Tempo Livre Março 2010

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Museus

Navio-museu Gil Eannes

O Navio-Hospital Gil Eannes esteve anos a fio abandonado à ferrugem e ao esquecimento. Resgatado do ferrovelho, é hoje um museu flutuante, ancorado na doca comercial de Viana do Castelo. Há dez anos que conta aos visitantes uma saga de trabalho e heroísmo nos mares do Atlântico Norte.

lo passado” abriu as portas ao público em Agosto de 1998 e ao fim de quase uma dúzia de anos de existência conta uma média de mais de quarenta mil visitantes por ano. No total, este museu flutuante já registou cerca de 500 mil visitas. A par do núcleo museológico constituído pelo conjunto da sua estrutura e instalações, o Gil Eannes tem para mostrar aos visitantes várias salas de exposição e, ainda, um moderno simulador visual de navegação. O navio está, também, equipado com uma sala de reuniões e uma pousada, integrada na rede de pousadas da juventude.

AS ÚLTIMAS duas décadas do século passado não foram auspiciosas para o navio Gil Eannes. Depois de uma vida no activo ao serviço de várias - e diversificadas - missões, a embarcação viu-se dispensada e preterida por outras e novas tecnologias. A condenação ao ferro-velho parecia irreversível e só mesmo a persistência dos vianenses conseguiu reverter o curso dos acontecimentos. O caso é que Gil Eannes era visto como um testemunho importante da indústria de construção naval de Viana do Castelo. Muitos pescadores da terra terão sido salvos pelas equipas médicas do navio, facto que representou uma razão adicional para a vontade de conservar este património. Essa determinação em evitar o desaparecimento de que era considerado “um símbolo da tradição de qualidade da construção naval de Viana do Castelo” foi personificada colectivamente na Comissão Pró Gil Eannes, que mais tarde acabaria por se transformar na Fundação Gil Eannes, instituição responsável pela gestão do navio-museu. O Gil Eannes, que é também “o único exemplar que resta da frota oceânica nacional do sécu20

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Um navio polivalente O Navio-Hospital Gil Eannes foi construído nos estaleiros navais de Viana do Castelo em 1955 para as funções de navio de assistência médica. A nova embarcação destinava-se a substituir o seu homónimo, que se encontrava ao serviço desde 1927 no apoio à frota portuguesa da pesca do bacalhau, com algumas prolongadas interrupções em que era utilizado para o transporte de presos políticos durante o Estado Novo. O novo naviohospital, entregue nessa altura ao Grémio dos Armadores de Navios da Pesca do Bacalhau, foi dotado de equipamentos adequados e necessários para a missão que lhe foi atribuída: as instalações incluíam enfermarias, salas de tratamentos, gabinete de radiologia e bloco operatório. Com capacidade para acolher 72 doentes, o Gil Eannes era um hospital “de vanguarda” nesse tempo, mais bem apetrechado do que o de Viana do Castelo. Durante cerca de vinte anos, até 1973, o navio Gil Eannes cumpriu as funções para as quais foi projectado e chegou mesmo a demonstrar a sua polivalência noutras atribuições suplementares: foi navio-correio, abasteceu a frota de bacalhoei-


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