Encontros e Caminhos - volume 3: formação de educadores ambientais e coletivos educadores

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A experiência surge com a Cia PapoShow/Fundação Tocaia utilizando-se de recursos como o teatro de bonecos (mamulengo) e violão e voz em projetos de manejo florestal comunitário, valendo-se do encantamento social das artes na facilitação do difícil diálogo sobre outras perspectivas de gestão e economia, distintas do modelo dominante do desmatamento, da exploração madeireira e da pecuária extensiva. Na prática, consiste na formação de uma “Roda” que, através do lúdico e do mágico propiciados pela música, pela poesia e pelo teatro, aborda um tema gerador que anima o processo que é conversado livremente, sem qualquer tipo de condução, em tom de prosa entre amigos e intimidade de batepapo. A abordagem dialógica, aqui, busca quebrar a hierarquia que existe entre os saberes e as linguagens, acadêmicos e populares. No Território TransXingu, as experiências e ações em cultura e educação ambiental e popular vivenciadas pelos grupos, educadores e artistas sempre ocorreram de forma isolada e a partir de articulações pontuais que garantiram, de modo sutil, o intercâmbio das ações na região. Ao mesmo tempo, aconteceram, a partir da década de 1990, os Fóruns, Seminários, Oficinas de Educação Ambiental e Eventos de cunho Cultural e Ambiental que foram capitaneados pelas escolas, universidades e por organizações como a Fundação Tocaia e que legitimaram essas iniciativas.

A Maravaia Com o debate para a consolidação do Programa Maravaia de Cultura e Educação Ambiental e Popular, a partir de 2005, num diálogo com o Programa de Formação Continuada de Educadores Ambientais, através das Salas Verdes e Coletivos Educadores do MMA, e o Programa Cultura Viva do Minc, a Maravaia traça seu projeto político pedagógico tendo o Coletivo Educador Tem Jeito Sim como animador e a Cia PapoShow como equipe multidisciplinar, responsável por animar a gestão participativa e compartilhada e a intervenção integrada desse Coletivo. Esse Coletivo tem papel na construção de uma identidade e de um projeto em comum, almejando a formação continuada de uma rede de artistas e educadores que possam difundir e disseminar a cultura e a educação ambiental e popular, além de propor políticas públicas nessa área. A Maravaia da Aprendizagem, estética metodológica construída no contexto do Programa, aborda o processo de sensibilização e formação continuada como o foco do Programa. O aprendizado conta com a contribuição da Ecologia Profunda e da teoria da Educação Ambiental Libertadora (ou Emancipatória) e se inspira no Teatro de Roda (movimento Tocaia de arte popular integrada na EA da TransXingu), Teatro do Oprimido de Augusto Boal e os princípios do protagonismo, da autonomia e do empoderamento social defendidos por Fritjof Capra, Leonardo Boff, Michelle Sato, Paulo Freire, entre outros. A construção do 383


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