Manejo de ninhos de abelhas contribui para a produção de frutas no Triângulo Mineiro Verônica Soares
MINAS FAZ CIÊNCIA • SET/OUT/NOV 2015
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EcoloGIa
Nascer, voar e polinizar
Não é novidade que colmeias estejam desaparecendo do planeta. Fatores como a devastação das áreas naturais e o uso indiscriminado de agrotóxicos têm contribuído para o declínio das populações de abelhas, que, como polinizadoras, desempenham importante papel na cadeia de produção de frutos e sementes. A maioria das plantas depende de tais “serviços” de polinização, prestados pelos insetos cujo sumiço torna-se também uma ameaça à produção de alimentos. Na região do Triângulo Mineiro, um dos principais cultivos de importância econômica é o maracujá-amarelo, que depende das abelhas para produzir seus frutos. Na ausência delas, os produtores usam a polinização manual, que aumenta os custos do cultivo e impacta as demais etapas – podendo, inclusive, atingir o bolso do consumidor. A boa notícia é que um grupo da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), liderado pela professora Solange Cristina Augusto, desenvolveu pesquisa que resultou em novos procedimentos de manejo de ninhos do principal polinizador do maracujá-amarelo: as abelhas do gênero Xylocopa, denominadas popularmente de mamangavas de toco ou carpinteiras. Os resultados do estudo, intitulado “Abelhas solitárias e facultativamente sociais: conservação, manejo de ninhos e uso na polinização de cultivos na região do Triângulo Mineiro”, sinalizam um caminho otimista para os agricultores da região. O grupo verificou que é possível atrair e criar as abelhas em áreas naturais, por meio de “ninhos-armadilha”, que, posteriormente, são transferidos para áreas de cultivo do maracujá-amarelo, de modo a promover a polinização natural e o aumento significativo na quantidade e na qualidade dos frutos formados. A metodologia dos ninhos-armadilha consiste em oferecer diferentes suportes para que as abelhas construam seus ninhos e se instalem. No Brasil, o método foi desenvolvido pelos professores Carlos Alberto Garófalo e Evandro Camillo, do Departamento de Biologia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, na