PALAVRAÇÕES 10 DE JULHO 2010

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Sentinela do Jacuí - Triunfo, 10 de julho de 2010

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Indústria Química

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Braskem inicia recebimento de etanol por ferrovia

A Braskem recebeu, esta semana, a primeira carga de etanol por via ferroviária. Foram descarregados 120 mil litros do produto vindos de São Paulo e Paraná. Na sexta-feira, chegam mais 840 mil litros. É a primeira vez que a empresa operou nesse modal para o transporte do etanol, que será usado na planta de Eteno Verde. Cerca de 40% do álcool utilizado pela Braskem será trazido por trens da ALL. Até então, o produto era transportado apenas por hidrovia e

rodovia. A Braskem tem capacidade de consumir 230 milhões de litros de álcool para produção de ETBE (Camaçari/BA, e Triunfo/RS) e comprará mais 460 milhões de litros para a planta de Eteno Verde em Triunfo. Denise Zappas, gerente de negócios de Álcool da Braskem, afirma que o transporte ferroviário tem se mostrado uma boa opção logística por ser a melhor alternativa do ponto de vista ambiental (menor emissão de CO2), além de ter menor custo. “É uma al-

ternativa importante à cabotagem, que muitas vezes apresenta problemas relacionados a atrasos em portos de carga”, explica. A hidrovia responderá por 50% da logística do álcool e a rodovia, por 10%. PERFIL A Braskem é a maior

produtora de resinas termoplásticas das Américas. Com 29 plantas industriais distribuídas pelo Brasil e Estados Unidos, a empresa produz anualmente mais de 15 milhões de toneladas de resinas termoplásticas e outros produtos petroquímicos.

Louco, Santo ou Gênio? Bem poucas vezes somos senhores de nós mesmos.Milhares queremos, e não podemos; milhares fugimos e não escapamos; milhares nos esquivamos e à força prestamos! ( Robespier, in Lanterna de fogo).

José Joaquim de Campos Leão, Qorpo-Santo, figura ímpar, parece ser a mais controvertida da dramaturgia nacional. Sua obra ora é apontada como produto de uma mente inferior, perturbada pela doença mental, ora como produto de uma mente genial, que não é compreendida. Quem sabe uma mente genial que se mascara com a loucura? No seu teatro, cada personagem, além de surgir como um dos veículos de sua vingança contra o meio social e os desajustes humanos, é a expressão da criação artística em seu mais alto grau de elaboração em várias obras, inclusive nesta que usamos para as citações: ‘Lanterna de Fogo’. A sociedade impõe ao indivíduo diversas normas. Tal forma fixa de viver, para os mais sensíveis, acaba sufocando por completo o movimento natural de suas existências. Não raro, para enfrentar essas regras, vestem-se com máscaras para evitar o conflito com a sociedade vigente. Qorpo-Santo é um ser dividido entre o que a sociedade dita como certo e o que ele próprio assim o considera. A máscara de marginal, é preciso dizer, não é escolhida pelo próprio indivíduo. É atribuída pela sociedade àqueles que não aceitam se submeter ou se adaptar a ela. De modo especial, a máscara de louco é um instrumento indispensável para a manutenção do status quo social, sobretudo da instituição familiar. A atribuição da máscara da loucura é um gesto que tem significado político, moral, religioso, econômico e social, é o meio que permite ao grupo eliminar os elementos diferentes, considerados nocivos. Qorpo- Santo, enquanto dramaturgo - e louco encontra chance de flagrar suas denúncias. Sua revolta não se conduz em uma única direção, seu teatro revisa as relações entre Deus e o homem, o homem e a comunidade, e do homem consigo mesmo. Por repetidas vezes, os laudos médicos o consideraram apto para gerir seus bens, gozando de plena saúde mental, apresentando apenas um acréscimo de atividade cerebral, uma vivacidade e atividade maior do pensamento.Entretanto, os últimos laudos já não são unânimes e acabam levando-o a ser interdito pela Justiça. Parecendo que a insistência com que a família tenta fazer dele um demente, acaba tendo seus frutos. Vendo-se impossibilitado de provar, em definitivo, sua sanidade, Qorpo-Santo toma para si o papel de louco para não mais o largar. Afinal, como diz o criado ‘Impertinenti’,na peça ‘As Relações Naturais’: ‘o direito há muito que é morto’ . É ironicamente que o dramaturgo admite a teoria de que ‘se é impossível deixar de representar um papel, então a única alternativa é interpretar o papel até os seus limites extremos’.Ele reconhece os limites de sua resistência para lutar contra a sociedade, uma vez que ‘sempre a Lei, a Razão e a Justiça triunfam da perfídia, da traição e da maldade’, (in ‘Hoje sou um ; e Amanhã Outro’). Afinal, como diz Robespier: ‘Não querem os homens crer nesta verdade eterna e é ... que Deus criou o homem livre para ser feliz. E à sua Imagem para ser orgulhoso, ou altivo.’ Que viva Qorpo-Santo para sempre, em Triunfo e de Triunfo para o mundo! Namastê!


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