TENDÊNCIAS FUNDS SERVICES
pretende encontrar as melhores ideias de investimento para o seu hedge fund.
GRANDE COMPLEXIDADE
Este artigo não é suficiente para apresentar a complexidade e o alcance do fenómeno que, ultimamente, pela sua repetição, nos parece às vezes de menor importância. Os maiores bancos centrais investigam sobre os usos da tecnologia. Praticamente todos os bancos privados também. O Facebook cria um consórcio para lançar uma criptodivisa de emissão provada, sobre a qual cai todo o peso dos reguladores, preocupados com o seu impacto sistémico. O Banco da China anuncia planos para uma moeda digital emitida pelo banco central. Outros bancos centrais apresentam essa iniciativa perante a possível concorrência de moedas privadas. A comunidade avança nas soluções de finanças descentralizadas, DeFi, oferecendo inovações prometedoras totalmente fora do sistema financeiro tal como o conhecemos. Alguns questionam os mecanismos de consenso intensivo em custo energético, enquanto outros consideram que se trata da única garantia que suporta o valor das redes públicas como a bitcoin ou a Ethereum. Ao mesmo tempo, o sector financeiro responde com modelos a partir de dentro como o Fnality, o JP Morgan Coin, o desenvolvimento do Quorum e muitas outras iniciati78 FUNDSPEOPLE I MARÇO E ABRIL
vas que transbordam a capacidade de análise de qualquer uma. Os bancos centrais, que chegaram a ficar obcecados com o perigo da Bitcoin, já não estão preocupados com as criptodivisas, às quais chamam criptoativos. Já não lhes negam a categoria de moedas por não serem de curso legal porque descobriram que é mais fácil observar que são voláteis e, portanto, pouco práticas para os pagamentos do dia a dia em países com a inflação sob controle. Não obstante, o novo pesadelo dos supervisores são as stable coins ou moedas estáveis, especialmente se forem desenvolvidas por consórcios liderados por corporações de fora do sector financeiro como o Facebook e o seu projeto Libra. As criptodivisas trouxeram de volta debates tão antigos como o narrow banking e o Plano de Chicago, as diferentes teorias do dinheiro, a Minsky ou a Knapp, a Schumpeter ou o próprio Keynes no seu Treatise of Money, a visão da banca sob o mercado financeiro de Eugene Fama... Olhando para a frente não é claro para onde nos leva o futuro. No extremo, a um déjà vu da revolução bancária do século XIX, mas com novas formas de dinheiro privado, ou a provisão pública e monopolística do dinheiro do banco central, sem espaço para o dinheiro bancário. Ou algo que ainda não podemos ver, um mundo sem dinheiro... tal como agora vivemos num mundo sem selos.
O PESADELO DOS SUPERVISORES SÃO AS MOEDAS ESTÁVEIS DESENVOLVIDAS FORA DO SECTOR FINANCEIRO