Informativo
FFLLU UTTU UA A A FLUTUANDA N FLUTUANDA N FLUTUANDA D D FLUTUANDA A A por uma cidade mais caminhável
Realização: FLUTUA
Escrita e diagramação: Beatriz Brunialti Justo, Isadora Fernandes Carvalho, Lara Paim de Sene e Luiza Dalvi Quintaes de Morais (veja mais em: flutua.org). Agradecemos ao Como Anda por mentorar, facilitar e nos orientar nessa trajetória pela mobilidade do pedestre. Esse trabalho é fruto da nossa colaboração com o Lab.Map - Laboratório de ação direta pela Mobilidade a pé, junto com outras 9 iniciativas espalhadas pelo Brasil. A Pezito - Porto Alegre/ RS Brasília Anda nos Eixos - Brasília/DF Coreografando Ruas - Lorena/ SP Nossa Calçada - Itabira/ MG Observatório de Maceió - Maceio/ AL PI Experimental - Fortaleza/CE PRODHE CEPEUSP - São Paulo/ SP Smart Cities - Recife/ PE SonhANDO A PÉ - Belo Horizonte/ MG Identidade visual: Luisa Ruiz.
Uberlândia 11/ 07/ 2021
Esta licença permite que outros remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, mesmo para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito e que licenciem as novas criações sob termos idênticos.
Apoio:
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Colaboradores
Esse informativo só foi possível graças à mobilização e disponibilidade dessas inúmeras pessoas que compartilharam, orientaram e contribuíram com suas experiências e conhecimentos. Amanda Gondim | Vereadora em Uberlândia, Advogada, ativista em direitos humanos, baixa visão, direito à cidade e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fundadora do projeto Todas Por Ela. Bianca Macedo | Engenheira Civil de Transportes, com experiência em planos de mobilidade urbana, poder público e advocacy por mulheres e bicicletas. Fernando Garrefa | Arquiteto Urbanista e Professor Doutor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design (FAUeD) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) com pesquisa em Planejamento Urbano e Regional e Urbanismo Comercial. Giovanna Vital | Arquiteta Urbanista e Professora Doutora da FAUeD-UFU com pesquisa em Projeto Sustentável para a cidade. Gustavo Eugênio | Geógrafo e Diretor de Planejamento de Transportes na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes da Prefeitura de Uberlândia (SETTRAN). Julieta Cristina Fernandes | Engenheira Civil, Doutora em Mobilidade Urbana e funcionária da SETTRAN por 30 anos. Liliane de Oliveira | Arquiteta Urbanista, Doutora em Engenharia Urbana com pesquisa em Caminhabilidade Urbana na Cidade Contemporânea. Maria Cecília de Sousa | Geógrafa, Doutora em mobilidade urbana e fundadora do Observatório da Mobilidade de Uberlândia e especialista em dados. Maria Eliza Guerra | Arquiteta Urbanista e Professora Doutora da FAUeD-UFU com experiência e pesquisa em Projeto de Arquitetura, Projeto do Espaço Urbano e Planejamento. Renata Britto | Graduada em Dança e graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Uberlândia, com estudos de improvisação em dança no espaço público, fotógrafa e produtora cultural. Sandra Dalvi | Assistente Social e Mestre em acidentes de trânsito com motociclistas e Fundadora do projeto ‘’Mais Vida no Trânsito’’. Sergio Augusto Carvalho | Assessor de Operações de Tráfego na SETTRAN.
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Caminhar pela cidade significa... “Atividade que liberta - percorrer a cidade sem depender de outros fatores.’’ (Beatriz Justo) ‘’Se perceber a partir do todo e do entorno - do contexto social e cultural - e estabelecer uma vida mais integrada.’’ (Isadora Fernandes) ‘’Caminhando eu vou, com meu corpo na cidade, descobrindo os espaços urbanos, suas potências e fragilidades.’’ (Lara Paim) “O meio mais democrático de se deslocar.’’ (Luiza Dalvi)
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Esse material surge de nossos anseios de viver uma cidade mais caminhável! Com o apoio de inúmeras pessoas, queremos proporcionar e estimular um novo olhar para o caminhar em Uberlândia. Acreditamos em uma construção coletiva de conhecimentos e, por isso, entendemos esse informativo como mais um passo em busca de uma Uberlândia mais caminhável. A mobilidade ativa é uma temática viva e dinâmica, o que significa que não existem verdades prontas e absolutas. Por isso, os diálogos e pesquisas sobre o tema precisam caminhar junto com nosso cotidiano, acompanhando suas mudanças.
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O que é uma cidade mais caminhável? Já parou pra pensar que, em algum momento, todas, todos e todes que transitam pelo espaço urbano se encontram na situação de pedestre? Seja para ir ao trabalho, fazer compras ou se exercitar; seja atravessando uma rua, andando por um trecho de calçada após sair do carro, ou indo até a bicicleta estacionada; seja adulto, criança ou idoso; todes precisam se locomover em certa situação sem o auxílio de algum veículo. Mesmo que, no Brasil, o uso dos veículos individuais e motorizados esteja em foco, como os carros e as motocicletas, é importante lembrar da prática cotidiana do caminhar como uma realidade das nossas cidades e da nossa espécie. Pedestre: aquele que anda ou se encontra a pé.
Uma cidade caminhável é uma cidade que olha e cuida para as condições de pedestres. Que define infraestruturas de qualidade, como calçadas largas e bem estruturadas, acessibilidade universal, iluminação pública de qualidade, travessias e passagens seguras e arborização adequada para pedestres caminharem. É uma cidade que possibilita o andar democrático e em rede pela cidade, isto é, nas bordas e no centro, como também entre essas regiões. 6
As características listadas acima são alguns exemplos do que chamamos de indicadores de caminhabilidade, ou seja, características que estimulam a locomoção a pé e possibilitam melhores experiências ao caminhar. Acessibilidade universal: é, em primeiro lugar, um atributo dos lugares. No caso do ambiente urbano, é uma propriedade relacionada às facilidades que possibilitam autonomia, relativa rapidez e, principalmente, segurança nos deslocamentos desejados. (Cidade de Pedestres, 2017) Porto, Portugal - Rua e largo voltados para apropriação comércial e deslocamentos por modais ativos.
“Caminhar é o contato com as pessoas, com as fachadas dos estabelecimentos que são abertas para as ruas, é o olhar para a cidade na escala humana... É uma experiência de sensações. Quando você está em um espaço que te acolhe, você se sente pertencente. O caminhar está relacionado ao pertencer a cidade.” (Liliane Torres) 7
Por que devemos reivindicar o direito de tornar a cidade mais caminhável? Você sabia que a forma como se estabelece o trânsito em muitas cidades, hoje em dia, traz riscos à saúde? O incentivo ao modal de transporte individual motorizado, como os carros e as motocicletas, predominante nas cidades brasileiras, traz inúmeros impactos para a saúde da população geral, entre eles: o sedentarismo, o estresse, os acidentes no trânsito, problemas respiratórios causados pela poluição do ar e desconfortos resultantes da poluição sonora, além da falta de contato entre as pessoas e dessas com a natureza. Porém, a forma que escolhemos para nos locomover pela cidade pode transformar essa realidade. Modal de transporte: tipo de transporte; formas de transportar pessoas ou cargas.
Considerando a emissão de CO2, os veículos usados pelas pessoas emitem 32,3 milhões de toneladas de poluentes por ano nos seus deslocamentos. A maior parte (67%) é emitida pelos automóveis, seguida pelos ônibus.
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carros 67% 4% Motos
motos 4%
67% Carros
29%
Ônibus ônibus 29%
Fonte: ANTP, 2017
Atualmente, já temos informações suficientes que comprovam que os modais ativos, ou seja, as formas não motorizadas de locomoção, são as alternativas mais saudáveis para a vida do ser humano e do meio natural, a exemplo do andar a pé, de bicicleta, patinetes e skates. Combinados com os modais coletivos, como os ônibus, trens e metrôs públicos, torna-se possível alcançar longas distâncias sem o auxílio dos meios individuais e motorizados. Já que essas formas ativas de locomoção estimulam a atividade física e a interação social, elas reduzem o risco de doenças, como diabetes e obesidade, e auxiliam na saúde mental das pessoas. Em outras palavras, a mobilidade ativa tem a capacidade de diminuir os gastos públicos com tratamentos de saúde e aumentar a qualidade de vida de todas, todos e todes. É o que mostra uma pesquisa canadense publicada em 2005, que aponta o elevado nível de satisfação das pessoas que se locomoviam ativamente em comparação com condutores de veículos motorizados. Ainda, foram relatados menores níveis de estresse e maior sensação de relaxamento e liberdade por aqueles que se deslocavam de maneira ativa.
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Estima-se que, nas cidades brasileiras, essas modalidades correspondem, em média, por 40% dos deslocamentos no trânsito, sendo 36,5% a pé e 3,8% de bicicleta (ANTP, 2013). Entretanto, apesar do alto índice de viagens feitas caminhando ou pedalando, os automóveis individuais ocupam a maior parte do espaço viário das cidades brasileiras. Para se ter uma ideia, em São Paulo, 80% do espaço viário é destinado aos veículos individuais, sendo que o seu uso corresponde a apenas 30% dos deslocamentos. Por outro lado, para os modais ativos, é destinado menos de 10% do espaço viário, apesar de representarem 40% dos deslocamentos. Além do mais, as modalidades ativas não emitem gases de efeito estufa (GEE) e, por isso, contribuem para a diminuição dos impactos ambientais na vida urbana e contribuem para o futuro do planeta.
Espaço viário utilizado Espaço viário utilizado Divisão modal Divisão modal
Fonte: Como Anda, 2017
Reivindicar cidades mais caminháveis também está diretamente relacionado às questões econômicas, políticas e sociais. A cidade democrática, disponível de maneira igual para todas, todos e todes, existe como um direito garantido ao passo que facilita os acessos de pessoas aos seus destinos por vias rápidas, de qualidade e baixo custo.
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Podemos entender melhor sobre essas questões através dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS), que visam promover a inclusão e assegurar que todos os habitantes, das gerações presentes e futuras, sem discriminação de qualquer ordem, possam habitar e produzir cidades e assentamentos humanos justos, seguros, saudáveis, acessíveis (física e economicamente), resilientes e sustentáveis. ‘’Eu vejo o caminhar como a forma mais democrática de deslocamento. Não tem como não vir essa ideia. E tudo que se puder fazer para essa segurança no caminhar é muito importante, porque isso conversa muito diretamente com o direito à cidade, o direito de ir e vir, o direito de estar nos lugares, a questão do encontro…’’ (Julieta C. Fernandes) Bilbao, Espanha - Qualidade do caminhar: sombreamento, sinalização e continuidade do pavimento.
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A Flutua entende que a mobilidade a pé é um dos elementos fundamentais do desenvolvimento urbano sustentável: cidades caminháveis são mais equitativas e resilientes, quer dizer, permitem oportunidades mais igualitárias e são mais adaptáveis a situações drásticas, como acontece na pandemia do COVID-19. Em dados levantados pela Rede de Urbanismo Colaborativo sobre o uso da cidade na pandemia, observou-se que, apesar da forte presença do automóvel particular, a mobilidade a pé foi o modal ativo que apresentou maior adesão dos entrevistados no contexto de isolamento. No gráfico abaixo, podemos observar que a porcentagem de pessoas que andavam a pé antes da pandemia subiu 13,88 pontos percentuais, enquanto no modal de transporte público houve uma diminuição de 26,67 pontos percentuais. É possível interpretar através desses dados que o modal de transporte coletivo se tornou uma fonte de preocupação e risco para saúde das pessoas, o que levou à queda do seu uso. Já o crescimento do modal a pé está relacionado à possibilidade de ocupar e se movimentar pela cidade A pé dentro das medidas de isolamento. Bicicleta
AApé pé
Transporte público
Bicicleta Bicicleta
Veículo próprio
Transporte Transportepúblico público
Veículo de serviço (uber, táxi,...)
Veículo Veículo próprio próprio
Outros
Veículo de serviço (uber, etc...)
Veículo de serviço (uber, táxi,...)
0
Outros outros 0
20
40
Fonte: Rede de Urbanismo Colaborativo BR, 2021.
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60
20
antes depois
40
Apesar da adesão, ainda não temos infraestruturas adequadas que atendam o público de pedestres em muitas cidades, como percebemos em Uberlândia. Por isso, é preciso unir esforços e exigir aos governos que integrem essa visão, conhecida como direito à cidade, em suas legislações e declarações políticas, entre outras regulamentações e manifestações.
Direito à cidade: diz respeito a um direito humano e coletivo atemporal. É um compromisso ético e político de defesa de um bem comum essencial a uma vida plena e digna em oposição à mercantilização dos territórios, da natureza e das pessoas.
Barcelona, Espanha - Planejamento urbano com atenção aos modais ativos.
Arborização, ciclovias, travessias, calçadas e sinalizações.
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Você se sente confortável ao caminhar? Por mais que algumas leis brasileiras assegurem, em alguma escala, pedestres e condutores de veículos não motorizados nos espaços viários, ainda há muito a ser conquistado para que o transporte ativo aconteça com qualidade e segurança. Os obstáculos e barreiras encontrados nas travessias de pedestre, nas calçadas, nas vielas e nas praças; a ausência de lugar definido destinado aos que andam a pé em muitos espaços públicos; as irregularidades na iluminação pública e na arborização, entre outros fatores, afetam diretamente no conforto dos que escolhem caminhar pela cidade. Tais questões refletem a ausência de planejamento e compreensão de uma rede de deslocamento que seja conectada, segura e fluida para pedestres. “Calçada para mim é estruturante para a cidade, é estruturante para a vida urbana”. (Giovanna Damis) Para além das questões físicas, outras percepções afetam essas vivências. Percepções essas que precisam ser abordadas a partir dos recortes de identidade de gênero, classe, raça e orientação sexual. Aqui, vamos abordar um pouco mais o recorte de mulheres, em referência às atuantes do coletivo FLUTUA e às entrevistadas nesse estudo. 14
Historicamente, as mulheres ocupam o espaço público de forma diferente dos homens, em especial as calçadas. O deslocamento casa-trabalho em veículo individual motorizado, por muito tempo, refletiu um padrão de locomoção masculino. As mulheres, sem acesso a esse meio de transporte e responsáveis pelas tarefas domésticas - como as compras e o cuidado de crianças, idosos e parentes - realizavam viagens diversificadas, principalmente a pé ou com auxílio do transporte público. Isso, de certa forma, ainda acontece. Em São Paulo, por exemplo, 62% dos homens realizam suas viagens diárias por transporte público ou a pé. Já no caso das mulheres, essa estimativa chega a 74%. Dessas, entre as mais pobres, metade são feitas caminhando (Origem e Destino, 2012).
A Ilusão da Mobilidade Padrão. ITDP Brasil, 2018.
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Ao mesmo tempo, sabemos que colocar o corpo feminino no espaço público gera novas fragilidades e inseguranças. A pesquisa da Campanha Cidades Seguras para Mulheres revelou que 86% das brasileiras entrevistadas já foram assediadas no espaço público e 44% no transporte coletivo (Actionaid, 2014).
86%
44%
Porcentagem de mulheres brasileiras que já foram assediadas em espaços públicos.
Mulheres brasileiras que já foram assediadas no transporte público.
Além da questão do assédio, muitas vezes as mulheres são vistas como alvos mais fáceis para assaltos. O fator falta de segurança ao andar nas ruas de Uberlândia foi constatado nessa pesquisa (MERLI, 2018): 9.4% 3.8% nenhum lugar ou outros outros 3.8% Nenhum lugar ou não souberam responder não souberam 9.4% responder Centro da cidade 4.7% 4.7% centro da cidade Periferias 6.6% 6.6%
periferias
10.4% bairro Próprio 10.4% próprio bairro 12.4% Transporte público transporte 12.3% público
Qualquer 8.5% emlugar qual8.5% quer lugar
7.5%
Sempre que sozinha sempre que 7.5%
sozinha
Lugares ermos 5.7% 5.7% lugares
ermos
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8.5% Praças 8.5% praças
22.7% locais à noite Locais à noite ou escuros ou escuros 22.7%
Organização: Autoras, 2021.
A Flutua acredita que as melhorias na mobilidade a pé devam considerar as condições das mulheres, assim como as de outros grupos vulneráveis. ‘’Caminhar enquanto mulher é ainda um risco em nosso país, principalmente em ruas desertas e escuras. Eu sempre procuro andar por onde há boa iluminação e onde há movimento de outras pessoas. Sempre busco caminhar de maneira distante dos carros e mais próxima de comércio e serviços, onde há a segurança das pessoas. Além disso, quando ando a pé, me visto com roupas e acessórios que não sejam muito chamativos, para me sentir menos vulnerável.’’ (Sandra Dalvi)
Uberlândia, Brasil - Mulheres Flutua na calçada da Avenida João Pinheiro.
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Embora existam poucas pesquisas que interseccionam gênero, raça e classe com mobilidade urbana, é possível compreender, através do cruzamento dos indicadores de renda, educação, mercado de trabalho, arranjos familiares e trabalho doméstico, que as mulheres negras, pobres e periféricas são as mais prejudicadas pelas desigualdades socioespaciais. A condição de moradia distante das infraestruturas de educação, trabalho e saúde faz com que essas mulheres sejam submetidas a longos períodos de tempo no deslocamento e fiquem restritas às obrigações cotidianas. Como consequência, elas têm menos possibilidades de participar e acessar a vida urbana, como ir a um parque, um equipamento cultural ou uma praça, visto que as rotas existentes desconsideram os trajetos da periferia até esses espaços. Dito isso, a Flutua entende que “os sistemas de transportes tal qual conhecemos reproduzem as desigualdades de gênero, raça e renda existentes em nossa sociedade (...) e não se adequam às necessidades das mulheres, especialmente as pobres, pretas e pardas”. (ITDP,2020) “Um corpo de mulher. Um corpo periférico de mulher. Um corpo periférico de mulher cis. Um corpo periférico de mulher cis negra de pele clara. Um corpo que transpira perguntas da periferia para o centro, que caminha e tece poesia concreta na poesia de concreto segregadora a que chamamos cidade. Eis o meu corpo... que caminha, dança, se move, é confrontado, é questionado e habita a cidade... corpo majoritariamente composto por perguntas que resistem e se desdobram, até que seja ouvido.”(Renata Britto)
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Em Uberlândia, de onde falamos, não é diferente do resto do país: ainda temos muito o que fazer por pedestres. Muito disso é consequência das poucas pesquisas direcionadas para a mobilidade ativa e sabemos que, quanto menos dados levantados, menos políticas públicas e de sensibilização são realizadas. De qualquer forma, ao longo dessa pesquisa, identificamos acadêmicos da Universidade Federal de Uberlândia atentos ao tema, uma população interessada no assunto, uma gestão aberta ao diálogo e um segmento legislativo disposto a transformar essa realidade. “No Brasil há essa cultura de que se você não falar do problema ele não existe. Então se você não fala de pobreza, não fala que falta ônibus ou não fala que está morrendo muita gente no trânsito, esses problemas não existem na cidade... Eu não sei como está a situação atual de Uberlândia, como estão os estudos, os levantamentos sobre os acidentes e o cruzamento de dados. Como está o Observatório da Mobilidade? É uma curiosidade que eu tenho.” (Maria Cecilia de Sousa)
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Conheça um pouco do que já conquistamos A nível de Federal: Lei Federal n°9503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro: Em termos gerais, estabelece normas que asseguram pedestres no sistema viário dos municípios brasileiros, além de definir e regular os espaços caminháveis, com destaque para as calçadas e o passeio público. Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, que estabelece o Estatuto da Cidade: De acordo com o art. 41 § 3o, exige a elaboração municipal de um plano de rotas acessíveis, compatível com o respectivo plano diretor, que disponha sobre os passeios públicos a serem implantados ou reformados pelo poder público. A lei visa garantir acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida a todas as rotas e vias existentes, inclusive as que concentrem os focos geradores de maior circulação de pedestres, como os órgãos públicos e os locais de prestação de serviços públicos e privados de saúde, educação, assistência social, esporte, cultura, correios e telégrafos, bancos, entre outros, sempre que possível de maneira integrada com os sistemas de transporte coletivo de passageiros.
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Lei nº 12.587, de 3 de janeiro de 2012, que institui a Política Nacional de Mobilidade Urbana: De acordo com o art. 2º, tem por objetivo contribuir para o acesso universal à cidade, o fomento e a concretização das condições que contribuam para a efetivação dos princípios, objetivos e diretrizes da política de desenvolvimento urbano, por meio do planejamento e da gestão democrática do Sistema Nacional de Mobilidade Urbana. Determina a obrigação de municípios brasileiros, com mais de 20 mil habitantes ou pertencentes a regiões metropolitanas, apresentarem e implantarem planos de mobilidade urbana, prevendo a priorização de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual. Norma de acessibilidade ABNT NBR 9050: Estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de acessibilidade.
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A nível Municipal Requalificação das vias centrais da cidade (20002004) Lei Complementar nº 432 de 19 de outubro de 2006, que aprova o Plano Diretor do Município de Uberlândia: Estabelece os princípios básicos e as diretrizes para a sua implantação e dá outras providências: de forma superficial, incentiva as modalidades de deslocamento de pedestres e ciclistas e se atenta à adequação das estruturas caminháveis. Projeto de Requalificação da Área Central e Fundinho Integrado ao contexto dos bairros (2008): Não executado
Apresenta propostas para uma nova configuração e dinâmica urbanas na Área Central e Fundinho, integradas ao contexto dos outros bairros. As propostas do projeto foram elaboradas de forma multidisciplinar e construídas a partir da necessidade da mobilidade urbana, da requalificação do meio ambiente e da paisagem, valorizando os espaços públicos, a história, o patrimônio cultural e os cidadãos que usufruem da região. Trecho da Machado de Assis entre Av. Afonso Pena e Av. Floriano Peixoto.
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As propostas referem-se às diversas leituras do espaço urbano, incluindo desenho dos passeios em vias de prioridade ao pedestre, entre pontos de interesse cultural e turístico e demais vias, além da proposta do mobiliário urbano, da iluminação pública e da infraestrutura para a Área Central e Fundinho. Esquina rua Tiradentes com Felisberto C.
Esquina da Avenida Afonso Pena com Rua Goiás.
Lei Municipal º 10.686, de 20 de dezembro de 2010, que estabelece as diretrizes do Sistema Viário do Município de Uberlândia e dá outras providências: Em termos gerais, atende às diretrizes estabelecidas pelo Ministério das Cidades de 2006 e pela Norma de Acessibilidade NBR 9050 de 2004, determinando critérios específicos para o planejamento, construção e reforma de calçadas, além da exigência de sua desobstrução para percursos contínuos.
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Plano Diretor de Transporte e Mobilidade de Uberlândia (2010): Ao tratar da mobilidade geral do município, o Plano busca a promoção de políticas de mobilidade sustentável, contemplando uma rede integrada de transporte e um plano para requalificação da área central com prioridade para os deslocamentos por meio do transporte coletivo e meio não motorizado de transporte por bicicleta e a pé. Projeto Mais vida no Trânsito: Em referência ao Programa Nacional Vida no Trânsito, surgiu em 2014 no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia e, desde então, desenvolve ações educativas que têm como objetivo reduzir os acidentes de trânsito e assegurar a vida de quem transita pela cidade. Decreto Municipal nº 16.481, de 6 de maio de 2016, que institui o Observatório da Mobilidade do Município de Uberlândia e dá outras providências: Tem por finalidade o desenvolvimento de banco de dados estatísticos de acidentes de trânsito, orientando a elaboração, o monitoramento e a avaliação de programas e projetos nas áreas da educação, engenharia, operação e fiscalização de trânsito. Programa Educação no Trânsito: O Programa é realizado pela Prefeitura de Uberlândia e tem como objetivo contribuir para a humanização do trânsito e para uma mobilidade urbana pautada no respeito ao próximo e na cidadania, possibilitando a diminuição de conflitos e acidentes de trânsito no município.
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Transitolândia, Prefeitura de Uberlândia. Programa que visa ensinar as crianças e adolescentes sobre as regras de trânsito para pedestres e ciclistas a partir da experiência.
Cartilha de Acessibilidade de Uberlândia (2019): É uma ferramenta de apoio técnico disponível para direcionar o desenho acessível dos espaços públicos e privados do município. Modernização Semafórica Iniciada em fevereiro de 2020, instalou novas sinalizações no trânsito do município de Uberlândia, incluindo semáforos com contagem regressiva para pedestres em determinados pontos e 809 botoeiras acessíveis para a travessia de pedestres com deficiência visual. Guia Extra, 2020
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O que Uberlândia ainda pode conquistar? “A priorização do pedestre deve estar escrita como um objetivo na lei e, acima de tudo, é necessário adequar todo o sistema de sinalização de trânsito, desenho do sistema viário e a gestão dos elementos que compõem a rede de mobilidade do pedestre para que essa priorização saia do papel e realmente seja vivenciada na prática pela sociedade.” (Como Anda, 2020)
Paris, França - Estação de transporte público (metrô) com qualidade arquitetônica e entorno que prioriza deslocamentos ativos.
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Primeiros passos Criação de um Sistema de Informação sobre Mobilidade a Pé Base única de dados e informações estatísticas sobre circulação, rede de infraestrutura, ocorrência de mortes, quedas e lesões no trânsito (acidentes) e outros que possam subsidiar pesquisas, criação, revisão e planejamento de políticas de mobilidade com maior qualidade e fidelidade ao contexto local. (Como Anda, 2020) Em Uberlândia, percebemos que a ausência de mapeamento de fluxos de pessoas que transitam a pé pela cidade, com definição de origem, destino, horários e recortes sociais, dificulta o direcionamento de ações voltadas aos pedestres. Criação de um Sistema de Sinalização para Pedestre: Constituída a partir da construção de uma orientação indicativa (com sinalização vertical, horizontal, sonora, luminosa e dispositivos auxiliares) focada nos deslocamentos a pé. Informará também sobre a localização das linhas de transporte público e equipamentos sociais e edifícios históricos próximos. (Como Anda, 2020)
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“As sinalizações dos espaços são muito ruins. Existe um rol de condições de perda de visão: não é ou a pessoa enxerga, ou ela não enxerga! O piso tátil, por exemplo, não funciona pra quem tem baixa visão. Ele informa muito pouco sobre desnível ou profundidade. Quase ninguém sabe sobre baixa visão, então as pessoas não entendem que você não enxerga detalhe, contraste de sinalização, alguns formatos de letras, que não enxerga as cores exatas, que não tem percepção de profundidade ou visão periférica. Há pouquíssima sinalização auditiva na cidade, com isso um deficiente visual gasta quase o dobro do tempo para chegar em um lugar.” (Amanda Gondim) Revisão e atualização de parâmetros relativos à travessia de pedestres: Aumento no tempo para pedestres realizarem a travessia nas vias e tempo máximo para espera da mesma, determinado em até 90 segundos. A adequação reconhece a multiplicidade de pedestres e as condições variadas de mobilidade a pé e aumenta a segurança durante as travessias (Como Anda, 2020). Participação ativa e colaborativa da população na formulação de políticas públicas voltadas para pedestres: Reforça a importância de espaços de debate e processos colaborativos, para atender às reais necessidades das comunidades. Conclusão e implementação do Plano de Arborização Urbana de Uberlândia: Além de promover o equilíbrio socioambiental, o Plano possibilita espaços mais confortáveis para o 28
caminhar. Ele estabelece diretrizes de planejamento, implantação, manutenção e monitoramento da arborização urbana enquanto instrumento de desenvolvimento urbano, qualidade de vida e equilíbrio ambiental. Em Uberlândia, o Plano de Arborização Urbana é citado no artigo 14, XIV, do Plano Diretor vigente e no artigo 49 da Lei nº 13.155, de 1º de agosto de 2019. Mesmo assim, ainda está em fase de desenvolvimento. É essencial que sua finalização e implementação sejam efetivadas para o cumprimento das leis.
Bologna, Itália - ruas e avenidas fechadas para os carros nos finais de semana.
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Ruas vivas Por meio da técnica denominada ‘’urbanismo tático’’, realizada por intervenções rápidas e efêmeras, algumas ruas podem mudar completamente sua caracterização, sendo mais atrativa para pedestres. Tinta, tachões, bancos, parklets e outros equipamentos podem ser usados no redesenho e na qualificação das calçadas, vias de rolamento e do espaço público de forma mais ampla seja em nome da segurança, do estímulo à mobilidade ativa, da vitalidade do comércio ou de uma mistura de tudo isso. (WRI, 2019) Corredor Gastronômico José Antônio em Campo Grande-MS. Cooperação técnica entre o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Prefeitura Municipal de Campo Grande, 2020. Visite/fonte: @corredorjoseantonio
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Revisão do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana Passados 11 anos da aprovação do Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana de Uberlândia, é hora e sua renovação. Para o novo documento, é necessario ampliar a área de diagnóstico e intervenções, além de incluir novas diretrizes de políticas públicas voltadas para os que se deslocam ativamente.
Bilbao, Espanha - rua compartilhada sem desníve, para acessibilidade, e segurança feita por balizadores.
Faro, Portugal - Centro com valor histórico preservado e ruas para apropriação comercial e apenas modais ativos.
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Para um futuro Plano de investimentos em intermodalidade Objetiva o fomento das formas ativas de deslocamento a partir da integração entre as redes de transporte público, redes de caminhabilidade e rede cicloviária. Para isso, torna-se necessária a revisão do plano de mobilidade vigente, considerando as estruturas e equipamentos que facilitam a combinação entre as diferentes formas de deslocamento. Plano de Caminhabilidade Municipal* Tem como objetivo diagnosticar a situação das calçadas da cidade e elaborar estratégias e diretrizes de ações para orientar o poder executivo em relação às políticas públicas que constituem a caminhabilidade, à exemplo: - ampliar a atratividade ao deslocamento a pé, especialmente nas centralidades, através de paisagismo, iluminação voltada ao pedestre, largura e continuidade das calçadas, mobiliários urbanos, entre outros; - estabelecer um fundo orçamentário para requalificação das calçadas, assim como outras formas de financiamento; - elaboração de mapa viário com zoneamento das vias de pedestre e caracterização das tipologias de acordo com o cenário específico, definindo as áreas prioritárias de intervenção; - inclusão de espaços destinados ao trânsito de pedestres em viadutos e similares. 32
Estatuto do Pedestre Reúne leis já existentes e se configura em uma espécie de “Constituição sobre andar a pé”, apontando várias opções de melhoria da caminhabilidade, como formas de financiamento, discussão sobre custos e responsabilidades por calçadas, informações e bancos de dados necessários para suportar as ações. (Cidadeapé, 2021) O Plano de Caminhabilidade Municipal e o Estatuto do Pedestres, por serem documentos que abrangem o tema mais amplamente, incluem algumas das ações que destacamos separadamente. Uberlândia, Brasil - capoeira na sombra do Palácio dos Leões, na Praça Coronel Carneiro.
Chefchaouen, Marrocos - Rua e largo voltados para apropriação comércial e modais ativos.
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O que você pode fazer para colaborar? Depois de tantas informações, fica a questão: o que posso fazer imediatamente para uma cidade mais caminhável? Existem pequenas ações que podem e devem ser feitas, se possível, para estimular e ajudar que a nossa cidade seja mais caminhável.
Caminhe! Vá ao mercado, à farmácia e busque outros estabelecimentos próximos à sua residência. Assim, você não precisa utilizar um modal de transporte motorizado para se locomover e ainda estimula o comércio e o serviço local! Já pensou em, no final de semana, fazer uma caminhada ou pedalar pelo seu bairro, percebendo mais de perto a cidade? Que tal relembrar que a cidade também é um espaço de festa, lazer e brincadeira não só quando é carnaval? Busque se divertir nas ruas! Mas não se esqueça das atuais medidas sanitárias para proteger a sua saúde e a de quem está por perto.
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Existe um aplicativo de fácil acesso no qual podemos exercer a cidadania! No Colab você pode postar algum problema que foi identificado por você na cidade, como uma calçada em más condições ou falta de sinalização para o pedestre, e publicar no aplicativo para a Prefeitura da sua cidade ficar ciente do que está acontecendo. Ao sofrer lesões ou quedas no trânsito enquanto pedestre, mesmo que leve, realize o boletim de ocorrência (B.O.) para que o poder público possa obter a quantidade, a frequência e os locais de incidência para propor políticas públicas de segurança e melhorias voltadas aos pedestres.
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Quer ajudar a gente a ter mais dados sobre o caminhar em Uberlândia? Responda nosso questionário, bem simples e rápido! Acesse pelo link: https://bit.ly/2UiOJRe Ou pela bio do nosso Instagram: @projetoflutua
“Temos que ter nesse momento o sonho, a paixão e um pouquinho de pé no chão. Porque a sociedade, de uma maneira geral, não muda rapidamente – por mais que a gente queira. Ela precisa de um tempo e nós precisamos de condições políticas, econômicas e sociais que nem sempre são dadas.” (Maria Eliza Guerra)
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Referências ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRANSPORTES PÚBLICOS. Sistema de Informações da Mobilidade Urbana da Associação Nacional de Transportes Público Simob/ANTP: Relatório geral 2017. Disponível em: files. antp.org.br/simob/sistema-de-informacao-de-mobilidade-urbana-da-antp--2017.pdf . Acesso: 28/06/2021. Boletim #8:A Ilusão da Mobilidade Padrão. ITDP Brasil, 2021. Disponível em: https://itdpbrasil.org/wp-content/uploads/2021/04/Boletim_8_A_Ilusao_da_Mobilidade.pdf. Acesso: 29/06/2021. Botoeiras Sonoras para acessibilidade começam a ser instaladas. Guia Extra. Uberlândia, 2020. Disponível em: https:// guiaextra.com/uberlandia/noticias/botoeiras-sonoras-para-acessibilidade-comecam-a-ser-instaladas_n333. Acesso: 25/06/2021. Caminhos Cruzados: Gênero e mobilidade a pé. Como Anda, 2018. Disponível em: https://comoanda.medium.com/caminhos-cruzados-g%C3%AAnero-e-mobilidade-a-p%C3%A9-98ca855b56e8. Acesso: 28/06/2021. COMO ANDA. Andar a pé eu vou: caminhos para a defesa da causa no Brasil. São Paulo,2020. Disponível em: https://comoanda.org.br/wp-content/uploads/2020/08/comoanda-publicacao_andar-a-pe-eu-vou.pdf. Acesso: 28/06/2021. INSTITUTO POLIS. A cidade da utopia: aliada na vida das mulheres. São Paulo, 2020. Disponível em: https://polis.org.br/publicacoes/cidade-utopia-aliada-na-vida-das-mulheres/. Acesso: 28/06/2021. Intervenções de urbanismo tático redesenham ruas de 3 capitais no Mês da Mobilidade. WRI Brasil, 2019. Disponível em: https://wribrasil. org.br/pt/blog/2019/09/3-intervencoes-de-urbanismo-tatico-redesenham-ruas-em-sao-paulo-belo-horizonte-e-porto-alegre . Acesso: 28/06/2021. MERLI, Giovanna Augusto. Lugar de mulher é na cidade: desenho urbano para inclusão de gênero na cidade de Uberlândia. Dissertação de mestrado (Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Design, Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, 2018.
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SOUSA, De Marcos. Plano de caminhabilidade (em Santa Catarina). Mobilize Brasil, 2015. Disponível em: http://www.mobilize.org.br/ noticias/8921/enfim-um-plano-de-caminhabilidade.html. Acesso: 28/06/2021. SOUSA, Maria Cecília de. Observatório: Plano de Ação para um trânsito seguro, inclusivo e democrático. Tese (Doutorado em Geografia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2018. 314 f. : il. ST-LOUIS, E.; MANAUGH, K.; VAN LIEROP, D. The happy commuter: A comparison of commuter satisfaction across modes. Transportation Research Part F: Traffic Psychology and Behaviour, n. 26, p. 160170, 2014. VICTOR ANDRADE & CLARISSE CUNHA LINKE (organizadores). Cidades de pedestres: A caminhabilidade no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Babilonia Cultura Editorial, 2017. Disponível em: http://itdpbrasil. org/wp-content/uploads/2018/12/Cidades-de-pedestres_FINAL_ CCS.pdf. Acesso: 25/06/2021.
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A FLUTUA é um coletivo que busca, através de práticas efêmeras – em especial pneumáticas – explorar o potencial de um criar coletivo em atividades que geram a reflexão acerca de si, do espaço onde se vive e da sua relação com a cidade. Através de experimentações lúdicas que envolvem desenhos, expressões corporais contemporâneas e técnicas construtivas alternativas, temos como propósito a idealização e realização de estruturas infláveis a partir de materiais plásticos de reuso que servem não só de exercício prático e recreativo, como também de instalações e intervenções temporárias. O processo envolve relações de troca de conhecimento através da arte, do afeto e do tato, contemplando desde a concepção do espaço FLUTUA até a sua execução, para que todas, todos e todes tenham a oportunidade de se sentirem parte daquele projeto, seja na ideia, no desenho ou na materialização do objeto. Acreditamos na educação urbanística enquanto meio de conscientização sobre o impacto positivo da caminhada na qualidade de vida das pessoas, pela saúde física e mental, e das cidades, por ser o meio de deslocamento mais democrático, sustentável e capaz de ocupar e dar vida aos espaços públicos.