A Bela e a Fera - Amy J. Fetzer

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co irmãos. Não acha suficiente? Com raiva, afastou-se da grade e já ia entrar, quando Richard segurou-a pelo braço. Os dois foram envolvidos pelas dobras das cortinas que flutuavam ao vento. — Sim. É suficiente. Laura mal conseguia respirar, e seu coração batia acelerado. Ele era um homem grande, forte, e os dedos circundavam-lhe o braço, impedindo-a de mover-se. Estava consciente da proximidade dele, do perfume masculino, do corpo que quase tocava o dela, fazendo-a estremecer. Ele era misterioso, intenso. O que a atraía não era a solidão dele, nem a amargura. Era o homem que sofrera muito, mas sobrevivera. Que não deixara ninguém se aproximar. Laura viu a sombra da cabeça dele aproximar-se e soube que desejava beijá-la. E quase desejou que o fizesse. — Você tem perfume de... liberdade — sussurrou ele, cada célula do corpo gritando que era um homem, e que ela era uma linda mulher. Mesmo sabendo que devia fazer anos que ele não estava com uma mulher, que devia afastar-se depressa, Laura foi incapaz de resistir ao desejo de tocá-lo. Erguendo a mão, colocou-a no peito forte. A respiração dele ficou ofegante, e num gesto brusco afastou-se, subitamente consciente do que acontecia. — Não quero sua piedade, e isto é errado. Ele afastou-a e Laura perdeu o equilíbrio, enquanto Richard entrava depressa, desaparecendo na casa, de volta à sua caverna escura. Queria dizer-lhe que a última coisa que sentira em seus braços era piedade. Mas ele já se fora.

CAPÍTULO III

E

ra um tolo. O abandono da mulher não lhe ensinara nada,

ou não teria tocado Laura. Sentado na escrivaninha, o sol nascendo atrás dele, Richard bateu nas teclas, fazendo uma porção de erros, até desistir, empurrando o teclado. Recostando-se na cadeira de couro, fechou os olhos, e quase pôde sentir a maciez daquele corpo que tanto desejava tocar. E que homem não desejaria fazê-lo, pensou. O corpo de Laura era curvilíneo, e ela tinha um jeito de andar que quase o enlouquecia. Ele sacudiu a cabeça. Seria mais difícil do que tinha pensado, e sabia que a lembrança de tocá-la seria tão torturante quanto a própria ação. Era a babá, lembrou a si mesmo. Fora contratada para ajudá-lo. Levantando-se, foi até a janela. Que Deus me ajude, pensou. Laura era o sonho de qualquer homem. E estaria ali por muito tempo, provocando-o. Atrás dele, o e-mail soava, o fax gemia, e Richard ignorava tudo, os olhos presos à faixa de areia lá embaixo. Havia pegadas no solo úmi16


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