Revista Global Brasil

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Leonora Corsini De acordo com os estudiosos do tema das migrações, existem hoje cerca de 200 milhões de migrantes em circulação no mundo; esses números tão expressivos permitem postular a existência de um sexto continente – o “continente móvel” – que corresponde a praticamente 3% da população mundial. Algo do tamanho da população brasileira vive em contínuo movimento migrante; seria como imaginar todo o nosso país migrando pelo mundo. Yann MoulierBoutang chama este movimento em massa de “Continente da Fuga”, uma terra que tem de ser sistematicamente conquistada e que começou a ser delineada a partir da fuga do trabalho dependente, da escravidão e da servidão, acabando por ter um caráter positivo nos países de imigração ao criar as condições que favorecem a acumulação. Depois dos Estados Unidos, os países da União Européia são os que mais recebem imigrantes. Ao mesmo tempo, a Europa vem apresentando queda no crescimento populacional, o que poderia fazer paralisar o mercado de trabalho europeu em pouco mais de dez anos não fosse o fato de o fenômeno das migrações não parar de crescer. Como observa Flavio Carvalho, residente em Barcelona e participante do Coletivo Brasil Catalunya e da Rede de Brasileiros no Exterior, a Europa das grandes guerras sempre buscou refúgios pelo mundo; agora, os países do continente necessitam de pessoas, sobretudo de trabalhadores jovens, em idade produtiva e preferencialmente ‘Faxina’ (BBC Brasil) O estudo “Brasileiros em Londres” conduzido pela Universidade Queen Mary em 2006, estima que a principal atividade desempenhada por brasileiros na capital inglesa envolve trabalhos de limpeza. O levantamento, que analisou dados obtidos a partir de um questionário aplicado a 423 brasileiros entre os meses de setembro e outubro de 2006, mostrou que 32% dos entrevistados faziam faxina em casas e escritórios. Deste total, cerca de 80% eram mulheres. O ramo de hotelaria e restauração aparece em segundo, com 26% dos imigrantes empregados no setor. Em terceiro vêm os que trabalham como motoristas e motoboys (10%), seguidos pelos que atuam na construção civil (9%) e pelas que disseram trabalhar como babá (3%). Outros 13% disseram estar fazendo "outros serviços" e apenas 1% disse não estar trabalhando. GLOBAL 8 trânsitos


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