DI V ER SIDA DE
Do pp ao e x t r a g g, o i mpor t a nte é ves t i r bem
te roupa íntima, cinta-liga, tomara-que-
Os anões, que no Brasil correspondem
têm que ser personalizadas. “A medida
-caia, espartilho e até calcinha e biquíni
a 1% da população de acordo com o úl-
de cada um é diferente e acabamos
fio-dental”, explica o empresário.
timo levantamento feito pelo IBGE, até
tendo que produzir de forma perso-
pouco tempo eram obrigados a usar
nalizada com o vestuário adequado
roupas de criança.
ao modelo escolhido. Todavia, existem
Para o dono da TWP, não há restrições de roupas, ele explica que se
alguns vestuários que se adaptam in-
vestir de forma mais ousada não de-
A estilista Maria Acir Ferreira Navar-
dependentemente de medidas, o que
pende do corpo e sim da cabeça do
ro percebeu o problema e foi uma
proporciona a pronta entrega.”
cliente. “Já passou o tempo em que
das pioneiras na produção voltada
os fofinhos não queriam usar certas
aos anões ao criar a marca Meveste.
Costurar sob medida proporcionou a
roupas. Desde que a pessoa se sinta
“Percebi que o mercado do vestuário
Meveste criar modelos nunca antes
bem eles usam tudo. Eu tenho uma
é carente e tem pouca produção para
experimentados por muitos anões. De
cliente, por exemplo, que só usa top,
esse público. Por isso, surgiu a ideia
acordo com Maria, as mulheres, por
com barriga de fora e tudo. Ela está
de empreender, pois esse público tem
exemplo, não usavam saias “porque as
de bem com a vida e pronto”.
necessidades específicas e somente re-
saias convencionais as deixavam ainda
correm a alfaiataria de confiança, para
mais baixas”. Esse foi um dos tabus que
Mas quem passa em frente a TWP não
fazer a sua roupa sob medida”, conta
a estilista afirma que ajudou a quebrar.
percebe que a loja é dirigida a tama-
Maria Navarro.
“Recordo-me das clientes dizendo que
nhos grandes, os manequins da vitrine
nunca tinham usado saias. Acabamos
exibem corpos esbeltos. Segundo Falco,
Diferente do que dizem os vendedores
com isso. Uma pessoa de pequena es-
a fachada atende uma exigência dos
de tamanhos grandes, Maria afirma
tatura está apta a se utilizar de qual-
próprios clientes.
que enfrenta resistência aos se aproxi-
quer peça de vestuário, desde que bem
mar de novos clientes. “Eles não ficam à
projetado em seu corpo”, pontua.
Os cuidados do empresário não se re-
vontade para conversar sobre suas dife-
sumem a vitrine. Durante toda a en-
renças e, ainda, sentem-se muitas vezes
A moda específica vai além dos limites
trevista o empresário se policiou para
excluídos. O que dificulta o trabalho. A
do corpo, está ligada também a costu-
não usar as palavras gordo e gordinho
cumplicidade é de grande valia para
mes , crenças e religiões, como no caso da
e disse que não faz isso por acaso. “Não
um setor destinado exclusivamente a
moda evangélica. As marcas dedicadas
são todos que levam numa boa, então
eles, pois dependo do depoimento e da
as evangélicas surgiram timidamente
a gente costuma a falar que faz roupas
colaboração deles para me adequar às
com pequenas confecções, mas hoje já
para fofinhos ou para tamanhos gran-
necessidades que eles têm,” confessa.
ocupam espaço importante no comércio.
des”, diverte-se. O preço também pesa na venda. Mui-
Na rua José Paulino, por exemplo, uma
E não faltam consumidores. Tanto a TWP
tos anões não procuram as roupas es-
das principais regiões de comércio de
da capital paulista, quanto a Mariana
pecíficas porque, mesmo sem saber o
roupas na capital paulista, a moda
Cury de Campinas, têm que abrir sem-
valor exato, acham que ela custa mais
evangélica já tem lugar garantido. Há
pre aos domingos, porque há clientes
caro. “Há um temor de quanto isto
um ano a loja Jeans Moda abriu as por-
que veem de outra cidade e só podem
pode custar. Entendemos que um pro-
tas vendendo principalmente vestidos
fazer compras aos finais de semana.
duto e serviço especial tem que ter o
e saias para o público evangélico.
Nem 8, nem 80
seu devido e justo valor, o que não significa encarecê-lo”, explica Maria.
Da mesma forma que o mercado não se
A história da Jeans Moda começou há mais de dois anos. Evangélico o empre-
preparou 100% para atender o público
A estilista, que não é anã, afirma que
sário Tom Prates percebeu a dificuldade
voltado ao tamanho grande, não pro-
não há como criar tamanhos coringas
das mulheres da igreja em conseguir
duziu roupas para quem usa modelos
que servem para vários anões. Segun-
comprar roupas que atendessem os pa-
bem menores que os convencionais.
do ela, na maioria das vezes as roupas
drões da religião e resolveu ir atrás das
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2012 • edição 21 • junho / julho