desconectados: habilidades, educação e emprego na américa latina

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Demanda de habilidades: as empresas têm a palavra  >  155

Boxe 6.2 (continuação) Atitude mais do que conhecimentos exigências, porque o cliente é, valha a redundância, mais exigente. E nisso o ensino médio não ajuda. Não prepara os jovens para o mercado de trabalho. Concentra-se mais nas ferramentas e destrezas mais duras, deixando de lado as mais brandas. Acontece que, no nosso hotel, as habilidades brandas são as mais críticas, como em qualquer área de serviço. Se houvesse maior preparação nos colégios em relação a esse tipo de capacidade, os processos de seleção seriam muito mais fáceis. Além disso, falta no secundário a especialização, que não significa mais anos de estudo, mas sim focalizar os jovens em um tema. Aqui no Chile a formação é generalista. O que acontece, então? Muitos abandonam o posto de trabalho. Alguns culpam a compensação; chegam com muita desinformação, não sabem quanto o mercado paga e sentem que qualquer compensação é sinônimo de subvalorização. Outros o fazem porque têm expectativas pouco realistas e esperam progredir no curto prazo; chegam com uma visão tão imediatista e logo se frustram. Outros se vão porque não suportam a pressão normal do trabalho. Como resultado, a rotatividade média é de 30 % por trimestre. Isso significa que, de cada 100 jovens, 30 vão embora em três meses. Seria de se esperar que conseguíssemos baixar esse índice para 15 %.” Ariel, um jovem profissional de 25 anos, formado em arquitetura e administração de empresas, que trabalha como Chefe de Capacitação do hotel, descreve as expectativas da gerência e também a sua disposição para preencher as brechas existentes: “No nosso hotel o bom desempenho é marcado pela atitude e predisposição. Este é um ramo que requer muito sacrifício”. Ariel enfatiza que os jovens egressos do ensino médio têm dificuldades de expressão e comunicação. “No Chile se usa muita gíria, que pode ser socialmente aceitável mas, num lugar como o nosso, que é multicultural e a pessoa precisa ser entendida, isso, é inaceitável. Em síntese, os jovens precisam de muita preparação. Há jovens com muito potencial; o desafio está em desenvolvê-lo. Aqui ninguém vai perder o trabalho por não saber qual é o dia da Independência do Chile, mas poderá perdê-lo caso não tenha autocontrole em situações de pressão. Por isso nos damos o luxo de capacitar essas habilidades brandas, porque, além da nossa filosofia, temos consciência da realidade com a qual convivemos e de que somos uma marca nova que precisa fazer um esforço para desenvolver o pessoal.”

que sejam específicas às empresas em que trabalham (geralmente aquelas relacionadas com o manejo de equipamentos utilizados nas atividades diárias das empresas). Os resultados são apresentados na figura 6.10. Em geral, valoriza-se muito a capacidade de adaptar-se ao uso de novas tecnologias. As empresas dos setores automotivo e de alimentos conferem um valor relativo maior aos trabalhadores que saibam utilizar ferramentas e equipamentos específicos do ramo de atividade. Isso se vê refletido nas ocupações vinculadas a processos e operações que tendem a predominar em tais setores. Chama a atenção o fato de que o uso de computadores parece não receber um valor relativo alto em nenhuma ocupação.


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