Edição 244

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para atender à demanda de um consumidor cada vez mais exigente, os pontos de venda contam, em média, com seis mil medicamentos éticos, três mil vendidos sem receita (otcs/mips) e entre dois e três mil artigos de higiene pessoal e beleza tes insatisfeitos resolvem trocar definitivamente o ponto de venda? “Alguns aspectos são mais difíceis de mensurar. A substituição de marcas, por exemplo, ou mesmo a mudança do local da compra deve ser observada e, em casos mais críticos, chega a ser uma decisão categórica”, afirma Ângela. Por isso, uma gestão eficaz do estoque é fundamental para garantir a saúde do negócio. É necessário, de acordo com o perfil da loja e características dos shoppers, adotar estratégias para minimizar a ruptura e seus efeitos. O setor responsável pela movimentação dos produtos deve realizar um monitoramento detalhado, já que, segundo os especialistas, as faltas são geradas não apenas por um fato isolado, mas por um conjunto de situações que percorrem processos, pessoas, fornecedores e tecnologias.

Gestão do estoque Para o professor e chefe do Departamento de Operações e Logística da Fundação Getulio Vargas (FGV), Orlando Cattini Junior, os erros de controle e de perdas são os principais motivos das deficiências. “Somente as perdas são estimadas em até 1% do faturamento para farmácias e drogarias”, aponta. E, ao contrário do que normalmente se imagina, os maiores problemas não decorrem da falha de suprimento pelos fornecedores. Estudos indicam que isso ocorre somente 28% das vezes. O professor comenta que “em 72% dos casos o artigo está na prateleira errada e o cliente não o acha ou o produto não foi reposto, apesar de disponível no ponto de venda. Outro deslize comum é o item estar em outra unidade ou no centro de distribuição e não ser enviado à loja que dele necessita”. Entretanto, esses aspectos podem ser identificados pelo gestor da farmácia. “Além de manter contato direto com o consumidor, ele é o responsável pelo treinamento e acompanhamento da equipe de vendas. Esta, aliás, quando bem preparada, ajuda muito. É fundamental também investir em sistemas inteligentes e integrados, de fácil navegação e compreensão pelos operadores, sejam eles vendedores, repositores ou estoquistas, para que registrem o histórico de saídas e sugiram compras e reposições de ma-

Um neira correta”, pondera Cattini Junior. monitoramento De acordo com a gerente da Depermanente e loitte, Ângela Lopes, os processos assertivo pode medir a dimensão das devem ser mapeados e seguidos para falhas em cada garantir a eficiência da operação da setor empresa. “Quando isso não ocorre, temos, por exemplo, divergências no recebimento e conferência de mercadorias, entrada errada de notas fiscais e armazenamento ou abastecimento inadequado.” O coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios de Varejo da ESPM, Ricardo Pastore, lembra ainda que o problema é consequência de uma dificuldade de gestão característica do setor. “É um segmento que trabalha com uma variedade muito grande, o que resulta em um alto grau de ruptura, algo em torno de 8% a 10%, dependendo do produto de consumo. Mas é possível adotar ações para diminuir ao máximo esse percentual”, diz. No caso das farmácias, para atender à demanda de um consumidor cada vez mais exigente e acompanhar as inovações do mercado, os pontos de venda contam com um mix crescente e diversificado. Estima-se que uma loja tenha, em média, seis mil medicamentos éticos, três mil medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e entre dois e três mil artigos de higiene pessoal e beleza. Mas um monitoramento permanente e assertivo pode medir a dimensão das falhas em cada setor, além de permitir adequações. “Um aspecto a ser considerado, que muitas vezes não é observado, é o perfil dos clientes. Isso também definirá a variedade de itens”, orienta Ângela. É uma dica importante inclusive para as lojas menores, acrescenta. “As farmácias de bairro, por exemplo, costumam atender clientes residentes ou frequentadores da região onde estão instaladas. Nesse sentido, estabelecer um relacionamento mais próximo e conhecer a necessidade desses consumidores é relevante para manter os produtos disponíveis para a venda.” Pastore concorda com a especialista sobre a necessidade de fazer uma adequação. “O estoque é, sem dúvida, o custo mais elevado de um negócio. Mais da metade do que se fatura é gasto com ele. Por esse motivo, o responsável pela reposição precisa alcançar o maior nível de equi2013 março guia da farmácia

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