200 Maiores 2016

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ARTIGO ECONOMIA

A virada que se aproxima CLÓVIS VIEIRA é economista e sócio de Vieira & Rosenberg

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e olho no mundo, vimos que o Reino Unido nos pregou uma peça com o Brexit, uma vitória do populismo em terra de tradição quase milenar de maturidade política. Parece-nos que a maior vítima será ela mesma, mas foi lançado um foco de incerteza na Europa que direcionou um holofote sobre a fragilidade de algumas de suas instituições financeiras. Ainda, a China continua desaquecendo. Até onde esse movimento vai, é impossível de se dizer, dada a opacidade dos (poucos) dados que conseguem pular a Muralha em direção ao Ocidente. E o golpe-contragolpe da Turquia complica a confiança que se busca criar em favor dos emergentes. No Brasil, também surgem fatos desanimadores. Nunca houve corte efetivo de despesas públicas, atendo-nos somente àquele que cresceria muito e que, graças ao presidente Michel Temer, vai crescer um pouco menos. A redução do propalado déficit projetado de R$ 194 bilhões para R$ 139 bilhões vai se dar a partir de R$ 55 bilhões de receitas indefinidas. Ressalte-se que todas as tentativas de se ampliar o gasto, como reajustes de funcionalismo ou liberação de emendas parlamentares, prosperaram. No dia a dia, verifica-se que a recessão se aprofunda, o desemprego só se expande, e o Banco Central insinua que é muito cedo para cortar juros. Mesmo não defendendo a causa, o Governo deixa-nos saber a toda hora que, se faltarem recursos, a Cide e a

CPMF podem ser acionadas. Assim, quem esperava Temer liderando a aprovação do programa modernizante do PMDB, o “Ponte para o Futuro”, realmente fica incrédulo. Mas cabe reconhecer que, desde que assumiu o Executivo federal, ele demonstrou que sabe articular com o Congresso, elegendo um aliado presidente ANUÁRIO IEL 200 MAIORES EMPRESAS 2016


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