Retrato de Rimas Soltas

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BARCO DE PAPEL Sento-me á beira do rio, Olho as águas em movimento, Conto as pedras do fundo E deixo correr o pensamento, Á espera de entender o mundo! Há reflexos de prata, Sussurros de águas claras, Folhas verdes flutuantes Que escondem nenúfares risonhos E poemas de rima fechada No cofre forte dos sonhos! A seguir ao por do Sol, Conto as estrelas do céu, Saúdo a estrela polar E o canto do rouxinol Que cala o silencio da noite, Num festival ao luar! Quando acordo ao nascer do dia, Vejo um barco de papel Que luta contra a corrente E baloiça ao sabor do vento, De vela desfeita em farrapos, Que trás dentro uma mensagem, Que uma criança escreveu! Atraca devagar á margem E entrega-me o papiro em mão, Onde afirma em letra sumida, Que quer feliz toda a gente E que a liberdade e o amor, São a essência da vida!

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