Volume 3 Série DRS

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SÉRIE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Gestão Social do Território

políticas, de maneira que os processos territoriais puderam ser reorientados de forma explícita e que, nesse caminho, todos os atores – homens e mulheres – envolvidos puderam aprender a desenvolver capacidades. A mediação foi baseada na revalorização da experiência vital dos atores sociais, convertendo-a em conceitos tangíveis que possibilitaram a tomada de consciência e o preparo para a ação com instrumentos adequados. Durante as experiências, tornou-se cada vez mais claro que os processos de desenvolvimento local requeriam capacidades locais de capital humano territorial que permitissem sua continuidade. O IICA conseguiu de fato formar equipes técnicas bem qualificadas para as intervenções no planejamento regional, com competências para capacitar os quadros profissionais dos governos de estados e municípios38, e capazes de gerar conhecimentos e ferramentas necessárias para orientar as intervenções. A Metodologia de Planejamento do Desenvolvimento Local e Municipal Sustentável foi um dos produtos emblemáticos dessas experiências. Como avalia Sérgio Buarque, a partir de 1997, utilizou-se a metodologia como material didático para ações de capacitação e formação e como “referencial metodológico em diferentes experiências de planejamento local e regional”39. As diferentes ações do Projeto Áridas nutriram essa Metodologia na época da formulação de planos de desenvolvimento executados pelos estados brasileiros com a cooperação técnica do IICA, que fez uso também de 46 estudos referentes a diversos temas – Reforma Agrária, Descentralização e Desenvolvimento Municipal. A mudança para os aspectos culturais implicou uma abordagem diferente. Foi preciso trabalhar com os significados simbólicos – crenças, talentos e atitudes de atores que em geral tinham pouca ou nenhuma escolaridade. A capacidade local teve de ser construída desses sujeitos que encarnavam a condição de pobreza vivendo em subalternidade e marginalização, o que impôs a adoção de conteúdos pedagógicos específicos. O desafio foi fortalecer essas populações “invisíveis” para situálas diante da possibilidade de se assumirem como atores sociais com competência básica para a gestão do processo de desenvolvimento. 38 Em relação aos quadros técnicos do IICA/Brasil, é pertinente consultar o quadro incluído como Anexo 2, já referido (Carlos Miranda e Aureliano Matos), onde está a lista de profissionais que têm trabalhado nessas experiências durante o último decênio. 39 Sérgio Buarque tem trabalhado como consultor do IICA no Brasil em reiteradas ocasiões. Para mais referências, consultar: Buarque, Sérgio. Construindo o desenvolvimento local sustentável: metodologia de planejamento. IICA, governos dos estados de Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e a Comunidade Viva de Maranhão. Editora Gamamond, Rio de Janeiro, 2002. p 11.

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