Inimigo Hídrico

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DO TODO PARA O PARTICULAR

Limitar o olhar para a consequência e não ampliá-lo para a solução é uma defesa preguiçosa e crítica para a solução de problemas. E se aplica a tudo, inclusive no desenho urbano. A modificação artificial e disfuncional que vigora nas cidades são capazes de transformar eventos naturais, e necessários, em catástrofes de média escala, as vezes isoladas, que transformam a forma como olhamos para estas situações pontuais. A crítica latente sobre o resultado catástrófico cega o observador que, de forma natural, não olha para todo processo mas foca somente no que é alvo de críticas e falta de soluções. É começar a pensar no todo. Investigar. Exercitar a curiosidade. E perceber que as coisas não acontecem por acaso. As cidades são como o corpo humano. Quando exposta a grandes esforços fraturam, adoecem e demonstram sintomas que algo não está bem. As cidades também ficam febris e requerem cuidados permanentes. Muitas vezes, Cuidados intensivos. E tal como o corpo humano, as cidades precisam de manutenção preventiva e por vezes, corretiva. Corrigir faz parte do processo. Esta comparação não é algo novo. Da Vinci comparou o sistema vascular do corpo humano - suas veias e artérias de sangue - com o fluxo de rios e seus afluentes, muitas vezes usando um sistema para entender o funcionamento do outro. Pensar no todo. Um processo saudável - seja o corpo humano ou o fluxo do percurso da água - gera resultados naturais saudáveis.

INIMIGO HÍDRICO

Relativizar a força das águas com base nas atuais consequências urbanas é tirar do foco a causa original e focalizar em uma parte reduzida do processo. Fica mais fácil e menos complicado de explicar - facilitismos - quando culpamos a força das águas pelos estragos causados no tecido urbano. Não é justo, de todo, culpar uma atividade natural e necessária por reações causadas pela má gestão e ocupação do solo. E se há realmente um inimigo nesta relação, hídrico, este inimigo somos nós . Nós, que habitamos as cidades e que pouco ou nada fazemos para melhorar as consequências causadas por nós próprios. Mas as coisas podem ser diferentes e interessantes. O olhar deve seguir a ordem “do todo para o particular” e ao seguir os percursos hídricos urbanos nos dias de chuva começamos a entender - e amenizaro sentido de inimigo atribuído covardemente para a água da chuva que corre pelas ruas. O poder das águas se opõe ao traçado artificial e injusto desenhado no tecido urbano e aceite de forma passiva pelos moradores, muitas vezes cúmplices desta disfuncionalidade total.

E por se opor, este fenômeno pontual - chuvas intensaspodem ser tratados como oponentes , rivais, tal como em um combate. Não ser tratado como inimigo. Igualar à nossa capacidade de dominar e mostrar que podemos ganhar ou perder, mas que ao menos de forma menos passiva, deixamos só de assitir mas também passamos a dar luta. A resistir. E será esta resistência - física, mental, emocional - que determinará o grau de dificuldade que o nosso oponente irá ter.

UKE | NAGE

Uke e Nage - a base dos ensinamentos do Aikido - arte marcial onde os praticantes defendem-se a si próprios a partir do ataque do oponente - é a premissa de uma estratégia, adaptada, para encontrar uma solução pacífica e eficaz para a problemática das águas da chuva. É inicialmente assumir que o nosso oponente é mais forte - a água a descer o curso - e a partir deste pensamento lógico elaborar uma estratégia de combate. Basicamente é aplicar os ensinamentos do Aikidousar a força do oponente ao nosso favor - e criar um sistema funcional e operacional onde toda esta levada urbana se transforme em algo produtivo e revelador. Ao assumir a força do oponente, assumimos também que a estratégia deve ser de correção e não de prevenção. E aplicamos isso na cidade.Assumimos que a água vai surgir. Após uma forte chuva. E a seguir ao invés de pensarmos no real dimensionamento dos problemas, simplesmente assistimos ao espetáculo da água a trabalhar para cidade. a enriquecer a zona ribeirinha e principalmente a dar movimento aos projetos que dependemdesta força. É colocar o oponente a transpirar. Aproveitar este caudal gigantescoe trabalhar - em contra-corrente com saída do Tejo do Estuário - na solução de tanques e praças alagáveis na zona ribeirinha formando espaço público e ao mesmo tempo suavizando o caudal e abastecendo tanques de filtragem natural - com areia e espécies de água doce - e por fim alimentado a grande safe-pool - um reservatório de 700.000 m3 - que tem por finalidade cancelar qualquer tipo de inundação na zona por um período de até duas horas. Nockout!

CONTAMINAÇÃO CRUZADA

E porque não transpor esta estratégia de do uso da força do oponente para além da Linha de Costa? Transpor a sensação de observar o oponente ser usado como força motriz para um novo fim. Esquecer o combate e criar um novo ciclo dentro de um ecossitema condenado. Criar condições para as espécies nativas do Estuário estarem a salvo dos inimigos invasores, neste caso espécies deslocadas, não nativas, que interropem o ciclo normal da vida neste ambiente e colocam em risco a continuidade das espécies. Ao aplicar a mesma “estratégia de combate” usamos toda a força do adversário - neste caso o Pangasyus (Peixe Gato) - para criar um ambiente controlado através de tanques instalados em um atol artificial abastecido com água e nutrientes do estuário criando condições de crescimento, reprodução e canibalismo

- devido ao instinto natural de destruição - onde o próprio predador é presa e inverte o processo corrente. No fundo, é contaminar todo este sistema hídrico com a mesma estratégia. Pensar sempre a frente do oponente e estudar o uso da força adversária a favor da cidade e do processo de transformação deste percurso - Alcântara > Cais do Sodré . Pensar no todo e executar no particular. E consequentemente contaminar outras zonas da cidade, ribeirinhas ou não, que urgem por uma resposta rápida para solucionar problemas semelhantes : olhar para o problema como um inimigo e não como um adversário e, desafiá-lo para um combate inteligente e com resultados positivos e coletivos.

will make me lose sight | Nothing I take will make me sleep at night, sleep at night | When I look within I feel I should be running running running running | I will never shake this feeling till I feel nothing nothing nothing

I have the enemy enemy enemy inside of me enemy enemy enemy | I havethe enemy enemy enemy inside of me enemy enemy enemy my time to untagle the wires and stare into my sanity

| Dropping the hammer and pulling the trigger

| I know now the bullet is me

I have the enemy inside of me I have theenemy, enemy, enemy inside of me enemy, enemy, enemy | I have the enemy, enemy, enemy inside of me enemy, enemy, enemy

REFERÊNCIAS
PROJETO de TESE III
Flávio Bastos 5º ano | MIArq Da/UAL
Dra. Rute Figueiredo

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