Minas Faz Ciência 42

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Qual a importância da atuação das agências de fomento para a divulgação científica? Eu conheço mais a atuação da Faperj, no Rio de Janeiro. Tenho uma notícia muito vaga de que as outras FAPs também atuam nessa área. No caso da Faperj, existem editais de divulgaLent percebe avanços na divulgação científica, mas acha que ainda é possível fazer mais. Para ele, criatividade e um bom projeto são os ingredientes principais para se trabalhar na área.

ção científica. Por exemplo, a peça de teatro dos meus livrinhos infantis foi financiada pela Faperj por meio de um edital. Eu fiz o projeto, submeti, ele foi aprovado e isso permitiu que a gente levasse a peça a uma escola de região muito carente do Rio, próximo à universidade. Sei que as outras FAPs também têm editais de divulgação científica, mas não sei quanto, qual a política e como funcionam. Mas seria altamente desejável que tivessem. Se o governo federal ampliar sua atuação em áreas de divulgação científica, certamente as FAPs irão acompanhá-lo e também criar programas em âmbito estadual. Além disso, é uma estratégia interessante das agências federais de bolarem editais em parceria com as FAPs. Esse é um mecanismo interessante para induzir as Fundações Estaduais a atuar em determinado setor. E isso permitiria, talvez, um investimento maior em ações e projetos de divulgação científica em todo o Brasil.

Divulgação UFRN

de eletrônica, que tenha uma familiaridade com a ciência, ou pelo menos um grupo multidisciplinar. Seria algo extremamente original. Uma vez que você tenha o projeto, já existem no país alguns editais que financiam o trabalho, ou pelo menos uma parte dele. Em alguns casos, você pode conseguir até patrocínio privado caso se disponha a colocar um banner comercial, etc. Assim, a primeira coisa é ter um projeto que precisa ser formulado, detalhado e que pode ser apresentado aos editais das agências públicas e privadas e, quem sabe, se tornar viável.

Roberto Lent, na vida real

Compromisso com a divulgação do conhecimento José Reis é conhecido como o pai da divulgação científica no Brasil. Ele nasceu no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 1907. Sua formação acadêmica incluiu os melhores centros nacionais, como a Faculdade Nacional de Medicina (1925-30) e o Instituto Oswaldo Cruz (1928-29), de onde foi para o Rockefeller Institute, em Nova York, especializar-se em virologia (1935-36). Foi diretor do Instituto Biológico de São Paulo e, como pesquisador, realizou diversos trabalhos em Ornipatologia, tornado-se um especialista mundialmente respeitado em doenças de aves. Em 1947, começou a publicar artigos sobre temas científicos no jornal Folha da Manhã, do mesmo grupo da Folha de S. Paulo. Logo, tornaria-se editor de ciência do jornal. Reis também foi um dos articuladores da criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em 1948. Fundou a revista Ciência e Cultura, que dirigiu por três períodos diferentes, e foi diretor de redação da Folha de S. Paulo entre 1962-68. Entre as homenagens que recebeu pelo trabalho de divulgar a ciência para o grande público e contribuir para colocar na pauta dos jornais temas relacionados à pesquisa científica, estão o Prêmio John R. Reitemeyer, da Sociedade Interamericana de Imprensa e União Panamericana de Imprensa, e o Prêmio Kalinga, da Unesco. O médico, cientista e jornalista José Reis faleceu em 16 de maio de 2002, aos 94 anos.

Vanessa Fagundes MINAS FAZ CIÊNCIA - JUN. A AGO. / 2010

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