Filomena

Um sentimento sem país no mundo, é a ligação entre presença e ausência, a fronteira entre ma terialidade e imaterialidade e é convocado através do olhar que perscruta o futuro, numa relação entre a prática artística e o quotidiano. Existe uma autorreferencialidade, presente de forma intensa, sobre o que herdou e o que deixará e a partilha ao obser vador. Não regista a memória construída cronologicamente, nem revisita a historia passada. É, antes uma forma da arti sta olhar livremente a missão de resgatar o esquecimento, testemunhando o profundo respeito que tem pela memória.
O propósito do engajamento ao tema, gerou um forte sen timento de identificação e de recontextualização no enten dimento da sua historia com a do seu país, tentando tornar visível o problema da demografia em Portugal. Este projeto artístico expõe a emigração e o crescimento da população idosa e debate-se entre a objetividade e a sub jetividade numa dicotomia entre o abstrato e o concreto, o dentro e fora do país, entre as cores da bandeira nacional, de vermelhos-sangue e verdes de esperança.
A exposição centra-se no trabalho maioritariamente bidimen sional, mas com pluralidade de abordagens em que a artista transita entre gerações, pondo múltiplas referencias em jogo. Enfatiza mais a experiencia percetiva, do que propriamente uma narrativa pré-concebida, mas com significados em aber to, numa dimensão psicológica do storytelling.
Na consistência do projeto emprega uma diversidade expres siva e cria uma identidade visual em que a artista comunica e existe. Pretende capturar um esbater de distâncias, uma dissolução do individuo e uma abstração do tempo, que se apresenta suspenso. Interroga o ato de expor e a relação com o mundo, numa diversidade de meios focada na proximidade à comunidade. Constrói composições na apropriação/reciclagem de objetos como suporte para a pintura e transformação de materiais.
Numa das partes da exposição dá um novo sentido de composição, baseada na correlação entre cores e padrões ge ométricos, de círculos e triângulos, do passado e futuro e do visível e invisível, aludindo ao conceito de desfamiliarização, Na composição, como um todo, estabelece uma personalidade de criar uma conceção temporal, em que as únicas constantes são o tempo e a perda.
Identidades
Identidades
Analogia
Analogia
sobre Tela,
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Saudade, 2022 | pintura dourada em crochê de linho e estrutura metálica, fitas de cetim e fio dourado