Arte na creche - Reinvenções de objetos do cotidiano

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Reinvenções de objetos do cotidiano Autor

Idade

INSTITUTO AVISA LÁ

3 ANOS

Proposta As experiências sensoriais têm um papel importante

novos sentidos à experiência visual com a cor. Com

nos percursos de criação em artes com crianças de

os sentidos ativados, o público experimenta a cor

0 a 3 anos. Um possível caminho para conectar a

no próprio corpo, e não somente por meio da visão,

sensibilidade das crianças à esfera artística é a Arte

como até então as artes visuais propunham.

Contemporânea, que tem como característica impor-

Reinventar os objetos do cotidiano integra a brinca-

tante a pluralidade de experimentações nos modos

deira da criança ao interesse por explorar materiais

de fazer. As apropriações das crianças se aproximam

do cotidiano que, a princípio, não são reconhecidos

dos caminhos de produções da Arte Contemporâ-

como brinquedos. Nesta proposta, mobilizada pela

nea, sobretudo de artistas que convidam o público

obra de artistas que convidam à interação, como

a interagir com determinados objetos e, com isso, a

Hélio Oiticica, a brincadeira, como forma de a criança

“ativar” a obra de arte. Essa ideia também pode ser

conhecer o mundo, se vincula à experiência sen-

relacionada à maneira como as crianças pequenas

sorial pela exploração de objetos do cotidiano, no

descobrem o mundo, sempre curiosas e abertas às

mergulho de corpo inteiro em vivências com a cor.

experiências por meio de todos os sentidos.

A proposta contribui para ampliar as aprendizagens

Hélio Oiticica, grande expoente do movimento Neo-

das crianças, pois favorece e cultiva a expressão

concretista no Brasil, produziu uma obra paradigmá-

infantil, inicialmente de forma exploratória e, aos

tica nomeada Parangolés: dispõem-se pedaços de

poucos, de maneira organizada. Mas isso depende,

tecidos a serem explorados pelo público que pode

em grande medida, do modo como os ambientes

vesti-los em brincadeiras com o corpo. Desse modo,

são organizados para oferecer desafios progressivos

os tecidos se movimentam no espaço e conferem

às crianças.

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Materiais Em uma proposta com foco nas experiências sen-

Ao serem oferecidos em arranjos espaciais cuida-

soriais ligadas a materiais do cotidiano, a profes-

dosamente preparados do ponto de vista estético,

sora optou por selecionar materiais que tradi-

os objetos puderam ser apropriados pelas crian-

cionalmente não seriam utilizados em propostas

ças, tornando-se instrumentos para descobrir o

ligadas ao campo de experiências das Artes Vi-

mundo pela brincadeira sensorial. Nas mãos das

suais. Considerando que na Arte Contemporânea

crianças, os objetos se transformaram e ganharam

qualquer material pode servir ao processo de ex-

outras significações. Foram utilizados:

perimentação estética, fios de elásticos, tecidos,

- Fios de elásticos

pneus e caixas de papelão se mostraram ótimos

- Tecidos

recursos para as brincadeiras infantis. Os materiais

- Pneus

foram dispostos de forma a incentivar as crianças

- Caixas de papelão

à sua exploração.

Espaço A organização dos espaços considerou a movimentação e a exploração do corpo das crianças em diferentes contextos, possibilitando a brincadeira e as descobertas sensoriais. Os espaços físicos foram além da sala e se tornaram espaços conceituais, nos quais cada elemento teve uma intencionalidade. Cada escolha se tornou uma potente intervenção da professora com relação a suas propostas pedagógicas. Nesse caso, o pátio externo foi utilizado para brincar com redes e tramas. O corredor foi escolhido como o mais adequado para a experiência de escorregar em caixas de papelão. Foram utilizados nessa proposta: - corredores; - salas; - jardins; - pátios externos.

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Interações

Tempo

As crianças puderam fazer suas escolhas nos mo-

Uma experiência de reinvenção de objetos do co-

mentos de brincadeiras a partir da organização

tidiano aconteceu durante dois meses, duas vezes

dos espaços e da oferta de materiais. De forma

por semana, durante cerca de 30 minutos.

simultânea, elas brincaram junto com seus pares e com a professora. Isto é, não foi definida uma ordem prévia com relação à “vez” de cada um brincar. Como também não foram definidos os grupos, os pequenos puderam interagir a partir de suas próprias escolhas, o que certamente contribui para a progressiva conquista da autonomia infantil. Nesse contexto, foram importantes as interações entre as crianças ao inventarem brincadeiras de maneira coletiva, ou seguirem alguma sugestão inicial de um parceiro mais experiente, como a professora. Decidiram sobre como poderiam usar cada material com relação ao espaço em que foram dispostos, ou seja, experimentaram limites e dimensões espaciais nas brincadeiras corporais com os objetos. Também descobriram usos inusitados para objetos do cotidiano, que se tornaram recursos para experiências de caráter expressivo.

Atividades As proposições da professora puderam desenca-

3. Brincadeiras com pneus.

dear as seguintes atividades das crianças:

4. Brincadeiras com “Parangolés” em diferentes

1.Brincadeiras com redes, com tecidos semelhan-

texturas e cores.

tes à malha elástica. 2.Brincadeiras com caixas de papelão.

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Observe A observação é um importante instrumento para subsidiar o planejamento das propostas do professor e também para enriquecer as experiências das crianças. No desenvolvimento dessa proposta é interessante observar:

1. A exploração do movimento e postura corporal da criança e o conhecimento do próprio corpo: •

a proposta contribui para o fortalecimento de uma “cultura corporal” nas crianças?

elas puderam se comunicar através de posturas corporais?

tiveram a oportunidade de ampliar suas possibilidades de movimento e desenvolver competências corporais ao mobilizarem o corpo na exploração do espaço e dos materiais?

2. O desenvolvimento do convívio social e a descoberta de novos usos para materiais do dia a dia: •

as crianças brincaram e exploraram o espaço em pequenos grupos?

puderam explorar os materiais nas brincadeiras?

objetos do cotidiano serviram de suporte para brincadeiras sensoriais e foram manuseados de maneiras inusitadas?

as crianças exploraram e conheceram diversas propriedades dos objetos?

alimentaram o interesse em conhecer materiais diversos, cultivando sua sensibilidade?

A voz de quem participou

Para garantir o protagonismo das crianças, foi pre-

Esse trabalho com as crianças nos permitiu viven-

ciso compreender que a brincadeira é o proces-

ciar momentos de descobertas, desafios e muita

so fundamental nessa fase do desenvolvimento,

aprendizagem, nos fez ver que quando permitimos

por este motivo as propostas permitiram que as

e damos a oportunidade, as crianças nos apontam

crianças tivessem liberdade de escolha, desafios,

caminhos. A partir das experiências com a arte,

descobertas e fossem autoras do seu fazer”

as crianças transformaram seu brincar, criaram

Professora Camila de Jesus Gomes, CEI Sagrada Família – Centro Social de Parelheiros

relações com o outro e com o mundo” Elizabeth Rodrigues, Jaqueline Andrade, Letícia Pereira, Tatiane Silva – CEI Sagrada Família

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Referências •

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares nacionais para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEB, 2010.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998.

DEWEY, John. A arte como experiência. São Paulo: Martins Fontes, 2010.

HOLM, Anna Marie. Baby-Art: os primeiros passos com a arte. São Paulo: Museu de Arte Moderna de São Paulo, 2007.

OITICICA FILHO, Cesar. O museu é o mundo. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2011.

PREFEITURA DA CIDADE DE SÂO Paulo. Secretaria Municipal de Educação. Diretoria de Orientação Técnica. Orientações Curriculares: expectativas de aprendizagens e orientações didáticas para a Educação Infantil. São Paulo: SME/DOT, 2007. Disponível em: <http://www.culturatura.com.br/docsed/12%20OrientCurr%20PSP-EI.pdf>.

SALOMÃO, Waly. Hélio Oiticica. Qual é o Parangolé? E outros escritos. Rio de Janeiro: Rocco, 2003.PEREIRA, Maria Amélia P. Casa Redonda: uma experiência em educação. São Paulo: Livre, 2012.

OUTRAS FONTES DE REFERÊNCIA: • Site: <http://www.heliooiticica.org.br/home/home.php>. •

Links:<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-16122015-092949/pt-br.php>.

<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392001000300003>.

<www.itaucultural.org.br>.

Créditos Equipe do Projeto Conexões – Instituto Avisa Lá: Cisele Ortiz, Denise Nalini, Mariana Americano, Cinthia Manzano, Beatriz Bianco, Inaia Barros CEI Sagrada Família – Centro Social de Parelheiros/ Atual Creche Cora Coralina – Associação Comunitária Maria de Nazaré Diretora: Janaína Ilda Sousa Borges Coordenadora: Lilia Grazielly Vieira de Sousa Professoras: Camila de Jesus Gomes, Elizabeth Rodrigues, Jaqueline Andrade, Letícia Pereira, Tatiane Silva

Iniciativa

Parceiros

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Coordenação Técnica


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