Edição 1575 - 12/05/2012

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Gazeta de Vargem Grande, 12 de maio de 2012

ECONOMIA

Vargem tem 11.720 nomes com restrições no SCPC Ao todo são 13.211 débitos registrados no mês de abril, o que equivale ao montante de R$ 3.9 milhões

Número de pessoas com restrições chegou a 3.501 em abril

Bruno de Souza A Associação Comercial e Industrial (ACI) divulgou na última semana seu boletim mensal com o número de negativações registradas em Vargem Grande do Sul no mês de abril. De acordo com o balanço, 11.720 pessoas estão com os nomes registrados no Serviço Central de Proteção ao Crédito ( S C PC). Ao todo são 13.211 débitos registrados, o que equivale ao montante de R$ 3.903.034,22. Segundo a ACI, o consumidor tem contraído dívidas, principalmente, no comércio de vestuários, incluindo sapatos e acessórios. O setor alimentício também tem uma incidência significativa, mas na maioria não tem relação direta com o município, pois se trata de vendas de cestas básicas de empresas locais para pessoas físicas de outras cidades dos Estados de São Paulo e Minas Gerais. Apesar do alto valor, estes índices estão dentro da realidade nacional, segundo o professor Rubens Eduardo Birochi Morgabel, 35 anos, formado em Administração, Contabilidade e Economia e pós-graduado em Gestão de Pessoas e Marketing. “Apesar do nível de inadimplência apresentado neste mês, o consumidor apresenta problemas para equacionar seus financiamentos. O brasileiro não aprendeu a trabalhar com o dinheiro, ele-

De acordo com o balanço da ACI, número de consultas ao SCPC foi de 11.599

vando o nível de contas em atraso. Parte dessa inadimplência está relacionada aos financiamentos de veículos que representam 10,2% das dívidas das famílias. Segundo os dados do Banco Central, o nível de inadimplência para o setor de financiamento de veículos apresentou aumento no índice de 5,52%, o mais alto desde o início de 2001”, comenta. “Posso citar a crise norte-americana como exemplo. O sonho americano era a casa própria, então se fazia de tudo para pagar a parcela do financiamento da moradia. Com esse comprometimento de renda unidirecional, o que acontece com as empresas que não vendem casas? Elas não terão consumidores”, complementa o economista. Ao analisar o montante

registrado das negativações, Rubens Eduardo destaca que uma boa parcela pode ser recuperável, desde que sejam feitos trabalhos nesse sentido. “Torna-se necessário a oportunidade de meios reais de pagamento ao devedor. É muito complicado para o cidadão que tem seu nome registrado nos órgãos de proteção ao cré-

dito, pois este perde todos os direitos possíveis quanto a qualquer tipo de crédito no sistema financeiro e bancário. Sendo assim, posso salientar que muitas pessoas que têm restrição no nome gostariam de tirá-la, mas só não o faz porque as propostas para a quitação e os juros cobrados pelo atraso são exorbitantes e fora das condições do devedor”, explica.

Consultas Outro dado interessante divulgado pela ACI é a quantidade de consultas ao SCPC. Durante abril foram 11.599 nomes pesquisados. Em janeiro foram 11.647, enquanto que em fevereiro foram 11.015. “Falar que as vendas aumentaram ou que o comércio está aquecido é uma via de duas mãos. Quando digo que o comércio de Vargem Grande do Sul aqueceu suas vendas de maio, por exemplo, significa que estou comparando este mês com abril, ou março, etc. No entanto, maio é o ‘mês das mães’, o segundo Natal do comércio de rua no Brasil. Então, é evidente que as vendas aumentem nesta época”, pondera Rubens Eduardo. “Para afirmar que o comércio está vendendo mais, pre-

cisaria comparar o mês de maio de 2011 com o de 2012, para saber se as vendas aumentaram ou diminuíram no mesmo período do ano”, diz. Para o economista, o aumento do número de consultas pode retratar duas coisas bem distintas. “Isso pode significar um aquecimento do comércio sim, mas ao mesmo tempo percebe-se que a consulta está sendo feita porque o consumidor está comprando mais a prazo, isto é, prorrogando ou parcelando a dívida. Fato que para o comércio é preocupante, pois não se tem garantia de recebimento nas compras a prazo, feitas com cheque ou crediário, apenas no cartão de crédito. E neste caso, no cartão de crédito não se faz consulta”.

C M A P

De acordo com o balanço da Associação Comercial e Industrial, dentre os nomes consultados no SCPC em abril, 8.098 estavam sem restrições. Já o número de pessoas com restrições chegou a 3.501, o equivalente a 30,18%. Atualmente, a ACI dispõe de um Departamento Jurídico de Cobrança, em pleno funcionamento, que tem ajudado muito na recuperação de dívidas. “Todos gostam de receber, principalmente o lojista que tem muita inadimplência. Como empresário, tenho certeza que quando o devedor vai até a empresa e oferece uma proposta real e concreta para liquidar a dívida, o lojista acaba percebendo que os gastos com a cobrança são bem maiores e que aquilo que parecia perdido volta a fazer parte do ativo da empresa. É claro que muitas empresas acabam adotando métodos de cobrança, além da negativação e protesto da dívida nos órgãos de proteção ao crédito, como SCPC, cartório e Serasa. Neste caso, o devedor acabará negociando com a empresa de cobrança e não mais com o lojista. Mas isto não impede que ele possa comunicar ou questionar o lojista sobre os métodos de quitação da dívida oferecidos pela empresa de cobrança”,

Rubens Eduardo: “O consumidor apresenta problemas para equacionar seus financiamentos”

comenta Rubens Eduardo. “Como diz o apresentador Silvio Santos: ‘Comprar e parcelar são as maneiras que o brasileiro faz para poupar dinheiro’. Complicado e constrangedor é quando não se consegue pagar a dívida. Contudo, deixar de tentar pagar aquilo que é devido, esperando-se que a dívida caduque é exatamente remar contra a maré. O crescimento econômico depende sim do consumidor, mas se não forem oferecidas melhores condições para que o comércio e a indústria possam ampliar a oferta de emprego, garantindo salários aos trabalhadores, posso afirmar que a ideia da administração de ‘oferta e procura’ não está sendo satisfatória, pois a demanda não acontecerá”, finaliza o economista.


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