Mecânica Quantica e o pensamento de Amit Goswami

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O aspecto crucial desta experiência, e que lhe tornou a conclusão irrefutável, foi a inclusão de um interruptor que mudava a direcção de polarização, de um dos detectores, a cada 10 nanosegundos (a luz leva 40 nanosegundos a percorrer a distância de 12 metros, entre os polarizadores). De facto, a característica única e essencial desta experiência é a possibilidade de variar aleatoriamente o percurso subsequente dos fotões, quando estes já vão a caminho (isto é, já deixaram a fonte F), ou seja, decidir em qual dos polarizadores irão incidir. Isto é equivalente a reorientar os polarizadores de cada lado, a uma velocidade tão rápida, que nenhum sinal teria tempo suficiente para ir de um até outro, ainda que se deslocasse à velocidade da luz. Ainda assim, a mudança de direcção de polarização do detector, dotado de interruptor, mudava o resultado da medição na outra localização – exactamente como a Mecânica Quântica dizia que deveria acontecer. Dito de outra maneira, a propriedade de polarização particular (ou spin) é adquirida apenas quando é feita a operação de medição. Poderemos, então, perguntar de que maneira a informação, sobre a mudança na direcção do detector, passava de um fotão (suponhamos o J) para o outro correlacionado (neste caso o M) ? Certamente que não seria através de sinais locais, pois não havia tempo suficiente para isso. Também já dissemos que mesmo que se postulem variáveis ocultas, para formular uma interpretação causal da Mecânica Quântica, essas variáveis terão de ser nãolocais. A interpretação desta experiência feita por Amit Goswami

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, apoiado nas

filosofias da Índia, é a de que pelo facto de observarmos, isto faz com que se produza o “colapso” da “função de onda” de um dos fotões correlacionados nesta experiência (suponhamos J), “obrigando-o” a assumir uma certa polarização. A “função de onda” do fotão M correlacionado, entra também imediatamente em “colapso”. Defende Amit Goswami que uma Consciência Una que pode produzir instantaneamente o “colapso” à distância da “função de onda” de um fotão (ver nota 64), terá que ser em si nãolocal. Por outras palavras, a Consciência Una, por meio da intenção, pode correlacionar dois objectos (como, por exemplo, dois cérebros) e causar o «colapso», em possibilidades semelhantes, nos dois. Existem hoje provas experimentais, realizadas pelo neurofisiologista Jacobo Grinberg-Zylberbaum (que será referido na parte IV, desta tese, nas páginas 302-304), da ocorrência da correlação entre objectos, por parte da Consciência Una, as quais confirmam esta concepção de Amit Goswami. 294


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