A Arca de Noa - 2ª edição

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ISSN 2184-4550

Erradicar a

POBREZA

Boletim de educação para a Sustentabilidade Abril de 2019


Ficha técnica Coordenadora Susana Machado

Coordenadora-adjunta Cláudia Martins

Redatores Susana Machado Cláudia Martins Carina Rodrigues Ana Carvalho

Design e paginação Susana Machado

ISSN 2184-4550

Contactos: fb.me/aarcadenoa m.me/aarcadenoa. https://issuu.com/formulas

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Conteúdo Nesta edição:

Editorial

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Conto

6

À Descoberta de Noa

8

Transformar o Mundo

10

Sabias que?

12

Aprender como se vive

14

Vamos fazer

18

Segredos das Abelhas

22

Dar e Receber

26

Desafios Sustentáveis

30

Para Refletir e sentir

32

Espreita a próxima edição

34

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Editorial

A

pobreza é uma realidade que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Não é de estranhar, por isso, que a erradicação da pobreza seja o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pelas Nações Unidas e também o tema central desta nova edição da Arca de Noa. A pobreza é definida, para efeitos estatísticos, com base nos rendimentos que cada pessoa recebe diariamente. No entanto, como poderás ver ao longo desta edição, pobreza implica muito mais do que isso. Tem efeitos em diversas esferas da vida de uma pessoa, passando por exemplo, pelo nível de nutrição, acesso a bens básicos e elementares como água potável e saneamento básico, mas podendo ser encarada em dimensões menos palpáveis. Quantos de nós não ouvimos já a expressão “pobreza de espírito”? Por isso, ao longo desta edição tentaremos abordar vários aspectos relacionados com este conceito, para que possas, tu próprio, construir a tua visão sobre o tema. Mas, mais do que traçar um retrato da realidade mundial, tentaremos apresentar-te algumas reflexões sobre formas de erradicação de pobreza que é, afinal de contas o objetivo que se pretende atingir. Por vezes as soluções mais

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A não perder nesta edição:

eficazes são as menos evidentes, mas geralmente implicam uma mudança profunda em termos de consciência, hábitos e comportamentos.

 Vamos aprender a fazer, na página 18

Uma vez mais, o desafio para nós, é lançarmos bases para criar essa consciência e ferramentas para operar essa mudança.

 Quem são os pobres? Nós ou eles? Na página 26

Espero que esta edição ajude, pelo menos, a erradicar a pobreza de conhecimentos e de ação que, muitas vezes estão na base dos problemas globais. E que, ao mesmo tempo, contribua para o enriquecimento de uma geração mais consciente, preocupada e alinhada com os valores que precisamos definitivamente de adoptar, de forma a alcançarmos o futuro que todos queremos!

 Guia para organizar uma recolha solidária de bens, na página 30

Até já!

Susana Machado Escritora, ex-professora e especialista em desenvolvimento sustentável. Criou a Fórmula S, porque acredita que o poder de mudar o mundo está nas nossas mãos! https://susanamachado.wixsite.com/formula-s https://www.instagram.com/susanamachado_autora https://www.facebook.com/susanamachado.autora susanamachado.autora@outlook.pt

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Conto

A Arca de Noa Escrito por Susana Machado (continuação)

A

mãe está pálida e não brilha como é habitual… os nossos amigos entreolham-se e ficam estáticos, nunca viram nenhum Coelino sem brilho…o que se estará a passar?! O que tem a mãe?!

Noa senta-se na cama junto da mãe, que não responde aos seus chamamentos. Lucca corre em busca do pai de Noa, que a esta hora costuma estar reunido com o Conselho. Bem sabe que as crianças não devem interromper os mais velhos quando estão reunidos, mas Lucca nunca viu a mãe - que adora como se fosse sua daquela forma e, por isso, enche-se de coragem e entra no Conselho. Todos os anciãos olham para Lucca com admiração… que motivos levam esta criança a interromper dessa forma o Conselho?! O que se terá passado?! Neste momento, Lucca já não consegue conter as lágrimas e, é entre estas que, conta a todos a forma como ele e Noa encontraram a mãe, quando chegaram a casa. Os anciãos olham-se com ar de dúvida, mas as crianças do Coelum não mentem e, tendo em conta a gravidade da situação, dirigem-se imediatamente para casa de Noa. 6


Quando lá chegam, as crianças são mantidas no jardim, enquanto os sábios examinam a mãe. O que será que se passa dentro de casa?! Lucca e Noa morrem de curiosidade e preocupação, mas aguardam por notícias, como lhes foi pedido. Quando finalmente o pai e os sábios saem de casa as notícias não são boas: a mãe está gravemente doente e ninguém sabe especificamente o que se passa com ela! O Conselho e os sábios reúnem várias vezes e, depois de várias discussões e exames, chegam à conclusão de que a mãe está doente devido à forte poluição gerada pelos humanos na Terra Inferior e que há algum tempo tem vindo a atingir o Coelum. Mas que fazer para salvar a mãe e terminar com os efeitos nocivos que a poluição está provocar?! Ninguém parece ser capaz de responder a essa pergunta e adivinha-se ser uma questão de tempo até todos os Coelinos serem atingidos pelo mesmo mal que afeta a mãe. Poderá isso significar o fim do Coelum?! E a mãe?! O que vai acontecer à mãe, se ninguém parece saber o que fazer para a salvar?! Noa não se conforma, isso não pode estar a acontecer! (Continua na próxima edição)

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À Descoberta de Noa À partida, quando pensamos em temas como poluição ou alterações climáticas, achamos que não têm nada a ver com pobreza. Mas um dos pontos fortes do Desenvolvimento Sustentável reside no facto de privilegiar a interelação entre as diferentes componentes.

Da janela de tua casa ou da tua escola, que fontes de poluição consegues identificar? Assinala as opções que se aplicam.

Lixo na rua Escapes de automóveis Fumo de fábricas Buzinas de automóveis Descargas de efluentes (esgotos) Fertilizantes químicos

Agrupa cada uma das opções do desafio anterior na coluna correspondente: Poluição sonora

Poluição atmosférica

Poluição aquática

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De um modo geral, as populações mais pobres são mais vulneráveis aos efeitos nocivos da poluição, estando mais sujeitos a adoecer na sequência dos mesmos. Isto deve-se ao facto de terem menor acesso a cuidados de saúde, menos cuidados a nível de higiene e níveis mais baixos de nutrição.

Algumas questões para refletires: 1. Será que o nível de pobreza afeta diferentemente a forma como os impactos da poluição são sentidos? 2. “A mãe está gravemente doente especificamente o que se passa com ela!”

e

ninguém

sabe

Numa situação como a descrita no conto, como achas que o nível de pobreza pode afectar a condição de saúde de uma pessoa? 3. “Mas que fazer para salvar a mãe e terminar com os efeitos nocivos que a poluição está provocar“?!” Que soluções proporias para dar resposta a esta questão? 4. Reflete sobre as respostas que deste. O nível de pobreza vivido por uma pessoa ou país, poderia condicionar essas soluções, de algum forma?

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Transformar o Mundo Um objetivo de cada vez...

O primeiro objetivo de Desenvolvimento Sustentável é a erradicação da Pobreza. Para tal, as Nações Unidas definiram 7 metas principais para ajudar a atingi-lo, até 2030.

“Erradicar a pobreza extrema em todos os lugares, atualmente medida como pessoas que vivem com menos de 1,25 dólares/ dia (cerca de 1,11€). Reduzir pelo menos para metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as idades, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais. Implementar, a nível nacional, medidas e sistemas de proteção social adequados, para todos, incluindo escalões, e atingir uma cobertura substancial dos mais pobres e vulneráveis. Garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os mais pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais no acesso aos recursos económicos, bem como no acesso aos serviços básicos, à propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias e serviços financeiros, incluindo microfinanciamento.

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“Aumentar a resiliência dos mais pobres e em situação de maior vulnerabilidade, e reduzir a exposição e a vulnerabilidade destes aos fenómenos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres económicos, sociais e ambientais Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, para proporcionar meios adequados e previsíveis para que os países em desenvolvimento ( em particular, os países menos desenvolvidos) possam implementar programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões Criar enquadramentos políticos sólidos ao nível nacional, regional e internacional, com base em estratégias de desenvolvimento a favor dos mais pobres e que sejam sensíveis às questão da igualdade do género, para apoiar investimentos acelerados nas ações de erradicação da pobreza”. Fonte: https://www.unric.org/pt/ods-link-menu/31955-goal-1-end-poverty-in-all-its-forms-everywhere

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Sabias que…? Quase metade do mundo vive com menos de 5€ por dia? Que 10% da população mundial ainda vive em situação de pobreza extrema? (menos de 1,11€ por dia) Os maiores afetados pela pobreza são maioritariamente mulheres e crianças? A região da Ásia e Pacífico foi a que registou mais melhorias em termos de pobreza? Europa e Ásia Central tiveram a percentagem mais baixa de pessoas que vivem abaixo das linhas de pobreza. No entanto, registou um pior desempenho do que o da Ásia Oriental e Pacífico ou da América Latina e Caribe em termos de percentagem de pessoas sem acesso ao ensino? Na América latina e Caribe a pobreza se manifesta sobretudo em aspectos não monetários, tais como a falta de acesso a água potável, saneamento adequado? Na região do Oriente Médio e Norte da África os níveis de pobreza extrema se mantiveram baixos, sendo que praticamente uma em cada sete pessoas não tinha saneamento adequado? No sul da Ásia o número de pessoas na região vivendo em lares sem acesso a eletricidade ou saneamento adequado era muito superior ao das pessoas que viviam em pobreza monetária? A África Subsariana continua a ser a região com mais pessoas a viverem em pobreza extrema? Fonte: http://www.worldbank.org

Por isso é tão importante atingir as metas definidas para o objetivo da erradicação da pobreza rapidamente!

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Embora a pobreza se defina, para fins estatísticos pelo rendimento de uma pessoa, ela pode manifestar-se e sentir-se de várias formas, como já tiveste oportunidade de ver. Na sua maioria, estas manifestações prendem-se com questões relacionadas com o acesso a bens que todos nós consideramos de primeira necessidade, tais como água potável e eletricidade, saneamento e ensino básico.

Já te imaginaste a viver sem alguma dessas coisas? Como seria a tua vida? Quais seriam as maiores dificuldades que sentirias? Certamente isso faz-nos repensar a noção de qualidade de vida. A qualidade de vida reflete o grau de satisfação de uma sociedade, em termos de condições de habitação, serviços de saúde e de educação, qualidade do ar e das águas, liberdade de circulação e de expressão, entre outros. A qualidade de vida é um reflexo da qualidade dos serviços a que a sociedade tem acesso. Por isso, o que é considerado qualidade de vida para uma família pobre de um país em desenvolvimento é completamente distinto daquilo que é valorizado por uma família de classe média/alta de um país desenvolvido. Nestes últimos predomina uma ideia generalizada de que a qualidade de vida e a riqueza se mede em função da quantidade de coisas que temos e podemos adquirir. No entanto, hoje em dia começa a aparecer uma nova tendência que valoriza o Ser em vez do Ter.

E esta poderá ser uma via para alcançar uma distribuição de recursos, mais justa, a nível mundial.

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Aprender como se vive... Entrevista a Gustavo Valandro 32 anos, microempresário, minimalista Rio de Janeiro

O que mudou na sua vida, ...Então quando você adota uma vida minimalista, essas desde que conheceu o angústias vão embora. Sua minimalismo?

vida fica mais O minimalismo foi minha forma emocionalmente, de viver desde o início da vida financeiramente. adulta, no meu caso não foi uma mudança, sempre fui assim.

saudável,

Pode contar-nos um pouco  como o minimalismo Mas o que noto de diferença para Na sua visão, como define surgiu na sua vida? outras pessoas que vivem de uma minimalismo? O minimalismo surgiu na minha vida por uma percepção sobre reais necessidades e cobranças desnecessárias por parte da sociedade que me levava a consumir mais do que eu precisava.

forma mais convencional, consumindo excessivamente, são frequentes problemas, reclamações, que não existiriam caso elas adotassem esse estilo de vida.

O minimalismo é a maneira mais prática de se viver, é uma maneira de simplificar a vida, poupando stresses e gastos desnecessários. Onde a pessoa tem apenas o que seja útil, realizando as coisas, desde Os industriais, cerca de 1% da decoração, armário, de forma população, querem que você simples. E consumindo o consuma para que eles fiquem necessário. ricos...Eles não se importam se você realmente precisa daquilo ou Em vez de ter vários relógios, ela não. só tem um, de comprar várias

Percebi no minimalismo uma estratégia para funcionalidade financeira e também de paz interior, eliminando as cobranças sociais e usando meu dinheiro para investir no que era, realmente, mais A tática básica para vender coisas importante... desnecessárias é criar uma falsa necessidade. Muitas pessoas estão com diversos problemas, simplesmente porque consomem Geralmente ela é criada por meio além do que seria adequado e a de pressões sociais, ou seja, a grande maioria acredita que o pessoa tem que ter sempre uma consumo é necessário ao roupa nova, etc... E quando a funcionamento da economia. Isso pessoa não tem, ela se sente mal… não é verdade!

roupas, ela tem poucas. E o dinheiro que sobra ela usa para viajar, investir nela mesmo como pessoa . Um dos homens mais ricos do mundo chama-se Warren Bufet. Uma vez um repórter o indagou sobre o fato dele possuir apenas uma única casa e ele respondeu que acredita que ter várias casas 14


não o faria mais feliz, ter uma era mais simples. Se olharmos alguns dos homens mais ricos do mundo, como Bill Gates, Mark Zuckenberg... Steve Jobs... vemos que na sua maneira de se apresentar, por exemplo, vestir... são muito mais simples do que muitas pessoas comuns. Sócrates acreditava, que quando passávamos a nos concentrar demais em pertences perdíamos tempo de nos concentrarmos em fatores mais importantes da vida.

Acha que o minimalismo pode contribuir para acabar com a pobreza a nível mundial?

Algumas pessoas pensam que ser minimalista é ser pobre ou passar necessidade, o que diria a Sem essas pessoas? Ser pobre é ter uma renda baixa. O quanto você consome não faz você ser rico! Se você tiver uma renda baixa, bem como consumir pouco não fará você ser pobre se sua renda for alta. O que define

duvida que o minimalismo / consumo consciente pode acabar com a pobreza e reduzir muito a desigualdade social. O que temos hoje é uma máquina propagandista envolvendo as pessoas por inserção da cultura do consumo, tomando-lhes o dinheiro inconscientemente. Sem perceber as pessoas criam sua pobreza ao investirem em bens de baixa e média duração e não em livros e cursos.

dinheiro do mundo, isso é saudável? Não.... a grande maioria é muito pobre, então está na cara que como a economia hoje se movimenta não está melhorando a vida das pessoas. O excesso de consumo gera, as vezes, até desemprego. Observando a crise de 2008 e outras, quando as pessoas fazem dividas e não pagam, gera crise, prejuízo e desemprego.

É como uma engrenagem que gira rápido demais e trava... isso são as crises financeiras.. Se as pessoas consumissem apenas o que elas tem no bolso, crise de 2008 , por exemplo, teria sido O cidadão mediano hoje, o que ele evitada. recebe produzindo, ele devolve consumindo coisas inúteis que A alternativa de mudança geram benefícios apenas aos deve ser gradual porque o industriais que querem que a minimalismo envolve vários população acredite que eles são fatores... incluindo até mesmo geradores de empregos e que o planejamento familiar, na minha consumo é que move a economia. opinião.

pobreza ou riqueza é a renda e para conseguir ter renda alta é preciso investir em educação e para isso precisa direcionar seus recursos nesse sentido ao invés de em produtos O consumo move a economia desnecessários. como ela está configurada hoje: com 1% da população mundial A população detendo metade de todo começar a

poderia reduzir 15


gradativamente suas necessidades, tendo menos filhos, fazendo menos festas, competindo menos por quem faz a festa mais cara e voltando-se para os estudos.

Sócrates, que já referi antes e que é considerado até hoje uma das maiores mentes da história, ele falava sobre o que é ter uma "vida boa", que seria felicidade e porque ele acreditava no baixo consumo.

Mas veja o que acontece… se você tem uma plantação de milho e ao invés de consumir o necessário, você consome de forma inútil numa velocidade a ponto de não ter tempo para que uma nova safra surja, você passará um período de fome.

Sócrates acreditava que quanto mais se investisse em coisas, menos se investiria em pessoas e isso não traria bem estar, felicidade.

Assim as pessoas passam por crises mas sempre acham que a solução é pegar milho do vizinho para continuar fazendo o mesmo ao invés de consumir apenas o necessario

Veja o que temos hoje! Caos, pessoas sofrendo de frustração e tomando remédios... Sócrates ensinou Platão, o criador da primeira universidade do mundo… será que Sócrates estaria errado e as pessoas de hoje certas?!

E assim estão fazendo até com a Da Vinci disse: a simplicidade é água.. infelizmente o ser humano o ultimo grau da sofisticação. não é tão inteligente quanto ele pensa que é...

A educação gera pessoas conscientes e pessoas conscientes não consomem em excesso e não geram caos social!

 Gustavo, muito obrigada por nos dedicar o seu tempo, falando destas questões. Deseja acrescentar mais alguma coisa? Só queria acrescentar uma ultima visão: O minimalismo é usado ate na guerra. Todo exército vai à guerra com o essencial! m soldado não carrega luxos na sua mochila porque isso só o atrasaria, ele usa o que ele realmente precisa para facilitar sua vida no combate. Para andar o mais leve possível. Assim deve ser também na vida! O minimalismo é uma tática de vida!

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O que é a simplicidade?

A

simplicidade é uma forma de vida que defende que “menos é mais” e que as pessoas podem ser felizes vivendo somente com o essencial. Isto permite conectar com aquilo que realmente importa e simplificar a vida, deixando de lado o consumismo excessivo e a acumulação de coisas supérfluas.

Praticar a simplicidade não significa viver na pobreza, longe disso. É uma opção de vida menos acelerada e focada no “ser”, em vez do “ter”, enquanto que a pobreza é uma imposição de circunstâncias desfavoráveis, na vida de uma pessoa. A prática de modos de vida mais simples poderão inclusivamente ser uma via para ajudar a erradicar a pobreza, na medida em que possibilita uma melhor distribuição dos recursos mundiais e promove a justiça e igualdade entre povos e gerações, uma vez que diminui a quantidade de recursos consumidos.

Simplicidade é…

Simplicidade não é…

Uma opção de vida

 Um sacrifício

Desapego

 Escassez ou pobreza

Consumir de forma consciente

 Estagnação económica

Valorizar as pessoas e momentos sobre as coisas Viver em consciência com a Terra

 Isolamento  Vida rural

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Vamos fazer… Por Carina Rodrigues Mãe a tempo inteiro. Acredita que com pouco se pode dar muito. Apaixonada por crianças, artes plásticas e trabalhos manuais, adora pegar em coisas aparentemente sem utilidade e transformálas em diversão

Flores de papel

Material: 

Papel ( seja colorido, branco ou de revista)

Cola

Tesoura

Régua

Lápis

1.Cortamos um pedaço de papel com cerca de 30 x 7 cm. 2.Dobramos o papel ao meio em comprimento e voltamos a fazer. 3.Com o papel dobrado a meio,

do lado 18


‘’fechado’’ do papel fazemos pequenos cortes, mas temos de ter cuidado para para cortamos até ao fim. 4.Depois dos pequenos golpes no papel, vamos colar o lado ‘’ aberto’’ do papel’’ 5.Dobramos uma folha A4 a meio ( usei folha branca) e fazemos um rolinho (como aqueles das rifas em feiras) depois de enrolarmos colamos a ponta para ele não desenrolar. 6.Com o rolinho feito e com a tira de papel colado, vamos agora passar cola no pedaço de papel e vamos enrolando no rolinho em espiral. 7.Depois de colado vamos ‘’abrir’’ cada pétala.

E estão prontas as nossas flores , para podermos decorar a nossa casa, ou mesmo poder oferecer a alguém, por exemplo está a chegar o dia da mãe.

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Vamos fazer…

Pintainho com mola Material: 

Tesoura

Cola

Papel

ou

outro

material pata fazer ovo e pintainho ( cartolina, cartão, feltro, EVA )  

Caneta de feltro preta Caneta laranja

de

feltro pedaço

pequeno de papelão ou esponja

1.Começamos por cortar um pequeno retângulo de papel, cartolina ou o que tiver com cerca de 1,5 cm de largura por 2,5 cm de altura, em seguida, cortamos os cantos para transformá-lo em ovo. 2.No verso, desenhamos uma linha em zigue zague com um lápis na parte de trás do ovo ( para depois ficar um ovo certinho) e cortamos ( vai ficar com o ovo ‘’partido) . 3.Depois disso feito, vamos então colocar cola ( usamos cola branca) e vamos colocar cada parte da 20


‘’casca’’ do ovo em cada parte da mola, certifica-te que a cada casca do ovo fica colado um na parte de cima da mola e outro na parte de baixo. 4.Enquanto deixamos a secar, vamos passar à próxima etapa. 5.Recortamos de novo um pequeno retângulo, desta vez para fazer o pintainho. 6.Não esquecer que terá de ser mais pequeno que a casca , cerca de 1 cm de largura e 2 cm de altura) 7.Em seguida, usamos um marcador preto e um marcador laranja para desenhar os olhos e o bico. 8.Para dar mais relevo, para que não se corra o risco de o pintainho ficar esmagado quando abrimos e fechamos a mola devemos de colar algo para ‘’afastar’’ um pouco o pintainho da abertura da mola. 9.Depois de colarmos esse pedaço de material para dar relevo, colamos o pintainho e de forma a conseguirmos ver o pintainho de frente. E agora é só deixar secar!

Estes ovos com mola de roupa são fáceis de fazer. Cada um leva menos de 5 minutos para fazer e ficam divertidos e a partir deles ter imaginação para fazer outros bonequinhos a saírem da casa. Usando aquilo que temos em casa e maior parte das vezes não nos apercebemos que podemos passar agradáveis momentos.

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Segredos das Abelhas Por Cláudia Martins Professora do 1º ciclo. É uma ativista, apaixonada por animais, desde o dia em que nasceu. Por eles, dedica-se a aprender mais sobre saúde e bem-estar.

Quando a pobreza lhes bate à porta

C

onheci a Nina através de um e-mail… Nele alguém

escrevia o seu nome, descrevia quem ela é, os seus gostos, a sua jornada de vida. Estava doente há algum tempo e a sua tutora já de alguma idade, senhora frágil e simples, chorava através de palavras o quanto gostava dela e a aflição de não mais a poder ajudar.

O amor por vezes não é suficiente. O dinheiro, essa arbitrariedade, conceito tão ambivalente nos humanos, é demasiado pesado nas decisões que tomamos. Chamava-a de "minha menina". Gatinha tricolor, olhos vivaços amarelos, pata pequena, ser delicado. Descrevia-me que perdiam a luz a cada dia que passava. A idade e as vezes que pariu começaram a pesar ao ponto de não se importar mais com as ervas do jardim, o cheiro das flores, o chilrear dos melros que lhe diziam bom dia, os seus passeios diários pelos recantos do bairro. Estava doente. Tinha um tumor e a sua tutora desesperava sabendo que não mais a podia ajudar. Uma parca reforma, contas para pagar, muitos outros animais para alimentar, filhos, irmãos, netos da Nina. Eu seria a sua última hipótese.

Bastou-me vê-la numa fotografia escura e desfocada em cima da mesa da televisão... Aí se deitava sobre um napron de renda rodeada de velhas molduras 22


exibindo fotografias de família... A partir do momento em que conheci o seu nome, a sua história, o amor que entregava à sua tutora, o quanto gostava do colo à noite na hora das telenovelas e depois dos passeios pelo bairro, a Nina deixou de ser um conjunto de letras, palavras ou frases. Passou a ser um ser único. E passou a ser uma prioridade. Para a sua tutora a Nina é tudo. Para mim, um projecto social.

Quantas vezes, para ajudar o humano, precisamos passar primeiro pelo seu animal? A Nina precisava de uma cirurgia para retirar um tumor mamário provocado pela toma da pílula. A pílula é usada para prevenir gravidezes na altura do cio, mas provoca tumores gravíssimos. Portanto, ao tentar resolver um problema, provoca-se outro a médio prazo. Mais grave e dispendioso.

Então qual a solução? Esterilizar, esterilizar, esterilizar. Claro. A esterilização também é uma cirurgia, também se realiza no veterinário e também custa dinheiro. Dinheiro esse que nem sempre se tem. Mas analisemos a alternativa: adoptase uma gata, não se esteriliza porque não há dinheiro. A gata engravida, tem ninhadas, que por sua vez vão ter mais ninhadas. Se não havia dinheiro para esterilizar um animal, como vai haver dinheiro para esterilizar 5? 10? Ou 20? Resolve-se então o problema com a pílula administrada a todas as fêmeas, que por si provoca mais problemas e

mais graves. E o dinheiro para esses tratamentos? De repente há uma espiral de problemas que começaram com apenas um ou dois animais: gastos monetários na alimentação de todos – normalmente de fraca qualidade por ser a mais barata, que provoca também doenças ou intolerâncias; desparasitações internas e externas que se não forem feitas, podem levar a alergias ou doenças; esterilizações sem as quais se dá o nascimento de mais ninhadas, o risco de piómetras, tumores; vacinas; … E o impacto físico e psicológico que toda esta pressão exerce sobre o tutor.

O ciclo da pobreza perpetuase também nos animais e com os quais assumimos vários compromissos: de alimentar, cuidar, mimar e tratar. Esterilizar devia fazer também fazer parte da promessa. A pílula foi a solução que a tutora conhecia para a Nina e para as outras fêmeas, acreditando que prevenia o aumento da família felina lá de casa sem consequências nefastas. 23


pobres amigos de animais. Faz descontos, trabalha sempre que pode com associações, ajuda quem mais precisa. Há tantos profissionais assim, só precisamos de perseverança para procurar e sorte de encontrar. Por entre algumas conversas, dois dias depois a Nina lá estava. Imponente mas assustada, curiosa mas cansada. Estava fraca. Magra.

Comida para todos ainda ia havendo... mas a Nina, gata de colo, visitante assídua dos jardins da vizinhança e dos recantos do bairro, precisava de mais e esse mais não existia. A velhinha tutora da Nina não sabia usar um computador, mas soube pedir ajuda ao jovem vizinho quando se cruzaram num fim de semana de visita à família. Nesse sábado, contou-lhe por entre lágrimas caídas o que se passava. O João, dotado de um telemóvel e do meu contacto encontrado num qualquer site de defesa animal, começou a escrever. Transcreveu para o ecrã palavras dela, difíceis de teclar numas mãos frágeis e tremidas. Pedia ajuda. Deixou a morada. Se não fossem as propinas da universidade, o quarto a pagar longe da família, se não fossem as contas, as viagens,...

Outra vez o dinheiro, esse malvado! Liguei a um veterinário amigo. Não meu amigo pessoal, mas amigo dos

Uma cirurgia era necessária para retirar a cadeia mamária afectada pelo tumor. E assim foi. Discutimos um plano de pagamento. Discutimos tratamentos, medicações, alimentação, o repouso da Nina. A tutora ouvia tudo com atenção redobrada. Sempre ao meu lado, tremelicando, agradecia o gesto, rezava pela recuperação da sua gata de colo.

A cirurgia foi feita com sucesso. Cedo a Nina regressava aos recantos do bairro, aos jardins onde a esperavam os melros que lhe cantavam todas as manhãs. Depressa a Nina recuperou o brilho no olhar, a vontade de viver, de explorar, o regresso ao colo da sua mãe humana. A velhinha tutora preocupava-se agora com o futuro da restante família felina. Nenhum havia sido esterilizado por falta de dinheiro. Aquele maldito dinheiro que nunca chegava ao final do mês. Sempre o dinheiro! Mobilizamos amigos, os vizinhos, 24


miúdos e graúdos de uma escola. Fizemos vários peditórios e entre camas, brinquedos, comida, areia e medicamentos esquecidos lá por casa ou desprezados por gatos com melhor sorte, foram chegando alguns euros que permitiram esterilizar finalmente todos os companheiros felinos, proporcionando uma maior qualidade de vida a todos. Um melhor futuro, longe de gravidezes, pílulas, tumores mamários ou da próstata. Que vida mais descansada! A lição? Que unidos pela mesma causa, juntos, somos capazes daquilo que parece impossível: oferecer um suspiro de alívio a uma velhinha constantemente esmagada pela economia, oferecer um futuro a dez gatos séniores e a dois gatos juvenis. Mesmo que à distância de um e-mail ou num teclado de um qualquer telemóvel vizinho, tudo é possível. Todos e cada um temos a capacidade de apoiar o vizinho, o tutor jovem ou velhinho ou aquele animal doente e faminto.

Um pequeno gesto pode mesmo mudar o mundo. Talvez não o mundo todo, talvez não de imediato, mas um animal ou um humano de cada vez. Quantas Ninas ajudarás na tua escola? Quantas colónias ou matilhas conseguirás salvar? A bondade começa em ti. A luta contra a pobreza também. Lembra-te que os animais também sofrem com ela.

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Dar e Receber Por António Amorim Martins Pai de um rapaz encantador, conseguiu escapar de uma cidade cheia de luzes, porque não tinha árvores, nem relva...onde as pessoas esqueceram que há meninos lá longe que não têm o que comer, nem água limpa. Hoje, vive sem saber se vai conseguir ajudar estes meninos ou se conseguirá ajudar tornar a água mais limpa e o céu mais verdadeiro. Mas trabalha para isso.

Quem é mais pobre? Eles ou nós? António, em 2018 tiveste a oportunidade de fazer duas missões, em campos de refugiados na Nigéria e sei que tens já uma nova agendada para este ano. Quais são as tuas motivações para fazeres este tipo de missões?

O que me move no fundo bem la no fundo, é o sofrimento e a dor que possam ter os que não se sabem defender do mal. E desses, os que mais vezes penso durante a semana, são as crianças . São os primeiros na minha preocupação e atenção e logo prioridade de ajuda. Por eles atravesso oceanos e montanhas! E se antes quase e só me perturbava profundamente o facto de existirem crianças com medo doenças e fome, e portanto o sofrimento horrível que isso só pode ser na alma dum pequenino ser . À medida que fui 26


confiança que depositam na sua fé ... perante as suas limitações na vida... perante a impotência que tanto lhes sucede enquanto tentam sobreviver e cuidar de seus filhos... Pela positiva e sempre... a maturidade e sabedoria das mulheres no meio disso tudo. As MÃES, ESPOSAS E AMIGAS... A coragem de acordarem com a luz do dia, pois não há energia suficiente para terem luzes acesas muito tempo, ou por vezes nem luzes têm nas casas. E no caso do campo que visitei em África no ano passado, nem casas tinham antes de 2018. Só foram construídas em 2018. Na prática, o que foi mais difícil para ti, em missão?

tendo mais anos de vida, deixei de conseguir ser indiferente a qualquer tipo de sofrimento, como quando era novo e não sentia tão bem outros sofrimentos. Não obstante, a prioridade essa nunca se desvia das crianças. O que mais te surpreendeu? Pela positiva e negativa Pela positiva, sempre a capacidade das crianças sorrirem no meio "do nada". Sem terem nada. Nem sapatos e muitas vezes nem uma t-shirt

De falar o dialeto deles!

Como é vivida a pobreza nesses países? Quais as maiores diferenças relativamente a Portugal? Acordam, vão à fonte buscar água em baldes, para se lavarem e lavarem os poucos alimentos da manhã. E depois levam as crianças à escola e dirigem-se para as suas atividades. Sendo que a maioria trabalha no campo para garantir a subsistência da sua

Pela positiva ainda e quanto aos adultos, a

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família.

A pobreza é vivida de varias formas. Mas na maior parte das vezes sempre com muita coragem. Coragem de saberem que podem não ter comida na próxima semana. Ou que pode vir uma tempestade ou uma seca e arruinar a plantação… Depois, pouco antes do sol se deitar, recolhem seus filhos e regressarem às suas casas para a segunda refeição do dia... uma às 6h da manhã e outra às 18h da tarde. .. 12h sem muitas vezes comerem nada.

.

Ou apenas uma manga apanhada no chão...

Na tua visão, como se pode erradicar a pobreza nesses países?

A pobreza pode ser erradicada de duas formas: 1. Urgente: ensinar a cultivar, dotar a agricultura de instrumentos que lhes permitam protegê-la/minimizar as catástrofes. Melhorar o sistema de segurança social, para fazer chegar a comida aos que não tem terra nem dinheiro;

2. Pedagogia aplicada de um princípio

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fundamental e que ficou esquecido pelos países mais avançados como os nossos: ECONOMIA SEM EXCLUSÃO. Quer isto dizer, repensar o desafio e a tentação do crescimento e do progresso de forma a que não deixe ficar para trás os mais fracos…

O encantador Papa Francisco fomenta com amor esta ideia de que o ser estudado e "avançado", não seja incapaz de incluir os mais fracos e desfavorecidos. Na prática, é ensinar às pequeninas organizações que o caminho de superação da fome doença e sofrimento, DEVE ser feito com amor pelo que está a ficar para trás. Como?

Olhar para trás. Olhar para baixo. Olhar à volta e perceber se há alguém que esteja nestas condições de fome doença sofrimento…

do poço. ..

E como é que nós, aqui tão longe, podemos ajudar a fazer a diferença na vida dessas pessoas? Ao contar histórias com bons frutos... e ao trazer caras às historias. Falar com elas pelo menos uma vez por semana. Porque não ao domingo? O "dia do senhor". .. não é nada mais que o "dia do amor"... Para quem vai e quem não vai à missa (missa vem de missão), porque não tiram 7 minutos apenas para dizer um ... "OLÁ !!! Como foi esta semana aí em África? "Por aqui não faltou nada... Mas queria que estivesses aqui ou eu aí, para dividir contigo".

E assim... devagar devagarinho, a felicidade volta para todos nós... humanidade criada para "o bem" e seguramente não para o mal...

Pois é muito fácil que nestes países, quem começa a ter sucesso, se esqueça rapidamente do que sofreram e passe a avançar na vida... ganhando velocidade e deixando para trás quem não conseguiu sair

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Desafios Sustentáveis Por Cláudia Martins

Como organizar uma recolha solidária de bens

Quer pretendas ajudar pessoas, animais, instituição ou associação, a tua ajuda será sempre bem-vinda a quem precisa! Se queres tornar a tua escola mais activa, aqui estão algumas dicas acerca de como deves começar:

PLANEAR o que fazer?

porquê?

como?

para quem?

com quem?

quando?

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Escolhe quem vais apoiar: individuais, animais de rua, instituições, associações, centros de recolha de animais, etc

Informa-te e define o teu objetivo: quais as necessidades específicas de quem vais apoiar, quando o vais fazer e de que forma

O que fazer: começa por falar com os teus pais e professores. Eles poderão ajudar-te a concretizar o projeto.

Elabora cartazes com os teus colegas; estabelece prazos para a recolha de bens e/ou serviços; informa a comunidade escolar através de um comunicado aprovado pelo teu professor e coordenação da escola

Avalia os resultados: podes sempre melhorar os teus resultados e envolver mais pessoas num futuro projeto! Acima de tudo, não desistas!

Vamos a isso? 31


Para refletir e sentir...

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Ela só queria ser feliz. Não queria roupas novas nem de marca. Ela só queria não se sentir despida. Ela só queria ser feliz. Não queria aquelas sapatilhas mais confortáveis, as da moda com o nome de um jogador de futebol. Ela só queria não andar descalça. Ela só queria ser feliz. Não queria daquelas comidas caras que se usam e abusam e vão parar ao lixo. Ela só queria ter comida no prato. Ela só queria ser feliz. Não queria as consolas de jogos e todos os aparelhos electrónicos que ficam espalhados pela casa quando perdem a sua (curta) validade. Ela já ficava contente com um abraço. Ela só queria ser feliz. Não queria estar sempre a viajar, ficar nos hotéis mais ricos e usar o telemóvel mais caro para as "selfies". Ela só queria paz, uma casa e alguém com quem falar. Ela só queria ser feliz. Não queria sair à noite. Na rua, na noite, já ela está. Ela, a criança. Mas não pode.

A

que

queria

sorrir

hoje.

Bruno Pereira https://www.facebook.com/Bruno -MV-Pereira-106808623242668/

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Espreita a próxima edição...

Na próxima edição da Arca de Noa vamos falar de…

Erradicar a Fome

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