Caderno Aniversário Paranaguá

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Sexta-feira, 29 a Domingo, 31 de Julho de 2011

nos falavam, que naquele lugar havia ouro. Muitas vezes meu pai pegou pessoas com aparelhos que procuram metais ‘fuçando’, como se diz popularmente, o terreno a procura de ouro escondido”, explica Maria Chemure. O historiador Francisco Carlos Fanine, também conta algumas histórias envolvendo a extração de ouro em Paranaguá. “O ouro da região de Paranaguá era de aluvião, encontrado em rios da Serra do Mar e de difícil extração através de bateias (bacias rasas), ao contrário do ouro encontrado em Minas Gerais, a partir de 1720, que era de veio (filão de ouro), mais farto e de extração facilitada. Antes da descoberta de ouro em Minas Gerais, Paranaguá concentrava a atenção do governo colonial, e foi um importante pólo minerador entre 1650 e 1710, entrando em decadência a partir de 1710, diante das fartas levas de ouro encontradas em Minas Gerais. Durante esses 60 anos que a ‘real casa de fundição dos quintos de ouro de Paranaguá’ operou foram fundidos

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cos de pedras, e as paredes têm mais de um metro de largura, todas com pedras, sendo muito parecidas com a construção da Igreja de São Benedito. Na parte de baixo para o lado do Rio Itiberê existiam uma galerias, que pressupõem ser o local onde se embarcavam os navios com o ouro que devia seguir para o Rio de Janeiro. “As pessoas mais antigas sempre

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Escola Eva Cavani. “Acredita-se que os navios ou barcos chegavam até o fundo dessas casas para carregar, pois existiam saídas para o mar. Inclusive a fontinha da Gamboa foi construída com essas pedras, descarregadas dos navios negreiros. Aqui na casa existia essa entrada para encostar o navio, assim como vi na Bahia, quando fui visitar um forte. Ali percebi que a arquitetura era muito parecida, era o mesmo formato feito para a entrada das embarcações. Isso eu vi e presenciei”, destaca Maria, que hoje está com 64 anos. Com o nome sugestivo de “Gruta do Tesouro”, pelas informações que orbitavam o local, foi aberta uma churrascaria na década de 50. “Quando meu pai comprou o imóvel, funcionava naquele local uma churrascaria, que tinha o nome de ‘Gruta do Tesouro’, que foi muito famosa em nossa cidade, onde ultimamente funcionou uma casa noturna e hoje, está instalada uma marcenaria”, afirma. O prédio é muito antigo, construído com pedra e óleo de baleia. São blo-

mais de 1.000 quilos de ouro e enviados para a Coroa Portuguesa mais de 200 quilos a título de imposto (quinto). Esses fatos mostram a importância de Paranaguá na formação territorial, histórica e cultural do Estado do Paraná merecendo ser lembrada e estudada por todos os paranaenses”, relata Fanine. “A ‘Real Casa de Fundição dos Quintos de Ouro de Paranaguá’ foi a terceira casa de fundição de ouro do Brasil e ainda existem pelo menos suas paredes. Ela está localizada na Rua Conselheiro Sinimbu esquina com a Rua Coronel Antônio Bittencourt, sendo atualmente ocupada por uma marcenaria, antigo Clube Brasileirinho”, completa.


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