Revista Combustíveis & Conveniência Ed.126

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44 REPORTAGEM DE CAPA Cide para compensar os reajustes nos preços da gasolina e diesel, concedidos pelo governo. Porém, mesmo com poucos impactos efetivos, a desoneração contribuiu para aumentar o volume de etanol hidratado vendido em 2013. Dados da ANP mostram que o consumo do biocombustível cresceu 9,5% na comparação com o ano anterior. No entanto, os preços do hidratado só foram competitivos, de fato, em dois estados ao longo de todo o ano – Goiás e Mato Grosso, que são produtores do combustível. A outra medida adotada, o aumento para 25% da mistura de anidro à gasolina, trouxe uma demanda adicional superior a 2 bilhões de litros para o setor, mas não se sustenta no longo prazo. Para o analista Thiago Campaz, da FG Agro, o aumento da mistura teve por objetivo principal minimizar o impacto

com o reajuste da gasolina na bomba e, ao mesmo tempo, aliviar o caixa da Petrobras, também altamente endividada por conta da política de preços adotada pelo governo. Ainda que a intenção inicial não tenha sido o setor sucroenergético, o etanol anidro tem sido a única opção para os produtores atenuarem as dificuldades. Prova disso é que os produtores da região Centro-Sul, representados pela Unica, voltaram a pedir uma nova elevação no percentual de mistura ao governo (Leia mais no box Aumento da mistura). Também contribuíram pouco para diminuir a crise do setor as linhas de financiamento oferecidas pelo BNDES. Poucos produtores conseguiram se beneficiar desses recursos, em função da dificuldade de aprovação de crédito nos bancos devido à situação financeira em que muitos se

Aumento na mistura de etanol anidro à gasolina

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Com a política de congelamento de preços da gasolina pelo governo, o etanol hidratado vai perdendo cada vez mais espaço no mercado de combustíveis do país

Agência Petrobras

Em uma nova tentativa de minimizar a crise do setor sucroenergético, a Unica pediu ao governo para analisar a possibilidade de ampliar o percentual de mistura do etanol anidro à gasolina para 27,5%. Hoje, a banda é entre 18% e 25%. De acordo com Antonio de Pádua Rodrigues, diretor-técnico da entidade, foram solicitados estudos que comprovem a viabilidade técnica de ampliar o percentual no momento adequado. Caso o governo aprove o pedido, o aumento da mistura vai significar cerca de 1 milhão de metros cúbicos adicionais no mercado, na avaliação da FG Agro. “Não seria um pedido para elevar a mistura de imediato até porque, se isso (novo nível de mistura) for aprovado, pode ser que o setor não tenha como atender a demanda. Além disso, é preciso saber os impactos dessa elevação nos motores”, observou o executivo.

encontram. “Os mais fragilizados praticamente não tiveram acesso aos recursos”, disse Campaz, da FG Agro. Nem mesmo o anúncio do PAISS Agrícola, mais um programa de crédito lançado pelo BNDES em parceria com a Finep para incentivar o desenvolvimento de novas tecnologias no setor sucroenergético, animam o mercado. A ideia é, a partir do incentivo ao desenvolvimento de novas práticas, aumentar a produtividade do setor. Em material divulgado para imprensa, as instituições governamentais informaram que, aumentando o ganho de produtividade em 3%, seria possível adicionar cerca de 12 bilhões de litros de etanol até o início da próxima década, um aumento superior a 40% em relação à produção atual de etanol.


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