Pecaminoso - Gisele Souza

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gostoso... Droga, não podia ficar pensando essas coisas. Vesti-me rapidamente, coloquei uma bermuda e camiseta vermelha e caminhei devagar para a sala, mas ao chegar onde o havia deixado, a cena que se mostrou à minha frente fez meu coração vacilar uma batida. Miguel havia se levantado e estava deitado no colo do pai dormindo tranquilamente. Alan olhava admirado para ele, alisando seus cabelos e sorrindo serenamente. Imediatamente desviei o olhar por ser demais para presenciar. Meu filho perguntava pelo pai desde que começou a falar e entender que éramos diferentes de muitas famílias. Sempre dei muito amor e carinho a ele, porém faltava alguma coisa em seu coraçãozinho. — Ele apareceu aqui te procurando, disse que teve um sonho ruim e o peguei no colo. Dormiu novamente. — A voz de Alan chamou minha atenção e voltei meu olhar para ele. Assenti e fui me refugiar na cozinha, estava sendo covarde e sabia disso. Ocupei-me fazendo café e preparando o que Miguel gostava de comer. Logo ele acordaria, tinha certeza que estava fazendo um denguinho, para ganhar colo do pai. Depois que retornamos do hospital, eu me sentei e conversei com ele a respeito de tudo que estava acontecendo. Ele não fez muitas perguntas, ficou apenas muito feliz por, enfim, ter o pai presente em sua vida. — Você vai se esconder aqui a manhã toda? Pois eu penso em ficar até o almoço. Engraçado, esse cara tinha o poder de me irritar até mesmo quando não tentava. Virei-me e o encarei de cara feia, o que o fez rir. Alan era muito folgado, diariamente aparecia para almoçar com Miguel. Disse que precisava desse envolvimento na vida do menino, já que eu o escondi por quase quatro anos. Sempre dava um jeitinho de jogar isso na minha cara. — Se eu quiser, vou. E daí? Cadê o Miguel? — Foi fazer xixi. — Assenti e continuei a coar o café, assim que terminei fui virada subitamente e encarava os olhos azuis mais escuros que vi na vida. Aqueles que eu conhecia bem, havia muito desejo em seu olhar e algo mais que não quis identificar. — Por que está me tratando assim, Ariana? Foi você que escondeu o menino de mim, eu tinha o direito de saber dele e agora quero recuperar o tempo perdido. — Você pode recuperar o que quiser, desde que mantenha suas mãos longe de mim. Me solta, Alan. Tentei desvencilhar meu braço, mas foi em vão, e o filho da puta só sorria. Até que uma vozinha o fez dar um pulo. — Você vai namora a mamãe? Arregalei os olhos e suspirei pesadamente. De onde esse menino tinha tirado isso? Fiz uma careta para o Alan, que teve a decência de parecer envergonhado. Olhei para o Miguel e sorri. — Vem, meu filho. Já vou colocar o café na mesa.


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