Revista GUETO Ano IV, n. 07 (2016)

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primórdios de sua idade, podendo ser consideradas reprodutores de uma cultura racista, classista e excludente. A construção de uma sociedade igualitária é uma das demandas sociais mais urgentes da atualidade, para isso a promoção da igualdade social se faz preciso. Durante o decorrer das oficinas do PIBID, pudemos analisar a reação das crianças ao trabalhar as temáticas raciais em sala de aula Durante o período de observação das aulas, que se deu entre os meses de março a julho, foi possível analisar o perfil da turma do 3° ano, com crianças entre 7 e 12 anos. Perceberam-se algumas dificuldades como leitura, compreensão e escrita, além de uma realidade comum de apelidos maldosos, muitas vezes racistas, onde um trabalho de conscientização contínuo se fez necessário para que tais crianças não continuem a reproduzir esse racismo na sala de aula e na vida adulta. A primeira atividade de nossa oficina foi a exibição de um vídeo que exibia um teste criado na década de 70, no qual apresentam-se a várias crianças, bonecas negras e brancas e perguntas do tipo: qual a mais bonita? Qual a má? Com qual gostaria de brincar? Como resposta, muitas diziam preferir a boneca branca como boa, bonita e amigável, pois a negra tinha uma aparência de malvada, desobediente e sua cor não era agradável. A reação das crianças ao assistirem foi de concordância para com as respostas assistidas e, ao serem perguntadas sobre o que se falava no vídeo e o que elas compreendiam do mesmo, disseram que era um vídeo sobre “uma boneca feia e uma boneca bonita”, sendo que a bonita era branca e a feia era a negra. Continuamos perguntando: a boneca negra se parece com alguém da sala? A resposta foi não. Diante das respostas da classe pudemos refletir que em uma sala composta quase que majoritariamente por crianças negras, nenhuma se reconhecia como tal, o que podemos problematizar de inúmeras formas, levando em consideração vários fatores que tais crianças têm sido reprodutoras daquilo que seus pais e familiares e pessoas do seu meio de convívio pensam, encarnando desde cedo o racismo em suas mínimas atitudes, desde discriminar o colega por ser negro ou achar o negro “feio”. Analisando a história das relações raciais no país podemos observar uma relação de dominação advinda do antigo sistema escravista. Sobre essa passagem da história brasileira Charles Taylor aponta: (...) a identidade se constrói no diálogo que o indivíduo mantém com a compreensão que as outras pessoas têm de quem ele é. Sem dúvida a identidade é construída na relação, principalmente por um processo de contraposição. No entanto, no caso de uma identidade construída a partir de


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