A Bela e a Fera - Amy J. Fetzer

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— Obrigado, Laura. — Por nada. Ela quer vê-lo. — Sabe que não posso fazer isso. — Ela precisa do pai. — Laura... Por favor. A dor, por negar a si mesmo o contato com a filha, expressava-se na voz dele. Naquele instante, Laura percebeu o quanto aquele homem era solitário, e como devia ser difícil ter duas mulheres naquela casa, depois de ter andado por ali, quando e como desejasse, por quatro anos. — Ela está se sentindo sozinha e com medo. Tudo é novo para ela, e embora esteja adorando as novidades, ainda quer vê-lo. — Mas não pode. Não quero amedrontá-la ainda mais. E não sei nada sobre garotinhas, ou como cuidar delas. Mas você sabe. Ela não queria discutir, não com Kelly tão perto. — Não vou ficar aqui para sempre — retrucou, entrando no próprio quarto e fechando a porta. Richard suspirou. Ela continuaria ali por quanto tempo ele desejasse, e só de pensar que poderia partir, ficava nervoso. Ele observou as pequenas luzes junto ao chão, que iluminavam o corredor, e a porta do quarto da filha. Não queria que nenhuma das duas o visse, mas a vontade de ver a filha foi mais forte. Descendo os últimos degraus, atravessou o corredor e abriu a porta do quarto de Kelly, entrando silenciosamente. Bem devagar, aproximou-se da cama, olhando a criança adormecida. Parecia tão inocente, tão indefesa. E era tão pequena. Estendendo a mão, tocou uma mecha de cabelos, e então, incapaz de resistir, acariciou o rosto macio com as costas da mão. A pele era macia, fresca. Ela era linda, e o coração de Richard apertou-se. Queria tomá-la nos braços, beijá-la. — Papai? A palavra quase o fez chorar. — Sim, princesa, estou aqui. Volte a dormir. Kelly mexeu-se na cama e Richard cobriu os ombros delicados, carinhosamente. — Papai ama você — sussurrou. Meio adormecida, Kelly segurou a mão dele. Por um instante, Richard ficou imóvel, temendo que ela percebesse as fundas cicatrizes no pulso, mas já voltara a dormir. Não querendo arriscar-se a encontrar Laura, pensou em usar a passagem secreta, mas a raiva foi mais forte. Afinal, aquela era a casa dele. Saindo do quarto, subiu a escada, e já estava quase chegando em cima, quando Laura abriu a porta e saiu depressa. Apressando o passo, ele penetrou na escuridão, sabendo que os olhos dela levariam alguns segundos para ajustar-se à falta de luz. — Sr. Blackthorne — chamou, suavemente. Imediatamente sentiu-lhe o perfume e estremeceu. — Sr. Blackthorne. Ele parou. — Estou ignorando você. Indo embora. Será que não entendeu? — Psiu. — Ela aproximou-se. — É claro que percebi.

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