Programa inovador de desenvolvimento infantil contra a adversidade em Boa Vista 13 de abril de 2020 por Alexandra Bretani|Günther Fink|Susan ChangLopez|Christine Powell|Susan Walker Tradução inglês > português: André Ribeiro, Melissa Harkin – Harkin Translations para Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal
Um grande corpo de pesquisa mostrou os efeitos a longo prazo das adversidades no início da vida. Um ambiente acolhedor e estimulante é essencial para o desenvolvimento saudável da criança e pode reduzir os efeitos nocivos dos fatores de risco relacionados à pobreza e falta de recursos dos pais. Programas parentais para promover ambientes motivadores, como o Reach Up, desenvolvido originalmente na Jamaica, foram implementados com sucesso em vários países de baixa e média renda. Agora, precisamos entender as melhores maneiras de colocar essas intervenções em prática, para que todas as crianças necessitadas sejam alcançadas.
Replicação não é suficiente Ampliar as intervenções, o que significa transformar um pequeno programa em um programa muito maior em diversos contextos, é um processo complexo que envolve diferentes parceiros, recursos, adaptações contextuais e controle eficaz da garantia de qualidade, entre outros aspectos. No Brasil, o projeto S&T (Survive and Thrive – Sobreviver e prosperar, em Português) é um esforço para ampliar as intervenções na primeira infância no município de Boa Vista, na região Norte do Brasil. Adaptado do programa Reach Up, oferece apoio parental abrangente e estimulação na primeira infância, da gravidez aos 36 meses. O projeto tem como objetivo fornecer respostas a muitas questões relacionadas à transformação de uma intervenção em políticas públicas.
Igualdade desde a primeira infância O Brasil ainda enfrenta grandes desigualdades socioeconômicas, especialmente em áreas urbanas e precárias, onde as crianças são frequentemente expostas à falta de higiene, poluição do ar e violência. Nas últimas décadas, o governo brasileiro implementou com sucesso um programa de atenção primária domiciliar, a Estratégia de Saúde da Família, e um programa de transferência condicional de renda, o Bolsa Família, melhorando a vida de muitas famílias em todo o país. Recentemente, com foco no desenvolvimento da primeira infância e com base no programa Bolsa Família, o governo criou o programa Criança Feliz, com o objetivo de promover práticas parentais positivas e estímulo à criança por meio de visitas domiciliares. No Brasil, o Survive and Thrive (Sobreviver e prosperar) foi criado para capitalizar o ambiente político, oferecendo uma intervenção estruturada de desenvolvimento na primeira infância (DPI) baseada em evidências, previamente testada em um estudo piloto em São Paulo, que pode ser adaptado pelos municípios que implementam o Criança Feliz.
O valor de sobreviver e prosperar Com a sustentabilidade da intervenção de escala em mente, o S&T avalia duas plataformas de entrega que usam o mesmo conteúdo e metodologia com base no currículo do Reach Up: 1. Plataforma baseada em visita domiciliar sugerida pelo Criança Feliz; 2. Uma pequena plataforma de reuniões em grupo, financiada pelo Fundo de DPI do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em que oito a 10 cuidadores e crianças participam de reuniões quinzenais na unidade de serviço social mais próxima. Além dos benefícios da visita domiciliar, as sessões em grupo também podem criar apoio de colegas, o que pode ser muito importante para as famílias urbanas mais vulneráveis, que geralmente carecem de apoio social. Desde que as sessões em grupo sejam eficazes, elas podem ser uma solução mais barata, que pode ser considerada durante a expansão dos serviços de DPI em todo o Brasil. No país, o Survive and Thrive fornecerá importantes conhecimentos baseados em evidências sobre o processo de ampliação de intervenções, como possíveis adaptações para lidar com as demandas governamentais, parcerias com o governo e outros atores durante a implementação e formas de garantir sustentabilidade e qualidade.