Encontros e Caminhos - volume 3: formação de educadores ambientais e coletivos educadores

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Boaventura de Souza Santos (1997) pode nos ajudar a compreender esta constante tensão entre regulação e emancipação e o papel do estado, do mercado e da comunidade, possibilitando um melhor entendimento de uma lógica não linear e complexa onde não existe apenas o certo e o errado (Edgar Morin, 2000) e onde o papel de cada um de nós como educadores e educadoras é criar condições para cada pessoa encontrar os seus próprios caminhos, o seu próprio brilho – gente é prá brilhar, como diz um poeta cantor brasileiro. O Relatório Delors (1999), da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI, com o título “Educação - um tesouro a descobrir”, apresenta os quatro pilares da educação – aprender a ser; aprender a conhecer; aprender a viver junto; aprender a fazer. Pode-se dizer que esta tem sido a base de uma educação ambiental não prescritiva e se entendermos o “conhecer”, o “ser”, o “fazer” e o “juntos” como sinônimos de práxis (Mao Tsé Tung, 2010), de aprender a analisar criticamente, historicamente e com perspectivas de transformar o existente na direção das utopias e heterotopias (Medeiros, 2006; Sato, 2006), aprender a desvelar e a desvendar, como nos falam Tassara e Ardans (2005), então podemos dizer que esta também é a base da educação popular. Jean Jacques Rousseau, Leonardo Boff, Daniel Kim, Raul Seixas, Ira (nesta vida passageira, eu sou eu, você é você... e vejo flores em você), Martin Buber e outros educadores e educadoras, filósofos, artistas e pensadores de todas as épocas, regiões e estações, apontaram a autonomia, a liberdade, o respeito ao próximo, o amor, a solidariedade, em poucas palavras, a emancipação humana como a grande busca e a principal missão da educação e merecem ser lidos, ouvidos e assistidos. A Rede de Educação Popular e Ecologia (REPEC), vinculada ao Conselho de Educação de Adultos da América Latina (CEAAL), oportunizou a troca de experiências entre inúmeras atividades neste campo e que ocorrem em praticamente todos os países da região. Há uma coletânea, coordenada por Joaquin Esteva, em 1994, que relata algumas dessas experiências. Nele, pode-se encontrar uma definição para Educação Popular Ambiental: es un proceso formativo permanente, que desde una perspectiva política, proporciona elementos teóricos y prácticos con la finalidad de modificar actitudes, elevar la comprensión y enriquecer el comportamiento de los sectores populares en sus relaciones socio-culturales y con el medio biofísico, en vías de la construcción de sociedades sustentables que, con equidad social, respondan a las particularidades culturales y ecológicas existentes.

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