referencial-teorico

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mida, alimentando uma variada fauna local, dois aspectos fundamentais para a manutenção dessas florestas nativas, que também devem ocorrer nas florestas restauradas. Nas florestas tropicais, assim como se observa na polinização, também na dispersão das sementes são os animais, em geral, os principais agentes de dispersão. Esses animais têm conseqüentemente uma grande influência no sucesso reprodutivo das plantas dispersas, uma vez que eles podem retirar a semente do fruto e depositá-la num lugar favorável a sua germinação e sobrevivência, afetando, portanto, a futura distribuição dos indivíduos jovens e adultos de cada espécie na floresta (van der Pijl, 1972; Howe & Smallwood, 1982; Restrepo, 2002). Conclui-se dessa maneira que tanto em florestas naturais como naquelas em restauração a abundância e riqueza de espécies e a diversidade de comportamento dos dispersores terá grande influência na dinâmica dessa comunidade vegetal. É importante, portanto, que as áreas degradadas venham as ser gradualmente invadidas por espécies animais dispersoras e que elas consigam aí permanecer, pois elas terão um papel chave na manutenção e na evolução da floresta em restauração (Guevara et al., 1986; Parrota et al. 1997; Wunderle, 1997). Todavia, a presença permanente de dispersores numa área em restauração depende de vários aspectos, como a complexidade da vegetação, a presença ou ausência de certos predadores, a oferta de alimentos e abrigos ao longo de todo o ano, etc., aspectos que deverão ser garantidos ou induzidos pelo projeto de restauração (Rodrigues et al., 2009). Polinização, fecundação, dispersão são apenas alguns dos processos ecológicos que devem ocorrer para que uma floresta se estabeleça e permaneça, e servem para dar uma idéia da necessidade de se dispor de informações sobre a biologia das espécies quando se procura formular projetos de restauração que tenham maiores probabilidades de sucesso. Na formulação de projetos de restauração pode-se então perguntar: quando essa espécie arbórea floresce? Qual é o seu polinizador? Qual o dispersor das sementes dessa outra espécie? Essa informação está disponível? Sim, não, como obtê-la? Infelizmente, para a maioria das espécies arbustivo-árboreas das florestas brasileiras, essas e outras informações biológicas importantes não estão disponíveis. Então, o que fazer? Considere-se o seguinte: se dentro dos ecossistemas muito complexos existirem padrões, reconhecê-los pode ajudar a melhor entendê-los e manejá-los. Por exemplo, se nas florestas existirem grupos de espécies que tem distintos comportamentos ecológicos em relação a características cruciais para a manutenção e sobrevivência da própria floresta, reconhecer esses PACTO PELA RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA DA MATA ATLÂNTICA

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