Retrato de Rimas Soltas

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O AVÔ

MIMO

A chuva tamborilava Em noite de invernia, No vidro da janela, Do meu quarto de criança! Um pouco mais ao lado, Na velha montanha, Havia um pinheiro manso Que ensaiava uma dança, Ajudado pela ventania Que não parava de soprar! Acordei meio assustado E acho que tive medo, Ao ouvir um cão uivar, No meio da noite escura! Foi então que apareceu Um senhor de certa idade, Que me ensinou em segredo, Como dormir sossegado E a parar a tempestade! Deixou então de chover, O vento não mais soprou, O cão deixou de uivar E quando o dia nasceu, Abracei o meu Avô !

Há anos, Percorro o caminho, Que penso ser meu! Procuro uma festa, Uma palavra, um carinho, Ou até um mimo Caído do céu! Insisto, não desisto E continuo a andar, Por ter a certeza Que no tempo que resta, Ele há-de chegar!

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