Revista Método do Saber Ano 6 Número 8

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Ano 06, número 08, mar.-set.. 2014

O BRINCAR COMO RECURSO PEDAGÓGICO NA APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS DE SEIS E SETE ANOS Lúcia Fatima do Nascimento¹, Patrícia Rodrigues² ¹ Aluna do Curso de Licenciatura em Pedagogia da Faculdade Método de São Paulo (FAMESP). 2 Mestre em Educação (USP), Especialista em Educação a Distância (SENAC), Bacharel em Letras (USP), Licenciada em Língua Portuguesa (USP) e Licenciada em Pedagogia (UNINOVE).

Resumo Esse artigo visa refletir sobre o uso de jogos e brincadeiras como recurso de aprendizagem no cotidiano das crianças de seis e sete anos de idade que ingressam no 1º e 2º anos do ensino fundamental, tendo como hipótese inicial que a criança aprende brincando e que a escola é lugar para tais brincadeiras. Para tanto, foi desenvolvido um estudo bibliográfico acerca do histórico da infância e a sua ludicidade e o uso de jogos, brinquedos e brincadeiras no contexto escolar a partir das ideias e dos postulados de autores, tais como Maria Luiza Teles (1999), Edda Bomtempo (2008), Juan Antonio Murcia (2005), Paulo Almeida (1990), Tizuko Kishimoto (2008), entre outros. Este estudo ainda conta com uma pesquisa de campo voltada para a prática dos docentes, com foco no uso efetivo de jogos e brincadeiras no processo do apoio à alfabetização, na frequência com que esses recursos lúdicos são usados pelos docentes e se estes reconhecem esse instrumento como prática do seu dia a dia. Com este estudo, pode-se confirmar que as crianças reconhecem a escola como espaço para brincar, o qual promove o desenvolvimento cognitivo, comunicacional e emocional destas, sobretudo porque o brincar é parte integrante da infância, sendo assim imprescindível que o docente conheça esse recurso e faça uso adequado dele no contexto escolar. Palavras-chave: Jogos. Brincadeiras. Ensino Fundamental.

Introdução

desses recursos no contexto escolar e estudar o papel do docente nessas ações pedagógicas para o desenvolvimento das crianças de seis e sete anos de idade.

A escolha pela temática do brincar como recurso pedagógico ocorreu em razão da necessidade individual e coletiva de se investigar a contribuição dos jogos e das brincadeiras no processo alfabetizador das crianças, sobretudo nos 1º e 2º anos do Ensino Fundamental I. Para tanto, este trabalho conta com uma fundamentação teórica baseada nas ideias de autores que estudaram/estudam o brincar como recurso pedagógico nesse processo alfabetizador. Por meio desta pesquisa qualitativa, busca-se refletir se as crianças aprendem brincando e, principalmente, se os professores utilizam esses recursos lúdicos dentro da sala de aula de forma a contribuir para o desenvolvimento do estudante. Ao longo do presente estudo, também se desenvolveu uma pesquisa de campo realizada com nove profissionais da área de Educação, especificamente do 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, e com cinco crianças matriculadas nesse mesmo nível de ensino. Com os professores, buscou-se analisar se há consciência da importância dos jogos e como é seu uso na escola. Já com as crianças, o foco era averiguar se elas reconhecem a escola como espaço para brincar. Nesse contexto, espera-se, a partir da fundamentação teórica e da pesquisa de campo, resgatar, mesmo que de forma breve, a história da infância, apresentar um leque de conceitos relacionados ao brincar e aos jogos, discutir o uso

Um pouco de história: A educação na infância e os jogos Em um breve relato da história infantil, é possível identificar que nem sempre a criança teve o seu espaço e foi reconhecida como parte integrante da infância, pois estas eram tratadas como se não existissem. Somente no século XVII, surgiu efetivamente o sentimento de infância, pois até a Idade Média as crianças eram tratadas como adultos em miniatura (TEIXEIRA FILHO, 2005). Alberton (2005) defende que, no período medieval e mesmo em épocas anteriores, as crianças eram tratadas como se não existissem, inclusive a taxa de mortalidade infantil era altíssima. De acordo com Kishimoto (2008), Oliveira (2009) e Jesus (2010), somente a partir do final do século XVII, a criança deixou de ser vista como miniadulto e, consequentemente, os jogos e as brincadeiras ganham espaço no universo infantil. Sobre esta questão, Jesus (2010) reitera que, na história da educação, o brincar é considerado importante, pois as atividades lúdicas e as brincadeiras têm sua contribuição no processo do conhecimento e na aprendizagem, afinal brincando a criança se comunica com o mundo.

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