Judaísmo: a minha jornada continua

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Tikun Olam e o Desenvolvimento Social O compromisso com o tikun olam é cada vez mais predominante no cenário atual do judaísmo. Sua disseminação como expressão que significa “justiça social” ou “ação social” começou a partir dos anos 50. Mas o termo e o conceito existem há pelo menos dois mil anos. A expressão tikun olam aparece pela primeira vez no Aleinu, uma prece que pode ter sido escrita no século II EC. Atualmente, o judeu observante recita o Aleinu três vezes ao dia. Na segunda parte da prece encontramos os dizeres “letaken olam bemalchut shadai” (estabelecer/consertar o mundo sob o reinado de Deus). “Letaken” aqui é o infinitivo do verbo; tikun é o substantivo da mesma raiz. É nesta expressão de fé que encontramos este compromisso tão reverenciado nas últimas décadas. Podemos inferir que uma das missões do tikun olam, de reparar o mundo, é terminar com as injustiças sociais, com a pobreza, com a fome, com a falta de moradia, com o abandono. Assim, o povo judeu tem como atribuição praticar ações que minimizem estas carências no mundo e, efetivamente, os judeus sempre criaram fundações e instituições para ajudar os necessitados. Certamente, com uma maior conscientização da importância do tikun olam, as comunidades, a partir dos anos 80 têm se empenhado a motivar suas congregações a abraçarem projetos de ação social de todos os tamanhos e formas. Nossa comunidade em São Paulo tem se mostrado incrivelmente presente neste processo. Somos, sem sombra de dúvida, exemplo para muitos. O número e o tipo de instituições que a comunidade judaica abriga são impressionantes e a dedicação de seus voluntários me emociona a cada visita que faço em qualquer uma destas inúmeras entidades. Tantas são estas organizações que não me atrevo a dar nomes porque, com certeza, seria injusto e esqueceria algumas delas. Como exemplo, creio que posso citar as duas maiores instituições: A Unibes – União Brasileiro-Israelita do Bem-Estar Social – atende toda sociedade paulistana, no âmbito social, auxiliando crianças, jovens, adultos e idosos. A instituição recebe, principalmente, aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade e risco social. Os programas desenvolvidos pela Unibes, fundada há quase cem anos, têm como base dar oportunidades e ajudar a formar cidadãos autônomos. A instituição tem estrutura sólida que atende cerca de 14 mil pessoas atualmente, sendo que a faixa etária varia entre 2 e 100 anos. Os projetos são para criar soluções nas áreas de promoção humana, educação, saúde e cultura.

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