Hell Divine Edição Janeiro de 2013 Nº13

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HELL DIVINE: A Sanctifier já tem cerca de vinte anos de estrada, tendo lançado várias demos e splits, e dois full length. Por favor, fale um pouco da trajetória da banda, que já teve mudanças de nome e chegou a fazer um intervalo entre 1995 e 2002. ALEXANDRE EMERSON: Arghhhhh!!!! Ao som do Destroyer 666 – “Sons of Perdition”! Tivemos vários problemas de formação, tocar Death Metal não é tão fácil e todos sabem que o Sanctifier encara isso como algo sério, mas sem esse papo de “sou profissional”. Primeiro, tem que ter essa p***a no coração, caso contrário, você segue o que a moda dita. Não estamos nessa por dinheiro, ou o melhor som para tocar. Somos underground, respiramos isso o dia inteiro, temos nossos trabalhos, vida pessoal, família, mas sempre estamos por dentro do que rola no underground. O lançamento da demo tape “x”, a banda local, o show “y”, e tocamos nosso barco dessa forma. Claro que uma estrutura mínima é requerida e isso é requisito para tocarmos; pagamos ensaio, gravação, clipe, divulgação e esperamos, pelo menos, o retorno disso. Muitos dos ex-membros não entendiam essa máxima e queriam fazer disso um tipo “mainstream way of life”. Tivemos vários músicos transitórios pela banda, o que não atrapalhou em nada o desenvolvimento das músicas, letras, conceitos etc. A molecada, hoje em dia, não sabe o que é ralação, quer chegar numa banda, tocar todos os dias, encher a cara, catar as meninas e quando encher o saco vai embora, enquanto o pessoal das antigas calejou nessa, e não se mete mais em algumas situações. Assim vamos andando, man. O Sanctifier anda conforme o underground anda, nossa preocupação é em fazer um som honesto e que represente anos de história. Problemas de formação todos têm, é isso! HELL DIVINE: Vocês acabam de lançar o novo álbum, “Daemoncraft”. Como foi sua concepção? Estão 100% satisfeitos com os resultados? O que podem falar sobre o disco? ALEXANDRE EMERSON: “Daemoncraft” é um album maldito e foi forjado nas profundezas de Ryleh pelo próprio Cthulhu, gravado por Yog-sototh e amaldiçoado por toda a humanidade. Nasceu da incapacidade humana de relacionar seu meio, na mesquinhez do homem e toda a podridão do Necronomicon. Esse disco foi concebido da forma mais honesta possível, mostrando o que o Sanctifier é. Somos conhecedores do que fazemos e ganhamos respeito por isso. 100% satisfeitos não estamos, tudo foi feito na marra, na garra, vontade de ter o material pronto, não tivemos ajuda financeira, tudo, como sempre, foi custeado por nós. Gravar tudo de forma independente e com pouco dinheiro não é fácil, mas quem liga, cara? Fazemos isso porque gostamos. Se não gostássemos, “Daemoncraft” não teria saído. Mas está aí, um disco honesto e que é uma parcela do underground. Compre-o na www.dyingmusic.com. Everton é um grande apoiador do underground e desconheço, hoje em dia, alguém nesse meio que esteja lançando seus próprios CDs (sem alianças) do bolso. A Dying Music envia pelos correios, você recebe em casa, aceita cartão de crédito. Vale a 20

pena, não só pelo Sanctifier, mas por todos os outros lançamentos que ele já fez: Absu, Rotting Christ, Acheron, Headhunter DC, Mystifier, Kaamos, Zyklon etc. HELL DIVINE: Como você compara “Daemoncraft” com o full anterior, “Awaked by Impurity Rites” e os lançamentos posteriores? ALEXANDRE EMERSON: “Daemoncraft” é um álbum mais maduro de um Sanctifier mais calejado, que já levou cano de show, tocou em cima de caminhão, teve instrumentos roubados, que paga tudo do próprio bolso. Aprendemos algumas lições com isso tudo. É um disco como todos os anteriores, nos quais as letras vieram de estudos e comparações de obras, escritos, depoimentos, situações e comportamentos sobre Lovecraft e tudo que rodeia o misticismo criado por ele. Cada gravação teve sua época, seu momento. “Daemoncraft”, para mim, já é passado. Estamos trabalhando em algo novo tão doentio quanto esse. Tento sempre criar músicas atemporais, que representem a animosidade que passamos em nosso dia a dia e, nesse ponto, cada K7, Split e/ou CD tem sua temporalidade. Temos um vasto material underground atualmente. O “Awaked...” alcançou mais de cinquenta países, com uma versão japonesa lançada pela Weird Thruth Records. O Sanctifier figurou na época em um hall de bandas brasileiras que tiveram uma grande entrada naquele país, e é disso que o underground é feito; uma banda de Natal, no Nordeste, consegue atingir um público do outro lado do mundo. Continuamos com essa mesma ideia de espalhar o Sanctifier em vários lugares do mundo. HELL DIVINE: A faixa “The Enchanter” possui um riff interessante por volta dos 2’20’’. Quais foram as inspirações para essa composição? ALEXANDRE EMERSON: As inspirações para as músicas vêm mesmo do conhecimento de Death Metal. Sabemos o que um fã do estilo precisa: música mórbida, letras que versem sobre religião, sobrenatural, e ocultismo, e penso nisso quando componho. Escuto Death Metal todos os dias e Black Metal. Quando você escuta isso todos os dias, absorve o feeling da coisa. Com “The Enchanter”, assim como com todas as outras, os riffs saem naturalmente, apenas faço a conexão e montamos a música, nada de preparações ou trabalhar escalas antes, nada disso. Apenas toco, imagino e faço as adequações. HELL DIVINE: E o que pode falar sobre a faixa bônus “Demônios de Lava”? ALEXANDRE EMERSON: Vivemos intensamente o período dos anos 80, trocávamos fitas cassete com bandas ainda desconhecidas, como Rotting Christ, Varathron, Dissection, Ancient Rites, Samael e Desultory, e com as bandas que cantavam em português: Azul Limão, Stress, Dorsal Atlântica, Overdose e Harppia. Admiramos os trabalhos também do Hecate, Luxuria de Lilith, Sarcasmo, etc. Essa faixa ecoa como uma homenagem a essas bandas e ao metal nacional. Queríamos fazer isso, e veio a ideia de demônios de lava. A letra fala sobre a ida de Carter a uma


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