ENTREVISTAS GESTOR Português por Catarina Vinagre
Da Física ao Sporting
Miguel Taledo de Sousa
Diretor de Investimentos, Bankinter Gestão de Ativos Portugal
Disciplina e know how Uma filosofia de investimento disciplinada e o know-how da equipa são os fatores diferenciadores da gama de fundos mobiliários PPR da Bankinter GA pela qual Miguel Taledo de Sousa dá a cara.
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inco veículos de investimento, três fundos perfilados: assim é composta a gama de fundos mobiliários PPR da Bankinter Gestão de Ativos em Portugal. Miguel Taledo de Sousa, gestor ao leme desta gama, divide-a em duas categorias distintas: fundos de obrigações e fundos multiativos. “Ambas se enquadram numa filosofia de investimento disciplinada, que beneficia do know-how da equipa e de vários processos técnicos da gestora”, começa por contar. No que concerne os fundos puros de obrigações, o diretor de Investimentos da Bankinter Gestão de Ativos revela que tentam captar as melhores oportunidades nesse espaço “fugindo um pouco dos ratings mais elevados, em virtude dos seus retornos potenciais negativos, e investindo na zona intermédia do espaço investment grade”. O gestor define esta filosofia “como equilibrada e, no entanto, oportunista e de duração reduzida”, já que não ultrapassam os três anos de duration. Miguel Taledo de Sousa conta que “o processo de investimento inerente aos fundos de obrigações remete o PPR Rendimento para uma utilização predominantemente do formato indexado à Euribor”, enquanto que no caso do PPR Obrigações essa utilização é “mais do formato de cupão fixo, sendo utilizada em ambos os fundos uma construção de carteira de médio prazo que partilha a mesma análise e seleção dos emitentes”. Para os PPR multiativos, com exposição ao mercado acionista o processo é idêntico, com mais uma nuance. Acrescenta-se, diz, “a componente de ações de acordo com o peso-objetivo de cada fundo, bem como o posicionamento geográfico, sectorial e cambial”, menciona.
Posicionamento atual
O gestor apelida o posicionamento atual de todos os produtos de “transversal e proporcional a cada fundo”. Do lado das 80 Fundspeople I Maio e junho
Com gostos ecléticos, Miguel Taledo de Sousa tem como hobbies e interesses: cozinhar, carros antigos, fotografia, expedições de todo terreno, Física, Geopolítica, Astronomia, Politica, Costa Alentejana, Alpes, viajar de carro e o Sporting CP.
obrigações, há uma subponderação em dívida pública e em duration. Nas ações, por sua vez, estão subponderados em relação ao benchmark, mas sobreponderados em EUA e Reino Unido, e com menos exposição relativa à Europa e mercados emergentes.“Este posicionamento reflete a nossa visão atual do mundo, em que economicamente os EUA lideram; a Europa não convence do ponto de vista político e económico, apesar de ter boas empresas; e o Reino Unido beneficia de estabilidade política e da ambição de recuperar do processo de saída da UE”, explica o profissional.
Seleção e alocação
Nas palavras de Miguel Taledo de Sousa, a seleção quer de títulos individuais, quer de fundos de terceiros “decorre da avaliação de um universo significativo de ativos elegíveis” através da análise de indicadores quantitativos e qualitativos. Esta análise, consequentemente, reduz “o universo original a uma short list, com um scoring final, que a equipa de gestão pode utilizar de acordo com as especificidades de cada produto e cliente”. O diretor de Investimentos da Bankinter Gestão de Ativos refere ainda que utilizam fundos de terceiros sempre que, “do ponto de vista da gestão se justifica” para investir em zonas do globo onde não têm um conhecimento profundo dos mercados ou das empresas locais como na Ásia, ou em produtos cuja política de investimento só permite a utilização de fundos de terceiros. Relativamente à alocação, esta varia essencialmente em função da visão macroeconómica da equipa. “Mais positiva implica maior risco, menos positiva o inverso”, explica. Para Miguel Taledo de Sousa também é de extrema importância a gestão da alocação a diferentes tipos de instrumentos no mundo das obrigações, nomeadamente “a decisão de ter ou não, exposição aos vários níveis da estrutura de capital de cada emitente”.
O fator coronavírus
Sobre de que forma o fator coronavírus influenciou a gestão da carteira, Miguel Taledo de Sousa conta que aumentaram a liquidez para 10%, e reduziram a exposição a instrumentos de dívida mais subordinada e a nomes com beta mais elevado. “Nos PPR com exposição acionista mantivemos níveis elevados de exposição a ETF que nos permitem alterar significativamente a exposição a ações em segundos, caso tenhamos de tomar alguma decisão significativa em termos de dimensão e urgência”, finaliza.