Brazilian News 487 London

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25 a 31 de agosto de 2011

CiênciaeMeio-ambiente

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Ativistas do mundo inteiro saem as ruas para protestar contra Belo Monte

milennarpessoa@globo.com

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Milenna Pessoa

ARE BELO MONTE! Essa foi a palavra de ordem que se espalhou em protestos no mundo todo. Milhares de pessoas tomaram as ruas das capitais brasileiras e de mais de 16 países para celebrar o Dia Internacional em Defesa da Amazônia. No Brasil, ativistas promoveram manifestações em diversas capitais, entre elas: Brasília, Belém, São Paulo e Rio de Janeiro. Eles pediam à Presidente Dilma Roussef para deter construção da usina. A mensagem foi ecoada por manifestantes na Austrália, Canadá, Irã, México, Turquia, Estados Unidos, e pelo menos outros dez países Em Londres, representantes de organizações sociais e membros do público se reuniram em frente a embaixada do Brasil, no centro da capital inglesa, para chamar a atenção do público internacional sobre o assunto. Com cartazes, faixas, gritos e caras pintadas, eles pediam a suspensão imediata da construção da hidrelétrica, que está prevista para ser a terceira maior do mundo. Para o inglês Daniel Slack, a Amazônia deve ser tratada como um assunto global. Daniel é o autor de uma petição online que pede a intervenção do parlamento Inglês junto ao governo Brasileiro. O abaixo-assinado, que já tem mais de três mil assinaturas, precisa de pelo menos cem mil apoiadores para chegar a pauta do congresso britânico. “A nossa intenção é fazer com

Governo x Ecossistema Para o governo brasileiro, a usina hidrelétrica de Belo Monte é fundamental para o desenvolvimento do país e da região Amazônica. Assim como o ex presidente, Lula, a atual presidenta também defende a construção da hidrelétrica como única solução para suprir a grande demanda de energia do Brasil. Mas, enquanto o governo diz que, com o crescente poder aquisitivo do brasileiro, a construção de Belo Monte se tornou necessária para garantir o abastecimento de energia elétrica para o país nos próximos anos, entidades e especialistas destacam que os riscos ambientais e sociais podem ser irreversíveis, e não compensam os benefícios econômicos da obra. Para Fiona Watson, representante da ONG indigenista Survival International, o projeto vai contra os direitos dos povos indígenas. “Essa barragem irá devastar áreas que numerosos povos tribais, incluindo alguns povos isolados, e altamente vulneráveis, dependem para sua sobrevivência. O rio Xingu é uma das principais fontes de alimento e água desses povos, e eles precisam disso para sobreviver”, explicou. Fiona entregou uma carta endereçada ao embaixador pedindo que a opinião dos povos indígenas seja levada em consideração. Fiona lem-

Daniel Slack (à direita) é o autor da petição que quer levar Belo Monte à pauto do Parlamento Inglês

Milenna Pessoa

Por: Milenna Pessoa

que o assunto tome outra escala. O objetivo é fazer com que o primeiro ministro David Cameron discuta o assunto diretamente com as autoridades brasileiras”, diz. “Quando se trata de Amazônia, o assunto passa de local a global, e diz respeito a todos nós”. Daniel diz já ter conseguido o apoio do congressista Zack Goldmisth, baseado em Richmond, para que a petição ganhe força entre os parlamentares.

Fiona Watson e membros da Survival International protestam em frente a Embaixada do Brasil em Londres.

brou, ainda, que existem mais de dez ações na justiça contra a instalação da hidrelétrica. Segundo a Procuradoria Federal, a licença para a construção da obra foi concedida sem o cumprimento das condicionantes impostas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), e em oposição à Organização dos Estados Americanos (OEA), que recomendou a suspensão do projeto até que se assegurasse que povos indígenas fossem consultados à respeito da construção da hidrelétrica. Para Brent Milikan, Diretor do Programa Amazônia da organização International Rivers, o fato das condicionantes não terem sido cumpridas é um péssimo sinal para o futuro do projeto.

“O pior é que governo Brasileiro parece violar suas próprias leis para deixar passar um projeto que não está no melhor interesse do povo brasileiro. O crescimento dos protestos em todo o país mostra que os brasileiros não irão mais aturar tal injustiça. A batalha ainda não terminou”, afirmou Brent. De acordo com o Ibama, a licença foi concedida após ‘robusta análise técnica’ das 40 condicionantes impostas para a construção da hidrelétrica. Entre elas, garantia de vazões na Volta Grande do Xingu, suficientes para a manutenção dos ecossistemas e dos modos de vida das populações ribeirinhas. Belo Monte A hidrelétrica de Belo Monte é um dos carros-chefe das obras de

infra-estrutura propostas pelo governo federal como parte do plano de aceleração do crescimento (PAC). É previsto um custo de R$19 bilhões para a construção da usina, que vai alagar uma área de 516 quilômetros quadrados do trecho conhecido como Volta Grande do Xingu. O trecho terá a vazão reduzida devido às barragens da hidrelétrica, o que preocupa ambientalistas e a população local. Apesar de ter capacidade para gerar 11,2 mil MW de energia, Belo Monte não deverá operar com essa potência. Segundo o governo, a potência máxima só poderá ser obtida em tempo de cheia. A energia média assegurada é de 4,5 mil MW. A usina já está em fase de construção, e a conclusão da obra está prevista para 2015.


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