Referências: 1. Lems WF, Raterman HG. Critical issues and current challenges in osteoporosis and fracture prevention. An overview of unmet needs. Therapeutic Advances in Musculoskeletal Disease. 2017 Oct 27;9(12):299–316. 2. Rodrigues AM, Eusébio M, Santos MJ, Gouveia N, Tavares V, Coelho PS, et al. The burden and undertreatment of fragility fractures among senior women. Arch Osteoporos. 2018;13:22. 3. Ordem dos Médicos. 1ª Edição da Bolsa de Investigação em Osteoporose. Disponível em https://ordemdosmedicos.pt/1a-edicao-da-bolsa-de-investigacao-em-osteoporose/. Acedido em setembro de 2024. 4. Da Costa Teixeira F, Da Fonseca Serejo R, Araújo FC. Osteoporose na Medicina Geral e Familiar: Estaremos a Fazer o Necessário? Gazeta Médica [Internet]. 2022 May 12;153–9. Disponível em:
5. Barcelos A, Gonçalves J, Mateus C, Canhão H, Rodrigues AM. Costs of incident non-hip osteoporosis-related
da Tapada Grande n.º2, Abrunheira
José roquette isabel luzeiro
Novas terapêuticas permitem recuperar a motivação pela Neurologia
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o convite à participação no “Encontro na luz CSP – Formação e Simulação”
P. 4
Respiratórios Domiciliários
Núcleo de Investigação Arterial da ULS de São José
combate à HTA e às dislipidemias mantém-se vivo em Santa Marta P. 22/24
cuidados de saúde integrados
André Biscaia
“A Saúde necessita de organizações de aprendizagem na construção de políticas, na gestão e na prestação de cuidados”
Adelaide Belo
A presidente da PAFIC apresenta o IV Encontro
Nacional de Integração de Cuidados
SUMMIT 2025
Um dos projetos da USF Samora Correia visa detetar casos de cancro cutâneo
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Entretanto, esta Unidade da ULS do Estuário do Tejo obteve, em maio de 2024, a recertificação de nível Bom
AlexAndre lourenço, presidente do CA dA uls de CoimBrA:
“Temos um Sistema de Saúde incapaz
de
se adaptar às necessidades”
DEFENSor DE umA gEStão ágIl Em ProxImIDADE o Ex-PrESIDENtE DA APAh CrIou A FIgurA DA ComuNIDADE DE SAúDE, ASSENtE Num moDElo Com lAtItuDE DE DECISão, quE ENVolVE AS AutArquIAS
E é CAPAz DE PErmItIr PlAStICIDADE NAS rESPoStAS
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A capa da última edição
JORNALMÉDICO
Diretor: José Alberto Soares Redação: Miguel Anes Soares, Raquel Braz Oliveira Fotografia: Tomás Domingues Publicidade: Diogo Varela Diretor de Produção Gráfica: José Manuel Soares Diretor de Multimédia: Luís Soares Morada: Alameda dos Oceanos, Nº 25, E 3, 1990-196 Lisboa JornalMédicoé uma publicação híbrida da JustNews de periodicidade mensal, dirigida a profissionais de saúde, isenta de registo na ERC, ao abrigo do Decreto Regulamentar 8/99, de 9/06, Artigo 12º nº 1A Tiragem: 12.000 exemplares Preço: 3 euros Depósito Legal: 355.701/13 Notas: 1. A reprodução total ou parcial de textos ou fotografias é possível, desde que devidamente autorizada e com referência à Just News . 2. Qualquer texto de origem comercial eventualmente publicado neste jornal estará identificado como “Informação”.
Santa Maria inaugurou nova Central Térmica ULS da Lezíria passa a relembrar consultas aos utentes por via eletrónica
A ULSSM inaugurou a nova Central Térmica do Hospital de Santa Maria, que tem como objetivo a produção de água quente, água refrigerada e água quente sanitária. Na cerimónia, o presidente do CA esclareceu que o projeto em curso na instituição implica um investimento total de 15,8 milhões de euros, apoiado numa candidatura ao POSEUR de 15 milhões, representando a maior obra de sustentabilidade ambiental do país.
Carlos das Neves Martins adiantou que se pretende agora avançar com a certificação internacional de Santa Maria como hospital verde, o primeiro do seu género a nível europeu.
Com um sistema solar na cobertura do edifício com 200 m2 de painéis solares e 30 km de tubagem instalados, a Central Térmica é um dos eixos estratégicos do projeto do Green Hospital, que incluiu ainda a execução de outras medidas estruturais:
• Instalação de 3 parques fotovoltaicos, num total de 12.000 m2, o maior do seu género na cidade de Lisboa;
• Uso de sistemas de aquecimento de água por energia solar para reduzir a dependência de gás natural ou eletricidade;
• Substituição de lâmpadas convencionais por LED;
• Substituição de vãos de janelas e vãos de porta em ferro e vidros simples por caixilhos em alumínio com corte térmico;
• Implementação de sistema de
gestão de energia que monitoriza e controla o consumo energético;
• Instalação de sensores de movimento para iluminação em áreas de menor uso;
• Instalação de carregadores e aquisição de frota de veículos elétricos;
• Instalação de torneiras com baixo fluxo
• Instalação de ecopontos e de ilhas ecológicas em todo o perímetro do hospital.
Estas medidas levaram o hospital a subir dois níveis no ranking de eficiência energética – do nível D, em 2019, ano em que não tinha energia produzida por fontes renováveis, para o nível B, no final de 2023, em que perto de metade da energia consumida provinha de fontes renováveis e o terão
Médicos de MGF, este convite é para vós!
Há 20 anos ainda era uma inovação, atualmente é uma evidência sem discussão: os cuidados de saúde primários são a base da saúde de uma população e devem integrar qualquer projeto hospitalar, no plano público ou privado,
funcionando em articulação com as outras especialidades médicas. É isso que fazemos no Hospital da Luz Lisboa desde 2007, acumulando uma experiência que tem levado o nosso Serviço de Medicina Geral e Familiar a organizar anualmente o Encontro na Luz: um dia inteiro de troca de experiências e formação, destinado sobretudo a médicos desta especialidade que exercem atividade fora da nossa instituição.
O “Encontro na Luz - Cuidados de Saúde Primários - Formação e Simulação” deste ano já tem data marcada. Será a 8 de novembro, no auditório principal e no Centro de Simulação do Hospital da Luz Lisboa. Por isso, caros Colegas, este texto é um convite: conheçam o programa, inscrevam-se e venham ao nosso Encontro.
A organização mantém a “receita” que fez das duas anteriores edições um sucesso. Teremos sessões teóricas a alternar com sessões práticas no Centro de Simulação
(sempre esgotadas e, por isso, apressem-se na inscrição...), discussão e resolução de casos clínicos. Isto sempre em intercâmbio com médicos especialistas da rede Hospital da Luz e externos, de Medicina Geral e Familiar (MGF) e de outras especialidades.
Sublinho que este encontro é aberto a todos. É para Colegas que exercem a sua atividade
o “encontro na luz - Cuidados de saúde primários - Formação e simulação” deste ano acontece a 8 de novembro, no auditório principal e no Centro de simulação do Hospital da luz lisboa.
tornado “no hospital mais eficiente em termos energéticos na região de Lisboa”.
Durante a inauguração da nova Central Térmica, Cristina Vaz Tomé, secretária de Estado da Gestão da Saúde, fez questão de destacar que “este projeto de Green Hospital da ULS de Santa Maria é o mais importante e um case study da eficiência energética na área da administração pública portuguesa”.
Lançado em 2018, o Hospital Verde de Santa Maria e as medidas entretanto adotadas já permitiram reduzir em mais de 4 mil toneladas as emissões de CO2, diminuindo o consumo energético em cerca de 30% e permitindo uma poupança de perto de um milhão de euros no último ano na fatura energética.
A ULS da Lezíria alargou a mais especialidades a disponibilização de um novo sistema de notificações eletrónicas destinado aos utentes com consultas agendadas no Hospital Distrital de Santarém (HDS). Através desta nova funcionalidade, aqueles passarão agora a receber notificações via app myULSLEZÍRIA, e-mail ou SMS (de acordo com a informação disponível no sistema informático) sobre os seus agendamentos e lembretes (com 48 horas de antecedência) para todas as consultas médicas e de enfermagem. Este projeto tem como objetivo facilitar a comunicação com os utentes e visa assegurar que os mesmos são informados antecipadamente sobre os seus atos clínicos, procurando reduzir o número de faltas às consultas. Recorde-se que, em 2023, realizaram-se 138.861 consultas médicas no HDS, tendo-se registado um total de 32.575 faltas às consultas agendadas, o que equivale a uma percentagem de 19%, das quais apenas 3% foram justificadas.
noutras instituições, para os que já articulam a sua prática com unidades da Rede Hospital da Luz e também para os que desejam apenas atualizar a sua formação e que podem encontrar aqui uma oportunidade de conhecer a área de formação e simulação do Hospital da Luz. Temos um centro de simulação clínica de última geração, o maior em Portugal e um dos maiores da Europa, com manequins e simuladores inexistentes noutras instituições, disponibilizando uma capacidade formativa distintiva. É o futuro no presente.
De entre todos, faço ainda um convite muito especial aos Colegas especialistas dos cuidados de saúde primários e aos recémespecialistas.
Os temas do programa deste ano (www. hospitaldaluz.pt) foram escolhidos tendo em conta as situações clínicas mais prevalentes no dia-a-dia dos Colegas de MGF, mas também algumas mais inesperadas. Abordaremos a insuficiência cardíaca nas suas várias vertentes, a
depressão e a ansiedade (uma temática complexa e crescente, com enorme impacto na vida diária e na prática clínica), as doenças relacionadas com os distúrbios alimentares, sua repercussão na saúde a médio e longo prazo, e, finalmente, os novos desenvolvimentos da tecnologia da imagem e a sua capacidade para um diagnóstico mais eficaz de inúmeras patologias. As sessões práticas manterão os temas que em anos anteriores despertaram maior interesse, sempre com uma apresentação desafiante e atual, seguindo o modelo de case-based learning
A aposta inovadora que fizemos ao integrar a Medicina Geral e Familiar na fundação do Hospital da Luz Lisboa, em 2007 está consolidada. Reafirmamos a aposta e queremos aprofundar a articulação com os colegas que nos procuram para a complementaridade da sua prática clínica.
Juntos, somos mais fortes a aprender e a cuidar da saúde dos nossos doentes. Fica o convite. Vemo-nos a 8 de novembro?
José Roquette
Presidente do Conselho Clínico
Superior da Luz Saúde
ULS do Oeste inicia teleconsultas nos CSP
A ULS do Oeste está a implementar soluções de utilização das ferramentas digitais como complementares aos cuidados prestados presencialmente, no que respeita a consultas médicas, com foco nas necessidades das pessoas, investimento em cuidados de qualidade e privilégio pelas atividades preventivas e de continuidade.
Por forma a dar resposta às necessidades de saúde dos seus utentes, com garantia de cuidados às pessoas que não têm médico de família atribuído, estão a iniciar-se consultas por vídeo, com especialistas de MGF.
Estas consultas darão res -
posta aos pedidos dos utentes, numa primeira fase. Decorrerão nos CS, sempre com apoio administrativo e de enfermagem, em gabinete individual, tal como aconteceria com a presença física de médico.
Nestas consultas, além da avaliação da situação atual do utente, serão emitidos os exames complementares considerados necessários, mediante a sua situação clínica e, agendada consulta subsequente para reavaliação pela mesma equipa, caso seja necessário.
A ULS do Oeste prevê realizar cerca de 3000 consultas nesta modalidade até ao final de 2024.
Direção-Geral da Saúde foi criada há 125 anos
A Direção-Geral de Saúde foi fundada por Decreto a 4 de outubro de 1899, com o nome de Direção-Geral de Saúde e Beneficência Pública, devido à necessidade de combater o surto de peste bubónica que nesse ano assolou a cidade do Porto. Tinha como principal propósito melhorar a defesa contra futuras epidemias.
Já na segunda metade do século xx, a direção-Geral da saúde, ganhando outro estatuto e dimensão, passa a gozar de maior reconhecimento.
Em 1911, a reorganização dos Serviços de Saúde e Higiene em Portugal determinou a autonomização da saúde portuguesa face à beneficência pública e ao secularismo, dando lugar à Direção-Geral da Saúde com o objetivo da resolução e do expediente dos serviços de saúde pública.
Inovação em Saúde da ULS de Santo António reconhecida internacionalmente
A ULS de Santo António esteve em destaque no 47.º World Hospital Congress, realizado no Brasil, pelo seu ecossistema tecnológico, que conecta pacientes, profissionais, procedimentos e Academia. Concretamente, o hospital que dá o nome à ULS
foi reconhecido como um dos mais inovadores pela Universidade de Stanford, parceira do evento, devido aos seus projetos de inovação e cultura organizacional. O projeto iBird foi premiado com o Golden Award na categoria Mastercard Award for
Hospital Operational Excellence
Este projeto integra robótica com inteligência artificial (IA), realidade virtual (VR) e Internet das Coisas (IoT) para transformar a prestação de serviços de saúde e a formação académica.
Aproxima-se a 9.ª edição do RefreshMed
Agendada para dias 24, 25 e 26 de outubro, a 9.ª edição do RefreshMed realiza-se na Associação Empresarial da Região de Viseu, contando no seu planeamento com o envolvimento de médicos internos de 11 diferentes unidades. Uma ampla participação a que não será alheia a criação da Associação RefreshMed em 2017, que ajudou a impulsionar o evento e a torná-lo numa referência na região... e não só.
Marta Martins, coordenadora-geral do RefreshMed - Jornadas Médicas Dão Lafões, salienta: “Temos tido o hábito de trazer à discussão problemas relevantes. Por exemplo, em 2023, o
programa incluiu uma mesa-redonda sobre violência doméstica, com participantes médicos e não médicos”.
“O programa deste ano encontra-se pautado por uma diversidade de temas. Não definimos um tópico central, procurando, sim, uma variedade equilibrada de temas úteis à MGF, desde as áreas cardiovascular e respiratória até às áreas da saúde da mulher e da endocrinologia, entre outras”, esclarece Marta Martins. De referir que a Associação RefreshMed promove ainda outras ações ao longo do ano. É o caso do Curso (Re)Fresh em MGF, “que se iniciou, em formato virtual, no dia 28 de setembro, prosseguindo a 12 e 19 de outubro.
Já na segunda metade do século XX, a Direção-Geral da Saúde, ganhando outro estatuto e dimensão, passa a gozar de maior reconhecimento, concentrando em si um papel de orientador, fiscalizador e disciplinador em matéria de saúde e higiene social.
Em 1971, com a marcante reforma dos Serviços de Saúde vertida no Decreto-Lei n.º 413, de 27 de setembro, nasce uma nova etapa na história da Saúde em Portugal. Elegem-se como prioridades a promoção da saúde e a prevenção da doença. Nesta reforma, distinguem-se Francisco Gonçalves e Arnaldo Sampaio.
No quadro da Constituição da República, surge, em 1976, o Serviço Nacional de Saúde (SNS), um serviço universal, geral e gratuito. António Arnault destaca-se como impulsionador da Lei que criou o SNS.
A 4 de outubro de 2024, a DGS assinala os seus 125 anos com o evento “Uma história, um presente, um futuro ao serviço da Saúde em Portugal”. São abordados dois temas principais: “Proteção da saúde” e “Programas de saúde no ciclo de vida e ambientes saudáveis”.
Marta Martins
O
A Saúde necessita de organizações de aprendizagem na construção das políticas, na gestão
André Biscaia Médico de família. Presidente da Associação Nacional das Unidades de Saúde Familiar (USF-AN)
“Uma pessoa aprende enquanto vive, uma organização vive enquanto aprende.”
As implicações desta frase ouvida já há uns 20 anos num workshop sobre aprendizagem organizacional do médico brasileiro Humberto Mariotti e inscrita na parede da sala de formação de uma USF deveriam estar sempre presentes quando se pensam as organizações da Saúde. A Saúde necessita que a aprendizagem seja central na dinâmica das suas organizações, do centro à periferia, do topo à base.
Na fundamentação para a constituição das Unidades de Saúde Familiar (USF), há 19 anos, estava bem alicerçada esta visão. Considerou-se essencial a criação formal de estruturas técnicas nas USF – Conselhos Técnicos (com elementos dos três grupos profissionais) -- eleitas entre os pares, com a finalidade e tempo protegido para poderem assegurar uma cultura organizacional de aprendizagem e uma governação clínica que assegurasse a qualidade dos cuidados prestados.
Atividades como a avaliação da satisfação de utentes e profissionais, manter um manual de boas práticas ou organizar as atividades de formação contínua e de investigação fizeram a diferença e foram importantes para elevar os resultados das USF para níveis de desempenho que se notam nos resultados em Saúde de Portugal. De facto, áreas como a esperança de vida, a mortalidade evitável e tratável ou os internamentos evitáveis estão, em Portugal, acima daquilo que seria esperado pelas condições económico-sociais e de investimento e gastos na Saúde do país. São valores acima da média europeia e da OCDE e melhores do que em países como a Alemanha, que gastam muito mais do que Portugal em Saúde.
As estruturas e os processos que estão em campo funcionam muito bem para Portugal
e na prestação de cuidados
de quotas para a passagem de USF A para B (a verdadeira causa para os 1,7 milhões de portugueses sem equipas de saúde familiar). Ou na continuação dessa asfixia, quando finalmente se revogaram estas quotas em 2023, agora através da imposição de novas regras para a parte variável do vencimento dos profissionais das USF B. O desvio de financiamento do setor público para o setor social e privado orientado para o lucro tem também a sua quota-parte neste estado de coisas. O valor que se está a pagar às farmácias comunitárias pela vacinação sazonal da gripe e COVID-19, cada vez mais uma despesa fixa, poderia ter servido para contratar os enfermeiros em falta nos cuidados de saúde primários, ou melhorar os seus vencimentos, ou adquirir os frigoríficos em falta para armazenamento das vacinas nas unidades.
são as falhas de investimento e asfixias várias que se devem alterar e não o sistema de cuidados de saúde.
Não há evidência que suporte o desvio da vacinação da gripe ou da COVID-19 dos centros de saúde para as farmácias comunitárias.
Não há evidência para a generalização das ULS, que não tem servido, como se tem propagandeado, para facilitar a integração de cuidados, objetivo com o qual todos concordamos, mas para limitar a autonomia dos cuidados de saúde primários e facilitar, como previsto no relatório de 2023 da Direção Executiva do SNS, a implementação de parcerias público-privadas.
Não há evidência que aconselhe “soluções” como os Centros de Atendimento Clínico, tentadas no passado e postas de lado por não resolverem o problema.
Não há evidência para mais parcerias público-privadas (PPP) com o argumento de estas serem superiores à gestão pública. No relatório do Tribunal de Contas de 2021 sobre estas PPP, apesar da avaliação positiva genérica, não se diz que é esse o caminho, mas antes que a fundamentação para a “escolha entre a contratação pública tradicional e as PPP” deve ser baseada “em análises custo-benefício”.
cia de atender à globalidade na constituição e atividade das USF, a criação da Carreira de Secretariado Clínico, as mudanças que podem melhorar as ULS, ou a necessidade de lideranças reconhecidas interpares e externamente, bem como a criação de redes colaborativas sustentadas, para que se consiga um modelo de governação centrado nas pessoas.
A organização dos cuidados para responder aos desafios atuais da Saúde vai estar também presente nas sessões sobre o processo assistencial integrado da doença renal crónica, sobre vacinas ou diabetes. Não vai faltar a análise do estudo Momento Atual da Reforma dos CSP (com uma taxa de resposta de 75% dos coordenadores das USF), humor com a USF Arco da Velha e convívio. Muito!
só ouvindo, discutindo, aprendendo se vai conseguir encontrar as verdadeiras soluções para a otimização da saúde em portugal. A saúde necessita que a aprendizagem seja central na dinâmica das suas organizações, do centro à periferia, do topo à base.
Partindo da análise e reflexão sobre a prática e o seu contexto, com conhecimento do passado e do presente, do nacional e do internacional, tudo deve estar preparado para se aprender e criar rotinas de aprendizagem. Estas rotinas devem tornar as organizações exigentes e críticas para dentro e para fora e incentivá-las a abrir a discussão e a trabalhar em equipa, criando as condições para que se aperfeiçoem, melhor antecipem cenários, inovem e criem o seu próprio futuro.
Há ainda muito por onde melhorar, mas estes dados garantem, de um modo indesmentível, que o sistema consegue um bom desempenho e em indicadores que são resultados finais, como a mortalidade. Estes dados dizem-nos que as estruturas e os processos que estão em campo funcionam muito bem para Portugal. É evidência! Não eram necessárias mudanças de paradigma como a generalização das Unidades Locais de Saúde (ULS) ou as USF C para o setor privado. Não se pode confundir o modelo de organização dos cuidados com o efeito de faltas de investimento pontuais ou mais prolongadas. Este desinvestimento é notório nas alterações dos processos de recrutamento de profissionais, como vimos neste ano de 2024, na não nomeação da Equipa Nacional de Apoio ao Desenvolvimento das USF, no decréscimo de quase 25% do poder de compra dos profissionais de saúde desde 2007, ou nas asfixias legislativas, como a imposição, nos tempos da Troika,
Os valores que se pagam às empresas privadas de trabalho temporário para as urgências ou os Centros de Atendimento Clínico (CAC) em Lisboa e, de um modo mais gritante, no Porto (que tem uma cobertura quase total da população por equipas de saúde familiar) poderiam servir para remunerar melhor as equipas de saúde familiar das USF e melhorar as suas condições de trabalho.
São estas falhas de investimento e asfixias várias que se devem alterar e não o sistema de cuidados de saúde. Têm-se justificado propostas de alteração do paradigma com o quebrar de preconceitos ideológicos, mas quando se diz isto quer-se essencialmente trocar um preconceito por outros e não seguir a evidência.
Onde está a pegada do processo decisional?
Onde está a pegada do processo decisional para o que foi implementado nos últimos anos ou está atualmente a ser proposto?
E diz-se, também, que, nessas PPP, “a produção anualmente contratada pelo Estado a cada um dos parceiros privados ficou, por vezes, aquém da produção realizada” (com desvios que chegavam aos 18%), não sendo esta remunerada ou remunerada a preços inferiores, levando a pensar como seriam as contas se esses custos fossem contabilizados.
Ainda, a Entidade Reguladora da Saúde, num relatório de 2014, afirma que, ”de forma global”, não existem “diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos que permitissem concluir pela maior ou menor valia relativa dos hospitais PPP em relação aos hospitais não PPP”.
Marcamos Encontro no CNEMA, em Santarém, nos dias 18 e 19 de outubro
Estes são temas que vão estar em discussão no 15.º Encontro Nacional das USF, que vai contar com a presença da Ministra da Saúde e do Diretor-Executivo do SNS e para o qual foram convidados os Conselhos de Administração de todas as ULS.
Vão-se discutir a contratualização das USF, o apoio à constituição de novas USF e o suporte ao desempenho das que já existem, a importân-
Em cima da mesa, em todo o Encontro, vão estar propostas para garantir a autonomia das USF e dos CSP, a melhoria das condições de trabalho e a flexibilização de horários para aumentar a capacidade de atração e retenção de profissionais no SNS, novos modos de abordar os cuidados de saúde tirando o melhor proveito de cada profissão, a implementação do perfil de competências e funções dos secretários clínicos, para que possam assumir um papel ainda mais relevante, a atribuição do título de especialista em Enfermagem de Saúde Familiar a todos os enfermeiros nas USF, a melhoria de todos os concursos para enfermeiros, secretários clínicos e médicos.
Só ouvindo, discutindo, aprendendo se vai conseguir encontrar as verdadeiras soluções para a otimização da Saúde em Portugal. Marcamos Encontro no CNEMA, em Santarém, nos dias 18 e 19 de outubro.
DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Pôr as mãos no fogo
Pedro Melo
Doutor em Enfermagem. Professor adjunto na Escola Superior de Enfermagem do Porto
Todos os anos os incêndios florestais são um problema que atormenta Portugal, nomeadamente na altura do verão. A tendência para a diminuição da humidade e o aumento das temperaturas, e, consequentemente, os fenómenos de seca, aumentam o risco de incêndios, para além das épocas tendencialmente habituais.
É um problema antigo, mas com pouca inovação na abordagem dos seus processos. Por isso, o tema do “Diagnóstico de Enfermagem” deste mês é precisamente a necessidade de “pôr as mãos no fogo”, pensando em soluções para este flagelo, que este ano destruiu floresta, património e fez vítimas mortais como já não acontecia de forma tão grave há vários anos.
Uma das principais causas dos incêndios é de origem criminosa, havendo uma grande ausência de recursos para a vigilância das florestas.
Outra causa é a negligência, quer da limpeza dos terrenos privados, quer dos terrenos baldios que compromete, grande parte das vezes, a segurança, principalmente das aldeias que ficam isoladas de acesso de meios de socorro quando incêndios de várias frentes fazem obstrução de estradas que já por si são de acesso difícil no dia-a-dia.
O meu desafio na reflexão de hoje é tratar a questão dos incêndios como um problema de Saúde Pública e Comunitária e deixar sugestões para uma abordagem de proximidade para o controlo do problema dos incêndios. Ao nível da Enfermagem,
existe um diagnóstico que pode ser desenvolvido por enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública, nomeadamente nas Unidades de Cuidados na Comunidade (UCC) e nas Unidades de Saúde Pública (USP): o processo ambiental comprometido.
Este diagnóstico, no que respeita aos incêndios, pode perfeitamente ter como critérios de diagnóstico a identificação de terrenos com ausência de limpeza e segurança, em articulação multidisciplinar com as autarquias e os técnicos de saúde ambiental. A este critério associa-se a localização geográfica (por exemplo, uma aldeia com pouca acessibilidade) e a escassez local de recursos, quer de limpeza dos terrenos, quer de socorro (nomeadamente bombeiros).
Além disso, aqui realço o papel das UCC que se encontram numa área de abrangência de risco maior de incêndios para o desenvolvimento de projetos locais de promoção da saúde ambiental e prevenção dos incêndios, através do empoderamento comunitário local.
Paralelamente ao diagnóstico no processo ambiental, pode ser feito o diagnóstico no processo comunitário, e aqui sugiro a utilização do referencial teórico MAIEC (Modelo de Avaliação, Intervenção e Empoderamento Comunitário) cujo laboratório sedeado no CINTESIS@RISE e Escola Superior de Enfermagem do Porto tem centenas de investigadores que podem
realço o papel das uCC que se encontram numa área de abrangência de risco maior de incêndios para o desenvolvimento de projetos locais de promoção da saúde ambiental e prevenção dos incêndios, através do empoderamento comunitário local.
acolher outros para potenciar o diagnóstico e intervenções na liderança comunitária (diagnosticando e intervindo nos conhecimentos, crenças, aprendizagem de capacidades para a limpeza dos terrenos e prevenção dos fogos e comportamentos de adesão dos membros das comunidades, em proximidade), da participação comunitária (diagnosticando e intervindo em áreas como as parcerias comunitárias para a ação na prevenção dos fogos, na efetividade da comunicação e recursos para abordar esta problemática e na existência de estruturas organizativas locais que envolvam cidadãos, autarcas, profissionais de saúde, bombeiros, proteção civil, entre outros membros e líderes focados na solução para este flagelo) e ainda o coping comunitário (potenciando as forças e experiências locais para fortalecer a comunidade para prevenir e intervir nos incêndios florestais).
O investimento do Estado nas UCC (por exemplo, potenciando o desenvolvimento da sua regulação legal com um decreto-lei que substitua o despacho que ainda regula estas unidades) e nas USP dotando-as de recursos humanos, nomeadamente enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública que possam assegurar a gestão do observatório e gestão de projetos relacionados com os diagnósticos que referi anteriormente, seria fundamental para poupar dinheiro, património ambiental e físico e salvar vidas.
Inovar é o segredo para obter resultados diferentes. Não é preciso inventar nada para assegurar recursos de inovação. As Unidades Locais de Saúde, se souberem aproveitar e dotar de recursos e orientar projetos nas UCC e USP orientados para a gestão dos incêndios florestais, na perspetiva dos diagnósticos de Enfermagem, vão com toda a convicção encontrar resultados diferentes.
Será que os gestores políticos da saúde se atrevem a “pôr as mãos no fogo”? E os enfermeiros especialistas em Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública? Ficam neste “Diagnóstico de Enfermagem” algumas ideias de soluções.
Referência sugerida:
- Melo, P. (2020) Enfermagem de Saúde Comunitária e de Saúde Pública. Lisboa: Lidel.
HGO reduz lista de espera para cirurgia de Senologia
O Hospital Garcia de Orta (ULS Almada-Seixal) anunciou que, “em apenas oito meses”, foram operadas mais de metade das utentes em espera na área da Senologia, “reduzindo ainda, expressivamente, o tempo médio de espera para cirurgia nesta área”. No início deste ano, 153 utentes aguardavam por cirurgia da mama no HGO, com um tempo médio de espera global a atingir os 385 dias. Aquele número de utentes foi reduzido para 49, com um tempo médio de espera global de 43 dias, abrangendo “todos os níveis de prioridade”.
Eventos em destaque MEDICINA GERAL E FAMILIAR
Online 10 e 11 de outubro
Organização: internos de MGF da ULS São José
II Ciclo Conferências da Neve
I Jornadas do Internato de MGF da ULS São José v Jornadas da Foz
Online e Faculdade de Ciências da Saúde da UBI, Covilhã
10 a 11 de outubro
Organização: internos de MGF da ULS Cova da Beira
31.º Encontro do Internato de MGF da Zona Norte
Exponor 16 a 18 de outubro
Organização: internos e especialistas de MGF da Direção do Internato Emílio Peres, ULS São João
Centro de Artes e Espectáculos da Figueira da Foz 17 e 18 de outubro
Organização: internos de MGF da Comunidade de Prática Formativa (CPF) da Figueira da Foz
10.as Jornadas do Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias Iv Hot Topics em Medicina Geral e Familiar
Lisboa
10 e 11 de outubro
Organização: GRESP
Online 21 de outubro
Organização: internos da ULS de Santo António
Daniel Travancinha (coord. da Unid. Funcional de Senologia da ULSAS), Sónia Santos (técnica auxiliar de Saúde), Sílvia Pinto (enf.ª especialista em Reabilitação) e Marco Aurélio vieira (médico)
* Beyfortus® é indicado para a prevenção de doença das vias respiratórias inferiores causada pelo RSV em: i) recém-nascidos e lactentes durante a sua primeira época do RSV; ii) crianças até aos 24 meses de idade que permanecem vulneráveis a doença grave pelo RSV durante a sua segunda época do RSV.1
Beyfortus® deve ser utilizado de acordo com as recomendações oficiais.1
Contraindicações: hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes.1
** Beyfortus® proporciona pelo menos 5 meses de proteção contra a doença do trato respiratório inferior causada pelo RSV, com base em dados clínicos e farmacocinéticos.1
† Para lactentes durante a sua primeira época do RSV, a dose recomendada é uma dose única de 50 mg para lactentes com peso corporal <5 kg e uma dose única de 100 mg para lactentes com peso corporal ≥5 kg, administrada por via intramuscular. Para crianças que permanecem vulneráveis a doença grave pelo RSV durante a sua segunda época do RSV, a dose recomendada é uma dose única de 200 mg administrada sob a forma de duas injeções intramusculares (2 x 100 mg). Para crianças submetidas a cirurgia cardíaca com bypass cardiopulmonar, pode ser administrada uma dose adicional logo que se verifique estabilização da criança após cirurgia, para garantir níveis séricos adequados de nirsevimab.1 Consulte
Informações essenciais compatíveis com o Resumo das Características do Medicamento
Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Isto irá permitir a rápida identificação de nova informação de segurança. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas. Para saber como notificar reações adversas, ver secção “Efeitos Indesejáveis”. Nome do medicamento Beyfortus 50 mg solução injetável em seringa pré-cheia e Beyfortus 100 mg solução injetável em seringa pré-cheia. Composição Qualitativa e Quantitativa Cada seringa pré-cheia contém 50 mg de nirsevimab em 0,5 ml (100 mg/ml) e 100 mg de nirsevimab em 1 ml (100 mg/ml), respetivamente. Nirsevimab é um anticorpo monoclonal humano imunoglobulina G1 kappa (IgG1к) produzido em células de ovário de hamster Chinês (CHO) por tecnologia de ADN recombinante. Lista completa de excipientes, ver secção 6.1 do RCM completo. Forma Farmacêutica: Solução injetável (injetável). Solução transparente a opalescente, incolor a amarela, pH 6,0. Indicações terapêuticas: Beyfortus é indicado para a prevenção de doença das vias respiratórias inferiores causada pelo Vírus Sincicial Respiratório (VSR), em: i. Recém-nascidos e lactentes durante a sua primeira época do VSR; ii. Crianças até aos 24 meses de idade que permanecem vulneráveis a doença grave pelo VSR durante a sua segunda época do VSR (ver secção 5.1 do RCM completo). Beyfortus deve ser utilizado de acordo com as recomendações oficiais. Posologia e modo de administração: Posologia: Lactentes durante a sua primeira época do VSR - A dose recomendada é uma dose única de 50 mg administrados por via intramuscular para lactentes com peso corporal <5 kg e uma dose única de 100 mg administrados por via intramuscular para lactentes com peso corporal ≥5 kg. Beyfortus deve ser administrado desde o nascimento em lactentes nascidos durante a época do VSR. Para outros nascidos fora da época, Beyfortus deve ser administrado idealmente antes da época do VSR. A posologia em lactentes com um peso corporal entre 1,0 kg a <1,6 kg é baseada em extrapolação, não existem dados clínicos disponíveis. Prevê-se que a exposição em lactentes com <1 kg produza exposições mais elevadas do que naqueles que pesam mais. Devem ser considerados cuidadosamente os benefícios
o Resumo das Características do Medicamento para obter informações completas sobre a dosagem nesta circunstância.
‡ Com base nos resultados de dois ensaios multicêntricos aleatorizados, em dupla ocultação e controlados por placebo.3 O endpoint primário foi a incidência de ITRI medicamente assistida (incluindo hospitalização), causada por RSV confirmado por RT-PCR. Eficácia demonstrada até 150 dias após a administração.1–3
– Ensaio de fase 2b: A população do estudo incluiu 1453 crianças grande prematuras e prematuras moderadas (IG ≥ 29 e < 35 semanas) que entravam na sua primeira época de RSV. As criancas receberam uma dose única intramuscular de 50 mg de Beyfortus® (n=969) ou placebo (n=484). Redução do risco relativo (RRR) em ITRI-RSV MA de 70,1% (IC de 95%: 52,3-81,2; p < 0,001). A incidência foi de 2,6% com Beyfortus® versus 9,5% com placebo.1,2 Os tipos e as
e riscos da utilização de nirsevimab em lactentes <1 kg. Os dados disponíveis em lactentes prematuros extremos (Idade Gestacional [IG] <29 semanas) com menos de 8 semanas de idade, são limitados. Não existem dados clínicos disponíveis em lactentes com idade pós-menstrual (idade gestacional ao nascimento mais idade cronológica) com menos de 32 semanas (ver secção 5.1 do RCM completo). Crianças que permanecem vulneráveis a doença grave pelo VSR durante a sua segunda época do VSR - A dose recomendada é uma dose única de 200 mg administrada sob a forma de duas injeções intramusculares (2 x 100 mg). Beyfortus deve ser administrado, idealmente, antes do início da segunda época do VSR. Em índividuos submetidos a cirurgia cardíaca com bypass cardiopulmonar, pode ser administrada uma dose adicional logo que se verifique estabilização do indivíduo após cirurgia, para garantir níveis séricos adequados de nirsevimab. Se estiverem dentro dos 90 dias, após receberem a primeira dose de Beyfortus, a dose adicional durante a primeira época do VSR deve ser de 50 mg ou 100 mg de acordo com o peso corporal, ou de 200 mg durante a segunda época do VSR. Se decorrerem mais de 90 dias desde a primeira dose, a dose adicional pode ser uma dose única de 50 mg independentemente do peso corporal, durante a primeira época do VSR, ou 100 mg durante a segunda época do VSR, para cobrir a época do VSR remanescente. A segurança e eficácia de nirsevimab em crianças com idade compreendida entre os 2 e os 18 anos não foram estabelecidas. Não existem dados disponíveis. Modo de administração: Beyfortus é apenas para injeção intramuscular. É administrado por via intramuscular, preferencialmente na zona anterolateral da coxa. O músculo glúteo não deve ser utilizado por rotina como um local de injeção, devido ao risco de lesão no nervo ciático. Se forem necessárias duas injeções, devem ser utilizados locais de injeção diferentes. Para instruções sobre requisitos especiais de manuseamento (ver secção 6.6. do RCM completo) Contraindicações: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes mencionados na secção 6.1 do RCM completo. Efeitos indesejáveis: Resumo do perfil de segurança A reação adversa mais frequente foi erupção cutânea (0,7%), que ocorreu dentro de 14 dias após a administração. A maioria dos casos foi de intensidade ligeira a moderada. Adicionalmente, pirexia e reações no local da injeção foram notificadas com uma
O poder de reduzir o caos na época do RSV
Beyfortus® é um anticorpo de ação prolongada e direta desenvolvido para proteger todos os recém-nascidos e lactentes*, contra a doença do trato respiratório inferior (DTRI) provocada pelo vírus sincicial respiratório (RSV).**,1
Uma única dose reduziu o risco de infeção do trato respiratório inferior por RSV que requer assistência médica (ITRI-RSV MA) vs. placebo em recém-nascidos e lactentes.†,‡,§,1–3
DISPONÍVEL
NA ÉPOCA 2024/25 PARA AS CRIANÇAS ELEGÍVEIS
frequências dos acontecimentos adversos foram semelhantes nos grupos de Beyfortus® e de placebo.2
– Ensaio MELODY de fase 3: A população do estudo incluiu 3012 crianças de termo e prematuras tardias (IG ≥ 35 semanas) que entravam na sua primeira época de RSV. As criancas receberam uma dose única intramuscular de 50 mg de Beyfortus®, se peso corporal <5 kg ou 100 mg de Beyfortus® se peso corporal ≥5 kg no momento da administração de Beyfortus® (n=2009), ou de placebo (n=1003). RRR em ITRI por RSV medicamente assistida de 76,4% (IC de 95%: 62,3-85,2). A incidência foi de 1,2% com Beyfortus® versus 5,4% com placebo.1,3 Os tipos e as frequências dos acontecimentos adversos foram semelhantes nos bracos de Beyfortus® e placebo.3,4
taxa de 0,5% e 0,3% dentro de 7 dias após a administração, respetivamente. As reações no local da injeção não foram graves. Lista tabelada de reações adversas A tabela 1 apresenta as reações adversas notificadas em 2966 lactentes de termo e pré-termo (IG ≥29 semanas) que receberam nirsevimab em ensaios clínicos. As reações adversas notificadas a partir de ensaios clínicos controlados são classificadas por Classe de Sistema de Órgãos (CSO) MedDRA. Dentro de cada CSO, os termos preferenciais são apresentados por frequência decrescente e em seguida por ordem decrescente de gravidade. As frequências de ocorrência de reações adversas são definidas como: muito frequentes (≥1/10); frequentes (≥1/100 a <1/10); pouco frequentes (≥1/1000 a <1/100); raros (≥1/10 000 a <1/1000); muito raros (<1/10 000) e desconhecido (não pode ser calculado a partir dos dados disponíveis). REAÇÕES ADVERSAS FREQUÊNCIA Afeções dos tecidos cutâneos e subcutâneos Erupção cutâneaa – Pouco frequentes; Perturbações gerais e alterações no local de administração Reação no local de injeçãob, pirexia – Pouco frequentes. aErupção cutânea foi definida pelos seguintes grupos de termos preferenciais: erupção cutânea, erupção maculopapular, erupção macular. bReação no local da injeção foi definida pelos seguintes grupos de termos preferenciais: reação no local da injeção, dor no local da injeção, endurecimento no local da injeção, edema no local da injeção, inchaço no local da injeção. Lactentes com risco mais elevado de doença grave pelo VSR na sua primeira época: A segurança foi avaliada no MEDLEY em 918 lactentes com risco mais elevado de doença grave por VSR, incluindo 196 lactentes extremamente prematuros (IG <29 semanas) e 306 lactentes com doença pulmonar crónica por prematuridade, ou doença cardíaca congénita hemodinamicamente significativa a entrar na sua primeira época do VSR, que receberam nirsevimab (n=614) ou palivizumab (n=304). O perfil de segurança de nirsevimab em lactentes que receberam nirsevimab na sua primeira época do VSR foi comparável ao comparador palivizumab e consistente com o perfil de segurança de nirsevimab em lactentes de termo e pré-termo com IG ≥29 semanas (D5290C00003 e MELODY). Lactentes que permanecem vulneráveis a doença grave pelo VSR na sua segunda época: A segurança foi avaliada no MEDLEY em 220 crianças com doença pulmonar crónica da prematuridade ou com doença cardíaca congénita
§ As reações adversas notificadas em crianças que receberam Beyfortus® em ensaios clinicos, foram erupção cutânea, reação no local da injeção e pirexia. A ocorrência foi pouco frequente (≥ 1/1.000 a < 1/100).1
IC, intervalo de confiança; IG, idade gestacional; DTRI, doença do trato respiratório inferior; ITRI, infeção do trato respiratório inferior; MA, medicamente assistida; RRR, redução do risco relativo; RSV, vírus sincicial respiratório; RT-PCR, reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa.
1. Beyfortus®. Resumo das Caracteristicas do Medicamento (RCM) de Beyfortus. Agosto 2024. 2. Griffin MP et al. N Engl J Med 2020; 383(5): 415–425. 3. Muller WJ et al. N Engl J Med 2023; 388(16): 1533–1534. 4. Hammitt LL et al. N Engl J Med 2022; 386(9): 837–846.
hemodinamicamente significativa que receberam nirsevimab ou palivizumab na primeira época do VSR e que continuaram a receber nirsevimab na sua segunda época do VSR (180 participantes receberam nirsevimab nas épocas 1 e 2; 40 receberam palivizumab na época 1 e nirsevimab na época 2). O perfil de segurança de nirsevimab em crianças que receberam nirsevimab na sua segunda época do VSR foi consistente com o perfil de segurança de nirsevimab em lactentes de termo e pré-termo com IG ≥29 semanas (D5290C00003 e MELODY). A segurança foi também avaliada no MUSIC, um ensaio em regime aberto, não controlado, de dose única em 100 lactentes e crianças imunocomprometidos com ≤24 meses, que receberam nirsevimab na sua primeira ou segunda época do RSV. Isto incluiu participantes com pelo menos uma das seguintes condições: imunodeficiência (combinada, anticorpos ou outra etiologia) (n=33); corticoterapia sistémica de dose elevada (n=29); transplante de órgão ou de medula óssea (n=16); a receber quimioterapia imunossupressora (n=20); outra terapia imunossupressora (n=15) e infeção por VIH (n=8). O perfil de segurança de nirsevimab foi consistente com o esperado para uma população de crianças imunocomprometidas e com o perfil de segurança de nirsevimab em lactentes de termo e pré-termo com IG ≥29 semanas (D5290C00003 e MELODY). O perfil de segurança de nirsevimab em crianças durante a sua segunda época do VSR foi consistente com o perfil de segurança de nirsevimab observado durante a sua primeira época do VSR. Notificação de suspeitas de reações adversas A notificação de suspeitas de reações adversas após a autorização do medicamento é importante, uma vez que permite uma monitorização contínua da relação benefício-risco do medicamento. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas diretamente ao INFARMED, I.P.: Sítio da internet: http://www.infarmed.pt/web/infarmed/submissaoram (preferencialmente) ou através dos seguintes contactos: Direção de Gestão do Risco de Medi-camentos, Parque da Saúde de Lisboa, Av. Brasil 53, 1749-004 Lisboa, Tel: +351 21 798 73 73. Linha do Medicamento: 800222444 (gratuita) E-mail: farmacovigilancia@infarmed.pt Data de revisão do texto: agosto 2024. Medicamento sujeito a receita médica. Para mais informações, contactar o Representante Local do Titular da Autorização de Introdução no Mercado.
ALExANDRE LOURENçO,
PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAçãO DA ULS DE COIMBRA:
temos um Sistema de Saúde muito e incapaz de se adaptar às necessidades
À F r EN t E DA ul S qu E r ECE b E u m AI or FINANCIA m EN to E m
to D o o PA í S , C o NS t I tuí DA P or o I to u NIDADES ho SPI tA l A r ES , quASE um A CEN t ENA DE u NIDADES F u NCI o NAIS E SE r VI ço S D o S CSP E m AIS DE 10 m I l P ro FISSI o NAIS , AlE xAND r E lour EN ço r EC o N h ECE o PAPE l DE l IDE r AN ç A qu E ES tA org ANI z Ação t E m NA r E g I ão C EN tro. D EFENS or DE mo DE lo S DESCEN tr A l I z AD o S DE gES tão E m P rox I m IDADE , ASSEN t ES N um A A bor DAgE m DE b ASE P o P ul ACI o NA l, DECIDI u C r IA r C omu NIDADES DE SAú DE , ENVolVEND o AutA rqu IAS E outr AS ES trutur AS , PA r A o FE r ECE r r ESP o S tAS A ju S tADAS A CADA r EA l IDADE
Just News (JN) – Constituída por oito unidades hospitalares e 26 centros de saúde, a ULS de Coimbra é ou não uma estrutura governável?
Alexandre Lourenço (AL) – É, sim! Creio que tudo depende da gestão e do modelo de governação implementado. Se nos compararmos com outros hospitais universitários europeus, como o Hospital Karolinska, que tem 16 mil funcionários, ou o Charitée, que reúne mais de 20 mil, percebemos que tudo se resume ao modelo de gestão.
As organizações não são demasiado grandes; podem é existir modelos de gestão desajustados para cada organização. Atualmente, estamos a discutir o Regulamento Interno e o Plano Estratégico 2030 com os profissionais, utentes e parceiros. Propomos um rumo onde o modelo organizacional é instrumental para cumprirmos a nossa missão e visão.
Em termos de estrutura, propomos uma organização em três níveis, nos quais a descentralização é acompanhada de instrumentos de alinhamento estratégico e operacional. Um modelo em cascata, conseguido mediante contratualização de objetivos, da administração aos profissionais. No final do dia, importa assegurar que cada trabalhador compreenda o seu propósito e contributo para a organização.
Estamos a desenvolver um trabalho muito exaustivo no contexto dos cuidados de saúde em proximidade, com as autarquias, por exemplo, ao acordar a existência de Comunidades de Saúde. Trata-se de uma organização territorial para ter um modelo descentralizado de gestão e governação clínica e de saúde, com latitude de decisão.
Outro exemplo é a criação de um órgão consultivo como o Conselho Intermunicipal de Saúde, essencial para assegurar um trabalho em parceria, que engloba autarcas e representantes do setor social e dos doentes.
Mesmo no contexto de uma ULS com cariz universitário, estamos a desenvolver com a Universidade de Coimbra, no contexto do Centro Académico e Clínico de Coimbra, um modelo que nos permita melhorar as sinergias para obter melhores resultados em termos de investigação, ensino e prestação de cuidados. Ouço as dúvidas existentes sobre a dimensão desta ULS, mas esque-
cem-se de que a ARS Centro abrangia 2 milhões de habitantes, gerindo as unidades de Tabuaço a Alcobaça – do Atlântico a Espanha. Por outro lado, a nível europeu, há estruturas hospitalares (outras de cuidados integrados) com 3, 4 ou 10 vezes mais orçamento do que a ULS de Coimbra. Ou seja, não é uma questão de tamanho. Muitas estruturas bem mais pequenas podem ser ingovernáveis! Em Coimbra, enquanto os instrumentos e mecanismos de alinhamento forem funcionais, a estrutura é perfeitamente governável!
JN – Esse foi o modelo que desenhou para a ULS de Coimbra?
AL – É o modelo da ULS de Coimbra! Adequa-se, do ponto de vista técnico, às nossas características e à nossa missão.
Pegando no exemplo das Comunidades de Saúde, pretendemos melhorar a saúde e bem-estar da nossa população. O Departamento de Saúde Pública elaborou o nosso perfil de saúde, dando nota da existência de uma elevada heterogeneidade no território, que exige respostas de saúde distintas em função das características da população. Por outro lado, acreditamos na autonomia dos Cuidados de Saúde Primários em termos de governação clínica, e com a necessidade de assegurar uma gestão ágil em proximidade. Abraçando estes dois pressupostos, propusemos às autarquias a criação de Comunidades de Saúde geridas por um Conselho Clínico e de Saúde. Cada comunidade deverá desenvolver o seu plano de saúde, no qual as câmaras municipais são um parceiro essencial. Em termos práticos, a população de Coimbra é diferente da de Pampilhosa da Serra, pelo que o modelo de gestão deve permitir plasticidade nas respostas.
JN – Essa perspetiva tem sido explanada aos profissionais da ULS de Coimbra?
AL – A mudança organizacional proposta pelo modelo ULS é bastante profunda. Durante anos pedimos aos hospitais atividade ou produção. Com o modelo ULS iniciamos uma transformação para os resultados em saúde relevantes para a comunidade. Esta mudança
exige um trabalho contínuo e persistente ao longo de anos.
Para esta mudança ser alicerçada, não basta mudar indicadores e fazer tábua rasa do existente. É necessário transformar o modelo organizacional – regressamos à organização [sorrisos]. Apenas conseguimos resultados diferentes com novas configurações de modelos de cuidados. Ao mesmo tempo, devemos assegurar o existente.
Um dos aspetos que estamos a introduzir é um modelo matricial da componente hospitalar baseado em serviços por especialidade (vertical) e por condição clínica (horizontal). Todo este processo exige um diálogo permanente e honesto com os profissionais de saúde. É complexo e trata-se de uma mudança que não é alcançada de um dia para o outro.
Com a preocupação em envolver os profissionais, os valores da instituição foram colocados à votação dos profissionais. Todo o processo de planeamento estratégico tem contado com momentos de participação. Neste momento, o Plano Estratégico e o Regulamento Interno estão em discussão pública. Verifico, com muito agrado, que vários profissionais se organizam para discutir e apresentar propostas a estes documentos chave para a organização.
A Administração tem uma visão, mas, evidentemente, esta tem de ser sempre ajustada à vontade e ao comprometimento dos profissionais.
“A Administração tem uma visão, mas esta tem de ser sempre ajustada à vontade e ao engajamento dos profissionais.”
JN – Está a aplicar conceitos que já defendia há algum tempo...
AL – Defendo tecnicamente modelos assentes numa abordagem de base populacional, onde os sistemas de saúde e os prestadores de cuidados devem
organizar-se em função das necessidades das pessoas. Um dos ensaios que elaborei na minha tese de doutoramento está relacionado com a nossa incapacidade para prestar cuidados de saúde centrados nas pessoas, quando falamos desse tema há mais de 20 anos.
Atualmente, há uma panóplia de conhecimento (inter)nacional que nos leva a ter uma visão quanto à forma como a organização deve ser desenhada para desenvolver cuidados centrados nas pessoas, numa lógica de melhoria da saúde da comunidade.
Além de termos uma área de influência de cerca de 350 mil habitantes, a componente hospitalar responde a mais de 2 milhões de habitantes.
Em muitos serviços somos únicos a nível nacional, o que motiva a vinda de doentes de todo o país, mesmo em contexto de urgência.
JN – Apesar de haver um modelo ULS, cada ULS pode ser diferente?
AL – Não tenho dúvidas! Acho que o maior erro que o SNS pode cometer é implementar um modelo único, ou seja, ser o modelo SNS, que requer que tudo seja seguido a régua e esquadro em toda a parte. A adaptação às necessidades de cada população é essencial.
A ULS de Coimbra é, porventura, o maior prestador de cuidados de saúde hospitalares do país, em termos de volume e de abrangência de cuidados, o que a coloca numa situação distinta de uma ULS que não tenha uma responsabilidade hospitalar tão marcada. Mesmo do ponto de vista geográfico, trabalhamos desde Mira até à Pampilhosa, lugares onde os contextos são diferentes e requerem abordagens distintas das realizadas pela ULS de Santa Maria, por exemplo.
JN – Quais são as maiores dificuldades com que se tem confrontado decorrentes deste processo de criação da ULS de Coimbra?
AL – Genericamente, a componente CHUC tinha muitas deficiências em termos de serviços de suporte. Essencialmente, por falta de investimento em recursos humanos e incapacidade para implementar novas metodologias gestionárias. Em janeiro, ao assumirmos as obrigações de suporte de dois ACES da ARS Centro, exigimos mais a uma estrutura que não foi reforçada. Neste contexto, protocolámos algumas atividades com a ARS Centro.
Ao mesmo tempo que era constituída a ULS, também ocorreu a transfe-
“O maior erro que o SNS pode cometer é ter um modelo único, que requer que tudo seja igual população é essencial”, frisa Alexandre Lourenço
cristalizado no que existiu necessidades das pessoas”
rência de competências para a maioria dos nossos municípios, no que respeita à gestão dos edifícios, dos transportes e dos assistentes operacionais. Algo que veio acrescentar complexidade à nova estrutura. Há sempre pequenas dores de crescimento, que devem ser encaradas com naturalidade.
“A INTEGRAÇÃO É UM INSTRUMENTO PARA ADAPTARMOS O SISTEMA DE SAÚDE E PRESTARMOS CUIDADOS CENTRADOS NO CIDADÃO”
JN – O que mais o surpreendeu quando assumiu a presidência do Conselho de Administração do então CHUC, em novembro de 2023?
AL – Creio que ainda hoje e até ao último dia que passar aqui, vou ser sempre surpreendido por coisas novas! Em novembro de 2023, confrontei-me logo com repercussões da “greve das 150 horas”. Muitos serviços de urgência de hospitais da região não tiveram capacidade para se manter em funcionamento. Graças à dedicação e ao compromisso dos profissionais, foi possível assegurar as escalas e dar resposta ao encerramento dos serviços de urgência dos hospitais da região. Devo dar nota
da colaboração dos meus colegas destes hospitais para coordenar a resposta, por exemplo, em termos de retorno de doentes. Em conjunto, foi possível enfrentar uma situação tão complexa. Foi muito gratificante perceber a dedicação e o compromisso que os nossos profissionais têm para com o serviço pú-
blico de Saúde. Ao mesmo tempo, todos compreendemos o papel-chave desta organização no contexto da região e do País. O Serviço de Urgência de Coimbra foi o reduto da resposta do SNS.
Em conjunto, conseguimos manter a resposta à população. Acabado de assumir funções, foi muito motivador para mim e para toda a equipa.
“um bom gestor adapta o seu estilo de liderança à necessidade da organização.”
JN – Havendo quase quatro dezenas de ULS, temos um número suficiente de profissionais capazes de assumir a responsabilidade de presidir aos respetivos conselhos de administração?
AL – Acho que as maiores qualidades de um gestor passam pelo autoconhecimento sobre as suas capacidades e comportamento e ter a humildade de procurar aprender com as pessoas que trabalham consigo. Os gestores fazem um percurso. Não existe um dia em que eu não esteja a estudar e a aprender. Aprendo com as 10 mil pessoas que trabalham na ULS de Coimbra, sempre que contacto com elas, e também a estudar, do ponto de vista técnico, as melhores soluções.
Acredito que um bom gestor adapta o seu estilo de liderança à necessidade da organização. É preciso saber objetivamente qual é o modelo que devemos imprimir à organização, consoante o contexto. Se um gestor for inflexível no estilo de liderança, terá dificuldades em adaptar-se às necessidades e momento da organização.
JN – Como vê o receio dos profissionais dos CSP face à possível perda de autonomia, com a gestão centralizada da ULS?
AL – É algo sobre o qual me debruço. O Sistema de Saúde é, ainda hoje, muito baseado na componente curativa e grande parte dos meios estão na componente hospitalar. Os profissionais dos CSP têm a legitimidade de se sentirem ameaçados. A minha obrigação, enquanto presidente deste CA é, de uma forma transparente, mostrar-lhes que não é o caso. Todo o trabalho que fazemos na componente estratégica vai no sentido de criar um sistema centrado nas pessoas, que se baseia na alocação de meios onde eles são precisos.
É essencial que os CSP tenham uma governação clínica e uma gestão autónoma. Na ULS de Coimbra daremos bem mais autonomia às Comunidades de Saúde do que aquela que os ACES tinham. É preciso qualificar os CSP e trabalhar a rede e a integração. De qualquer forma, a complexidade hospitalar difere da complexidade dos CSP e essa diferença tem de ser compreendida. O modelo de governação tem de acautelar as especificidades de cada uma das componentes, sabendo que o objetivo é garantir uma melhor experiência de cuidados ao utente.
A necessidade de autonomia e de identidade própria dos CSP não pode ser confundida com uma balcanização do sistema de saúde. Os colegas dos CSP não devem autolimitar-se e autoexcluir-se do Sistema de Saúde. Os CSP integram um Sistema de Saúde. Os doentes precisam dos CSP tal como necessitam das outras componentes ao longo do seu ciclo de vida. O nosso dever é trabalhar para pro-
“A necessidade de autonomia e de identidade própria dos Csp não pode ser confundida com uma balcanização do sistema de saúde.”
“A minha vida engloba uma grande componente de sacerdócio a esta ‘casa’”
Doutorado em Gestão pela NOVA SBE, Alexandre Lourenço foi construindo um percurso profissional forte. Licenciou-se em Biologia pela FCTUC, em 2001, e rapidamente integrou a Comissão Nacional de Luta Contra a SIDA e o Alto Comissariado da Saúde, onde começou a orientar o seu percurso para a administração hospitalar.
Começou por completar o Curso de Especialização em Administração Hospitalar pela ENSP-UNL, seguido por uma pós-graduação em Gestão de CSP e, mais tarde, o
mestrado em Gestão da Saúde. Frequentou ainda formações internacionais de entidades como a Organização Internacional do Trabalho e a OMS. Passou pelo CHVNG/E como administrador hospitalar. Quando iniciou funções como diretor-coordenador de Contratualização e Financiamento na ACSS, em 2008, assumiu a coordenação do grupo de trabalho para o desenvolvimento da contratualização dos CSP, o que o leva a “conhecer bem a realidade das USF”. Nesta altura, é responsável técnico pela
introdução dos novos modelos de financiamento das ULS: capitação ajustada pelo risco e fluxos de doentes. Entre 2011 e 2014, durante a Troika, foi membro do Conselho Diretivo da ACSS. Entre outras relevantes iniciativas, desenvolveu o programa de benchmarking dos hospitais e ULS. Em 2014, tornou-se consultor da OMS e iniciou funções como administrador hospitalar do CHUC, ascendendo a presidente em novembro de 2023. Entre 2016 e 2022, foi eleito por dois mandatos presidente da Associação
mover os melhores cuidados e experiência conforme as necessidades da comunidade.
JN – Para si, a necessidade de promover a integração de cuidados é indiscutível?
AL – No primeiro mês da ULS de Coimbra, lançámos o programa Integrar+, em que pedíamos aos profissionais para apresentarem projetos de integração de cuidados, sendo o único requisito envolver elementos dos Cuidados de Saúde Primários e Hospitalares. Foram apresentados 55 projetos, sendo que, neste momento, estamos já a implementar três.
(Continua
uls de Coimbra
ComuNIDADES DE SAúDE
1. Coimbra
2. Cantanhede, mira e mealhada, mortágua e Penacova
3. Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão grande
4. Arganil, góis, oliveira do hospital e tábua
5. Condeixa-a-Nova, lousã, miranda do Corvo, Penela, Vila Nova de Poiares
6. Pampilhosa da Serra
uNIDADES hoSPItAlArES
• Hospitais da Universidade de Coimbra
• Hospital Pediátrico de Coimbra
• Hospital Geral
• Hospital Sobral Cid
• Centro de Medicina de reabilitação da região Centro – rovisco Pais
• Maternidade Bissaya Barreto
• Maternidade Daniel de Matos
• Hospital Arcebispo João Crisóstomo
Portuguesa de Administradores Hospitalares. Desempenha ainda atividade docente, lecionando as disciplinas de “Liderança em organizações de saúde”, “Casos Práticos de Administração Hospitalar” e “Estratégia e Marketing”, na ENSP-UNL. Foi recentemente indicado para coordenador do único Centro Colaborativo da OMS para a Gestão da Saúde. “A minha vida engloba uma grande componente de sacerdócio a esta ‘casa’, que exige muito de um gestor”, comenta, referindo-se à ULS de Coimbra.
na pág. 12)
(Continuação da pág. 11)
Mais do que ninguém, os profissionais sabem bem quais são as lacunas e deficiências do Sistema de Saúde. Quando o médico de família referencia um doente para uma consulta hospitalar que ocorrerá daí a seis meses percebe que o modelo não funciona.
Todos concordamos que este modelo é insuficiente e não consegue assegurar os melhores cuidados, pelo que tem de ser alterado. Temos um Sistema de Saúde muito cristalizado no que existe e com uma incapacidade de se adaptar às necessidades das pessoas. Todos os setores de atividades, do bancário ao retalho, nos últimos 20 anos, se adaptaram às necessidades das pessoas, baseando-se numa maior conveniência e redução do atrito na utilização.
Hoje, em qualquer lugar, usamos o telemóvel para fazer compras online e já lá vai o tempo em quer íamos ao banco depositar um cheque. No setor da Saúde ainda estamos a dar os primeiros passos. Continua organizado como há 40 ou 50 anos e há necessidade de transformá-lo. A integração e a partilha de informação é um instrumento para adaptarmos o Sistema de Saúde em função das necessidades das pessoas e prestarmos cuidados centrados no cidadão.
Na ULS de Coimbra, dezenas de profissionais aplicam estes conceitos num conjunto de áreas que definimos como prioritárias, como a diabetes, a insuficiência cardíaca, as doenças crónicas respiratórias, a depressão e o acompanhamento da grávida, acreditando que conseguiremos ter melhores resultados em saúde.
JN — Tem encontrado profissionais interessados em trabalhar dessa forma?
AL — Hoje, temos mais de 200 profissionais envolvidos na criação de percursos clínicos integrados. Uma das vantagens de fazer parte de uma organização com esta dimensão e com cariz universitário é que não falta gente com inteligência, dedicação e vontade de transformar. Claro que não é fácil quando os profissionais já trabalham 40 a 60 horas por semana, mas a sua abertura tem sido excecional. Também exigem muito do CA. Gostamos dessa exigência de baixo para cima. Promove a transformação que ambicionamos.
“ESTAMOS A INvESTIR NUM PROGRANA DE SAÚDE E bEM-ESTAR TRANSvERSAL à ORGANIzAÇÃO”
JN – Deve ser das pessoas que melhor conhecem os hospitais públicos, até porque se empenhou na iniciativa “Caminho dos Hospitais”, enquanto presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), que previa reuniões mensais descentralizadas nos hospitais do SNS, para conhecer a realidade e os desafios de cada um. O que retirou dessa experiência? AL – De facto, penso não haver um hospital em Portugal que não tenha visitado! [risos] Cada instituição é diferente e as respostas que estamos a desenvolver não são replicáveis em todos os contextos. Com o “Caminho dos Hospitais”, iniciativa que se mantém, o nosso objetivo passava por destacar boas práticas. Pessoalmente, aprendi muito com todas as visitas que fizemos. Os projetos que nos foram apresentados dão-nos ideias e alento para as implementarmos quando estamos em funções de responsabilidade. E a emoção dos profissionais de saúde nele envolvidos foi algo para mim muito marcante!
JN — Sente que os colaboradores da ULS de Coimbra estão entusiasmados?
AL — Numa organização com esta dimensão, imagino que muitas das mudanças em curso possam passar despercebidas à maioria. A questão da motivação dos trabalhadores é algo muito complexo. E existe uma agravante relacionada com as diferenças geracionais e o próprio perfil de cada pessoa. Repare que, na administração pública e não apenas no SNS, o apoio e a proteção oferecidos aos profissionais de saúde têm sido descurados ao longo dos anos. Na ULS de Coimbra, levamos estes temas a sério, seja na criação da figura do Provedor do Trabalhador ou do Serviço de Promoção do Bem-Estar e Diversidade. Estamos a investir num programa de saúde e bem-estar transversal a toda a organização, passando por um diagnóstico inicial.
AL – É preciso promover a saúde e o bem-estar dos trabalhadores e conciliar cada vez mais a sua vida profissional com a familiar. Sem perderem os seus valores, as organizações têm de adaptar-se às expectativas das várias gerações, incluindo as mais novas. Existem dificuldades em lidar com este gap geracional: uma geração mais nova que valoriza muito mais o seu bem-estar e uma geração mais velha com um maior compromisso com a organização e os doentes.
Estamos a fazer algumas transformações para sermos mais competitivos a atrair os profissionais mais novos. Se nada fizermos, no limite, corremos o risco de os perder. Aliás, no norte e no centro da Europa, assistimos à falta de enfermeiros e a uma redução da procura da
Não nos podemos esquecer que somos a unidade com o maior programa de internato médico do país. Mais de 800 médicos, cerca de 40% do total, encontram-se em formação. É uma oportunidade única para investirmos na melhoria da atratividade da instituição.
“EM GESTÃO, PELO MENOS 20% DO NOSSO TEMPO DEvE SER PASSADO A CONTACTAR E A TRAbALHAR COM PESSOAS”
JN – A dimensão desta ULS condiciona a proximidade entre o CA e os seus profissionais?
AL – No contexto de uma ULS que integra oito hospitais e vinte e seis centros de saúde, é evidente que existe uma
Desde os anos 80 que o conceito de Serviço de Pessoal foi sendo alterado, do clássico processamento de salários à gestão de recursos humanos, capital humano e desenvolvimento das pessoas. A própria mudança de nomenclatura foi acompanhada de alterações nas práticas de gestão e as entidades públicas tiveram uma grande dificuldade em acompanhá-las. Hoje em dia, por falta de profissionais e de qualificações, os departamentos de Recursos Humanos cumprem com dificuldade as funções essenciais de natureza burocrática. Ou seja, têm dificuldade em oferecer os serviços adicionais decorrentes das novas exigências relacionadas com o desenvolvimento de pessoas.
Além disso, sendo a primeira linha de responsabilidade, há necessidade de capacitar a gestão intermédia. Particularmente em áreas de gestão de equipa e atenção sobre o bem-estar de cada trabalhador. Como mencionei, no Regulamento Interno que está em discussão pública, propomos um Provedor do Trabalhador, um Serviço de Promoção do Bem-Estar e um Departamento de Desenvolvimento das Pessoas. Temos orgulho de, pela primeira vez, disponibilizarmos um programa de formação que assegura 40 horas anuais para cada um dos 10 mil trabalhadores. Reconhecendo as limitações, damos passos para motivar os trabalhadores a transformarem esta organização através de uma nova cultura organizacional.
JN – Essa transformação contempla a conciliação da vida pessoal com a profissional, tão valorizada pelos mais jovens?
" temos orgulho de, pela primeira vez, disponibilizarmos um programa de formação que assegura 40 horas anuais para cada um dos 10 mil trabalhadores."
profissão médica! A exigência que lhes fazemos é tremenda: noites, fins de semana, condições de trabalho medíocres.
Os nossos profissionais dividem-se em múltiplas tarefas com um sorriso no rosto, enquanto recebem remunerações muitas vezes insuficientes. Claro que não é só a questão financeira que está em causa, pois, o seu trabalho tem de ser valorizado e as condições em que o desenvolvem melhoradas. Caso contrário, poderão optar por outros setores mais vantajosos sob o ponto de vista remuneratório, com menor responsabilidade e uma carga de trabalho inferior.
Por sermos uma ULS universitária, estamos a desenvolver iniciativas desde os anos pré-graduados da Faculdade de Medicina, promovendo a investigação e novas oportunidades de desenvolvimento ao nosso corpo clínico no contexto do Centro Académico e Clínico de Coimbra.
Entretanto, o IV Encontro Nacional de Integração de Cuidados vai realizar-se em Coimbra, nos dias 10 e 11 de outubro, e será com certeza um espaço muito importante para a partilha daquilo que está a ser feito por todo o país.
JN — Atualmente, há uma Comissão Técnica Independente a avaliar a sustentabilidade das ULS de cariz universitário. Qual é a sua opinião quanto a esta questão?
AL — Acho que é um ótimo tema. Contudo, é necessário separar dois conceitos que muitas vezes se confundem: o caráter universitário e a diferenciação. Por vezes, podem ser coincidentes, mas nem sempre.
Até 2023, tínhamos identificados os hospitais mais diferenciados (Grupo E), aos quais se aplicavam preços mais elevados que aos restantes hospitais gerais (grupos B, C e D). Nem todos eram universitários e existiam hospitais universitários fora deste grupo, por exemplo, o Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira era do Grupo C, ou o Hospital de Braga do Grupo D. Destaco que o modelo estatístico utilizado para criar estes grupos considerou o ensino universitário. Contudo, demonstrou apenas um impacto residual em termos de custos. Outros fatores foram bem mais determinantes, como o nível de diferenciação dos serviços prestados.
Vejamos! No caso do CHUC, se não tivéssemos reforços financeiros, na vigésima quinta hora, terminávamos o ano de 2023 com cerca de 100 milhões de euros de défice. A situação financeira foi-se agravando ao longo de anos, devido a ineficiências operacionais e a áreas de prestação subfinanciadas. O facto de ser um CH universitário pode ter contribuído em bem menor escala para os resultados financeiros.
dificuldade acrescida em comunicar com os cerca de 10 mil trabalhadores e mesmo entre eles próprios. Temos organizado várias ações para se conhecerem melhor e às diferentes instituições.
Em gestão, pelo menos 20% do nosso tempo deve ser dedicado a contactar e a trabalhar com pessoas em proximidade. Não é fácil, mas tento reservar um dia por semana para essa tarefa. É claro que, mesmo aqui nos Hospitais da Universidade de Coimbra, muitos colaboradores certamente ainda não reconhecerão no homem que aqui chega de bicicleta pelas 8h30 da manhã o presidente do CA.
JN – Desloca-se regularmente às demais unidades desta ULS?
AL – Passo grande parte do tempo aqui nos HUC. Visito os hospitais e os centros de saúde e autarquias conforme a agenda definida com bastante antecedência. Para obviar distâncias, temos reuniões trimestrais transmitidas em streaming e gravadas, que permitem fazer um ponto de situação das atividades realizadas e planeadas com todos os profissionais.
JN – Passaram nove meses desde a generalização do modelo ULS. Tem havido partilha de experiências entre as organizações?
AL – Vão ocorrendo eventos que fomentam a discussão e também acontece deslocarmo-nos a outras instituições e recebermos a visita de colegas. Estamos, igualmente, a procurar conhecer boas experiências em curso no estrangeiro, para percebermos como conseguimos adotá-las ao nosso contexto.
No aspeto do financiamento, o problema colocar-se-ia nas ULS se o modelo fosse apenas capitacional, pois, colocaria em risco a diferenciação hospitalar. Não é o caso, e esperemos que nunca seja unicamente capitacional. É claro que o caráter universitário traz custos acrescidos que devem ser considerados, mas dependerão sempre das opções tomadas. Por exemplo, se dermos 20% de tempo dedicado para investigação a cada médico, estaremos a reduzir em 20% as atividades assistenciais, com impacto no custo das prestações de saúde. Para manter a atividade assistencial, tal esforço deveria ser acompanhado da contratação de mais 20% de médicos e a assunção dos respetivos custos. Na questão organizacional, é referido que as ULS podem diluir a investigação científica e o ensino. No nosso contexto, os CSP representam 10% da nossa força de trabalho e são claramente uma mais-valia em termos de oportunidades de investigação e inovação. Confesso que nunca ouvi um CA de um hospital universitário a pedir mais artigos científicos ou publicações aos profissionais, ou a dar tempo dedicado generalizado para atividades de ensino ou de investigação. Por isso, parece estranha esta ameaça vinda dos CSP, para mais quando, por exemplo, todos os anos existem alunos do programa doutoral da nossa Faculdade de Medicina que são médicos de família. Mesmo em termos de inovação em saúde, os desenvolvimentos mais interessantes decorrem de soluções de interface entre níveis de cuidados e de modelos preditivos com impacto na saúde da população.
Tal como os hospitais universitários,
as ULS podem ser polos de excelência na produção científica e na inovação e serem essenciais para a formação de profissionais de saúde. Contudo, mantém-se a necessidade de definir um modelo de alinhamento entre as universidades e as ULS universitárias. A criação dos Centros Académicos e Clínicos foi um bom passo que apenas foi limitado pela incapacidade de os dotar de personalidade jurídica e respetivos meios.
JN — Acredita então no modelo das ULS universitárias?
Não conheço uma razão válida para as ULS não alavancarem ensino, investigação e inovação. No nosso caso, acreditamos no modelo de ULS universitária e trabalhamos com a Universidade de Coimbra, no âmbito do nosso Centro Académico e Clínico, para valorizar e honrar a nossa génese universitária. Não por tradição, mas porque é uma marca distintiva que nos permite ser mais e fazer melhor.
Estou certo de que a versão final do nosso Regulamento Interno marcará um antes e um depois no caráter universitário de uma entidade do setor empresarial do Estado no setor da Saúde. Abraçámos uma agenda conjunta com os nossos parceiros naturais e sabemos para onde ir: ser a unidade portuguesa líder em termos de educação, investigação e inovação. Com o modelo ULS, temos a expectativa de duplicar o acesso a financiamento competitivo, tal como garantir um aumento substancial dos estudos clínicos.
Ao mesmo tempo, sabemos que o desenvolvimento dos cuidados em
proximidade e da integração dos mesmos beneficia esta agenda. A qualidade de cuidados e a melhoria da experiência dos doentes necessita destas apostas. Por outro lado, sabemos que os cuidados em proximidade e integrados dão tempo e oportunidade aos nossos profissionais para se dedicarem às áreas da investigação e da inovação. Posso dar um exemplo: apenas com a implementação na ULS de Coimbra do Percurso Clínico Integrado para a Diabetes esperamos reduzir para metade as admissões destes doentes na Urgência e no Internamento.
Só conseguimos ter um hospital universitário, terciário e altamente diferenciado se pudermos cuidar e tratar melhor as pessoas fora do hospital. Apesar da inexplicável falta de representatividade de Coimbra na CTI, espero que se chegue a bom porto.
“só conseguimos ter um verdadeiro hospital terciário e altamente diferenciado se pudermos cuidar e tratar melhor as pessoas fora do hospital.”
Conselho de Administração da ULS de Coimbra
PRESIDENTE
Alexandre Lourenço
DIRETORA CLíNICA PARA A áREA DOS CS PRIMáRIOS
Almerinda Rodrigues Licenciada pela FMUC; PADIS pela AESE Business School; presidente do Conselho Clínico do ACES Baixo Mondego (2017-2023), assumindo funções de Direção Executiva em novembro de 2023.
DIRETORA CLíNICA PARA A áREA DOS CS HOSPITALARES
Cláudia Nazareth — Licenciada pela FMUC; assistente graduada de Doenças Infeciosas; European Certificate on Infection Control (2020); PADIS pela AESE Business School (2021); diretora do Serviço de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos do CHUC (2023); assistente convidada da FMUC.
ENfERMEIRA DIRETORA
áurea Andrade – Licenciada pela Escola Superior de Enfermagem de Bissaya Barreto com especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica; pós-graduação em Gestão de Serviços de Saúde pela Escola Superior de Enfermagem Dr. Ângelo da Fonseca; enfermeira diretora do CHUC (2017-2023).
vOGAL ExECUTIvO – fINANCEIRO
fernando Cravo – Licenciado em Gestão e pós-graduado em Economia e Gestão em Organizações de Saúde pela Faculdade de Economia de Coimbra; diretor do Serviço de Auditoria Interna do CHUC (2012-2020); vogal do CD da ARS Centro (2020-2023).
vOGAL ExECUTIvO – OPERAÇõES
Diogo Saudade vieira – Licenciado em Direito e especializado em Administração Hospitalar pela ENSP – UNL; vogal executivo do CA do Hospital Distrital da Figueira da Foz (2022-2023).
BOAS PRÁTICAS
Integração de
Cuidados
Iv Encontro Nacional de Integração de Cuidados
Adelaide Belo Presidente da PAFIC – Portuguese Association for Integrated Care
OIV Encontro Nacional de Integração de Cuidados vai decorrer nos dias 10 e 11 de outubro em Coimbra, com o apoio da ULS de Coimbra. O tema deste ano será: “ULS: da Integração à Centralidade na Pessoa”. Contamos com a presença da Direção Executiva do SNS para a Sessão Inaugural.
A sua organização teve como referência as orientações da WHO para a evolução das instituições para “Integrated person-centred health services” - IPCHS framework Esta defende a implementação de cinco estratégias interdependentes, em torno das quais se organizaram as sessões plenárias:
I – Reorientar os modelos de cuidados – Será apresentada uma variedade de novas formas de prestação de cuidados que, de norte a sul do país, já estão no terreno.
II – Envolver as pessoas e comunidades – Escolhemos duas autarquias com características muito diferentes, Cascais e Odemira, mas com trabalho reconhecido na coordenação com as áreas da Saúde e Social. E temos muita curiosidade em saber qual a atividade do inovador Conselho de Jovens do Departamento de Pediatria da ULSSM.
III – Saúde - a perspetiva dos doentes –Serão apresentados os resultados do PaRIS, o primeiro estudo realizado pela OECD, em 19 países, incluindo Portugal, sobre a perceção dos doentes acerca dos cuidados prestados nos CSP. Daremos ainda conta da validação para Portugal da escala IEXPAC – PREM para pessoas com doença crónica.
Iv – Transição de cuidados – da infância/ adolescência para a idade adulta – A
doença crónica não é só dos idosos. Se entre os serviços envolvidos nesta transição não houver uma correta coordenação que promova a continuidade dos cuidados, esta pode ser muito perturbadora para estes jovens. Para além de ouvirmos a experiência de três serviços, teremos ainda a oportunidade de saber qual a opinião de jovens da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal.
v – Governação da ULS-boas Práticas – A gestão da mudança necessária para a consolidação do modelo organizacional de Unidade Local de Saúde exige liderança e conhecimento. Contamos para esta sessão com um grupo de reconhecidas lideranças que governam ULS recém-formadas, reforçada com a presença do PCA da mais antiga ULS do país.
Para que todas estas estratégias possam ser implementadas, há necessidade de haver um ambiente favorável. FORMAÇÃO é um fator crítico de sucesso para que haja esse ambiente.
para que todas estas estratégias possam ser implementadas, há necessidade de haver um ambiente favorável. FormAçÃo é um fator crítico de sucesso para que haja esse ambiente.
A PAFIC lançou o 1.º inquérito sobre necessidades formativas em Integração de Cuidados, cujo objetivo é avaliar a perceção de todos os profissionais sobre as suas necessidades. Temos tido uma grande adesão e os resultados serão apresentados no dia 10 de outubro, numa sessão sobre Formação em Integração de Cuidados.
Teremos connosco a responsável da Academia da International Foundation for Integrated Care e ouviremos de viva voz a experiência de uma enfermeira portuguesa a trabalhar no Reino Unido, que frequenta um doutoramento em Integração de Cuidados.
É ainda nossa convidada a Associação Portuguesa de Centros de Formação do SNS. Esta sessão será reforçada com um “Desafio”
de como trabalhar em conjunto para a coordenação de cuidados.
Para reforçar todo este conhecimento, organizamos 3 workshops onde se vão debater competências de liderança e aprofundar ferramentas que permitem a implementação e a sustentabilidade do trabalho desenvolvido: sobre o papel das Lideranças Intermédias no processo de mudança; sobre a Estratificação do Risco Populacional – determinante para estabelecer prioridades; sobre Jornadas dos Doentes – uma forma assertiva de reorganizar os cuidados.
Haverá também a oportunidade de se ficar a par dos 53 projetos de integração de cuidados a decorrer de norte a sul do país e ilhas, apresentados para poster/comunicação oral, e conhecer os vencedores.
Haverá também a oportunidade de se ficar a par dos 53 projetos de integração de cuidados a decorrer de norte a sul do país e ilhas, apresentados para poster/comunicação oral, e conhecer os vencedores.
Serão ainda conhecidas as candidaturas selecionadas e as premiadas com o Integrated Care Award
Serão dois dias de muita partilha de conhecimento, de ideias e de reforço de motivação para se continuar o caminho que promova a coordenação entre as varias tipologias de cuidados, as associações de doentes, as autarquias e as comunidades.
"ULS - da integração à centralidade na Pessoa"
Candidaturas até 31 de julho Consulte o regulamento em https://www.pafic.pt/ica/ Os projetos vencedores serão anunciados durante o Encontro
Este espaço resulta de uma parceria entre a PAFIC e a Just News
A NOVA APP para Gestão da Diabetes
UNIDADE DE SAúDE FAMILIAR SAMORA CORREIA, ULS ESTUÁRIO DO TEJO
Prática e simples de usar DESCARREGUE
JÁ
otimizar o atendimento e garantir respostas do cancro cutâneo e a medicina dentária,
A PrEoCuPAção Com A gArANtIA DA mElhor DINâmICA DE FuNCIoNAmENto E
A PrEStAção DE CuIDADoS DIFErENCIADoS À PoPulAção, AProVEItANDo AS ComPEtêNCIAS DoS SEuS ProFISSIoNAIS, é umA DAS tóNICAS DEStA uNIDADE
A rECErtIFICAção ACSA DE NíVEl bom, AtrIbuíDA Em mAIo DE 2024, é DEmoNStrAtIVA DA rESIlIêNCIA E Do EmPENho ColoCADo PElA EquIPA NESSE ProCESSo, quE Não DEPENDIA uNICAmENtE DE SI
São vários os projetos em curso na USF Samora Correia, por iniciativa dos seus profissionais e que contam com a colaboração de todos. Um deles consiste no rastreio do cancro cutâneo e resultou do concurso a uma bolsa, que contemplou a atribuição de três dermatoscópios. “Organizámos sessões de divulgação e dias para o rastreio e continuamos a realizá-lo de forma oportunista na consulta. Perante a observação de lesões suspeitas, que nos causam dúvida, partilhamos com uma colega de Dermatologia para avaliação. Já no caso daqueles sinais com características que exigem uma intervenção pela Dermatologia, referenciamos diretamente ao Hospital de Vila Franca de Xira”, começa por referir Virgínia Carreiras, médica coordenadora da USF Samora Correia desde abril de 2023.
Ainda no âmbito dos rastreios, durante o ano passado, a equipa apostou na saúde da mulher, procedendo à convocatória das utentes para fazerem o rastreio do cancro do colo do útero, sendo que em cada período havia um médico interno da formação específica responsável. Esta foi uma necessidade identificada pelos profissionais, na sequência do “afastamento de muitas pessoas da consulta durante e após a pandemia de covid-19 e cujo trabalho resultou na sua recaptação”.
Outros dos projetos a decorrer referem-se à avaliação da introdução de inibidores da SGLT2 em doentes com insuficiência cardíaca e ao uso de antibioterapia em patologia respiratória aguda na população pediátrica. No caso deste último, o estudo foi iniciado nesta USF, mas alargado às unidades do antigo ACES Estuário do
Tejo que quiseram participar. “Temos vários projetos a decorrer muito graças ao impulsionamento e empenho dos internos, com a colaboração dos seus orientadores e de outros elementos da equipa”, salienta.
Virgínia Carreiras:
“ temos vários projetos a decorrer muito graças ao impulsionamento e empenho dos internos, com a colaboração dos seus orientadores e de outros elementos da equipa.”
Até há pouco tempo, estavam a vigorar também consultas de Cessação Tabágica e de Cuidados Paliativos para utentes do ACES Estuário do Tejo, realizadas por duas especialistas, que poderão vir a ser retomadas sob a forma de carteiras adicionais. “Estas são apostas para um futuro próximo, por se tratar de áreas em que há muita carência de resposta à população e por termos colegas com formação especializada e muito gosto em desenvolver esse trabalho”, destaca.
A coordenadora adianta que, futuramente, se pretende investir no au-
mento da literacia em saúde da população, através da dinamização de ações de sensibilização em grupo, recorrendo a profissionais especializados, como nutricionista e psicomotricista.
“Se nós instruirmos os utentes com cuidados que devem ter em vários domínios da sua saúde, se calhar, torna-se mais fácil para eles cumpri-los e melhorar a sua qualidade de vida”, sublinha. E exemplifica que o objetivo é poder “convidar um nutricionista a abordar a nutrição em diabéticos ou nas crianças e adultos com excesso de peso, ou um psicomotricista, sobretudo para trabalhar com os idosos, tanto em reabilitação como em prevenção, e que essas intervenções possam repercutir-se na consulta, com o melhor controlo do peso, da diabetes e da mobilidade, no caso do idoso”.
O aumento da capacidade de resposta aos utentes que necessitam de Consulta de Psicologia é outra forte ambição dos profissionais, dada a dificuldade com que se têm confrontado neste âmbito. “Enquanto
“se nós instruirmos os utentes com cuidados que devem ter em vários domínios da sua saúde, se calhar, torna-se mais fácil para eles cumpri-los e melhorar a sua qualidade de vida”, destaca a coordenadora.
nos deparamos com problemas logísticos a nível da referenciação, há alguém que está em sofrimento e a quem nós queremos ajudar, mas não
conseguimos, porque não temos respostas disponíveis”, afirma Virgínia Carreiras, lamentando que, “apesar de ser tão importante e necessária, a Psicologia corresponde a uma forte carência no SNS”.
O mesmo sucede relativamente à Nutrição, correspondendo estas valências a “duas áreas importantíssimas e que fazem parte das necessidades dos CSP”, as quais acredita que “estejam a ser trabalhadas pelo Conselho de Administração da ULS Estuário do Tejo, a fim de, a curto ou a médio prazo, haver outro tipo de resposta, como aconteceu com a Medicina Dentária”. Na verdade, embora o gabinete de Saúde Oral esteja equipado desde 2020, quando se deu a ampliação das instalações da USF, só em março deste ano é que a equipa de médicos dentistas começou a trabalhar. Tal só foi possível “graças ao investimento da ULS Estuário do Tejo, uma vez que, até então, os contratos propostos pela ARS de Lisboa e Vale do Tejo não tinham aliciado qual-
Medidor de G licemia + C e tonemi NOVO MEDIDOR com as MESMAS TIRAS
respostas diferenciadas, como o rastreio dentária, para benefício dos utentes
quer dentista a querer trabalhar na unidade”.
Esta correspondeu a “uma aposta da ULS para que pelo menos todas as USF que lhe estão adstritas tivessem médico dentista”. Nesse sentido, desde março que há quatro dentistas contratados em prestação de serviços pela ULS a executar trabalho nas instalações desta USF, disponíveis para
fazer tratamentos no âmbito da saúde oral.
Estes profissionais, em conjunto, dedicam 40 horas semanais à consulta de Medicina Dentária, de segunda a quinta-feira. Os utentes que têm usufruído desta resposta são maioritariamente referenciados pela equipa médica da USF Samora Correia, contudo, tratando-se de um projeto da
Nome: Samora Correia é o nome da cidade e freguesia do concelho de Benavente, onde a USF se localiza. Foi elevada a cidade em 12 de junho de 2009 e só teve grande desenvolvimento após a construção da ponte, em Vila Franca de Xira, e das estradas para o resto do país, beneficiando da proximidade de Lisboa.
Logótipo: O coração representa o abraço das várias gerações e o seu acompanhamento. O verde e o vermelho pretendem simbolizar uma freguesia emocionalmente ligada ao touro, ao cavalo, ao campino, ao rio, à charneca e à lezíria.
própria ULS, o agendamento é feito a nível central e não há impedimento à mobilidade dos utentes, embora a prioridade seja dada àqueles que residem na área de cada unidade. Com uma resposta relativamente rápida, inferior a um mês, “tem sido possível tratar muitas bocas que estavam completamente destruídas e cujos utentes não tinham capacidade
vIRGíNIA
CARREIRAS, COORDENADORA:
“É muito gratificante acompanhar as famílias”
Nascida a 30 de maio de 1963, em Alverca, onde continua a residir, Virgínia Carreiras sempre sonhou ser médica. Iniciou a sua formação superior no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, mas, dois anos depois, conseguiu transferência para a Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, como desejava, para poder ficar junto da família. Essa mudança aconteceu numa fase em que a mãe
até 2006, quando conseguiu aproximar-se de casa, ao ficar colocada no Centro de Saúde de Benavente. Entretanto, foi convidada a integrar a equipa fundadora da USF Samora Correia, tendo começado a trabalhar aí a 1 de abril de 2008, data da sua abertura. Exatamente 15 anos depois, em 2023, Virgínia Carreiras assumiu a coordenação da Unidade. Desde 2009 que é orientadora de formação de internos de MGF.
era o pilar, pois, o pai havia falecido no dia em realizou o último exame do 12.º ano.
Concluiu a formação académica em 1996 e avançou para o Internato Geral, no Hospital de Vila Franca de Xira. Decidiu, então, seguir MGF “pela diversidade da atividade e pela oportunidade de acompanhar famílias desde a preconceção, passando pelos vários estágios da vida, que é tão gratificante”.
Realizou o internato de MGF no Centro de Saúde de Santarém e lá se manteve enquanto especialista
económica para o fazer, o que é realmente muito bom”.
Criar adaptações no sentido de melhorar a acessibilidade dos utentes aos cuidados
Foi em abril de 2008 que a USF Samora Correia entrou em funcionamento, enquanto modelo A, mas a
Mãe de dois filhos, o mais velho trabalha na Alemanha, no ramo da Música, enquanto a mais nova é estudante de Medicina. Reconhecendo ser, por vezes, difícil motivar-se a fazer desporto, apesar de adorar fazê-lo, tem investido muito em inscrever-se nas atividades que gostava realmente de cumprir, como o ginásio, o que a obriga a “conduzir a vida de forma a estar presente, não deixando de cumprir as obrigações”. Quando consegue, procura ainda ler e fazer jardinagem e passeios ao ar livre.
sua génese já existia pelo menos há dois anos, com a criação do projeto do Regime Remuneratório Experimental. “A forma de trabalho da equipa era compatível com a atividade prevista numa USF modelo B e, após terem convidado os elementos que entenderam necessários para cons-
Viva uma Vida Nova
(Continuação da pág. 15)
tituir a USF, a transformação acabou por acontecer”, indica Virgínia Carreiras, que foi precisamente umas das profissionais convidadas.
Entendendo que a organização da equipa seguia à partida os princípios para ser considerada uma USF modelo B, a candidatura foi reformulada, tendo a transição acontecido logo em agosto do mesmo ano.
Ao longo dos últimos quatro anos, fruto de uma faixa etária muito similar, seis dos oito médicos fundadores da USF já se aposentaram e o processo de substituição não tem sido fácil. “Hoje em dia, é desde logo difícil manter os profissionais no SNS. Adicionalmente, enquanto até há pouco tempo havia poucas USF modelo B, há agora muitas unidades a formar-se. Então, com tamanha escassez de recursos humanos e uma mobilidade tão grande, não é fácil encontrar profissionais disponíveis para assumir os lugares vagos”, refere a nossa entrevistada.
Enquanto os profissionais não são substituídos, tem sido opção da equipa dividir os utentes das respetivas listas por todos os médicos, ainda que tal represente “um trabalho acrescido”. Contudo, esta acaba por ser “a forma de conseguir dar resposta ao problema, não deixando os utentes sem assistência”.
Por sua vez, este momento também tem sido aproveitado para convidar os utentes dessas listas que ficam sem médico e que não residem no concelho de Benavente a inscrever-se na sua área de residência, até porque “muitos deles ocupam uma vaga da qual não usufruem”. Efetivamente, “eles têm de compreender que, perante a dificuldade de atribuição de recursos,
a prioridade tem de ser dada àqueles que vivem na zona e não em lugares distantes, como o Porto ou Faro”. No que respeita à área de abrangência da USF Samora Correia, a médica adianta tratar-se de uma “zona mista, em parte rural e industrial, mas também muito usada como dormitório, por muitas pessoas que trabalham em Lisboa nos setores se-
MEDINA DO ROSÁRIO, DIRETOR CLíNICO PARA A ÁREA DOS CSP DA ULS ESTUÁRIO DO TEJO:
“Esta USF mostra ter uma organização diferenciada e um grupo motivado e empenhado em fazer mais e melhor”
Medina do Rosário, que assumiu a função de diretor clínico para a área dos CSP da ULS Estuário do Tejo em meados de fevereiro, não hesita em afirmar que “a USF Samora Correia é um exemplo para as demais unidades de saúde familiar desta ULS”.
O médico, que continua a exercer atividade clínica a 20 horas na USF Terras de Cira, refere que “enquanto há diversas unidades num grau de evolução bastante avançado, constituídas por equipas muito maduras, há outras equipas a arrancar com diferentes dinâmicas e energias, e ainda grupos de profissionais a querer formar USF, e essa diversificação é importante ao permitir uma partilha de conhecimentos”.
Nesse âmbito, destaca que “a USF Samora Correia mostra ter uma organização diferenciada e um grupo motivado e empenhado em fazer mais e melhor”. E releva que “os próprios indicadores de desempenho e a coragem que tiveram em submeter-se a uma certificação ACSA são demonstrativos da sua dedicação”.
Distinguindo-se em vários aspetos, Medina do Rosário realça como “a USF Samora Correia foi uma das primeiras unidades modelo B do antigo ACES Estuário do Tejo a ser criadas, tendo ainda sido pioneira na certificação ACSA e, recentemente, na recertificação, com excelentes resultados”. Por isso, “é um orgulho para a ULS Estuário do Tejo ter a USF Samora Correia junto de si”.
O diretor clínico comenta ainda como “as equipas ganham ao serem constituídas por profissionais de vários grupos etários, uma vez que a experiência traduz um know-how importante, que permite não cometer erros que porventura já existiram no passado”. Apesar de a sua sede ser no Hospital de Vila Franca de Xira, o nosso interlocutor admite “gostar de fazer uns périplos pelas unidades de CSP, por isso, o trabalho é no terreno”.
Recentemente, arrancaram as reuniões mensais entre a Direção Clínica dos CSP e os coordenadores das USF, que deverão continuar a realizar-se de forma rotativa nas sete USF dos cinco concelhos.
Sendo as consultas de Medicina Dentária uma das grandes apostas desta ULS, que conseguiu garantir
o seu funcionamento em várias unidades dos cinco concelhos, uma das quais a USF Samora Correia, Medicina do Rosário releva a “extrema importância da prestação deste serviço à comunidade”. E desenvolve:
“Com uma população tão necessitada e carenciada, fizemos esforços no sentido de garantir esta rede de suporte aos nossos utentes, com consultas de Medicina Dentária, possibilitando a qualquer médico de família fazer uma referenciação interna e a qualquer utente privilegiar a sua área de residência ou o menor tempo de espera”.
Havendo ainda, atualmente, 46,2% da população da ULS Estuário do Tejo sem médico de família atribuído, Medina do Rosário adianta que um dos investimentos futuros será o incentivo à criação de USF. Contudo, lembra que também é necessário “garantir o melhor apoio possível às USF que já funcionam em pleno, continuando a dar-lhes as condições necessárias e exigidas ao desenvolvimento de um bom trabalho”. Na verdade, “cabe-nos conseguir corresponder às expectativas dos utentes e também dos profissionais, para que continuem satisfeitos, motivados e empenhados em trabalhar no SNS”.
Natural de Almada, Medina do Rosário, de 45 anos, tinha deixado a coordenação da USF Vila Longa poucos meses antes de ter sido convidado a assumir o novo cargo na ULS Estuário do Tejo.
cundário e terciário”. Virgínia Carreiras lembra que, “atravessando a Ponte Marechal Carmona, junto a Vila Franca de Xira, e percorrendo a Reta do Cabo, rapidamente se chega a um lugar onde o alojamento é mais fácil e barato e a envolvente é tranquila, o que leva a que muitas pessoas, não sendo daqui, nem trabalhando cá, prefiram residir neste lugar”. Igualmente por esse motivo, a equipa entendeu, desde o início, que seria benéfico para os utentes se tivessem a possibilidade de frequentar ou acompanhar algum familiar em consulta em horário pós-laboral. Assim, decidiram criar uma carteira adicional de prolongamento de horário, de 2.ª a 6.ª feira, entre as 20h e as 22h, com dois médicos de serviço, e ao sábado, das 8h às 13h, com um só elemento escalado para esse período.
utentes pelas vagas das consultas de doença aguda e de intersubstituição desde as 8h”. Recentemente, foi ainda efetuada outra alteração, “igualmente favorável”, no sentido de melhorar a triagem das consultas de doença aguda, recorrendo à linha da Saúde 24, reorganizando a forma de atendimento, a partir de julho. O balanço é positivo: “Em termos globais, a dinâmica está a
Enquanto, inicialmente e durante bastantes anos, esse prolongamento funcionava nos moldes de consulta aberta, sendo a inscrição efetivada só a partir das 20h, em 2022, procedeu-se a uma reformulação, de forma a “evitar os aglomerados que se formavam a partir das 17h, sobretudo em períodos de maior afluência, como o inverno”. Na sequência das adaptações que surgiram com a pandemia de covid-19, foi decidido proceder ao agendamento das consultas: “Se os utentes subsistiram durante a pandemia sem a multidão que se formava, também vão conseguir enfrentar uma mudança de regime, em que vamos atendê-los com consultas agendadas. Na realidade, a acessibilidade não estava diminuída, o que fizemos foi distribuir os
correr muito bem, porque, consoante as queixas manifestadas pelo utente e o organograma existente, a Saúde 24 decide se a situação tem indicação para ser avaliada em CSP ou no hospital, e num período de quanto tempo. Com a efetivação da marcação pelo administrativo, o utente apenas tem de comparecer na hora que lhe foi destinada. Esta foi uma mudança muito importante, tanto para a população como para a equipa.”
Aferir os aspetos mais e menos positivos
Foi em 2016 que os profissionais da USF Samora Correia começaram a procurar “apreciar o trabalho que era desenvolvido, aferir o que estava menos bem e poder corrigir, o que seria
uma mais-valia”. Após “um trabalho muito árduo, em que foi necessário melhorar a definição dos circuitos e nos confrontámos com processos que não estávamos a fazer tão bem ou que teríamos de implementar, conseguimos!”, comenta Virgínia Carreiras. Em fevereiro de 2018, a USF Samora Correia recebeu a certificação ACSA, nível Bom, o que foi “verdadeiramente gratificante”. A experiência repetiu-se em maio deste ano, “após grande espírito de luta e resiliência”. Na realidade, desta vez, “muitos dos aspetos que não permitiam obter a certificação prendiam-se com elementos externos à atividade da equipa, no âmbito da reestruturação da Unidade, e que eram da responsabilidade da ARSLVT, como a falta de montagem de detetores de incêndio e de alarmes de segurança de intrusão”.
A coordenadora da Unidade recorda esse período como sendo de “grande sufoco, porque as alterações pedidas não dependiam do trabalho desenvolvido, mas o prazo estava a escassear e era preciso ultrapassar essas limitações para não perder todo o esforço investido”. O objetivo acabou por ser conseguido, graças “ao grande empenho em ajudar tanto da Câmara Municipal de Benavente como da ULS Estuário do Tejo”.
Mariana Anete Mira: o rastreio do cancro cutâneo na comunidade
Mariana Anete Mira integrou a USF Samora Correia como especialista em 2021, depois de aí ter feito o internato da especialidade, uns anos antes. “Era o lugar onde desejava trabalhar. Esta equipa funciona extraordinariamente bem”, garante.
Dado o seu gosto pela investigação, é um dos elementos médicos que fazem parte do Núcleo de Estudos de Samora Correia – constituído há cerca de um ano e meio – e tem procurado propor e dinamizar trabalhos. Exemplo disso mesmo acaba por ser a candidatura que submeteu a uma bolsa
Atendendo aos resultados, o balanço não podia ser melhor. “Estamos muito felizes, porque conseguimos detetar casos de cancro muito mais precocemente, por isso, projetamos continuar a aplicar esta técnica nos nossos utentes”, distingue, notando que “a iniciativa pode partir tanto dos médicos, durante o exame objetivo do doente, como dos utentes, solicitando a avaliação de nevos e outras alterações cutâneas que tenham detetado”.
da Liga Portuguesa Contra o Cancro que financiava projetos que atuassem na deteção precoce ou no curso da doença, no âmbito dos CSP.
Em virtude da sua atuação em cuidados paliativos e da sua sensibilização para a doença oncológica, candidatou-se com um projeto que visava a aplicação de técnicas de dermatoscopia na deteção precoce do cancro cutâneo, que veio a ser aceite.
Além de contemplar a oferta de três dermatoscópios, a bolsa incluiu ainda a formação em dermatoscopia a vários elementos.
Após a realização do rastreio e a recolha de dados, os envolvidos elaboraram um trabalho, que foi aceite para apresentação na 29.ª
Conferência Europeia da WONCA, agendada para o final de setembro, em Dublin.
Perante a identificação de um nevo suspeito, que exija referenciação para a Dermatologia, “o pedido é enviado acoplado do registo fotográfico ampliado, facilitando a avaliação dos colegas”. Nos casos que suscitem dúvidas, a equipa tem estabelecido contacto direto com uma das dermatologistas responsáveis pela formação em dermatoscopia, que se prontifica a analisar as imagens e partilhar a sua opinião. “A Dermatologia é uma área muito desafiante, porque situações diferentes podem ter uma manifestação muito parecida, e a sua distinção requer grande experiência de visão das lesões”, enaltece.
Mariana Anete Mira é natural de Évora e tem 46 anos. Estudou na FMUL e deu continuidade ao seu percurso em Santa Maria, fazendo o Ano Comum e iniciando o internato de Genética Médica, até ter percebido que “queria conseguir poder curar algumas doenças”.
JACINTA REGENTE, ENFERMEIRA DO CT:
FÁTIMA FREITAS
SANTOS, MÉDICA DO CT:
“Não basta sermos um conjunto de elementos, temos de ser uma equipa!”
Fátima Freitas Santos foi a primeira coordenadora da USF Samora Correia, tendo assumido a função entre 2008 e 2012. Do leque de elementos do grupo inicial, só ela e a atual coordenadora é que ainda se mantêm, uma vez que todos os outros já se aposentaram. “No espaço de três anos, renovámos praticamente toda a equipa médica”, refere. Foi no término do internato complementar, que realizou no Centro de Saúde de Coruche, que a médica foi convidada a integrar, à época, o projeto do Regime Remuneratório Experimental de Samora Correia, o qual já tinha sido antecedido pelo projeto Alfa. “A história é longa! Aqui, existiu um dos poucos projetos Alfa do país. Quando cheguei, era o 8.º elemento, por isso, enquanto durante muito tempo fui a mais nova, agora sou a mais antiga em termos de anos de casa”, conta.
Integrou o projeto do RRE de Samora Correia numa altura em que a equipa de Coruche se encontrava a construi-lo, pois, “o sucesso daquele programa experimental ditou o seu alargamento a outras unidades, até terem surgido as USF”. Há poucos meses, a médica de família assumiu outro desafio – o de integrar o Conselho Técnico. Mas admite que a prestação de cuidados aos utentes é, para si, a atividade mais prazerosa. E não aponta nenhuma área preferencial, uma vez que admira a abrangência da MGF: “Sempre gostei de trabalhar o utente no seu todo, enquanto ser completo.”
Contudo, nota que, ao longo dos anos, tem vindo a dedicar mais tempo a determinados campos, como as pequenas intervenções cirúrgicas e as infiltrações no esporão de calcâneo. Na realidade, Cirurgia
“Identificamos e trabalhamos áreas de melhoria”
Jacinta Regente é novamente elemento integrante do Conselho Técnico desde abril de 2023, função que já tinha cumprido noutros períodos. “Tenho bastantes anos de experiência no CT e também já fui responsável e interlocutora de enfermagem, uma vez que tentamos que estas responsabilidades sejam rotativas”, refere. No seu caso, as duas décadas de trabalho na USF Samora Correia já lhe permitiram assumir esta panóplia de funções.
Nas reuniões mensais de CT, são geralmente “analisadas novas normas, discutidos procedimentos a implementar, ou estudadas as reclamações e os elogios feitos pelos utentes”. Como explica, “identificamos e trabalhamos áreas de melhoria, com base também no que nos é transmiti -
do pelos utentes, para tentarmos em equipa dar uma resposta mais adequada”.
Além desta função, desempenha ainda o papel de interlocutora de
enfermagem, onde destaca o “trabalho de gestão da equipa de enfermagem e de equipamentos e materiais, como a requisição de medicamentos, vacinas e equipamento de uso clínico”.
No leque das nove enfermeiras, Jacinta Regente é uma das quatro que possuem especialização. “Três de nós somos especialistas em Enfermagem de Saúde Comunitária, enquanto uma colega é diferenciada em Enfermagem Médico-Cirúrgica”, avança, lamentando que, “apesar do título, nenhuma aufira o vencimento correspondente”. Ainda assim, avalia essa diferenciação como “uma mais-valia”, ao tê-la “ajudado a adquirir mais conhecimentos e competências para desenvolver a prática clínica”.
Aos 53 anos, Jacinta Regente conta já com 30 de carreira. Con-
Geral foi mesmo uma das especialidades que equacionou seguir e pela qual continua a nutrir grande gosto, de tal forma que procurou aprender algumas técnicas com um colega que, entretanto, já se reformou.
“Perdemos colegas que iniciaram este projeto, mas ganhámos outros e temos vindo a reinventar-nos. Sempre nos distinguimos por sermos uma boa equipa e esperamos que assim continue, porque não basta apenas sermos um conjunto de elementos, temos de ser uma equipa!”, comenta.
Fátima Freitas Santos soma 54 anos de vida e é natural da cidade alemã de Mettmann. Aos 19 anos, veio para Portugal e começou a estudar na FMUL. Dado o seu gosto por várias áreas, entendeu que MGF correspondia à especialidade que melhor se adequaria ao seu perfil. Por isso, após realizar o internato geral no Hospital de Vila Franca de Xira, avançou para o internato complementar no Centro de Saúde de Coruche.
cluiu a sua formação na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra, justamente em 1993, e logo começou a trabalhar no Hospital Curry Cabral. “Gostei muito do estágio que fiz em CSP e logo percebi que queria seguir esse rumo na minha vida. Mas primeiro quis ganhar alguma experiência hospitalar, porque achava que seria importante tanto a nível humano, para aprender a lidar com o outro, como a nível técnico, no que respeita aos atos de enfermagem”, destaca.
Cerca de uma década depois, em 2004, surgiu a oportunidade de transitar para os CSP, especificamente para o Centro de Saúde de Samora Correia, pelo que teve oportunidade de integrar a equipa que trabalhou no processo de candidatura a USF.
(Continua na pág. 18)
Mariana Anete Mira
TELMA FERREIRA, INTERNA DO 3.º ANO:
“Identificamos outras questões por trás de patologias orgânicas”
Natural de Fafe, Telma Ferreira, de 33 anos, sempre teve o desejo de ser médica. Estudou na Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca, experiência que diz ter sido “muito positiva e enriquecedora”. Regressou a Portugal para fazer o Ano Comum, no Hospital Sousa Martins, na Guarda, e em 2022 iniciou o internato de MGF na USF Samora Correia.
A MGF sempre foi uma especialidade que lhe interessou, por vários motivos: “É vasta. É a porta de entrada do doente no SNS, o que nos permite procurar se há ou não patologia, atuar na prevenção, que é a base, para evitar o aparecimento da doença ou para que esta não progrida, e gerir as terapêuticas e o acompanhamento do utente ao longo da vida.”
Para a interna, também “a relação do médico de família com o utente é muito diferente da que se observa nas restantes especialidades, porque aqui há um seguimento. O utente não é um doente, mas uma pessoa, o que nos permite identificar outras questões por detrás de patologias orgânicas”.
Telma Ferreira é uma dos seis internos de MGF desta USF e tem como orientadora de internato a sua coordenadora. Contudo, nota haver “muita partilha de casos clínicos, muita abertura para a colocação de dúvidas e disponibilidade para discutir assuntos com todos os colegas”, o que considera
“fundamental, pois, muitas vezes, nos CSP, onde cada um está no seu gabinete, esta dinâmica não flui tão bem como nos hospitais, onde as equipas partilham frequentemente a mesma sala de trabalho”.
De igual forma, a futura médica
de família realça “o incentivo recebido por alguns dos colegas especialistas relativamente à elaboração de trabalhos de investigação, dado o seu gosto por esse campo e por ajudar”.
O projeto relacionado com a avaliação do impacto dos inibidores de SGLT2 em doentes com insuficiência cardíaca é um dos que estão em curso, por iniciativa precisamente da interna de 4.º ano Mariana Rocha, que contou
PAULO GOMES, ASSISTENTE TÉCNICO:
com a colaboração de todos os internos.
“Identificámos os doentes que estavam codificados com insuficiência cardíaca e ainda não tinham introduzido este medicamento e convocámo-los para consulta, onde fizemos essa introdução. Cerca de três a quatro meses depois, entre julho e agosto, procedemos à sua reavaliação e encontramo-nos agora a analisar os dados obtidos, com o fim de vir a publicar um trabalho e levá-lo a congressos”, refere.
Com grande gosto pelas consultas de Diabetes e de Planeamento Familiar, Telma Ferreira comenta que, apesar de esta última ter correspondido a uma das áreas pelas quais sentia maior receio, principalmente a nível da colocação de dispositivos intrauterinos, tal sentimento alterou-se graças ao estágio de Ginecologia/Obstetrícia, realizado em 2023 no Hospital de Vila Franca de Xira: “Foi fundamental para perder o medo, de tal forma que, hoje em dia, é uma das ações que mais gosto de fazer.”
Apesar de ainda ter dúvidas quanto ao local por onde irá passar o seu futuro profissional, a médica não rejeita a possibilidade de permanecer nesta USF, caso haja essa possibilidade. “Claramente, pondero ficar aqui. Esta é uma boa unidade, onde o ambiente é ótimo, aprendemos muito e temos o apoio e a atenção dos colegas mais velhos”, remata.
“O bom funcionamento entre os grupos profissionais e a boa coordenação que existem refletiram-se na certificação da USF”
Paulo Gomes trabalha na USF
Samora Correia há cerca de 15 anos. Desde há três que a equipa de administrativos é constituída por sete elementos.
Com três módulos de atendimento em vários espaços da USF, com dois pontos de atendimento cada, apenas dois estão atualmente a funcionar, um deles das 8h às 20h e o principal das 8h às 22h. O módulo intermédio apenas é usado quando é necessário realizar trabalho de retaguarda.
Enquanto no balcão principal “é privilegiada a marcação de consultas, o processo de admissão e a partilha de informações”, o secundário está mais destinado “aos pedidos de receituário crónico e de informação clínica”, refere. Por norma, semanalmente, há uma rotação dos assistentes técnicos, de forma que todos possam realizar diferentes tarefas. Contudo, “sempre que necessário, damos apoio ao outro módulo”, garante.
Com o sistema de atendimento SARA a funcionar e um assistente técnico alocado semanalmente à tarefa de devolver as chamadas te-
lefónicas, Paulo Gomes frisa o peso que tal retirou à equipa. “Ao longo do dia, todas as chamadas são realizadas. Por sua vez, com a referenciação da Saúde 24 para as consultas
de doença aguda, a maior parte dessas chamadas, que visam a marcação da consulta, começa a ser feita logo de manhã”, refere. De igual forma, também o quiosque eletrónico “dá
Acontece que “as doenças genéticas são praticamente todas caracterizadas por uma progressão sem cura e condicionadas pelos cuidados paliativos”.
Foi nesse contexto que despertou o seu interesse pelos cuidados paliativos e pela MGF, onde continua a aplicar o que aprendeu em Genética Médica. Entretanto, obteve a competência em Medicina Paliativa pela OM e, durante quatro anos, coordenou a Equipa Comunitária de Suporte em Cuidados Paliativos do ACES Estuário do Tejo. Desde este verão, a par da atividade clínica na USF, integra a equipa de Cuidados Paliativos do Campus de Saúde, um projeto desenvolvido pela Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira.
Dada a sua experiência, disponibiliza-se a ajudar os colegas na gestão dos casos paliativos: “Nas fases iniciais, vou esclarecendo dúvidas, enquanto em momentos mais complexos acompanho as situações no domicílio ou oriento a integração em unidades de cuida-
uma boa ajuda, ao retirar muitos utentes do balcão”.
A resposta aos e-mails é outra das tarefas que cabem à equipa de administrativos e que ainda é muito representativa. “Diariamente, recebemos cerca de 80 novos e-mails, principalmente com pedidos de marcação de consultas e de envio de receituário”, avança.
O assistente técnico realça como alguns pontos positivos “o bom funcionamento entre os vários grupos profissionais e a boa coordenação que existe, que se refletiram na certificação da USF”. A esse nível, refere que os planos de emergência e de evacuação e o sistema de alarme foram alguns dos processos tratados pela sua equipa. “Não foi fácil, mas, com espírito de sacrifício, conseguimos!”, comenta.
Natural de Lisboa, Paulo Gomes, de 47 anos, sempre trabalhou no setor da saúde. Iniciou a atividade profissional há 26 anos, no Hospital de Santa Maria, e foi convidado a integrar a equipa da USF Samora Correia após uma breve passagem pela UCSP de Benavente.
CARACTERIZAçãO DA POPULAçãO INSCRITA (SETEMBRO DE 2024)
Utentes: 17.734 (22.853 UP)
Idosos: 3705 (Índice de dependência: 32,17%)
Crianças e jovens com idade ≤ 14 anos: 2502 (Índice de dependência: 21,72%)
Mulheres em idade fértil (dos 15 aos 54 anos): 4796
ATIvIDADE (2023)
Consultas médicas
Contactos diretos: 38.911
Contactos indiretos: 17.687
Domicílios médicos: 126
Enfermagem
Contactos diretos e indiretos: 29.098
Domicílios de enfermagem: 727
PROFISSIONAIS (SETEMBRO DE 2024)
Médicos: 9 (1 em regime de prestação de serviços)
Enfermeiros: 9
Assistentes técnicos: 6
Internos: 6
dos paliativos, quando é essa a vontade do doente ou quando não há cuidador.”
Joana Paulo: a Consulta do Pé Diabético e as ações de literacia em saúde
“Enquanto antigamente a enfermagem, nos centros de saúde, era baseada em pensos, injetáveis e vacinas, hoje em dia, temos a possibilidade de aprofundar diversas áreas, o que é um desafio”, começa por referir, Joana Paulo, uma das nove enfermeiras da USF Samora Correia. Por isso, pese embora o seu gosto pela Saúde Infantil e Pediátrica, “tendo em conta o trabalho desenvolvido numa USF e o objetivo de melhorar a prestação de cuidados na Unidade”, gostaria de vir a fazer a especialidade de Saúde Familiar.
“se nos empenharmos, conseguimos desenvolver projetos muitos bons para a comunidade e dar melhor qualidade de vida aos utentes”, distingue Joana paulo.
(Continuação da pág. 17)
De facto, “para a prática de Enfer magem nos CSP, é-nos exigido que tenhamos uma noção geral de todas as áreas, ao mesmo tempo em que, se tivermos vontade e empenho, po demos fazer tanto e aprofundar vários campos”.
No seu caso e no da colega Sónia Coelho, dado o gosto de ambas pela diabetes, esperam poder reativar em breve o projeto da Consulta do Pé Diabético, que prevê a prestação de cuidados podológicos aos diabéticos em risco. “Os cuidados não se cingem ao corte da unha. Se pudermos ajudar a nível de calosidades ou de mal per furante plantar, do ensino quanto ao sapato, ou da importância da vigilân cia, encaminhamos os utentes para a consulta, com o objetivo de melhorar a qualidade do seu pé”, resume.
Num meio rural como o de Samo ra Correia, a enfermeira destaca “a im portância da literacia e de capacitar a
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população a cuidar de si”. A título de exemplo, refere como “a realização de sessões de educação para a saúde, onde se trabalhem temas como a alimentação e o exercício físico, podem evitar algumas complicações na saúde dos utentes”. De forma abrangente, sublinha: “Se nos empenharmos, conseguimos desenvolver projetos muitos bons para a comunidade e dar melhor qualidade de vida aos utentes.”
Joana Paulo nasceu há 43 anos, em Vila Franca de Xira. Desde criança que
Conseguiu concretizar o sonho, ao ter-se formado em 2001 pela Escola Superior de Enfermagem de Santarém. Sob a forma de part-time, a enfermeira já trabalhou em vários lares e, atualmente, colabora no Serviço de Atendimento Permanente de Benavente. Contudo, não prescinde da atividade na USF: “Aqui, há uma continuidade. O trabalho do enfermeiro e do médico de família é muito gratificante, porque conhecemos famílias inteiras, desde o mais novo ao mais velho, e consegui
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frequente: Hipotiroidismo; Raro: Hipertiroidismo. Doenças do metabolismo e da nutrição: Pouco frequente: Perturbação do apetite, Hiperglicemia; Raro: Dislipidémia, Retenção de fluidos. Perturbações do foro psiquiátrico: Frequente: Perturbações da libido, Perturbações do humor; Pouco frequente: Ansiedade, Humor depressivo, Depressão, Perturbação mental, Perturbação de sono. Doenças do sistema nervoso: Frequente: Cefaleia; Pouco frequente: Enxaqueca, Tonturas; Raro: Disgeusia, Hipostesia, Parestesia. Afeções oculares: Raro: Prurido do olho, Insuficiência visual. Afeções do ouvido e do labirinto: Raro: Vertigens. Doenças cardíacas: Raro: Palpitações. Vasculopatias: Pouco frequente: Hipertensão, Eventos trombóticos; Raro: Flutuação da
Joana Paulo
ISABEL LUZEIRO, PRESIDENTE DA SOCIEDADE PORTUGUESA DE NEUROLOGIA (SPN):
“As novas terapias das últimas décadas vieram
ISAbEl luzEIro ComENtA quE loNgE VAI o tEmPo Em quE A NEurologIA SE bASEAVA NA SEmIologIA, DADA A FAltA DE métoDoS DIAgNóStICoS E tEr APêutICoS NAS últImAS DéCADAS, gr AçAS À INVEStIgAção E, mAIS rECENtEmENtE, Ao APArECImENto DE NoVAS tEr APêutICAS, EStA ESPECIAlIDADE tEm VIVIDo umA FASE PujANtE. A PrESIDENtE DA SPN E Do ColégIo DA ESPECIAlIDADE DE NEurologIA DA om ADmItE quE, Com o NoVo PAr ADIgmA DA INtElIgêNCIA ArtIFICIAl, AINDA muIto Irá muDAr NA NEurologIA
“Na década de 80, quando realizei o internato de Neurologia, a especialidade atraía-nos e desafiava-nos, porque era muito intrigante o funcionamento do cérebro, praticamente não havia meios de diagnóstico e as terapêuticas eram escassas. O jogo semiológico era a nossa arma e o nosso incentivo a seguir esta especialidade. Após uma fase quiescente, as novas terapias que surgiram nesta última década vieram recuperar a motivação pela Neurologia”, começa por evidenciar Isabel Luzeiro, que preside à Sociedade Portuguesa de Neurologia desde 2020.
A neurologista da ULS de Coimbra reconhece que a especialidade enfrenta “aspetos negativos, como o aumento das doenças neurológicas, especificamente as neurodegenerativas, nas últimas três décadas, também devido ao envelhecimento”. Contudo, destaca haver “muitos pontos positivos”, por exemplo, em termos de investigação e de desenvolvimento de novas terapêuticas. E refere, nomeadamente, o uso da modulação genética na atrofia muscular espi-
ISABEL LUZEIRO:
nhal, ou com o objetivo de retardar a doença de Alzheimer, a utilização da DBS (estimulação cerebral profunda) na doença de Parkinson e a intervenção terapêutica ao nível dos mecanismos neuroinflamatórios, como sucede na esclerose múltipla”.
Concretamente, no caso das cefaleias, avança que “a descoberta dos neuropeptídeos permitiu, pela primeira vez, haver medicação a elas dirigida. Com efeito, até então, à exceção dos triptanos, todas as terapêuticas usadas destinavam-se a outras doenças e eram adaptadas às cefaleias, de que são exemplo os antiepiléticos e os antidepressivos”.
Isabel Luzeiro, que preside ao Colégio da Especialidade de Neurologia da OM, admite que “o novo paradigma da inteligência artificial irá trazer muitas mudanças à Neurologia”. Na sua opinião, “com os bancos de dados e os algoritmos disponíveis, será possível, através da IA, fazer análises completamente diferentes, como localizar lesões cerebrais muito específicas e praticar a medicina de precisão”.
Para si, trata-se de “um avanço imensurável”. Receia apenas que
“Com os bancos de dados e os algoritmos disponíveis, será possível, através da IA, fazer análises completamente diferentes, como localizar lesões cerebrais muito específicas e praticar a medicina de precisão”, refere a neurologista
“este desenvolvimento possa comprometer os princípios deontológicos e éticos com o foco no doente, ao condicionar, eventualmente, a sua privacidade e a proteção dos seus dados, avançando sem atender ao Juramento de Hipócrates. Nesse sentido, considera que “máquinas e pessoas terão de trabalhar juntas com humanismo para que tudo corra de feição”.
Esta é uma das temáticas que têm vindo a ser discutidas nas edições do Fórum de Neurologia, projeto implementado pela SPN durante a presidência de Isabel Luzeiro, e ainda em sessões debatidas pelo Colégio da Especialidade de Neurologia. “A par da inovação, a bioética tem de ser discutida, para tranquilização não só
isabel luzeiro:
“A par da inovação, a bioética tem de ser discutida, para tranquilização não só do doente, mas também dos profissionais.”
do doente, mas também dos profissionais”, defende.
A título de exemplo, refere que, “no âmbito do diagnóstico de de-
“Sou muito inquieta e sempre procurei novos desafios”
Isabel Luzeiro nasceu a 1 de março de 1960, em Coimbra, mas tem vivido na Mealhada, exceto no período em que estudou na FMUC. Desde cedo que ambicionava ser médica e tem feito o seu percurso profissional na cidade onde nasceu.
Sempre pensou que seguiria Neurologia ou Psiquiatria e, durante o internato de formação geral, percebeu que “a Psiquiatria era muito funcional e não contemplava a organicidade das doenças”, o que a levou a escolher Neurologia. Realizou o internato da especialidade no Hospital dos Covões, tendo-se tornado neurologista em 1984.
Nessa altura, no Serviço daquela instituição, “havia a necessidade de alargar a equipa que realizava eletroencefalogramas e eletromiografias”, o que a motivou a concorrer ao
Ciclo de Estudos Especiais de Neurofisiologia, no Hospital de Santo António. Viria a complementar essa formação no Hôpital Saint-Vincent-de-Paul, em Paris, uma instituição pediátrica, nos domínios da neurofisiologia e da epilepsia, “áreas muitos complementares”. Quando regressou, frequentou ainda a pós-graduação em Ciências da Dor e tornou-se mestra em Dor pela FMUL. Submeteu-se ainda ao Exame Europeu de Certificação em Medicina do Sono. Tal percurso faz de Isabel Luzeiro neurologista e neurofisiologista, com competências em Dor e em Patologia do Sono. Nos Covões, chegou a acumular a direção do Internato e a ser chefe de Urgência, até ter transitado para os Hospitais da Universidade de Coimbra, em 2012. Assumiu funções
de direção nas suas áreas de eleição, tanto a nível hospitalar como nacional, no âmbito do sono, cefaleias e epilepsia, enquanto representante internacional da medicina do sono e também da Sociedade Portuguesa de Cefaleias, a que já presidiu. Foi ainda tesoureira da Liga Portuguesa Contra a Epilepsia. Na ULS de Coimbra, atualmente, é responsável pela Consulta de Cefaleias, pelo Sono/ Neurologia e ainda conselheira do Internato Médico.
Em 2020, assumiu a presidência da Sociedade Portuguesa de Neurologia e do Colégio da Especialidade de Neurologia da Ordem dos Médicos, para o triénio 2020-2022, sendo que em ambos os casos se encontra a cumprir um segundo mandato. Preside ao Conselho Superior de Disciplina da OM.
A sua ligação à SPN já era robusta, uma vez que, logo durante o período de formação, foi a primeira presidente da Comissão de Internos e Recém-Especialistas de Neurologia da SPN. Ao longo do seu trajeto, integrou organizações locais e participou em eventos como preletora e moderadora. Caracterizando-se como uma pessoa “muito inquieta, nada acomodada, que sempre procurou novos desafios e defendeu a verdade e a justiça”, reconhece, contudo, que “ser eficaz e levar tudo a bom porto é muito exigente e, por vezes, desgastante”. Paralelamente à vida profissional, integra o GEDEPA - Grupo Etnográfico de Defesa do Património e Ambiente da Região de Pampilhosa e pertence ao Rotary Club de Coimbra.
mência, é preciso ter cuidado com o momento e a forma como se diz e a quem se diz . Na neuropatia amiloide relacionada com a transtirretina (antes designada por polineuropatia amiloidótica familiar), dado ser uma doença geneticamente transmissível, a informação diz respeito ao próprio, eventualmente à família, e não pode passar para o domínio geral”. Ao presidir às duas entidades, a neurologista esforça-se por “transmitir a perceção dos colegas hospitalares às entidades competentes, de forma a serem elaborados consensos, reuniões e guidelines”.
A necessidade de uma abordagem mais abrangente dos doentes
Com cerca de quatro centenas de neurologistas no ativo – 1 por cada 25 mil pessoas –, anualmente, há cerca de 40 médicos admitidos no internato de Neurologia, números que Isabel Luzeiro considera razoáveis. “Nalguns países, como o Reino Unido, são precisos muitos menos porque os médicos de família têm grande formação em Neurologia e os neurologistas, na rede de referenciação, são a 3.ª linha. A média a nível europeu será de 1 por 27-30 mil”, esclarece.
Adianta que, a nível hospitalar, “para se identificar uma Unidade de Neurologia como tal, essa área funcional terá de ter, pelo menos, três elementos”. E lamenta que, neste momento, haja hospitais só com dois, como na Figueira da Foz e na Guarda, e até apenas com um, como em Évora e nas Caldas da Rainha. Quanto ao acesso ao internato de Neurologia, a profissional refere que as vagas, atribuídas pelo respetivo Colégio da Especialidade com base na idoneidade dos serviços, têm sido preenchidas na totalidade. E distingue que, apesar de esta entidade receber
vieram recuperar a motivação pela Neurologia”
Congresso debate
“Novos Desafios na Ciência e Tecnologia”
Com um conjunto de conferências sobre temas atuais, sessões, conversas com o perito, o programa do Congresso Nacional de Neurologia 2024 promete ser bastante enriquecedor.
O evento contempla ainda um conjunto de iniciativas pré-congresso, concretamente o 13.º Simpósio de Enfermagem em Neurologia, os cursos de Neurossonologia, Vertigem Aguda, Neuro-oncologia, e Tratamento Ecoguiado com Toxina Botulínica de Tremor e Distonia do Membro Superior. Haverá ainda espaço para a realização das reuniões de Neuropatologia e da Secção de Neurologia do Comportamento, e do Fórum de Epilepsia Refratária.
O encontro está marcado para os dias 24 a 26 de outubro, no Centro de Congressos Cascais Miragem, em Cascais, onde serão esperados cerca de 450 participantes.
muita pressão para aumentar o número de vagas, “é preciso cautela para evitar a deslocação dos internos quando os serviços deixam de ter condições para garantir a idoneidade e a respetiva formação sólida e completa que lhes é exigida”.
Por sua vez, já formados, “identifica-se algum movimento de neurologistas para o estrangeiro, essencialmente para França, Inglaterra e Holanda, em busca de melhores condições e de um maior rendimento”. Como observa, “neste momento, com a falta de progressão na carreira e de estímulo, a máxima sobrecarga horária e o escasso reconhecimento e tempo para a família, cada vez mais os profissionais emigram e não regressam, porque é-lhes logo conferido um grau diferente e a compensação monetária correspondente”. Por outro lado, “os hospitais privados estão a ganhar protagonismo, ao criar serviços completos”.
Isabel Luzeiro acredita que, para contrariar estas tendências, “é preciso reforçar as equipas, para haver uma maior rotação e menor sobrecarga, e dar formação diferenciada aos médicos de família, envolvendo-os mais na abordagem dos doentes, para que só os referenciem quando tiverem esgotado todos os recursos de base”.
Apesar da vontade que identifica nos colegas de quererem ser mais proativos, nota que, “durante o curso, a formação em Neurologia é temporalmente escassa, e durante o Ano Comum só de forma voluntária é que passam por esta especialidade”.
Adicionalmente, tem consciência de que a escassez de médicos de família não abona a este favor, o que a leva a reconhecer a necessidade de “uma grande reforma estrutural e de boa vontade por parte dos gestores”.
A médica alerta que, “no Serviço de Urgência, a Neurologia recebe muitos casos de vertigem que, na verdade, são tonturas associadas a doenças psiquiátricas e a mal-estar cardíaco, ou então são do âmbito da ORL”.
Admite também que algumas das soluções possam passar pela “deslocação de neurologistas aos CSP para a realização de consultas e pela existência de uma abordagem mais abrangente dos doentes, assente
na comunhão de médicos com diferentes competências, bem como enfermeiros e técnicos, e não numa especialidade isolada, com estudo de um doente no mesmo período temporal”.
e CRÓNICA1,2
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AQUIPTA® é indicado para a profilaxia da enxaqueca em adultos que têm,pelo menos, 4 dias de enxaqueca por mês. Referências: 1.Resumo das Características do Medicamento Aquipta®, agosto de 2023; 2. Infomed - Base de dados de medicamentos do INFARMED, I.P. # aCGRP=antagonista dos recetores do CGRP
INFORMAÇÕES ESSENCIAIS COMPATÍVEIS COM O RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS DO MEDICAMENTO NOME DO MEDICAMENTO E FORMA FARMACÊUTICA: AQUIPTA 10 mg e 60 mg, comprimidos. COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA: Cada comprimido contém 10 mg ou 60 mg de atogepant. INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS: AQUIPTA é indicado para a profilaxia da enxaqueca em adultos que têm, pelo menos, 4 dias de enxaqueca por mês. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO: Posologia: A dose recomendada é de 60 mg de atogepant, uma vez por dia. Os comprimidos podem ser tomados com ou sem refeições. Consultar o RCM para mais informações sobre dose omissa. Modificações da dose: Dose recomendada: em caso de interações com inibidores fortes da CYP3A4 – 10 mg uma vez por dia; em caso de interações com inibidores fortes do polipéptido transportador de aniões orgânicos (OATP) –10mg uma vez por dia. Populações especiais: Idosos: Não é necessário ajuste da dose em doentes idosos. Compromisso renal: Não é recomendado ajuste da dose em doentes com compromisso renal ligeiro ou moderado. Em doentes com compromisso renal grave e em doentes com doença renal terminal (DRT), a dose recomendada é de 10 mg uma vez por dia. Em doentes com DRT submetidos a diálise intermitente, AQUIPTA deve ser tomado preferencialmente após a diálise. Compromisso hepático: Não é recomendado ajuste da dose em doentes com compromisso hepático ligeiro ou moderado. Atogepant deve ser evitado em doentes com compromisso hepático grave. População pediátrica: A segurança e eficácia de atogepant em crianças (< 18 anos de idade) não foram ainda estabelecidas. Não existem dados disponíveis. Modo de administração: Os comprimidos devem ser engolidos inteiros e não devem ser divididos, esmagados ou mastigados. CONTRAINDICAÇÕES: Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes de AQUIPTA. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO: Atogepant não é recomendado em doentes com compromisso hepático grave. INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E OUTRAS FORMAS DE INTERAÇÃO: Inibidores da CYP3A4: Os inibidores fortes da CYP3A4 (p. ex., cetoconazol, itraconazol, claritromicina, ritonavir) podem aumentar significativamente a exposição sistémica ao atogepant. Não se prevê que as alterações na exposição ao atogepant, quando coadministrado com inibidores fracos ou moderados da CYP3A4, sejam clinicamente significativas. Inibidores de transportadores: Os inibidores do OATP (p. ex., rifampicina, ciclosporina, ritonavir) podem aumentar significativamente a exposição sistémica ao atogepant. Medicamentos frequentemente coadministrados: A coadministração de atogepant com os componentes de contracetivos orais, etinilestradiol e levonorgestrel, paracetamol, naproxeno, sumatriptano ou ubrogepant não resultou em interações farmacocinéticas significativas, quer para o atogepant quer para os medicamentos coadministrados. A coadministração com famotidina ou esomeprazol não resultou em alterações clinicamente relevantes da exposição ao atogepant. EFEITOS INDESEJÁVEIS: A segurança foi avaliada em 2.657 doentes com enxaqueca que receberam, pelo menos, uma dose de atogepant em estudos clínicos. Destes, 1.225 doentes foram expostos ao atogepant durante, pelo menos, 6 meses e 826 doentes foram expostos durante 12 meses. As reações adversas notificadas com maior frequência foram náuseas (9%), obstipação (8%) e fadiga/sonolência (5%). A maioria das reações foram de gravidade ligeira ou moderada. A reação adversa que levou à descontinuação com maior frequência foi náuseas (0,4%). Consultar o RCM para mais informações relativamente a efeitos indesejáveis.
Este medicamento está sujeito a monitorização adicional. Isto irá permitir a rápida identificação de nova informação de segurança. Quaisquer suspeitas de reações adversas a AQUIPTA devem ser notificadas à AbbVie, Lda., via e-mail para pt.abbvie.farmacovigilancia@abbvie.com ou telefone para +351 211 908 400 e/ou ao INFARMED. I.P., através do sistema nacional de notificação, via e-mail para farmacovigilancia@infarmed.pt ou telefone para +351 217 987 373. Revisão do texto das IECRCM: agosto 2023 (AIM) . Medicamento sujeito a receita médica. Medicamento não comparticipado. Para mais informações deverá contactar o representante local do titular da autorização de introdução no mercado. Consultar o RCM antes de prescrever e sempre que necessite de informações complementares. Representante local do titular da AIM: AbbVie, Lda., Estrada de Alfragide, 67 - Alfrapark - Edifício D. 2610-008 Amadora. Portugal. Tel.: 211908400. CRC Amadora NIF 510 229 050 – Capital Social €4.000 000. PT-AQP-240060 | Jul 2024
CRIADO HÁ vINTE ANOS NO HOSPITAL DE
Núcleo de Investigação Arterial da ul mantém o combate à hipertensão e às
A PrImEIr A CoNCluSão A quE SE ChEgA quANDo SE SobE Ao 5.º PISo Do EDIFíCIo DAS CoNSultAS ExtErNAS Do hoSPItAl DE SANtA mArtA, um DoS PoloS DA Agor A uNIDADE loCAl DE SAúDE DE São joSé, é quE o ProjEto l ANçADo há DuAS DéCADAS Por PEDro mArquES DA SIlVA SobrEVIVEu Ao DESAPArECImENto FíSICo Do INtErNIStA quE, Ao loNgo DoS ANoS, FoI tANtAS VEzES IDENtIFICADo, Por l APSo DE quEm o CItAVA, Como CArDIologIStA o NúClEo INtEgr A A uNIDADE FuNCIoNAl DE mEDICINA INtErNA 4, quE PoSSuI tAmbém, NomEADAmENtE, umA CoNSultA DE DIAbEtologIA, SENDo quE AS DuAS VAlêNCIAS FuNCIoNAm DE FormA ExEmPl ArmENtE ArtICul ADA. E oS DoENtES Agr ADECEm!
Mário Santos, 63 anos, assumiu a coordenação da Unidade Funcional de Medicina Interna 4 da ULS de São José apenas em 2020, na sequência da aposentação do seu antecessor, mas desde 2009 que a integra. Tinha conhecido pessoalmente o seu colega internista Pedro Marques da Silva pouco tempo antes, no decorrer de um congresso, e o seu envolvimento na atividade do Núcleo de Investigação Arterial foi quase imediata.
Admitindo que o Núcleo é, “sem dúvida”, a estrutura mais relevante dentro da Unidade que dirige, não poupa nos elogios a quem esteve na sua origem: “O Dr. Pedro Marques da Silva é uma referência a nível nacional
e internacional, mas, infelizmente, já partiu. A sua Consulta de Hipertensão e Dislipidemia era uma referência em Portugal.”
Mário Santos reserva a manhã das terças-feiras para ver doentes, no âmbito da Consulta de Hipertensão e Dislipidemias (como se pode ver, o nome foi, entretanto, ligeiramente alterado) mas também da Consulta de Medicina Interna, que funciona na mesma área da primeira, mas estruturalmente independente do Núcleo, tal como, aliás, a Consulta de Diabetologia. Passada década e meia depois da sua chegada ao Hospital de Santa Marta, o médico afirma: “Temos uma população muito mais idosa e polimedicada, com muitos doentes sem
a sua tensão controlada, uns por má adesão à terapêutica, outros por não terem dinheiro para comprar os medicamentos e outros ainda por existir uma grande dificuldade ao nível da comunicação, por não falarem português ou uma língua mais acessível, como o inglês.”
Confirmando que existe, de facto, uma redução no número de utentes referenciados pelos cuidados de saúde primários, Mário Santos considera que “muitos doentes procuram a Urgência hospitalar simplesmente por não terem acesso facilitado aos CSP, ou por nem sequer terem mé-
O percurso: Lisboa, Coimbra, Pulido valente e Santa Marta
Reconhece que foi por não ter média suficiente para entrar em Lisboa, cidade onde nascera em abril de 1961 e onde sempre vivera, que Mário Santos acabou por se formar na FMUC. Diz que foi “uma experiência interessante” e que, “felizmente”, a sua namorada – com quem mais tarde viria a casar – o acompanhou nessa ida para Coimbra, para ali estudar Psicologia.
Consciente de que, terminando o curso naquela cidade -- e em virtude de, na altura, os concursos serem realizados a nível regional --, teria que ficar obrigatoriamente colocado entre Rio Maior e Aveiro, pediu a transferência para Lisboa quando frequentava o 4.º ano de Medicina. Prosseguiria então os estudos na FMUL.
No âmbito do internato geral de 2 anos, teve a oportunidade de conhecer o Serviço de Medicina do
Hospital Pulido Valente, cujo diretor era Mário Quina e que contemplava as áreas de Medicina Interna e de
Gastrenterologia. Ali iniciou, em 1989, o internato da especialidade de MI. Já especialista e a dar aulas na Faculdade de Ciências Médicas, a criação do Centro Hospitalar que juntou o Pulido Valente a Santa Maria acabaria por ditar, em 2009, a mudança para Santa Marta de Mário Santos e de outros elementos (Miguel Toscano Rico, Teresa Garcia e Patrícia Cachado), acompanhando o até então diretor do Serviço, Sousa Guerreiro. Tornou-se coordenador da Unidade Funcional de MI 4 da ULS de São José na segunda metade de 2020, pouco tempo depois de, em julho desse ano, ter concluído o seu doutoramento, com uma tese na área da Gastrenterologia, envolvendo a Helicobacter pylori
dico de família. Assim, quando surge algum problema, por mais leve que seja, não encontram outra alternativa que não seja recorrerem aos serviços de Urgência”.
Rodrigo Leão: “Há uma ligação umbilical a este Núcleo!”
Embora integre a Unidade de Medicina 7.1 do polo do Curry Cabral da ULS de São José, e de acrescentar à sua atividade clínica a de professor da NOVA Medical School, o internista Rodrigo Leão, 40 anos, mantém há uma dúzia de anos uma relação mui-
Rodrigo Leão
Mário Santos
ulS de São josé às dislipidemias
número elevado de doentes que tenho. E também é por eles que venho, alguns dos quais eu já acompanhava no tempo do Dr. Pedro e pelos quais não deixo de sentir alguma estima, sentimento que julgo ser recíproco.”
Rodrigo Leão foi apresentado ao fundador do Núcleo em 2012, quando iniciava o seu internato da especialidade de Medicina Interna e tomava a decisão de construir a sua tese de doutoramento numa área em que, mais tarde, viria a obter o título de especialista em Hipertensão Clínica pela Sociedade Europeia de Hipertensão.
Doze anos depois de ter iniciado esta “caminhada”, Rodrigo Leão observa que chegam agora menos doentes oriundos dos CSP e que a maior parte “vem-nos referenciada
“eu diria que 10% dos doentes da minha lista, se tivessem um mF que os seguisse e facilidade de acesso ao mesmo, não precisariam de vir aqui”, garante rodrigo leão.
to especial com o Núcleo de Investigação Arterial.
“No fundo, também foi aqui que, com o Dr. Pedro Marques da Silva, cresci profissionalmente, tendo-se estabelecido uma ligação umbilical a este Núcleo e a esta equipa que eu estimo muito e que considero ter um grande potencial, o que me faz permanecer associado a este projeto”, justifica, dedicando uma tarde por semana à Consulta de Hipertensão e Dislipidemias.
E acrescenta: “Supostamente, tenho três horas de horário, mas fico sempre umas cinco devido ao
das consultas de especialidade, Cardiologia, Cirurgia Vascular, unidades de AVC... Mas também atendemos muitos casos encaminhados da Urgência, ou ainda da Consulta de Medicina, quando o colega percebe que o doente tem, por exemplo, uma hipercolesterolemia familiar ou precisa de iniciar um inibidor da PCSK9”.
O médico está convencido de que o menor fluxo de doentes vindos dos CSP encontra explicação na crescente dificuldade de acesso a esse nível de cuidados e também porque os médicos de família têm pouco tempo, por exemplo, para os
reavaliar. “Noto que a própria disponibilidade dos colegas de MGF para se estabelecerem elos de ligação mais fortes connosco é menor, situação que poderá não se alterar enquanto eles continuarem a ser poucos e os utentes muitos”, afirma.
“Eu diria que 10% dos doentes da minha lista, se tivessem um médico de família que os seguisse e facilidade de acesso ao mesmo, não precisariam de vir aqui, ou viriam cá apenas muito de vez em quando”, considera Rodrigo Leão.
Já o mesmo não diz daquela população mais envelhecida, “que já é seguida por nós há muitos anos e assim continua a ser, não porque essas pessoas não tenham a sua situação controlada, mas porque apresentam múltiplas comorbilidades e, por isso, precisam de um seguimento um pouco mais apertado. A qualquer momento podem descompensar e, assim, estamos a prevenir eventos”.
Em todo o caso, “como são patologias silenciosas, temos sempre que nos preocupar em manter a motivação dos doentes, procurando que cumpram a terapêutica e tenham em atenção o seu estilo de vida, até mesmo no caso de alguns que já sofreram um evento e, em princípio, teriam receio de que se repetisse”. O objetivo é claro: “Manter a normalidade da sua pressão arterial, da sua dislipidemia, da sua diabetes.”
Entretanto, a área geográfica coberta por Santa Marta e pelo Hospital de São José, que inclui zonas de Lisboa como o Intendente e o Martim Moniz, contribui sobremaneira para o grande afluxo de doentes naturais de países como o Nepal, a Índia ou o Bangladesh. “Nota-se que sofrem dos mesmos problemas que nós, mas têm muita dislipidemia!, frisa Rodrigo Leão, sugerindo que a explicação para tal poderá estar relacionada com a sua genética e com os seus hábitos alimentares, que determinam elevada prevalência de obesidade visceral e insulinorresistência.
Miguel Toscano Rico: “Acabo por dar algumas altas por incumprimento terapêutico”
Oriundo de uma família de médicos, Miguel Toscano Rico, 54 anos, formou-se em Medicina, curso que fez na Faculdade de Ciências Médicas, onde agora dá aulas. “Gosto de meter a mão no doente por inteiro, de fazer a síntese das doenças”, afirma, justificando assim a escolha de Medicina Interna, cujo internato cumpriu no Curry Cabral, no então Serviço de MI e Doenças Infeciosas. Com várias áreas de interesse, em particular a Infeciologia, o seu percurso clínico levou-o ao Hospital de Pulido Valente, onde se dedicou às consultas de HTA e Dislipidemia e de Geriatria. Em 2010, mudou-se para o Santa Marta, acompanhando a equipa do diretor do Serviço (Sousa Guerreiro), não tendo demorado a
PEDRO MARqUES DA SILvA:
“E foi assim que tudo começou”
Pedro Marques da Silva faleceu a 11 de janeiro de 2020, precisamente na véspera de completar 62 anos. Alguns meses depois ser-lhe-ia atribuído o Prémio Nacional de Medicina Interna 2020, a maior distinção concedida a um internista pela respetiva Sociedade, a SPMI.
dos e um estágio, quando cheguei a Portugal, sugeri ao meu diretor, na altura, o Dr. Lacerda Nobre, a criação da Consulta, mas a pensar nas dislipidemias. Ele considerou que devia agregar também a hipertensão. E foi assim que tudo começou. Posteriormente, avançámos
Nessa altura, a Just News recordou algumas partes de uma entrevista que aquele médico nos concedera em 2015, nomeadamente a que dizia respeito à criação, no Hospital de Santa Marta, da Consulta de HTA e Dislipidemias, que esteve na origem da formação do Núcleo de Investigação Arterial:
“Em 1991, este problema de saúde era praticamente virgem. (…) Nessa altura, fiz uma formação pós-graduada em Cambridge sobre o metabolismo lipoproteico.
Ainda se estava a iniciar o tratamento com estatinas. Após os estu-
colaborar com Pedro Marques da Silva – “Alguém que me marcou bastante”, confessa –, integrando o grupo do Núcleo de Hipertensão e Dislipidemias.
“Transitoriamente”, como diz, dedica apenas um dia (manhã e tar-
na concretização da realização de técnicas vasculares não invasivas que pudessem estratificar melhor o risco, principalmente naqueles doentes que se encontram em situação dúbia. São casos que exigem meios de diagnóstico para percebermos até que ponto estão já afetadas as artérias e qual a melhor terapêutica, porque não são casos muito graves, nem em fase inicial, em que ainda é possível recorrer, sobretudo, à mudança de estilos de vida. Fazemos o que podemos chamar de avaliação do envelhecimento vascular prematuro.”
de) às consultas porque, entretanto, assumiu, nomeadamente, a coordenação da Unidade de Hospitalização Domiciliária e do projeto de Telesaúde (ATENTO), sedeados, respetivamente, em Santa Marta e no Hospital de Santo António dos Capuchos. À semelhança de Rodrigo Leão, herdou igualmente uma fatia dos doentes de Pedro Marques da Silva, confirmando que o grande fluxo de estrangeiros é recente. Constata, aliás, que “a grande maioria daqueles que não têm nacionalidade portuguesa permanece fora da franja das consultas, sendo muito mal acompanhados. Fazem um circuito muito em torno dos serviços de Urgência, não ficando vinculados às instituições”.
Miguel Toscano Rico classifica os doentes que acompanha em dois grandes grupos: aqueles que já têm diagnóstico e plano terapêutico e os que ainda estão em estudo, a quem
Miguel Toscano Rico
(Continuação da pág. 23)
chama “as minhas pedras no sapato”. Aos primeiros subdivide-os depois em duas categorias: os que cumprem a terapêutica prescrita e os incumpridores.
“A alguns dos meus doentes acabo por lhes fazer alguma ‘psicoterapia informal’ e eu penso que isso também contribui para que depois até gostem de vir à consulta”, refere miguel toscano rico.
“Já aconteceu dar alta a doentes por incumprimento terapêutico”, afirma. E haverá um perfil que os caracterize? “É complicado generalizar, mas verifico que em muitos casos são homens de meia-idade, bon vivants, que já tiveram complicações de saúde, alguns até já passaram por grandes calafrios, mas…”
“É evidente que a alta por incumprimento não é dada no primeiro tempo de consulta, há todo um percurso que o doente vai fazendo para
consolidação das motivações que conduzem à adesão à terapêutica. E note-se que é frequente o incumprimento verificar-se porque existe muito pouco suporte familiar, porque a pessoa vive isolada e sem perspetivas. Obviamente, é necessário ter todos esses fatores em consideração antes de se tomar tal decisão!”, sublinha o médico, acrescentando:
“A alguns dos meus doentes acabo por lhes fazer alguma ‘psicoterapia informal’ e eu penso que isso também contribui para que depois até gostem de vir à consulta.”
Ana Martins: “Trabalhamos bastante em equipa”
Há cerca de 5 anos, desde o final de 2019, que Ana Martins é a “enfermeira fixa” do Núcleo de Investigação Arterial, embora faça questão de deixar bem claro que é à diabetes que dedica a maior parte do seu tempo, para além de também dar apoio à Consulta de
A relação bidirecional que existe entre a Consulta de Diabetologia e o Núcleo
A ligação da Consulta de Diabetologia ao Núcleo de Investigação Arterial é tão estreita que se torna obrigatória a participação da sua coordenadora neste trabalho. Patrícia
Cachado diz haver “uma relação bidirecional” entre as duas valências, até porque “estes doentes apresentam, obviamente, uma panóplia de fatores de risco que obrigam, com frequência, a uma intervenção articulada”.
“Os doentes que chegam à Consulta de Hipertensão e Dislipidemias têm muitas vezes diabetes e precisam do nosso apoio e, como se sabe, o inverso também acontece”, observa, sublinhando: “Essa discussão multidisciplinar entre colegas acerca de determinados doentes acontece com regularidade e é, como se compreende, muito importante.”
patrícia Cachado: “A discussão multidisciplinar entre colegas acerca de determinados doentes acontece com regularidade e é muito importante.”
“Partilhamos uma quantidade significativa de doentes, nos casos em que consideramos ser benéfico esse seguimento mútuo, por existirem determinadas especificidades que o justificam. Há depois outras situações que acabam por ser acompanhadas apenas numa das consultas, com uma avaliação feita de uma forma global”, explica a médica.
Para Patrícia Cachado, o facto de a enfermeira Ana Martins dar apoio às duas estruturas “é, sem dúvida, uma mais-valia muito grande”. Desde logo porque, ao contrário do que acontece com os elementos médicos, que têm os seus períodos específicos de consulta, “ela está presente todos os dias e, portanto, é a quem os utentes recorrem muitas vezes quando precisam, nomeadamente, de esclarecer alguma dúvida que tenham”.
“O seu papel é fundamental porque faz a ponte entre os doentes e as equipas médicas”, frisa.
Cada vez mais doentes chegam das Consultas Externas, do Internamento e da Urgência
Natural de Santarém, Patrícia Cachado, 47 anos, fez o curso de Medicina na FMUL, escolheu o hospital da sua terra natal para cumprir o internato geral e o Pulido Valente, em Lisboa, para se especializar em Medicina Interna. “Sempre me fez mais sentido não afunilar o conhecimento e por isso optei por uma especialida-
de em que não se particulariza, permitindo estudar o organismo como um todo, integrando o conhecimento de uma forma global”, justifica. Foi no ano em que se tornou internista (2009) que o seu diretor naquele hospital (Sousa Guerreiro) foi convidado para dirigir a MI em Santa Marta e Patrícia Cachado acompanhou-o, à semelhança de Mário Santos, entre outros colegas. O seu interesse pela diabetes nascera logo no início do internato no Pulido Valente, com a sua ligação à Consulta de Diabetologia, coordenada por Alda Jordão.
Em Santa Marta foi encontrar (e integrar) uma Consulta que funcionava de forma estruturada desde 2003, com médico e enfermeiro,
mas limitada no que se referia aos recursos humanos. “Acabou então por ganhar algum corpo funcional e a equipa foi progredindo ao longo do tempo, inclusive, com a participação de internos de MI, dois dos quais ainda se mantêm, agora como especialistas. Tornou-se, assim, possível registar um crescendo de atividade, com elementos dedicados e com vontade de fazer coisas diferentes, o que veio permitir dinamizar a Consulta”, observa a médica.
Paula Nascimento e Ana Teresa Ferreira – mas também pela própria enfermeira Ana Martins. Tendo assumido a coordenação da Consulta de Diabetologia há cerca de três anos, a saída de dois colegas, um dos quais por aposentação, tem obrigado a “um trabalho de organização árduo”. Até porque, “para além dos doentes que por esse motivo acumulámos nas nossas listas, damos resposta a uma quantidade enorme de pedidos de primeira
Patrícia Cachado destaca o apoio dado, em termos de consultadoria, aos doentes internados noutros serviços do hospital, médicos e cirúrgicos. Tarefa que é assegurada não só por si e pelos outros três elementos médicos –os internistas Afonso Rodrigues,
consulta. Alguns deles oriundos dos cuidados de saúde primários, mas principalmente da Cardiologia e da Cirurgia Vascular aqui de Santa Marta, bem como da área do transplante pulmonar, pois, a administração de terapêutica imunossupressora acaba por ser um fator de risco para
Ana Martins
Patrícia Cachado
“A maior parte das pessoas que aqui vêm são extremamente idosas, precisando de orientação”, sublinha a enfermeira Ana martins.
Medicina Interna. “Acaba por ser uma área muito complementar e trabalhamos bastante em equipa”, frisa.
Refere dar uma atenção especial às dislipidemias hereditárias porque “os ensinos são muito específicos”. Diagnosticadas no Hospital de Dona Estefânia, instituição que também integra a ULS de São José, as crianças transitam para Santa Marta quando atingem a idade adulta.
“Damos continuidade aos ensinos relacionados com o estilo de vida e compete-me a mim capacitar esses doentes para conseguirem adminis-
trar eles próprios, em casa, o medicamento injetável, muito específico, que lhes é prescrito”, esclarece. Ana Martins, que completa 42 anos agora no final de outubro, é natural de Vila Pouca de Aguiar, formou-se em Enfermagem em Chaves e, em 2005, veio para Lisboa fazer o estágio final do curso na Unidade de Medicina 4. Acabou contratada, tendo ficado 14 anos no Internamento de Medicina Interna.
Pelo menos à data em que esta reportagem foi feita, a enfermeira contava com a colaboração de uma assis-
tente técnica “a fazer o backoffice” na marcação de consultas, embora tudo se encaminhasse para a concentração total dessa atividade num balcão único, no piso 2 do edifício. Quanto ao papel da assistente operacional colocada na área onde se encontra o Núcleo de Investigação Arterial, parece ser indispensável, desde logo porque “a maior parte das pessoas que aqui vêm são extremamente idosas, precisando de orientação”. E convém lembrar que se trata de um espaço partilhado por várias valências, em termos de con-
sultas e de exames, de que é exemplo a avaliação de pacemakers. “Ela faz um trabalho excecional”, garante a enfermeira.
Ana Martins valoriza a boa relação que existe com os profissionais médicos, “o que é muito importante porque a nossa intervenção é verdadeiramente complementar, obrigando-nos, com alguma frequência a definir uma estratégia de atuação relativamente, por exemplo, a determinados doentes que numas alturas estão muito comprometidos em gerir a sua doença e noutras não”.
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que esses doentes desenvolvam diabetes”.
“Sou eu a responsável por fazer a triagem dos pedidos de primeira consulta, que, por regra, são aceites, pelo menos para que seja feita uma avaliação inicial”, esclarece Patrícia Cachado, referindo-se especialmente aos que chegam dos CSP. “Nos tempos que correm, com a dificuldade de resposta que existe, devido à carência de médicos de família, e sendo a diabetes uma doença crónica que precisa de acompanhamento regular, a maior parte dos pedidos é aceite”, justifica.
A especialista confirma que se regista uma diminuição no número de doentes referenciados pelos CSP para a Consulta de Diabetologia de Santa Marta. Por outro lado, refere que se tem assistido, ao longo dos anos, a um “aumento muito significativo” dos que ali chegam encaminhados das Consultas Externas do hospital e do Internamento, tal como da Urgência, “que os doentes continuam a usar como alternativa aos CSP”.
O que também não para de aumentar é o número de utentes de nacionalidades que não a portuguesa atendidos pela equipa de Patrícia Cachado: “Acabamos por detetar doentes, muitos deles jovens, com patologia vascular complexa, que dão entrada na Cardiologia com enfartes graves, com diagnóstico de diabetes, apresentando uma descompensação metabólica importante.”
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Melhoria significativa na percentagem de doentes com alívio da dor mantido entre 2 a 48 horas2‡
Reduz o número médio de dias deenxaqueca/mês3
Redução significativa na média mensal de dias de enxaqueca nas semanas 9-123§
Perfil de acontecimentos adversos semelhante ao placebo2,3
A reação adversa mais comum foi náuseas no tratamento agudo (1,2%) e no tratamento preventivo da enxaqueca (1,4%). Foi observada hipersensibilidade a VYDURA® em menos de 1% dos doentes1
Com VYDURA®, a dosagem é simples.
Tratar e prevenir com o mesmo liofilizado oral de VYDURA® 75 mg.1||
Tratamento agudo: Tomado conforme necessário, até uma vez por dia. Tratamento preventivo: Tomado em dias alternados. A dose máxima por dia é de 75 mg de rimegepant.1
VYDURA 75 mg liofilizado oral COMPOSIÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA Cada liofilizado oral contém sulfato de rimegepant, equivalente a 75 mg de rimegepant. FORMA FARMACÊUTICA Liofilizado oral. O liofilizado oral é branco a esbranquiçado, redondo, com um diâmetro de 14 mm e impresso com o símbolo INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS VYDURA é indicado para o tratamento agudo da enxaqueca com ou sem aura, em adultos e tratamento de prevenção da enxaqueca episódica em adultos com, pelo menos, 4 crises de enxaqueca por mês. POSOLOGIA E MODO DE ADMINISTRAÇÃO Posologia: TratamentoagudodaenxaquecaA dose recomendada é de 75 mg de rimegepant, uma vez por dia, conforme necessário. Profilaxia da enxaqueca A dose recomendada é de 75 mg de rimegepant em dias alternados. A dose máxima por dia é de 75 mg de rimegepant. VYDURA pode ser tomado com ou sem as refeições. Medicamentos concomitantes Deve evitar-se outra dose de rimegepant no período de 48 horas quando administrado concomitantemente com inibidores moderados da CYP3A4 (ver secção 4.5). Populações especiais Idosos(idadeigualou superiora65anos)A experiência com rimegepant em doentes com idade igual ou superior a 65 anos ou mais é limitada. Não é necessário qualquer ajuste posológico uma vez que a farmacocinética do rimegepant não é afetada pela idade (ver secção 5.2). CompromissorenalNão é necessário qualquer ajuste posológico em doentes com compromisso renal ligeiro, moderado ou grave.O compromisso renal grave resultou num aumento de > 2 vezes da AUC não ligada, mas menos do que um aumento de 50% da AUC total (ver secção 5.2). Deve ter-se precaução durante a utilização frequente em doentes com compromisso renal grave. O rimegepant não foi estudado em doentes com doença renal em fase terminal e em doentes a fazer diálise. Deve evitar-se a utilização de rimegepant em doentes com doença renal em fase terminal (CLcr < 15 ml/ min). CompromissohepáticoNão é necessário qualquer ajuste posológico em doentes com compromisso hepático ligeiro (Child-Pugh A) ou moderado (Child-Pugh B). As concentrações plasmáticas (AUC não ligada) do rimegepant foram significativamente mais elevadas em indivíduos com compromisso hepático grave (Child-Pugh C) (ver secção 5.2). Deve evitar-se a utilização de rimegepant em doentes com compromisso hepático grave. PopulaçãopediátricaA segurança e eficácia de VYDURA em doentes pediátricos (< 18 anos de idade) não foram estabelecidas. Não existem dados disponíveis. Modo de administração VYDURA é para utilização oral. O liofilizado oral deve ser colocado na língua ou debaixo da língua. O liofilizado desintegrar-se-á na boca e pode ser tomado sem líquidos. Os doentes devem ser aconselhados a abrir o blister com as mãos secas e devem consultar o folheto informativo para obter as instruções completas. CONTRAINDICAÇÕES Hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer um dos excipientes mencionados na secção 6.1. ADVERTÊNCIAS E PRECAUÇÕES ESPECIAIS DE UTILIZAÇÃO Reações de hipersensibilidade Ocorreram reações de hipersensibilidade, incluindo dispneia e erupção cutânea, em menos de 1% dos doentes tratados com rimegepant em estudos clínicos (ver secção 4.8). As reações de hipersensibilidade, incluindo hipersensibilidade grave, podem ocorrer dias após a administração. Se ocorrer uma reação de hipersensibilidade, o rimegepant deve ser descontinuado e deve iniciar-se uma terapêutica apropriada. VYDURA não é recomendado em doentes com compromisso hepático grave (ver secção 4.2), em doentes com doença renal em fase terminal (CLcr < 15 ml/min) (ver secção 4.2), para utilização concomitante com inibidores fortes da CYP3A4 (ver secção 4.5), para utilização concomitante com indutores fortes ou moderados da CYP3A4 (ver secção 4.5). Cefaleias por uso excessivo de medicamentos (CEM) O uso excessivo de qualquer tipo de medicamentos para as cefaleias pode agravá-las. Se esta situação ocorrer ou se houver suspeita da mesma, deve obter-se aconselhamento médico e o tratamento deve ser descontinuado. Deve suspeitar-se de um diagnóstico de CEM em doentes com cefaleias frequentes ou diárias apesar da (ou devido à) utilização regular de medicamentos para a cefaleia aguda. Efeitos indesejáveis Resumo do perfil de segurança A reação adversa mais frequente foram náuseas, tanto no tratamento agudo (1,2%) como na profilaxia da enxaqueca (1,4%). A maior parte das reações foram de intensidade ligeira ou moderada. Ocorreu hipersensibilidade, incluindo dispneia e erupção cutânea grave, em menos de 1% dos doentes tratados. Frequentes (≥ 1/100, < 1/10): Tratamento agudo: náuseas, Profilaxia: náuseas; Pouco frequentes (≥ 1/1.000, < 1/100): Tratamento agudo: hipersensibilidade, incluindo dispneia e erupação cutânea grave. Descrição de reações adversas selecionadas ReaçõesdehipersensibilidadeA hipersensibilidade, incluindo dispneia e erupção cutânea grave, ocorreu em menos de 1% dos doentes tratados nos estudos clínicos. As reações de hipersensibilidade podem ocorrer dias após a administração, e houve ocorrência de hipersensibilidade retardada grave. Notificação de suspeitas de reações adversas A notificação de suspeitas de reações adversas após a autorização do medicamento é importante, uma vez que permite uma monitorização contínua da relação benefício-risco do medicamento. Pede-se aos profissionais de saúde que notifiquem quaisquer suspeitas de reações adversas através do sítio da internet http://www.infarmed.pt/web/infarmed/submissaoram. Consultar o RCM completo para mais informação. DATA DA REVISÃO DO TEXTO: 06/2023. Para mais informações deverá contactar o Representante Local do Titular da AIM. Medicamento sujeito a receita médica.
21,2% dos doentes tratados com VYDURA® alcançaram ausência de dor às 2 horas versus 10,9% com placebo (p<0,0001).¹ †36,8% dos doentes tratados com VYDURA® registaram alívio da dor aos 60 minutos versus 31,2% com placebo (p<0,05).2 ‡42,2% dos doentes tratados com VYDURA® registaram alívio da dor mantido até 48 horas versus 25,2% com placebo (p<0,05).2 §Dias de enxaqueca mensal (DEM) para doentes tratados com VYDURA® reduzidos em 4,3 vs. uma redução de 3,5 com placebo (p=0,0099).3 ||Tratamento agudo: tomado conforme necessário, até uma vez por dia. Tratamento preventivo: tomado em dias alternados. A dose máxima por dia é de 75 mg de rimegepant.1
Referências:
1. RCM VYDURA®. Disponível em https://labeling.pfizer.com/ShowLabeling.aspx?id=17123. Acedido a 19 de agosto de 2024. 2. Croop R, Goadsby PJ, Stock DA, et al. Efficacy, safety, and tolerability of rimegepant orally disintegrating tablet for the acute treatment of migraine: a randomised, phase 3, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2019;394(10200):737-745. 3. Croop R, Lipton RB, Kudrow D, et al. Oral rimegepant for preventive treatment of migraine: a phase 2/3, randomised, double-blind, placebo-controlled trial. Lancet. 2021;397(10268):51-60.