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Há empresários que contabilizaram perdas de até 5% no primeiro semestre do ano, revelando dificuldades de se escapar ileso da crise. “Certos segmentos, em especial empreendimentos que vendem para lojas multimarcas do Brasil, sofrem mais e registraram perdas. Os lojistas lidam com inadimplência alta e aproveitaram o momento para baixar os estoques. É um grande dilema. Há consumidores dispostos a comprar nessas lojas, mas estão inadimplentes, não têm crédito na praça. Chega ao ponto em que a grande questão é se vale a pena vender, mesmo com a insegurança”, explicou Bergamin. O segmento de jeans, aponta o dirigente, também está sofrendo. “Mas há marcas mais próximas dos clientes, que interpretam e entendem melhor seus consumidores e que estão conseguindo atravessar as dificuldades com mais tranquilidade”. A retração no ano como um todo, segundo ele, não será tão forte. Entre as razões, a alta do produto da China e a maior insegurança no mercado. Isso significa que aqueles que buscam mercadorias fora do país precisam de uma estrutura melhor, com mais capital e disposição para correr riscos. Além disso, comprar itens vindos do exterior significa enfrentar os problemas logísticos e estruturais do país, que não são poucos. Delson Assis Cazelli, presidente do Sindicato da Indústria do Vestuário de Linhares (Sinvel), também assinala que o declínio no primeiro semestre não foi tão intenso quanto a que sentiram outros segmentos da indústria. “Tivemos queda de 4% a 5% nas vendas em relação aos primeiros seis meses do ano passado. E isso já se refletiu nos empregos. Aqui no norte capixaba, já demitimos 200 pessoas. Há falta de confiança no mercado, ninguém quer comprar. Esperamos uma leve melhora nos próximos meses, porque agora ou investimos ou saímos do mercado”, avalia. ANUÁRIO IEL 200 MAIORES EMPRESAS 2015

A volta por cima A resiliência do setor é notória e vem de um trabalho construído ano após ano. Bergamin ensina que não adianta se preocupar unicamente com a macroeconomia. O ambiente externo está complicado, pela economia em crise e por desemprego, custos altos e falta de políticas de investimentos. “Temos que olhar para dentro do nosso negócio. Se há o que mudar, os momentos de crise são propensos para começarmos essas mudanças. Temos que ser pragmáticos e estabelecer processos”. Isso significa, na prática, olhar o horizonte de longo prazo, estabelecer metas e conhecer bem o mercado. E o dever de casa foi feito, tornando o ambiente da indústria do vestuário no Espírito Santo muito valorizado. “Não temos associação com o trabalho escravo, como acontece no exterior e até em São Paulo, onde há bolivianos trabalhando em situação degradante. Aqui, os sindicatos e o Ministério Público são muito atuantes, os empresários são conscientes. E as empresas que compram nossos produtos valorizam isso, e o consumidor também. Muitos procuram o Espírito Santo para produzir por conta da boa imagem que passamos lá fora. E essa fabricação por encomenda gera emprego e renda e faz com que a indústria passe pelas turbulências com menos de perdas”. Segundo Bergamin, o esforço da própria Federação das Indústrias do Estado, buscando parcerias com o Governo Estadual e o Sebrae a fim de capacitar pessoal e obter políticas de apoio, surtiu muito efeito. “Foi o que nos ajudou no período mais crítico e nos deixou mais fortes para enfrentar crises como a que está acometendo o país neste momento”.

Calçados O setor de calçados passa por um período mais complicado, informa Altamir Martins, presidente do Sindicato da Indústria de Calçados do Espírito Santo. O ano de 2014, explica,

-7,5% É a queda na produção no 1º semestre de 2015 no setor de calçados 217


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