El Filandar / O Fiadeiro, n.º 19 (2012). Publicación Ibérica de Antropología y Culturas Populares

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O Renascimento da Narração Oral em Portugal e Espanha LUÍS CORREIA CARMELO Instituto de Estudos de Literatura Tradicional

Resumen: Em Portugal e Espanha cresce o interesse pelos “contos”, ou seja, por sessões com um “contador de histórias”. De natureza diversa, a actividade desses artistas desenvolveu-se em escolas e bibliotecas, próximo do universo da literatura infantil e da promoção da leitura, e hoje proliferam eventos e espectáculos daquilo a que se tem chamado “narração oral”. Naturalmente, grande parte dos textos de que se socorrem esses artistas são de origem “tradicional” e este renovado interesse por estas narrativas e pela oralidade tem levado a que alguns investigadores e artistas falem de um “renascimento”.

Palabras clave: contos, literatura tradicional, tradição oral, narração oral, artes performativas.

Narração Oral tem sido o termo utilizado em Espanha e em Portugal, ainda que de forma restrita, para referir a actividade contemporânea de contar histórias oralmente em contexto urbano, em escolas, bibliotecas, bares, teatros e outros espaços de cultura e lazer, e que se tem manifestado de forma mais expressiva desde os anos setenta nos Estados Unidos da América, na Europa, na América Latina e um pouco por toda a parte de forma gradual e quase generalizada (cf. WILSON, 2006). Entretanto, esta actividade tem-se desenvolvido enquanto disciplina artística, atraindo profissionais e entusiastas e ocupando um lugar crescente na programação cultural de diversos tipos de instituições de ensino e de cultura. Aos que se dedicam à actividade tem-se dado o nome de “narradores orais”, em Portugal, e “narradores orales”, em Espanha, ou simplesmente “narradores”. O termo, no entanto, não é consensual e o seu uso é ainda limitado ao universo próximo da actividade, aos artistas, programadores e entusiastas. Assim, os termos comummente utilizados são ainda “contador de histórias”, em Portugal, e “contacuentos”, em Espanha, ou ainda, “cuentero”, provavelmente pela influência de artistas sul-americanos. É provável, no entanto, que os termos “Narração Oral” e “narrador oral” naturalmente se destaquem à medida que a actividade for ganhando visibilidade e os profissionais se forem afirmando no meio artístico. Assim, e no sentido de desambiguar o título do artigo, “Narração Oral” refere-se aqui a uma arte performativa transaccionada num mercado cultural que se rege por um sistema de valores fundado em ideias como artisticidade, autoria, originalidade e regulado em termos de impostos, subsídios, leis de mecenato e patrocínio, direitos autorais, limitações etárias de públicos, etc. “Narração oral” não se refere, neste texto, a performances narrativas tradicionais ou à prática de contar histórias em contextos familiares e comunitários, nem ao seu uso no contexto de outras disciplinas e actividades.

El Filandar / O Fiadeiro. Publicación Ibérica de Antropología y Culturas Populares 2012, n.º 19, pp. 79 a 84


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