Condições de Saúde e Trabalho dos Motoristas e Cobradores do Transporte Coletivo Urbano

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durante o trabalho. Quase metade dos motoristas e 58% dos cobradores informaram sobre a segurança pessoal ameaçada no trabalho. É plausível que a percepção sobre a qualidade do trânsito e a vivência de atos violentos no trabalho esteja relacionada à ocorrência de morbidades confirmadas pelos médicos, bem como às queixas gerais, absenteísmo, doenças ocupacionais e estilos não saudáveis, conforme os relatos colhidos dos rodoviários. A autoavaliação negativa de saúde abrangeu 20% dos rodoviários entrevistados. Entretanto, foram registradas diferenças quando comparados motoristas e cobradores. Tais diferenças podem refletir especificidades quanto à natureza das tarefas que eles desempenham no cotidiano das vias, mas podem também serem atribuídas às distintas faixas etárias de um grupo e de outro. A maioria dos cobradores é mais jovem do que a maioria dos motoristas, explicando maior ocorrência de morbidades neste último grupo. Estratificando por função, de acordo com o cálculo do IMC, observaram-se as seguintes taxas: entre os motoristas, 44% apresentaram sobrepeso e 17% obesidade. Entre os cobradores, 33% exibiram sobrepeso e 15% obesidade. A associação foi diretamente proporcional ao aumento da faixa etária e 55% maior no grupo das mulheres quando comparadas aos homens. Piores condições de trabalho também foram associadas de forma diretamente proporcional à autoavaliação negativa de saúde. Mais de 30% dos trabalhadores relataram três ou mais doenças cujo diagnóstico, segundo os relatos, foi confirmado por médico (31% dos motoristas e 32% dos cobradores). Destaca-se o percentual de trabalhadores que informou diagnóstico médico de perda da audição (16% motoristas, 11% cobradores); doenças de coluna ou costas (24% motoristas, 21% cobradores); gastrite (15% motoristas, 14% cobradores). Em todos os relatos, foram obtidas afirmações quanto à relação com o trabalho, o que pode ser corroborado pela associação direta de 20 das 23 morbidades investigadas com as piores condições de trabalho. As morbidades crônicas não transmissíveis incluem doenças do coração, diabetes, obesidade, câncer e doenças respiratórias. O relato de mais de uma doença crônica não transmissível pelos rodoviários chama atenção e suscita a elaboração imediata de medidas de intervenção, pois tais morbidades

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8. À GUISA DE CONCLUSÃO


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