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Não era pouca encrenca para quem chegara a Ibiúna com todos os sonhos do mundo e deixava a cidade caminhando, em grandes colunas de quatro, com as mãos sobre as cabeças, cabisbaixos, enrolados em cobertores, sem esboçar nenhuma reação. Só até o local onde os caminhões estavam estacionados, foram duas horas de caminhada em terreno escorregadio, tomado pela lama. De Ibiúna, os estudantes foram levados para o presídio da Avenida Tiradentes, no centro da capital paulista. Lá, foram colocados em celas de 3 x 6 metros, nas quais se acotovelavam, em cada uma, pelo menos 50 deles. Após uma semana de interrogatórios, a maioria foi enviada, presa, para seus respectivos estados; alguns poucos foram liberados. Vladimir Palmeira ainda tentou fugir, saindo pela janela do ônibus que o levava para o DOPS. Inconformado, depois de recapturado, desabafou: “Nunca pensei que cairíamos de forma tão vexatória”. O desalento de Vladimir era a tônica entre os estudantes, principalmente pela forma com que foi organizado o Congresso, num local que não seguia os mais básicos requisitos de segurança – só havia uma saída, não se dispunha de higiene nem de condições de subsistência para tanta gente. Além disso, a visão dos arredores era praticamente inexistente. Ficavam praticamente ilhados. Ibiúna representou o fim de um sonho. Um dos últimos espasmos de jovens idealistas que queriam mudar o Brasil de forma ainda pacífica. Não mudaram, caíram de forma melancólica, mas deixaram plantada a semente da rebeldia característica daqueles tempos.
Civilização é alvo do terror
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A livraria Civilização Brasileira, na Rua Sete de Setembro, centro do Rio de Janeiro, talvez fosse o principal foco de resistência ao “terror cultural” (expressão cunhada por Alceu Amoroso Lima) que passou a ser praticado pelo regime militar logo nos primeiros dias do golpe de 244 | 1968: QUANDO A TERRA TREMEU