Revista Saberes em Ação Volume 2

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infantil/fundamental e que, na maioria das vezes, eram exercidas de forma inconsciente, pois, no momento de exercer a profissão docente, buscamos a melhor forma de ensinar por meio de nossas experiências e de nossa formação. A melhor forma de ensinar também é reflexo da melhor forma de aprender. É por meio de experiências que nós, docentes, vamos desenvolvendo nosso trabalho com os alunos. Mas, no que essa prática e esse relacionamento consistem? Como professora, muitas vezes deparei-me tendo atitudes em sala de aula que pareciam reprises de quando era aluna. Além da minha própria prática, também me deparei com as mesmas atitudes na forma de organização da rotina escolar como, por exemplo, formar fila por ordem de tamanho, fazer cabeçalho nos cadernos de classe, organizar filas para a realização das atividades, organizar a ida para o recreio e presenciar neste; as mesmas atitudes nas relações entre professores e alunos e dos seus respectivos comportamentos que são tão semelhantes aos que vivenciei no ensino infantil dos anos 1990. Mesmo no ano de 2012, essas práticas se refletem também com meus colegas de trabalho que atuam com crianças do atual ensino infantil. Várias indagações começam a surgir. Por que fazemos as mesmas coisas que nossos professores faziam? Por que a organização da escola não mudou? Quais são as práticas no decorrer das aulas que mantêm esse mesmo sistema? Por que a escola contribui para a transmissão de conhecimentos homogêneos? Para responder algumas dessas questões, busquei a origem delas em trabalhos com os ritos e os rituais para poder verificar, por meio das práticas escolares, a manifestação deles e sua relação com a convivência escolar. Para tanto, proponho um triplo movimento de análise. No primeiro momento, busco problematizar o modo pelo qual o currículo da educação infantil esteve alinhado às propostas froebelianas de ensino, nas quais a ação da Primeira República foi tomada como marco zero na inovação educacional, lugar de origem da escolarização e das políticas de institucionalização, disseminação e democratização escolar no Brasil, em formar e forjar o cidadão brasileiro. No segundo movimento de reflexão, verifico como a ideologia impregnada na República se inseriu na cultura e na forma escolar, nos processos de socialização, transmissão, circulação, criação, apropriação e de (re) invenção de ideias a partir do Primeiro Jardim da Infância público de São Paulo, o qual teve papel-chave na formação 86


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