Paisagem Cultural: Identidades e Origens em Diálogo

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Escrita no Jardim Vermelho, 2016 José Queiroga Acrílico s/ tela 1000x800 Valor comercial: €900,00 L’art est une véritable transmutation de la matière, Giles Deleuze. O artista é aquele que toda a sua vida transportou as imagens na memória, que coleccionou momentos, vivências, pequenas coisas e tudo transforma na linguagem conceptual da sua obra. Meu caro Carlos Carneiro escrevo para confessar que tomei emprestado a brilhante aguarela Retrato de Mulher, para este trabalho a que chamarei Escrita no Jardim Vermelho. Trata-se de uma recriação. A recriação ou reinvenção, não são um processo virgem na história da arte. Os classicistas inspiraram-se da antiguidade clássica, nomeadamente, nos vestígios arqueológicos da Roma antiga que, por sua vez, já havia sido inspirada pela herança grega. A grande revolução no campo das artes, das letras, das ideias e do conhecimento que caracterizou o Renascimento, baseou-se na imitação e superação dos modelos da antiguidade. As estampas japonesas que influenciaram o impressionismo; a profunda influência da obra de Millet na produção de Van Gogh. A arte africana que originou o cubismo. Não faltam exemplos. Agradeço-te, todavia, o impulso para dar expressão a esse salto sobre o abismo do vazio que antecede, melhor direi, que inaugura o acto da criação. Um abraço. José Queiroga.


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