7 minute read

Arte acción y compromiso social

Violeta Luna San Francisco, tierra ocupada del pueblo Ohlone, marzo 2023

El arte acción (performance art) es un terreno muy movedizo y cambiante que te invita a retos y a la experimentación. Para mí esta empieza con la primera materialidad de lo escénico: el cuerpo, como territorio de creación donde articular narrativas desde lo biográfico interpelado por el contexto social, presentando al mundo nuestras propias subjetividades y no los estereotipos con que nos representan.

Advertisement

Como artista encontré en la practica del performance art la manera de expresarme, de construir un espacio de resistencia y cuestionamiento. Mi condición de mujer, inmigrante y mexicana viviendo en EE.UU me ha llevado a trabajar temas que involucran de manera directa las dos naciones, como son la migración, la narcoviolencia y el feminicidio. Hablar de temas tan dolorosos y que conllevan tanta violencia ha sido una preocupación para mi. ¿Cómo se inscriben en los cuerpos estas narrativas de violencia que vienen desde el poder? ¿Quiénes son estos cuerpos? ¿Cómo precariza el poder estos cuerpos? ¿Puede un acto performativo sanar?

Me interesa pensar el cuerpo como un espacio político que revela o hace evidente las narrativas de violencia impuestas por el estado/gobierno y lo institucional. Desde allí se presenta al cuerpo del inmigrante como peligroso y predador; se estigmatiza el cuerpo latino con narrativas racistas y xenofóbicas para justificar leyes anti-inmigrantes severas y a la violencia física en nombre de la seguridad nacional.

El cuerpo físico metaforiza al cuerpo social y en el contexto de la pandemia del COVID, donde este es visto como el vector de contagio (aquí hay que destacar la violencia xenofóbica desatada contra gente de origen chino o asiática en general), el inmigrante se convierte en la encarnación misma de ese virus que infecta, se propaga y a toda costa, se tiene que detener. Una de las formas más perniciosas de este mundo metafórico es la de las “teorías de conspiración” que abundan en EEUU amplificadas por los medios sociales. En este caso se la conoce como great replacement theory o “teoría del gran reemplazo” y advierte sobre el peligro que acecha a la gente blanca de ascendencia anglosajona quien se vería reemplazada por otros grupos étnicos y raciales “si no se toman medidas en el asunto.” Esta toma de medidas es la que llevó, entre muchos otros desgarradores casos, a un individuo blanco de 21 años a asesinar a 23 personas y dejar a otras 23 heridas, mayoritariamente latinas, en un Walmart en la ciudad fronteriza de El Paso, Texas, en el 2019.

Muchas de las imágenes horrorosas que presenciamos día a día, sin embargo, son consecuencia directa de intervenciones del estado que constituyen violaciones atroces de los derechos humanos. Ejemplos de estas son la separación de familias, y los centros de detención donde niños, mujeres y familias son encarceladas por el solo hecho de buscar refugio en los EEUU para mejorar sus condiciones de vida. Vidas precarizadas por un sistema fundamentado en la desigualdad y en una política de muerte (necropolítica) que vilifica esos cuerpos, ya sea por su lugar de origen, por el color de su piel, o por su religión. Tres aspectos que yo considero centrales para lo que nos humaniza: El hogar / Las raíces / El espíritu.

Considero que, ante estos escenarios de prácticas deshumanizantes, el arte acción nos permite construir contra-narrativas para inspirar la transformación, el cambio social y restaurar esa humanidad que nos intentan arrancar.

Si bien en mi trabajo el principal soporte de la obra es el cuerpo como espacio poético y de resistencia, me interesa descentrarlo del ejercicio de poder en la acción y reposicionarlo para que funcione como instrumento de dialogo con el espacio y publico. En lo espacial, me interesa que se este dialogo se dé subvirtiendo o interviniendo los lugares considerados como públicos, para que revelen mediante la intervención performativa el limitado repertorio de acciones aceptadas como normatividad en ellos y que a sus vez se democraticen mediante el desarrollo de las mismas.

Para terminar, solo quiero agregar que como artista, asumir el arte acción no solo como un espacio estético sino como un instrumento de transformación social, es para mí una responsabilidad. Considero que todo acto de decisión creativa es una acción política en sí misma y que los espacios para construir el arte son los mismos donde construir la persona como individuo y como ser social.

Apresenta Es

Cura - Ziel Karapotó (AL/PE)

A performance "Cura", foi realizada no Instituto Ricardo Brennand. É uma busca pelos saberes medicinais indígenas. Abordo a importância dos conhecimentos de cura nas ciências indígenas que foram utilizados como base para a Medicina em todo o mundo, representado na performance através do livro de "Historia Naturalis Brasiliae", publicado em 1648, de autoria do holandês Guilherme Piso, pertencente ao acervo do Instituto Ricardo Brennand. Trago saberes que herdei de meu povo, Karapotó em conjunto com os saberes de Dona Florisa, benzendeira do Bairro da Várzea, em Recife (PE).

Ritual para lembrar - ElianaAmorim (PE/CE)

Em um ambiente sensível e acolhedor, a artista compartilha saberes e memórias, permeadas pela cura e/ou pela magia, a memórias a partir de ervas medicinais encontradas diretamente ligados ao saber das curandeiras guardiãs da sabedoria da medicina popular repassada por suas bisavós, avós, mães e que remontam ao conhecimento de grupos indígenas e afrodescendentes sobre o manejo e uso das plantas, um patrimônio imaterial que está a salvo nas bibliotecas sagradas que são as mentes das mestras curandeiras. Uma performance que convida as pessoas a compartilharem suas próprias memórias de curas e cuidados, e os seus saberes Sagrados repassados através das vivências e da oralidade.

Ancestralidade de terra e planta – Keila Sankofa (AM)

O projeto de pesquisa artística 'Ancestralidade de Terra e Planta' é uma ocupação em que traz obras em fotografia, videoinstalação e performance, juntas ou separadamente, esse é um projeto que vem sendo desenvolvido desde 2018. E essa trajetória resultou em muitos registros estáticos e em movimento, além de intervenções e instalações urbanas. Na pesquisa o corpo está envolto por elementos naturais em meio meio a cidade, um diálogo direto entre quem conta, e quem pode somar a contação. Baseia-se na utilização das plantas para cura e a terra como ferramenta que guarda memória, um banho para renascimento, onde o contato se torna um elemento transmissor de informações enterradas pelo apagamento histórico. Manter esses usos e costumes tradicionais é estabelecer relações com o sagrado. Sendo esses processos ritualísticos, mecanismo de curar males, trazer equilíbrio físico e emocional. Alta tecnologia ancestral guardada pelas rezadeiras, xamã, yalorixás e babalorixás. Sendo eles médicos, líderes, socorristas, pessoas capazes de fortalecer uma comunidade e estruturá-la para a existência de um futuro.

O modo do oceano (III ato) –Abiniel João Nascimento (PE)

Na continuação de minhas investigações sobre 'O modo do oceano/The ocean way' iniciadas em 2022, busco nos territórios (do) Cariri o encontro com o mar de baixo, as pedras de peixe, a cobra grande. Reconstruindo essa relação de diálogo através do sal enquanto meio e também condutor da mensagem: Meu corpo carregará 50kg de sal que serão distribuídos em pequenas porções sobre o território. Em paralelo, desenharei ideogramas criados em diálogo com a matéria em cada círculo de sal. Nesse encontro entre corpos, ruas e paisagens visíveis e invisíveis, faço acordo com a precariedade de uma fossilização efêmera.

Lava – Suzana Carneiro e Lucivânia Lima (CE)

A ação é feita dentro de arquiteturas e paisagens que de algum modo sustentam as narrativas da colonialidade, em contraponto as performers dançam para demolir. Demolir materialidades visíveis apenas quando se está em fuga. Dançar sobre ruínas para incitar a liberdade,abrir um espaço-tempo no caos para desaguar as dores, limpar as feridas, cessar o peso das águas represadas nas têmporas.

Nutrir a seiva da corpa – Pedra Silva (CE)

A instalação-performática vem acontecendo em parceria com a DJ Viúva Negra desde de 2020. As artistas, para criação desta obra, exuzilharam suas pesquisas em torno das Aparições Ancestrais dentro do treinamento da Atuação Makum[b(eira)] e das Práticas da Cyber Ogã. Ambas fazem parte da Coletiva NEGRADA, plataforma de multimídias ancestrais de circulação, difusão e criação de cosmopercepções negres e indígenas da favela. A artista Ilton Rodrigues foi convidada para o projeto compondo com seus conhecimentos de kambonagem e macumbarias sonoras. Antes de nascer a cabeça, havia a Cabaça, o Orí. Nesta porção redonda e curvilínea, o satélite ancestral reatualiza os documentos do corpa-transporte que dança e canta em louvor a quem já foi fazer morada nA Terra. Quando o Orí se mostra adoecido e fraco os odus - caminhos - perdem a dimensão espiralar, assim a sujeita em retomada nativa começa uma caminhada linear e de verdade única. Distanciando-se de seus saberes e identidades multiculturais e dos fundamentos da Ciência Encantada que opera pelo viés da encruza, do encante. É produzida uma cena que desmonta os acordos da cisgeneridade e faz brotar questionamentos sobre uma corpatransporte-abassá-território-maloka, uma corpa travesti e nativa desaldeada, apagada da historiografia cearense que desobedece entre aparições e vultos.Aperformance se faz a partir de rastros de outros trabalhos da artista tendo o programa performático rotativo a cada aparição.

Cabras – Grupo Ninho de Teatro (CE)

Dramaturgias que atravessam a pluralidade e a diversidade de como se dão as construções das masculinidades e o que se compreende socialmente sobre o que é ser homem.

Clínica de reabilitação para homofóbicos –Eduardo Bruno (CE) e Waldírio Castro (PB/ CE)

Agora na região do Cariri, depois de uma sede em Fortaleza e outra em Quixeramobim, a Clínica de Reabilitação para Homofóbicos chega para contribuir no tratamento da homofobia estrutural tão presente no cotidiano das cidades brasileiras. No dia 16 de maio, iremos inaugurar uma nova sede e, para isto, faremos uma panfletagem juntamente a um carro de som que divulgará nossa chegada na região. É urgente curarmos essa epidemia que se alastra pelo país desde 1500.

Experimento para quando o corpo não mais puder? - João Botelho e Tiago Manguebixa (CE)

Qual o corpo do som? Qual o som do fantasma? Fantasma tem corpo? Voz? Tempo e espaço?

As-som//bração. As sombras são? Quem escuta sua fuga, quem foge da sua voz, quem se esconde no som, quem aparece na trans-missão?

Como compor uma fuga junto aos sistemas biopolíticos de reconhecimento e captura? Quais são os processos para desidentificar? Qual a linha que divide a visibilidade do invisível? O ruído inteligível da mensagem ilegível?

“Experimento para quando o corpo não mais puder?” convida a explorar e pensar o espaço que a voz ocupa com seu não-corpo feito de som.

“Fantasmas têm sido uma obsessão minha: são ecos da pessoa, quebram a temporalidade – quando eles chegam já retornam (mas eles não são os mesmos que eram). eles são anacrônicos sempre, é a presença do que não pode (do que não deve) estar ali.”

Netas da diáspora – Tina Melo (BA)

"Netas da Diáspora" busca construir narrativas de afirmação, como subversão da dor e das violências que histórias de mulheres negras contam. Partindo de elementos de uso cotidiano e simbólico,e dados autobiográficos encruzilhados a fatos sociais e históricos,a performance toma o corpo como território de recriação de possibilidades, que é atravessado pelas violências domésticas, urbanas e pelo feminicídio, mas que busca tecer não somente a sobrevida, mas a reinvenção da vida.

This article is from: