Revista OUSH! Brasil - Capa Segurança Pública - Ano IV - Edição 12

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MATÉRIA DE CAPA

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Podemos Por Antonio Maria do Vale Imagens Divulgação / Assessoria

Pacto “Brasil Mais Seguro” apresenta números que demonstram queda na criminalidade em Alagoas. Enquanto isso, nosso estado continua liderando todas as estatísticas associadas a violência homicida no país. Ao som de uma trilha sonora de fazer inveja aos clássicos de faroeste. Era assim que todos os dias começava a sessão policial do programa "A Notícia é o Show" da Rádio Gazeta de Alagoas AM, comandado por César Pita e sua equipe de reporteres nas décadas de 80 e 90. Apesar de se tratar de um balanço policial, onde, como diz o jargão, a bala comia solta, inclusive nos efeitos especiais que hora e outra trazia os zunidos dos disparos, ninguém se referia de forma negativa a atração que ia ao ar por volta do meio-dia, fazendo parte do almoço de muitos dos maceioenses. Um repórter em especial se tornou o símbolo do programa, o radialista, policial e ex-vereador por Maceió, Benedito Manoel Gonçalves que, parafraseando entre uma notícia e outra bordões como "toma bandido!" ou "bandido bom é bandido morto", transformou-se num porta-voz da sociedade que via a justiça realizada e vibrava a cada criminoso que deixava de atuar, mesmo que por vias que não fossem as legais de fato. Gonça Gonçalves, como era mais conhecido, viveu numa época em que Alagoas já convivia com a insegurança, mas que ainda permanecia distante de qualquer pesquisa associada a violência no país. Já possuíamos, digamos, enraizada em nossa cultura, esta relação com criminosos, mas nada que ultrapassasse o lado histórico e folclórico ligado ao coronelismo, ao cangaço e àqueles que se encarregaram de premiar nosso estado como "Terra de pistoleiros!". Há quem fale com saudosismo desta época, quando andar pelas ruas das cidades alagoanas ainda era seguro, existindo risco apenas para os que andavam fora da linha. Os tempos são outros e a escalada dos números mostra que o perigo agora está em todos os lugares, saiu das grotas e favelas, ganhou o reforço de fugitivos e deliquentes imigrantes do sul e atingiu o mais longíquo rincão de nosso estado, com o pleonasmo exigido pela atual situação que nos encontramos. Independente de lugar ou classe socioeconômica, estamos vivendo numa barbárie sem precedentes, acuados pelo medo e pela falta de segurança. Uma revista com a cara do Nordeste


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