Revista GPS Brasilia 12

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minha no Acme Theatre. E, depois disso, seus representantes conseguem auditions, nas quais centenas de atores lutam pelo mesmo papel”, explica. Desde que chegou a Hollywood, em setembro de 2012, sua rotina tem sido intensa, doando-se de corpo e alma ao ofício. Cada semana tem uma agenda de gravação, além de estudar roteiros e ensaiar para auditions. Às vezes sobra um tempinho para praticar ciclismo, yoga ou corrida. Henry mora no bairro de Hollywood Hills, na casa de um amigo irlandês e com outro roommate inglês. No quarto, que ele jura manter sempre arrumado, tem um quadro na parede, que ele mesmo pintou, uma estatueta do Cristo Redentor na escrivaninha e uma foto família reunida. “Não consigo viver na bagunça”, revela. Pintar é um dos talentos do ator, que tem telas espalhadas pelas casas da mãe e do pai e também no escritório da família, em Brasília, sua cidade natal. São nus femininos, homens, artistas e paisagens. Atualmente, tem pintado pouco por conta da vida agitada em Los Angeles. “É difícil achar um lugar para fazer bagunça morando de aluguel”, brinca. Apesar de ter escolhido uma vida em terras norte-americanas, sempre que pode está pelo Brasil. Duas ou três vezes por ano. Quando chega, a mãe, Sônia Gontijo, faz uma tradicional feijoada para ele rever os familiares e amigos. “Apesar de viver na cultura americana, ele é muito família e faz questão de preservar as amizades”, revela a mãe. A reunião na casa dela, no Lago Sul, é sempre especial. “Minha mãe organiza tudo com muito carinho, minha avó fica na cozinha por quatro horas, fazendo a melhor ambrosia do mundo para sobremesa e tomo uma cerveja com meu pai”, conta. “Bateu saudade agora”, confessa. O contato no dia a dia com os pais e com a irmã, Fernanda, de 21 anos, é feito pela internet. É assim também que ele fala com os amigos. Foi por trocas de whatsapps e e-mails que conversou com a reportagem da GPS|Brasília. “Do que mais sente falta daqui?”, perguntamos. “Tenho saudade de tudo, mas principalmente da cultura de família que temos no Brasil. Das refeições diárias em casa com a família e dos amigos que te tratam como irmão e chamam sua mãe de tia”, diz o jovem. Nas redes sociais, interage com os fãs, compartilha os bastidores das gravações e momentos de lazer. E já lida com assédio. “Um dia minha empresária daqui me ligou, dizendo que chegou um pacote com uma carta, duas fotos para autógrafo e uma calcinha”, diverte-se, ainda tentando se ambientar com a fama que começa a surgir.

TALENTO O interesse pelas artes o acompanha desde a infância. Desde pequeno se interessou pelo teatro, ia sempre ao Mapati, na Asa Norte, assistir a peças com a mãe, adorava ver filmes e desenho animado com a irmã. Nos almoços de domingo, na casa da tia avó Alda, havia performance de Henry com os primos. “Planejávamos uma peça durante o dia para apresentar à noite para os familiares”, lembra. Criado na 213 Sul, estudou no Candanguinho, Marista, Galois e na Escola Americana. Nesta última, foi onde seu dom artístico aflorou, após participar do musical Hairspray, encenado na escola, em 2009, em que interpretou Wilbur Turnblad. “Foi hilário. Turnblad era, no mínimo, 40 anos mais velho do que eu. Lembro de ter sentido uma insegurança antes entrar em cena, mas, depois que eu já estava lá em cima, foi uma sensação incrível, que me marcou muito”, lembra. Henry cresceu em meio à cultura norte-americana e fascinado por filmes hollywoodianos. “Ele sempre falou muito bem inglês, mas ficava assistindo filmes e séries, treinando na frente da televisão. Tanto que hoje ele não tem sotaque e isso o ajuda na carreira internacional”, orgulha-se a mãe. Deixar o País não foi novidade para o jovem. A primeira vez que Henry morou no exterior foi na época da escola, quando estudava no Galois. “Vivi na Inglaterra por um tempo, com uma ‘host family’, e estudei inglês na Kings School. Foi quando vi que meu futuro era fora do Brasil”. Depois que terminou o Ensino Médio, Henry chegou ainda a morar em Boca Raton, na Flórida, nos Estados Unidos, onde cursou Business, na Lynn University, por um ano. Contudo a paixão pelas artes cênicas falou mais alto. Enquanto estudava fez um teste para a sede californiana da New York Film Academy, e passou. Contar para os pais foi um momento de tensão. Filho de advogados, todos esperavam que o caminho natural seria seguir a profissão e herdar o escritório do pai, Admar Gonzaga, também ministro-substituto do Tribunal Superior Eleitoral. “Na minha cabeça, eles não iriam apoiar. Mas não teve nada disso. Quando eu contei, para minha surpresa, eles disseram que eu poderia ser brilhante como artista”. A responsabilidade de assumir o escritório ficou para a irmã, que cursa Direito. E ele seguiu rumo a Los Angeles. GPSBrasília « 71

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