Hoje Macau 19 JUN 2014 #3113

Page 5

SOCIEDADE

hoje macau quinta-feira 19.6.2014

FÓRUM MACAU PLP APRENDEM COM SISTEMA DE SAÚDE DA RAEM

Uma questão de perspectiva

LEONOR SÁ MACHADO

leonor.machado@hojemacau.com.mo

O

Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa organizou mais um colóquio, desta vez sobre saneamento e saúde pública nos Países de Língua Portuguesa (PLP). Segundo Chang Hexi, Secretário-geral do Secretariado Permanente do Fórum de Macau, a RAEM “possui um sistema avançado de sa-

A

secretária-geral adjunta do secretariado permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum Macau), Rita Santos, nega ter pressionado o secretário de Estado das Comunidades de Portugal, José Cesário, para que o macaense Vitório Cardoso fosse nomeado como delegado português na organização, avança a Rádio. A denúncia foi feita na edição da semana passada da revista Visão. “Não interferi nenhuma vez na minha vida nessa nomeação”, disse Rita Santos,

neamento e saúde pública” e uma “vasta experiência” nestas áreas, pelo que a vinda de representantes e técnicos especializados dos PLP servirá, em primeiro lugar, para que possam regressar com mais bases de conhecimento depois de olharem para o sistema de saúde da RAEM. O colóquio é apenas uma das duas partes na qual os inscritos participarão. A segunda e última fase vai realizar-se em Chengdu, na província de Sichuan e é onde a questão passa da teoria para a prática.Asérie de encontros, que se vai realizar até 1 de Julho, deverá compreender visitas guiadas aos hospitais Conde São Januário e Kiang Wu, a centros de saúde, ao Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais e outras entidades públicas e privadas do território.

FALTA DE APOIO

“Esta vinda cá [a Macau] vai permitir-nos ver a experiência que Macau tem nesta matéria e talvez possamos levar algum ensinamento para o nosso país” MARTINHO DGEDGE Representante de Moçambique

VOZ DE MOÇAMBIQUE

Para o moçambicano Martinho Dgedge, representante rotativo do Fórum, os objectivos deste colóquio passam por “colher experiências sobre China e Macau” mas também pela partilha de projectos e ideias sobre aquilo

que, enquanto país, Moçambique está a desenvolver para melhorar as áreas da saúde e do saneamento público. “Esta vinda cá [a Macau] vai permitir-nos ver a experiência que Macau tem nesta matéria

e talvez possamos levar algum ensinamento para o nosso país”, frisou. Chang Hexi disse que a organização deste colóquio faz parte do Plano de Acção para a Cooperação

RITA SANTOS NEGA PRESSÕES

Ponto final ontem à tarde, à margem da apresentação de um colóquio do Fórum, citada pela rádio. “O Fórum de Macau não interfere em nenhuma nomeação dos delegados dos países de língua portuguesa e, nesse caso especificamente, da parte de Portugal”, acrescentou. O nome de Vitório Cardoso para representar Portugal no Fórum de Macau surgiu em Abril do ano passado, através da agência Lusa. A

notícia nunca foi desmentida e, entretanto, o cônsul-geral de Portugal em Macau, Vítor Sereno, assumiu o cargo. “É preciso pôr um ponto final [neste assunto]”, referiu Rita Santos. Vitório Cardoso desempenha as funções de assessor de imprensa na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. No artigo da revista Visão é descrito como uma figura que circula com fa-

Com apenas 1200 médicos a trabalhar em Moçambique – um país com cerca de 22 milhões de habitantes –, as áreas que mais preocupam Dgedge são a cirúrgica e a de medicinas de especialidade, como nevrologia ou cardiologia, onde “há muito poucos médicos”. “Acho que temos que ter projectos sólidos, que visem, concretamente, a melhoria do saneamento do meio, para reduzir o peso da doença. Sabemos que o acesso aos medicamentos nação basta. É preciso também providenciar um melhor estado geral, seja da água potável ou da questão das drenagens”, explicou o representante de Moçambique. Embora Macau seja importante para os representantes dos PLP pelo facto de se consagrar enquanto plataforma de comunicação e intercâmbio com a China,

cilidade nos gabinetes do Governo português, próxima do secretário de Estado das Comunidades. “Também é um bocado injusto pôr o nome dele em xeque. Aliás, ele só tem vindo a Macau participar em actividades e não faz interferências no Fórum de Macau”, reforçou Rita Santos, que rejeita ainda ligações entre o filho, Frederico Rosário – presidente da Associação para a Promoção do Intercâmbio Económico, Comercial e Cultural entre a China e os Países Lusófonos – e Vitório Cardoso, avança ainda a rádio.

TIAGO ALCÂNTARA

Os encontros dos representantes dos PLP na RAEM passam por uma série de visitas aos hospitais e centros de saúde locais. Para aprender...

Económica e Comercial assinado no ano passado. O Secretário-geral do Fórum acrescentou ainda que os trabalhos do Fórum de Macau têm potenciado o envio de equipas médicas para os PLP africanos, a construção de hospitais e a doação de medicamentos e equipamentos médicos contra a malária. Outra das áreas em que Chang acredita ser possível apostar é a da investigação em farmacologia.

5

é no continente que se reúnem a maioria dos esforços técnicos e onde a teoria passa à prática. De acordo com Dgedge, actualmente, são entre 30 a 40 os médicos chineses a trabalhar no terreno, no país africano. O representante afirmou que existem projectos de colaboração entre a RAEM e Moçambique em outras áreas, mas não tem qualquer informação sobre o ingresso de médicos de Macau para Moçambique especificamente.

1200

médicos a trabalhar em Moçambique para 22 milhões de habitantes

Já sobre o continente, a história é diferente. “A China desenvolveu um medicamento anti-malárico que foi testado em Moçambique” e, embora não esteja ainda a ser amplamente utilizado, Dgedge confirma que há várias equipas no terreno a testar o seu uso e a eventual proliferação. Neste encontro estiveram ainda presentes membros de Angola, Timor-Leste, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Brasil, China e Portugal, do qual se contavam quatro especialistas e técnicos da área da saúde e do saneamento.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.