Esplendor da Honra

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perguntou-lhe onde estava seu saco de juta, apesar de permanecer a uma distância segura da grande fera e ter que praticamente gritar. Depois, agradeceu ao rapaz quando ele lhe lançou o embrulho. Ela só iria lavar o rosto para despertar completamente, mas a água límpida era tentadora demais. Madelyne usou o sabonete perfumado que levara consigo em seu saco e tomou um banho rápido para, em seguida, trocar de vestido. Deus, como estava frio. Ela tremia quando terminou de se vestir. Usava um manto amarelo até os tornozelos e uma túnica dourada que alcançava os joelhos. Uma faixa de bordado em ponto cruz azul royal circundava as longas mangas da túnica. Madelyne rearrumou a sacola e se ajoelhou junto ao riacho para começar a desembaraçar os cabelos. Agora que estava descansada e sua mente não estava consumida pelo medo, tinha tempo mais que suficiente para pensar em sua situação. A questão principal era descobrir por que Duncan a levara consigo. Ele lhe dissera que ela lhe pertencia. Madelyne não compreendia o que ele queria dizer com essa observação, mas era tímida demais para pedir que ele se explicasse. Gilard apareceu para buscar Madelyne. Ela ouviu a aproximação dele e se virou a tempo de vê-lo aproximando-se. – Está na hora de irmos – Gilard berrou. A força da voz dele quase a derrubou na água. Gilard rapidamente estendeu a mão e a levantou, salvando-a sem querer de uma vergonha. – Ainda tenho que trançar os cabelos, Gilard. Então estarei pronta. E não precisa gritar comigo – acrescentou, deliberadamente mantendo a voz suave. – Minha audição é muito boa. – Os cabelos? Ainda tem que… – Gilard estava atônito demais para prosseguir. Lançou um olhar para Madelyne que sugeria que ela perdera a cabeça. – Você é nossa prisioneira, pelo amor de Deus – por fim, ele conseguiu balbuciar. – Já havia percebido isso – Madelyne respondeu. Parecia tão serena quanto uma brisa matinal. – Mas isso significa que posso ou não terminar de pentear meus cabelos antes de partirmos? – Está tentando me provocar? – Gilard gritou. – Lady Madelyne, na melhor das hipóteses, sua situação é bem precária. É tão tola para perceber isso? Madelyne meneou a cabeça. – Por que tem tanta raiva de mim? Você grita as palavras. Isso é um costume seu ou é porque sou irmã de Louddon? Gilard não respondeu de imediato. O rosto dele, porém, enrubesceu. Madelyne sabia que o estava enfurecendo. Lamentava isso, ainda assim resolveu continuar a atormentá-lo do mesmo modo. Gilard evidentemente não controlava seu temperamento e se ela o instigasse o suficiente, talvez ele lhe contasse o que aconteceria com ela. Gilard era muito mais fácil de compreender do que o irmão. E tão mais fácil de manipular, caso ela fosse inteligente o bastante. – Por que fui trazida como prisioneira? – disparou a perguntar. A franqueza da questão a fez se retrair. No fim, acabara não se mostrando muito inteligente e, portanto, ficou muito surpresa quando Gilard lhe respondeu. – O seu irmão estabeleceu os termos desta guerra, Madelyne. Você sabe muito bem disso. – Não sei de nada – Madelyne protestou. – Explique para mim, se não se importar. Eu gostaria de entender. – Por que se faz de inocente comigo? – Gilard exigiu saber. – Todos na Inglaterra sabem o que aconteceu no último ano. – Não todos, Gilard – Madelyne replicou. – Só retornei ao lar de meu irmão há dois meses. Vivi numa área muito isolada por muitos anos. – Ah, é verdade – Gilard escarneceu. – Viveu com aquele seu padre depravado, entendo.


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