores: predisposição Renata

genética e traumas emocionais.

quando

No caso de Renata, não há histórico de alopécia em nenhum familiar.

comecou o tratamento

Porém, um trauma de infância, descoberto anos depois, deu o ponto de

em Recife

partida para a convivência com as quedas de cabelo. Ela tinha cinco anos

nao tinha

quando vimos uma mulher atear fogo em si mesma. Aos 11, o cabelo

mais os de cabelo

começou a cair, mas os médicos falavam que era fungo e passavam remédios , lembra a mãe de Renata, Elma Rodrigues. O diagnóstico certo veio acompanhado por um tratamento com acompanhamento psicológico e medicação oral. Após um ano nessa rotina, o cabelo voltou a crescer e permaneceu assim do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Era um caso único, eu não tinha ninguém em quem

Cabelo de Renata comecou a nascer apos

me espelhar para lidar com a alopécia. Tudo era novo, então, a adaptação

início do

foi muito difícil. Além de perder o cabelo, tinha de lidar com o bullying que

tratamento

as outras crianças faziam, o estresse de explicar toda a história sempre

em Recife

que alguém me via de touca e fazia perguntas. Sei que as pessoas não têm culpa por não saberem o que é alopécia, mas era muito doloroso falar sobre isso tantas vezes , lembra a jovem. Cabelo de Renata comeca a segurar presilha

Renata com touca e

Segundo aplique feito

Primeira peruca usada

o primeiro aplique

pela mãe de Renata

depois do aplique

O cabelo de Renata hoje

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Na receita da superação, amor e solidariedade Meus pais foram incríveis. Durante todos esses anos, com a di culdade para entender o que era a doença, depois os tratamentos, o estresse psicológico, eles souberam passar por tudo isso sendo maravilhosos. Quando meu cabelo caiu, ainda no Ensino Fundamental, minha mãe pediu mechas de cabelo às minhas amigas e fez uma tiara para que eu me sentisse melhor. Alguns anos depois, ela fez outro aplique. Acho que eu nunca disse isso diretamente, mas ela é fera , conta Renata. As quedas de cabelo voltaram quando a estudante ingressou na Foto: Manoel Netto

faculdade, no curso de Tecnologia em Alimentos do campus Salgueiro. Ansiedade e estresse com provas e a rotina acadêmica zeram a doença atingir o estado universal, e todos os pelos de Renata caíram. Eu não tinha mais cílios, nem sobrancelha. Para dormir, tinha que colocar o travesseiro no rosto, porque os olhos

cavam piscando e isso

atrapalhava o sono. Me tornei uma pessoa fechada , lembra Renata. Em meio à di culdade de se adaptar a essa nova situação, ela mudou de tratamento e passou a trabalhar em um salão de beleza em Recife. Lá, encontrou pessoas que, interessadas na sua condição tão singular, ajudaram a tornar a rotina com alopécia melhor: ganhou design de sobrancelhas de nitivas e consulta médica com um dermatologista especialista. O novo tratamento, que inclui suplemento de vitaminas e aplicação de ácido, vem dando bons resultados, e o cabelo, que voltou a crescer, está mais forte e denso. De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, ele pode voltar a cair e a crescer durante toda a vida do indivíduo, sendo determinante para a convivência o acompanhamento psicológico e os tratamentos que estimulam a desin amação folicular. Agora, Renata segue encarando o desa o de continuar com o tratamento morando em outra cidade, pois a família mora e trabalha em Salgueiro, e os médicos atendem em Recife, para onde ela se mudou há oito meses. Tive de trancar o curso de Tecnologia em Alimentos porque era muito desgastante pegar a estrada para assistir as aulas e ainda fazer o tratamento no médico. Foi difícil, eu gosto muito do curso e quero retomar. Mas precisava dessa pausa agora para conseguir me cuidar , explica a jovem. Atualmente desempregada, ela também busca outras oportunidades de trabalho para ajudar a família a custear as despesas da nova moradia. São muitos desa os, mas hoje me sinto mais leve. Sou muito grata a todas as pessoas que passaram por mim e me ajudaram de alguma forma, principalmente aos meus pais. O tratamento da alopécia é desa ador, dolorido, desgastante, mas não dizem que Deus só dá aquilo com que podemos lidar? Então eu posso com isso , naliza.

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Renata como está hoje


Por que entender e falar sobre alopécia? A história de Renata chama atenção para questões importantes, como a saúde mental, a importância do diálogo, do respeito, e do apoio. Ela conta que um dos fatores que mais contribuíram para o estágio universal da doença foi o estresse vivenciado durante a faculdade, que é comum - porém pouco discutido - nos ambientes universitários. Eu só pensava em estudar. Focava tanto nos livros, nas provas, que passava noites tomando café e estudando. Deixei de ir ao psicólogo e passei a dormir mal, sem me abrir com ninguém para conversar sobre o que estava acontecendo , recorda. Outra questão é a importância de ter atividades lúdicas, como hobbies, incluídos na rotina como uma forma de minimizar o estresse ou ansiedade. Descobri que adoro cozinhar. Quando cozinho para alguém, é como se deixasse essa pessoa entrar no meu coração, me deixa muito feliz. Eu tinha trauma de fogão, por causa do episódio do incêndio que presenciei quando criança, mas quando consegui superar isso com ajuda dos psicólogos, descobri o quanto a cozinha me faz bem. Adoro assistir o Masterchef , revela Renata. Vegetariana, ela aliou os conhecimentos de tecnóloga em Alimentos à paixão recém-descoberta pela cozinha, e já criou receitas que chamaram a atenção da família.

Faço carne de casca de banana,

hambúrguer de feijão, lentilha, soja, grão de bico. Fica igual ao de carne de boi, só que mais saudável , conta. Ela me manda as fotos pelo celular e eu co impressionada. Hambúrguer de feijão, quem já viu? Mas parece muito bom, e ela está tão feliz que eu vou pedir a receita , brinca a mãe.

Doação de cabelo humano: como fazer? Os apliques feitos por Elma para Renata foram fundamentais para ajudar a estudante a recuperar a autoestima nos períodos mais difíceis da queda de cabelos. Depois de ingressar na faculdade, a história dela sensibilizou alunos como Mariana, que mesmo sendo de uma turma diferente e tendo pouca convivência com a colega, decidiu fazer a doação. O cabelo longo e bem cuidado foi cortado por Elma no campus, durante um dia de folga, e separado para a confecção de uma peruca. A atitude de Mariana signi cou muito para nós, principalmente para Renata, pois foi confortante ver que há pessoas solidárias e generosas no mundo , conta Elma. Popularmente divulgada em ações relacionadas ao câncer, a doação de cabelos também pode bene ciar pessoas com condições raras como a de Renata, então, selecionamos algumas dicas que fazem toda a diferença na hora de cortar as madeixas: 1 - O cabelo deve estar limpo e seco 2 - Prenda-o com um elástico para demarcar a altura do corte 3 - Corte pelo menos 15cm 4 - Armazene o cabelo em um saco plástico limpo e seco, e identi que-o 5 - Procure os hospitais ou instituições diversas que confeccionam perucas com cabelo humano e faça a doação.

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FOTOGRAFIA

O Ser Tão

de Lídio Parente Fotógrafo do campus Ouricuri, Lídio Parente inaugura a seção de fotogra a da revista IF Sertão-PE com imagens capturadas em quatro décadas de imersões nas belezas do sertão pernambucano Por Luis Osete Fotos: Lídio Parente

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Revista IF Sertão-PE


F

otógrafo de casa faz milagre. E tanto faz que iremos abrir os

caminhos da editoria de Fotogra a da nossa revista com os

registros visuais do único servidor que ocupa o cargo de fotógrafo

no IF Sertão-PE: Lídio Parente. Depois de uma longa trajetória publicando suas obras nos principais jornais e revistas brasileiras, participando de antologias e exposições individuais e coletivas, Lídio foi cedido há quatro anos do Instituto Brasileiro de Turismo - Embratur (antiga

Empresa

Brasileira de Turismo) para o campus Ouricuri do IF Sertão-PE. De volta à sua terra natal, deu início à organização do livro Ser Tão , uma documentação fotográ ca do sertão pernambucano, focalizando a alegria, a simplicidade e a vivacidade do seu povo e do seu território. Lançado em 2014 pela Binóculo Editora, o livro foi aprovado pelo Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) e apresenta 146 fotogra as das mais distintas paisagens sertanejas, inclusive dos seis municípios onde o IF Sertão-PE tem campus: Santa Maria da Boa Vista, Serra Talhada, Salgueiro, Ouricuri, Floresta e Petrolina. Para a edição inaugural da editoria de Fotogra a da revista IF SertãoPE, Lídio Parente selecionou 15 fotogra as, que serão acompanhadas pelo texto de abertura do livro. Escrito pelo também ouricuriense Pedro Américo de Farias, poeta que há mais de 30 anos atua no cenário cultural pernambucano, o texto é tão inspirador e poético quanto as imagens que compõem o mosaico sertanejo de Lídio. São lugares múltiplos, encantadores e ampli cadores de descobertas inesquecíveis. Por isso, só temos a desejar uma boa e sensível leitura!

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Revista IF SertĂŁo-PE


Ser Tão A poesia não morre no semiárido.

via rádio, sem desprezar a fofoca, que ninguém é de

Quem poderia matá-la de inanição, desidratada? Os

motriz, matriz em Eros.

ferro, quer mais é brincar, sorrir, galhofar, isso é força mórbidos coveiros das artes, que buscam o fantasma da decadência e do desaparecimento?

Gente que mora longe, mas nunca à parte em desejo e

A poesia resiste com e como esses homens e

levanta e anda e levanta de novo, põe o chapéu e sai,

poder de comunicação, gente que anda e cansa, mulheres, tocados pela realidade da vida em sua

sob o inclemente sol do meio-dia, que cega os gázeos,

plenitude de sofrimento e prazer.

e aproveita o máximo das sombras que cruzam o

O árduo e perene trabalho, na pecuária, no roçado, na

poesia, do rádio que toca o bolero e o xote, talvez o axé.

caminho, hora de conversa mole, da anedota e da feira da cidade e em qualquer outro campo de atividade, durante o inverno ou na longa estiagem,

Quem sabe não rola ali o primeiro beijo na prima ou na

nada disso abate mortalmente o espírito dessa gente

irmã do vizinho. Quem dera ali poder ouvir tocar o

que, frente à aridez dos meios de produção e à adversa

violão um dos muitos ciganos que correm caminhos

condição geopolítica, mostra-se com sua beleza e

sertanejos, sempre em casa, escorraçados sempre.

capacidade de criação.

Quem sabe um gênio Canhoto não terá saído dali dedilhando o sete cordas.

Cria bichos e procria os

lhos, educa uns e outros,

planta e colhe, festeja e embriaga-se na própria fé e

Sob a baraúna frondosa, as mulheres que a enfeitam,

alegria. No contexto da convivência, acende velas a

na tarde clara, re etem sua história de paciência e

todos os santos de cima ou de baixo. A força não

sabedoria, ciência da labuta no cotidiano da roça e da

depende de fartura, farta é a vontade de pelejar, e na

cozinha, sem descuido do traquejo amoroso sobre a

peleja trabalha sim, mas também arma o jogo e brinca,

cama dura ou na rede leviana e traiçoeira. A vida

come e bebe, arrepia ânimos, se inevitável, às vezes

sertaneja, igual à de toda a humanidade, nos quatro

por nada, e resolve por bem ou por mal suas

cantos da rosa dos ventos, manifesta-se plenamente

estranhezas com o mundo em volta.

no que é bem ou mal, feio ou belo, suave ou grosseiro,

Não há derrotas, só batalhas vida afora e adentro, sobe

seja a terra ou a matéria humana, segue as leis do

na fé e na descrença, na tristeza e na alegria. Tudo aí, serra, desce ladeira, mergulha em baixio, juremal,

universo. Carência e fertilidade, beleza física no

macambiras, arranha-se por aí entre cactos que

desenho da roça, na oração do verde, do amarelo, do

zombam da bondade da ora e a embelezam, também

vermelho e do roxo.

pelos espinhos, mas sobretudo com ores e frutos. O vestido das mulheres tem cores vivas ditadas pela A poeira dos caminhos blinda o caminhante. Aquele

natureza:

ores, frutas, bolas azuis, gatos de olhos

ciclista leva sua parte de corre-caminhos, o seu

castanhos sobre a mesa de centro, jogo de dados,

animal de duas rodas pode até quebrar um aro, furar

baralhos com reis, rainhas e valetes bem coloridos. É

um pneu, mas não relincha nem procria. É a vida diária

assim, o sofrimento ca atrás da porta quando o casal

que se adapta ao know-how e à história, que o cenário

segue o caminho da igreja, na festa da padroeira,

muda e muda a cena, ação que se reconstrói no vai e

haverá por ali um bom pagode onde se possa gozar o

vem da existência de todos nós, em qualquer parte da

prazer de uma loura suada, uma caninha boa, pode ser,

Terra, chova ou faça sol.

duas ou três rodadas no salão de dança, que se improvisa no centro da praça.

O Sertão está presente, grita e dança e canta, vivo e bulindo, na inteligência, no pensamento, na arte e

Assim deve ser, que a vida, antigos diziam, é muito

n a s a r t i m a n h a s . O rg a n i s m o e m re v o l u ç ã o,

curta para ser pequena.

permanente interação com o mundo, cruzamento de valores em intercâmbio, por todas as vias de terra,

Pedro Américo de Farias

água e ar e via satélite, internet, TV e, desde muito,

Março 2007/Abril 2013

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Assinatura de Carta de Intenção com o

INTERNACIONALIZAÇÃO

reitor da Universidade Técnica de Cotopaxi

IF Sertão-PE

no Equador Parceria entre o IF Sertão-PE e a Rede Iberoamericana de Meio Ambiente fortalece intercâmbio cientí co e relação com outras instituições do continente Por Luis Osete

E

m novembro do ano passado, a docente do Departamento de

Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal do Sertão

Pernambucano (IF Sertão-PE) e atual diretora de Pesquisa,

Inovação e Pós-Graduação (Propip), Clecia Pacheco, percorreu mais de sete mil quilômetros para apresentar a Conferência Magistral A Investigação Ambiental no IF Sertão-PE e sua Contribuição ao Desenvolvimento Sustentável nos Territórios Semiáridos do Brasil . A Conferência apresentou as pesquisas ambientais desenvolvidas por pesquisadores e estudantes do IF Sertão-PE, nos níveis Técnico, Superior e Pós-graduação.

O objetivo foi compartilhar com

pesquisadores da América Latina e do Caribe as experiências dos projetos ambientais desenvolvidos no IF Sertão-PE e que têm contribuído com o desenvolvimento sustentável nos territórios semiáridos, intercambiando conhecimentos e práticas ambientais sustentáveis , destacou a professora Clecia.

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Entre as experiências compartilhadas, estavam a atuação do Núcleo de Inovação Tecnológica do IF Sertão-PE, a pesquisa com matériasprimas da caatinga para o desenvolvimento de novos produtos alimentícios e o projeto de Paisagismo Ambiental e Arborização Urbana, que no ano passado certi cou no curso prático de Podadores de Árvores e Arbustos Urbanos 15 trabalhadores terceirizados que atuam na manutenção das praças de Petrolina. Ocorrida durante o III Seminário Cientí co Internacional de Cooperação Universitária para o Desenvolvimento Sustentável (III SCICUDS), realizado entre os dias 22 e 24 de novembro na cidade de

Professora Clecia Pacheco na apresentação da Conferência Magistral A Investigação Ambiental no IF Sertão-PE e sua Contribuição ao Desenvolvimento Sustentável nos Territórios Semiáridos do Brasil

Latacunga, no Equador, a participação da professora Clecia foi possibilitada graças a uma parceria

rmada há dois anos entre o IF

Sertão-PE e a Rede Ibero-americana de Meio Ambiente (Reima). De lá pra cá, tem se fortalecido o diálogo com as instituições que fazem parte da Reima e intensi cada a troca de experiências em pesquisas na área ambiental realizadas no Instituto, por meio de oferta de capacitações e assinatura de Termos de Cooperação Técnica. Ao longo da semana em que esteve na Casa de la Cultura participando do III SCICUDS, a professora Clecia ministrou o curso Fundamentos de Evolução de Impacto Ambiental , para 42 estudantes dos cursos de Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Estadual da Amazônia e da Universidade Técnica de Cotopaxi e de Graduação em Meio Ambiente da Universidade Técnica de Cotopaxi. Clecia Pacheco participou ainda da Assembleia Geral Anual da

A professora Clecia Pacheco ministrou o curso Fundamentos de Evolução de Impacto Ambiental

Organização Reima Equador entre os dias de 27 e 29 de novembro, na Universidade Estadual da Amazônia, a maior da Região Amazônica do Equador, a m de fortalecer os laços na pesquisa, na pós-graduação e na inovação. A docente é coordenadora da Reima no Brasil, sendo o IF Sertão-PE o ponto focal de apoio à instituição. Foram dias grati cantes e produtivos. O contato com colegas pesquisadores do Equador, Argentina, Cuba, Colômbia, Nicarágua, México e Peru veio fortalecer a certeza e a necessidade de continuar com a nco as pesquisas na área ambiental, e a convicção de que muito já se faz em termos de pesquisas no IF Sertão-PE. Fica a certeza de que estamos no caminho certo, e de que as parcerias precisam continuar e ser fortalecidas para que nossa instituição extrapole os muros e demonstre o trabalho que já realiza , avalia Clecia. A continuidade dessa parceria já tem data marcada. Entre os dias 18 a 22 de junho deste ano, a professora Clecia retorna ao território equatoriano para participar da IV Jornada Iberoamericana sobre Meio

Aula de campo do curso Fundamentos de Evolução de Impacto Ambiental , ministrado pela professora Clecia Pacheco

Ambiente, que acontecerá na Escola Superior Politécnica Agropecuária de Manabí. Por lá, ela ministrará a Conferência Magistral Biodiversidade e Manejo de áreas Protegidas no Semiárido brasileiro e o curso "Gestão de Projetos para a Sustentabilidade Local . Durante a realização do III SCICUDS, foram assinadas Cartas de Intenção entre instituições latino-americanas e o IF Sertão-PE, que foram entregues à reitora Leopoldina Veras como ideias para Termos de Cooperação Técnica, voltados ao desenvolvimento de pesquisas ambientais e capacitações em diversas áreas. Com isso, milhares de quilômetros podem ser encurtados no intercâmbio cientí co com outras instituições do continente.

Recebimento de certi cados do curso Fundamentos de Evolução de Impacto Ambiental , ministrado pela professora Clecia Pacheco

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A Rede Iberoamericana de Meio Ambiente (Reima) foi originalmente criada em 1999 por jovens estudantes de diferentes universidades do México, Cuba, Venezuela, Colômbia, Brasil e outros países da América Latina. Hoje, a rede promove o intercâmbio de experiências através da realização de projetos de pesquisa e desenvolvimento e eventos acadêmicos relacionados à sustentabilidade ambiental na Ibero-América. Sessão de certi cação dos palestrantes do III Seminário Cientí co Internacional de Cooperação Universitária para o Desenvolvimento Sustentável

Outras iniciativas de internacionalização No IF Sertão-PE, as iniciativas de internacionalização ocorrem durante todo o ano. Acompanhadas pela Coordenação de Relações Internacionais, órgão vinculado à Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, as ações têm a

nalidade de promover a consolidação, expansão e

internacionalização da ciência, tecnologia e inovação, por meio de intercâmbios e programas de mobilidade acadêmica. Entre as marcas das atividades de internacionalização no IF SertãoPE está o pioneirismo. A nal, a instituição de ensino se tornou, em 2012, a primeira do interior do Nordeste a realizar o TOEFL (acrônimo do inglês Test of English as a Foreign Language ou, em português, Teste de Inglês como uma Língua Estrangeira), exame de pro ciência que avalia as habilidades do candidato em língua ingles a. Reconhecido internacionalmente, o TOEFL é utilizado por diversas instituições e organizações estrangeiras como critério de seleção, tanto para estudantes como pro ssionais que desejam participar de programas de intercâmbio e cooperação internacional. Na esteira da experiência em sediar a realização do TOEFL, o IF Sertão-PE deu início, no ano passado, aos trabalhos para a criação do primeiro Centro de Línguas da instituição, um espaço de inclusão, capacitação e fortalecimento de parcerias internacionais. Um entrave que estamos tendo é o idioma. Ano passado, por exemplo, não conseguimos enviar nossos estudantes para o Canadá porque ninguém passou na prova do TOEFL. Mesmo que alguns professores façam um trabalho com línguas estrangeiras, ainda não havia algo concreto e a criação dos Centros de Línguas vem para suprir essa demanda e facilitar o intercâmbio , a rma o coordenador de Relações Internacionais do IF Sertão-PE, Marcos Masutti.

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A expectativa é que os Centros de Línguas estejam presentes em todos os campi do IF Sertão-PE, nas modalidades presencial, semipresencial, à distância e autotreinamento, com a oferta semestral de pelo menos um idioma (língua estrangeira, português como língua estrangeira e/ou materna, Libras e/ou outros idiomas, conforme demanda). Além de formar pessoas para atuar no exterior, os Centros também irão possibilitar quali car intercambistas. Segundo Masutti, a internacionalização tem duas vias diferentes. A gente tanto recebe estudantes de outros países quanto envia nossos estudantes para intercâmbios internacionais , explica ele. Para facilitar a presença dos intercambistas e suprir a ausência de alojamentos estudantis nos campi do IF Sertão-PE, a Coordenação de Relações Internacionais adotou o Host Family (Família Acolhedora, ou homestay, como é conhecido no exterior), em que o intercambista se hospeda na casa de uma família nativa. Com a convivência, o estudante estrangeiro vai conhecer e experimentar os hábitos culturais do município onde está hospedado e trocar experiências linguísticas com a família acolhedora. Na projeção para este ano, as parcerias que têm sido

rmadas

podem possibilitar a ida de 14 estudantes do IF Sertão-PE para intercâmbio em países do Mercosul, por meio da Aiesec, uma organização presente em 126 países e gerida por jovens universitários e recém-graduados. As áreas ainda não foram de nidas, mas a expectativa é vincular nossos estudantes a instituições de ensino para transformar a ida deles em um estágio internacional de 60 dias , a rma Masutti. A Guiana Francesa também pode ser um destino dos estudantes e servidores do Instituto. No primeiro semestre de 2018, Masutti e Jussara Pimentel, assessora de Relações Internacionais do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), embarcam para a Guiana a m de rmar um convênio de estágio acadêmico. Além desses programas de mobilidade, o IF Sertão-PE é parceiro da empresa norte-americana Amazon Produce Network, sediada no estado de Nova Jersey. A parceria, que em 2018 completa 12 anos, tem possibilitado a dezenas de estudantes da instituição realizar um estágio de 18 a 24 meses em uma das quatro unidades da empresa, que atua no ramo de importação de frutas tropicais provenientes de países como o Brasil (principalmente do Vale do São Francisco), Equador, Peru, México, Guatemala, entre outros. Este ano, dez estudantes virão carregados da experiência intercambista e oito partirão em busca de novas oportunidades de aprendizado.

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Foto: Gleydson Publio

Presidente da República

Diretor-Geral do Campus Petrolina

Michel Miguel Elias Temer Lulia

Fabiano de Almeida Marinho

Ministro da Educação

Diretora-Geral do Campus Petrolina Zona Rural

José Mendonça Bezerra Filho

Jane Oliveira Perez

Secretário de Educação Pro ssional e Tecnológica

Diretora-Geral do Campus Floresta

Eline Neves Braga Nascimento

Vera Lúcia da Silva Augusto Filha

Reitora do Instituto Federal do Sertão Pernambucano

Diretor-Geral do Campus Salgueiro

Maria Leopoldina Veras Camelo

Josenildo Forte de Brito

Pró-Reitora de Ensino

Diretor-Geral do Campus Ouricuri

Maria Marli Melo Neto

Rejane Rodrigues de Oliveira

Pró-Reitor de Extensão e Cultura

Diretor-Geral do Campus Serra Talhada

Ricardo Barbosa Bitencourt

Kleyton Michell Nunes de Souza

Pró-Reitora de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação

Diretora-Geral do Campus Santa Maria da Boa Vista

Luciana Cavalcanti Azevedo

Maria Gomes da Conceição Lira

Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Alexandre Roberto de Souza Correia Pró-Reitor de Orçamento e Administração Jean Carlos Coelho Alencar



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