Religião e Política: medos sociais, extremismo religioso e as eleições 2014

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seu irmão e candidato a deputado estadual, e Sóstenes Cavalcante92, excoordenador de eventos da ADVEC e pleiteante a vaga na Câmara Federal, ambos lançados pelo PSD93, oficialmente coligado com Pezão na disputa para o governo do estado94.

Se no primeiro turno a candidatura de Pezão manteve-se, de certa maneira, afastada das controvérsias envolvendo a relação entre religião e política, a partir do início do segundo turno tornou-se protagonista desses embates. Na composição de sua coligação partidária, o governador, que buscava a reeleição, reunia em sua gestão e no leque de seus apoiadores setores mais progressistas, responsáveis, entre outras ações, pelo Programa Rio Sem Homofobia, bem como importantes líderes evangélicos, como o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB).

Rio Sem Homofobia O Rio Sem Homofobia (RSH) é um programa do governo do estado do Rio de Janeiro, de responsabilidade da Superintendência dos Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, parte da Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, cuja principal inspiração foi o Programa Brasil 92 Segundo o site Gospel Prime em notícia de 20 de setembro de 2013 – portanto, anterior ao polêmico encontro de Silas Malafaia e Lindbergh Farias – Sóstenes Cavalcante teria sido nomeado assessor do senador para tentar aproximá-lo dos setores evangélicos. Em uma fala sobre tais atribuições, o hoje deputado destacou: “Estou cedido pelo Pr. Silas Malafaia para fazer a articulação política do Senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo. A minha atuação será nas articulações partidárias e organização de uma equipe evangélica para coordenar a ofensiva no voto evangélico. (...) Vou apoiá-lo porque hoje é a melhor opção para o RJ.”. Matéria “Assessor de Silas Malafaia quer aproximar evangélicos do RJ ao PT”, disponível em https://noticias.gospelprime.com.br/assessor-malafaia-evangelicos-pt/ 93 Não apenas os dois, mas também o vereador Alexandre Isquierdo, citado na próxima nota, trocaram os partidos em que foram eleitos pelo Democratas (DEM). 94 Ainda que não tenhamos informações precisas a respeito disto, uma das hipóteses para o afastamento de Malafaia e Lindbergh está na atuação de Eduardo Paes (PMDB), com quem o pastor mantém ‘boas relações’, visando fortalecer a candidatura de seu correligionário naquele pleito. Na eleição de 2012, quando Eduardo Paes concorreu à sua reeleição, obteve o apoio do líder da ADVEC, e seu partido abrigou a candidatura oficial da igreja à vereança, o ex-chefe de gabinete do irmão de Silas Malafaia, Alexandre Isquierdo.

R e li g iã o e Polít i ca : me dos soc iais, ex t rem ismo re l ig ios o e as e l e iç õe s 2014

3.3 Segundo turno: a recomposição de forças e o embate com a IURD

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